Antonio Eduardo Damin

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  • 7/25/2019 Antonio Eduardo Damin

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    ANTONIO EDUARDO DAMIN

    Aplicao do Questionrio de Mudana Cognitiva

    como mtodo para rastreio de demncias

    Tese apresentada Faculdade de Medicina daUniversidade de So Paulo para obteno dottulo de Doutor em Cincias

    Programa de NeurologiaOrientadora: Dra. Snia Maria Dozzi Brucki

    So Paulo

    2011

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Preparada pela Biblioteca da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo

    reproduo autorizada pelo autor

    Damin, Antonio EduardoUso do Questionrio de Mudana Cognitiva como mtodo para

    rastreio de demncias / Antonio Eduardo Damin. -- So Paulo, 2011.Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de So

    Paulo.

    Programa de Neurologia.Orientadora: Snia Maria Dozzi Brucki.

    Descritores: 1.Demncia/diagnstico 2.Questionrios 3.Cognio4.Rastreio

    USP/FM/DBD-020/11

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    Dedico

    MEUS PAIS, Luiz Tadeu Damin e Terezinha Bachiega

    Damin, pelo apoio incondicional e por sempre

    compreenderem minhas escolhas e AOS MEUS AVS (In

    memorian) pela importncia fundamental na minha formao.

    AOS PACIENTES E FAMILIARES pelo apoio e

    contribuio, tanto a este trabalho, quanto a minha formao

    como mdico.

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    H quem passe pelo bosque e s veja lenha para a fogueira.

    Lon Tolstoi

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    AGRADECIMENTOS

    Dra Snia Maria Dozzi Brucki pela oportunidade de ser minha

    orientadora.

    Ao Prof Dr Ricardo Nitrinipelo incentivo a este trabalho e por despertar

    meu interesse pela pesquisa clnica.

    A meus amigos e familiares, por estarem juntos neste caminho desde o

    comeo e compreenderem os momentos que nos distanciamos devido s nossas

    obrigaes.

    secretria da ps-graduao da Neurologia, Thais Figueira, secretria

    do CEREDIC, Simone Oliveira, pela pacincia e ajuda para a realizao desta tese.

    Bioestatstica, Mariana Carballo, pelas dicas e orientaes a esta tese.

    Aos colegas que estiveram diretamente ligados tese ajudando nos

    atendimentos aos pacientes, condutas e sem os quais esta tese no seria possvel; Dr

    Tibor Perroco,Dra Viviane Rossi, Dr Norberto Ansio Nascimento Frota, Dr

    Fabio Gobbi Porto, Dra Mari Nilva da Silva, Dra Melissa Castelo Branco e

    Silva;meu profundo agradecimento e admirao.

    Dra. Barbara Rzyski, pelas dicas valiosas, formatao e correo

    ortogrfica e gramatical da presente tese.

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    SUMRIO

    Lista de Abreviaturas e Siglas

    Lista de Smbolos

    Lista de Figuras e Quadros

    Lista de Tabelas e Grficos

    Resumo

    Summary

    1 INTRODUO ............................................................................................

    1.1 Envelhecimento da populao e demncias ...............................................

    1.2 O diagnstico das demncias .....................................................................

    1.3 O problema do diagnstico das demncias ................................................

    1.4 Comprometimento Cognitivo Leve: definio e epidemiologia ................

    1.5 Importncia do relato do informante e a avaliao diagnstica no

    Comprometimento Cognitivo Leve............................................................

    1.6 O rastreio cognitivo e sua importncia ......................................................

    1.7 Testes de rastreio e suas dificuldades na prtica clnica ............................

    1.8 Testes cognitivos baseados em desempenho e suas dificuldades na

    prtica clnica .............................................................................................

    1.9 Avaliaes cognitivas baseadas em informantes - Vantagens e problemas

    na prtica ...................................................................................................1.10 O desenvolvimento do Questionrio de Mudana Cognitiva

    e justificativa do estudo .........................................................................

    2 OBJETIVO ...................................................................................................

    2.1 Geral ............................................................................................................

    2.2 Especfico ....................................................................................................

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    3 CASUSTICA E MTODOS......................................................................

    3.1 Desenho do estudo .....................................................................................

    3.2 Casustica ..................................................................................................3.2.1 Critrios de incluso ...............................................................................

    3.2.2 Critrios de Excluso ..............................................................................

    3.2.3 Delineamento amostraltamanho da amostra ...................................

    3.3 Avaliao clnica ........................................................................................

    3.3.1 Testes aplicados aos indivduos controles ou pacientes ........................

    3.3.2 Avaliaes aplicadas ao informante .......................................................

    3.3.3 Notas de corte dos testes aplicados no estudo .......................................3.4 O Questionrio de Mudana Cognitiva .....................................................

    3.4.1 Aplicao e interpretao do Questionrio de Mudana Cognitiva ........

    3.5 Investigao dos casos suspeitos ...............................................................

    3.6 Interpretao dos dados .............................................................................

    3.7 Diagnstico final dos grupos .....................................................................

    3.8 Fluxograma de avaliao ...........................................................................

    4 RESULTADOS ............................................................................................

    4.1 Estatstica descritiva e comparao entre Controles, CCL e Demncias

    4.1.1 Teste da normalidade das distribuies das variveis da amostra ...........

    4.1.2 Escores mdios das variveis e suas comparaes entre grupos

    controle, CCl e demncias ....................................................................

    4.1.3 Correlao com outras variveis e consistncia interna do QMC22 ..

    4.1.4 Valores da rea sob a curva das variveis empregadas no estudo e

    QMC22 ...................................................................................................

    4.2 Avaliao do perfil dos informantes submetidos aos testes baseados em

    informantes e do QMC22 .......................................................................

    4.3 Anlises estatsticas das questes do QMC22 e formao do QMC8 .....

    4.4 Modelo final do Questionrio de Mudana Cognitiva com oito questes

    (QMC8) .....................................................................................................

    4.4.1 Anlises estatsticas do QMC8 ..............................................................

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    4.4.2 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo controle e

    com Comprometimento Cognitivo Leve ................................................

    4.4.3 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo Controle eDemncias ...............................................................................................

    4.4.4 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo CCL e

    Demncias ............................................................................................

    4.4.5 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo de indivduos

    normais daqueles com algum grau de comprometimento cognitivo (CCL e

    ou Demncias) ..............................................................................................

    4.5 Propriedades diagnsticas do QMC22 ......................................................

    4.6 Comparao das reas sob a curva ROC de todos os testes realizados ...

    4.7 Correlao com o diagnstico final e com os testes

    aplicados no estudo e consistncia interna do QMC8 ...............................

    5 DISCUSSO ................................................................................................

    6 CONCLUSES ............................................................................................

    7 ANEXOS ......................................................................................................

    Anexo A - Critrios do NINCDS-ADRDA para o diagnstico da DA ............

    Anexo B - Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) .......................................

    Anexo C - Questionrio de Atividades Funcionais.........................................

    Anexo D - Critrios do DSM-IV para demncias ........................................

    Anexo E - Modelo Seo B do CAMCOG......................................................

    Anexo F - IQCODE .........................................................................................

    Anexo G - CDR modelo soma dos boxes ........................................................

    Anexo H - AD8................................................................................................

    Anexo I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................

    Anexo J - Bateria Breve de Rastreio Cognitivo ...............................................

    Anexo K - Inventrio Neuropsiquitrico (INP) ................................................

    Anexo L - Questionrio de Fillenbaum ............................................................

    Anexo M - ndice de Katz................................................................................

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    Anexo N - Blessed dementia Scale ...................................................................

    Anexo O - Histogramas da distribuio das variveis ...................................

    Anexo P - Teste de Dunn e tabela com os valores de Q na anlise post hocpara o teste de Kruskal-Wallis .........................................................

    Anexo Q - Tabela com os valores da correlao e das curvas ROC dos

    questionrios intermedirios...........................................................

    Anexo R- Valores das coordenadas do curva ROC do QMC8 e do QMC22

    para comparao entre controles e CCL .......................................

    REFERNCIAS .............................................................................................

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABN Associao Brasileira de Neurologia

    ANOVA Anlise de Varincia

    AVDs Atividades da vida diria

    B-ADL Escala Bayer de Atividades da Vida Diria

    BBRC Bateria Breve de Rastreio CognitivoCAMCOG Cambridge Cognitive Examination

    CAMDEX Cambridge Mental Disordersof the Elderly Examination

    CCL Comprometimento Cognitivo Leve

    CDR Clinical Dementia Rating

    CEREDIC Centro de Referncia em Distrbios Cognitivos

    DA Doena de Alzheimer

    DCV Doena Cerebrovascular

    DR Desenho do Relgio

    DSM-IV Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 4. Ed

    DV Demncia Vascular

    FV animais Fluncia Verbal para animais

    HCFMUSP Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina

    da Universidade de So Paulo

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IQCODE Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly

    INP Inventrio Neuropsiquitrico

    MEEM Mini-Exame do Estado Mental

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    Minc Memria Incidental (item da BBRC)

    M1 Memria Imediata (item da BBRC)

    M2 Memria de aprendizado (item da BBRC)

    M5 Memria tardia de 5 minutos (item da BBRC)

    NINCDS-

    ADRDA

    National Institute of Neurological and Communicative Disorder and

    Stroke and Alzheimer's Disease and Related Disorders Association

    PET Tomografia por Emisso de Psitrons

    QAFP Questionrio de Atividades Funcionais de Pfeffer

    QMC Questionrio de Mudana Cognitiva

    QMC6 Questionrio de Mudana Cognitiva com 6 questes

    QMC8 Questionrio de Mudana Cognitiva com 8 questes

    QMC22 Questionrio de Mudana Cognitiva com 22 questes

    SPECT Tomografia por Emisso de Fton nico

    SPSS Statistical Package for the Social Sciences

    Rec Reconhecimento (item da BBRC)

    ROC Receiver Operating Characteristics

    VPP Valor preditivo positivo

    VPN Valor preditivo negativo

    vs. versus

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    LISTA DE SMBOLOS

    min minuto

    s segundo

    > maior

    < menor

    maior ou igual

    menor ou igual

    / por

    % porcento

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    LISTA DE FIGURAS, QUADROS E QUESTIONRIOS

    Quadro 1 Verso final do QMC22 ...................................................... 31

    Figura 1 Fluxograma de avaliao dos indivduos no presente

    estudo.................................................................................... 35

    Questionrio 1 Modelo final do QMC8 ................................................................ 39

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    LISTA DE TABELAS E GRFICOS

    Tabela 1 Critrios diagnsticos do comprometimento cognitivo Leve ... 08

    Tabela 2 Notas de cortes dos testes aplicados no estudo ....................... 28

    Grfico 1 Etiologia dos quadros demenciais da amostra ......................... 37

    Grfico 2 Subtipos de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) da

    amostra .................................................................................... 38

    Grfico 3 Histograma de distribuio dos escores do QMC22 na amostra

    total (3a) e nos grupos controle (3b), CCL (3c) e demncias

    (3d) ........................................................................................ 39

    Tabela 3 Estatstica descritiva das variveis entre os grupos Controle,

    Comprometimento Cognitivo Leve e Demncias .................... 41

    Grfico 4 Mdias, intervalo de Confiana e nvel de significncia do

    QMC22 nos grupos controle, CCL e demncias........................ 42

    Tabela 4 Distribuio quanto ao gnero nos grupos avaliados ................ 43

    Tabela 5 Nvel de significncia entre os grupos e testes realizados ........ 44

    Grfico 5 Grficos de disperso na comparao do QMC22 com as demais

    variveis .............................................................................................. 45

    Tabela 6 Correlao que utiliza o coeficiente de Spearman entre as

    variveis com diagnstico ...................................................... 47

    Tabela 7 Valores da rea sob a curva ROC dos testes entre os diferentes

    grupos .................................................................................. 49

    Tabela 8 Caractersticas dos informantes ............................................. 51Tabela 9 Idade e escolaridade dos informantes .................................... 52

    Tabela 10 Razo de verossimilhana das questes no Modelo Inicial...... 54

    Tabela 11 Avaliao das variveis que entram e saem para a formao do

    modelo final.......................................................................... 55

    Tabela 12 Modelo final e estimativas do modelo final ............................ 56

    Tabela 13 Comparao das reas sob a curva dos questionrios QMC6,

    QMC8 e QMC22 .................................................................... 58

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    Tabela 14 Correlao de Spearman do QMC6, QMC8 e QMC22 com o

    diagnstico final ..................................................................... 58

    Tabela 15 Escores mdios do QMC8 em cada um dos grupos .................. 60Tabela 16 Valor de Q calculado na comparao dos grupos dois a dois. 61

    Tabela 17 Comparao do QMC8 em relao escolaridade no grupo

    controle .................................................................................... 61

    Tabela 18 Comparao do QMC8 em relao escolaridade no grupo

    CCL ......................................................................................... 62

    Tabela 19 Comparao do QMC8 em relao escolaridade no grupo

    demncias................................................................................... 62Tabela 20 rea sob a curva ROC do QMC8 entre controles e CCL .......... 63

    Tabela 21 Propriedades do QMC8 quanto ao diagnstico entre Controles

    e CCL .................................................................................... 63

    Tabela 22 rea sob a curva do QMC8 - comparao entre controles e

    demncias e entre controle e demncias leves .................................... 64

    Tabela 23 Propriedades do QMC8 quanto ao diagnstico entre controles e

    demncias ............................................................................................ 65

    Tabela 24 rea sob a curva ROC do QMC8 - comparao entre CCL e

    demncias ................................................................................. 65

    Tabela 25 Propriedades do QMC8 para o diagnstico entre CCL e demncias... 66

    Tabela 26 rea sob a curva ROC do QMC8 na comparao entre

    controles e pacientes (CCL e demncias) .............................. 67

    Tabela 27 Propriedades do QMC8 no diagnstico entre indivduos

    controles daqueles com disfuno cognitiva (CCL ou

    demncias)................................................................................... 67

    Tabela 28 Propriedades diagnsticas do QMC22 ...................................... 68

    Tabela 29 rea sob a curva ROC de todos os testes realizados com incluso do

    QMC8. ................................................................................................ 70

    Tabela 30 Correlao do QMC8 com o diagnstico final e com os testes

    aplicados no presente estudo com aplicao do coeficiente de

    Spearman ................................................................................... 72

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    RESUMO

    Damin AE. Aplicao do Questionrio de Mudana Cognitiva como mtodo pararastreio das demncias [tese]. So Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade deSo Paulo; 2011. 148p.

    INTRODUO: Apesar de existir uma ampla variedade de testes para deteco de

    demncias, muitos deles possuem limitaes para a aplicao na prtica clnica,

    principalmente em cenrios de ateno primria sade. Com o intuito de se obter

    um questionrio de rpida aplicao, adequado realidade de nossa populao e quetenha uma acurcia adequada foi criado o questionrio de mudana cognitiva

    (QMC). O QMC foi desenvolvido por profissionais da rea cognitiva atravs da

    seleo de questes com foco na deteco de estgios inicias das demncias.

    OBJETIVOS: Avaliar se a aplicao do Questionrio de Mudana Cognitiva

    (QMC) pode distinguir com boa acurcia indivduos normais daqueles com

    Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e/ou demncias em estgios iniciais,

    comparando-o com testes cognitivos utilizados na prtica clnica, e desenvolver, apartir do questionrio inicial com 22 questes, um final com 8 questes que mostre

    boa acurcia na identificao de indivduos com demncias em estgios iniciais, para

    que seja utilizado na prtica clnica como um instrumento de rastreio cognitivo.

    MTODOS:Trabalho prospectivo, realizado de abril de 2007 a setembro de 2010,

    onde foram avaliados indivduos encaminhados de forma aleatria e sem diagnstico

    prvio ao Centro de Referncia em Distrbios Cognitivos (CEREDIC/HCFMUSP).

    No total, 123 indivduos foram examinados, sendo 42 controles, 40 com CCL e 41

    com demncias leves (CDR=1). A avaliao foi realizada atravs de testes baseados

    em desempenho do indivduo como o Mini Exame do Estado Mental, o CAMCOG e

    a bateria breve de rastreio cognitivo, alm de testes aplicados ao informante como o

    questionrio de atividades funcionais de Pfeffer(QFAP), o inventrio

    neuropsiquitrico, o IQ-CODE, o Clinical Dementia Rating (CDR) e o QMC. O

    QMC foi formado a partir da seleo de 22 questes que especialistas com

    experincia na rea cognitiva achavam serem teis para o rastreio de demncia em

    estgios precoces. O diagnstico final, utilizado como padro-ouro nas anlises

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    SUMMARY

    Damin AE. The Questionnaire of Cognitive Change as a method for dementia

    screening [thesis]. So Paulo: School of Medicine, University of So Paulo, 2011.

    148p.

    BACKGROUND: Although there are a wide variety of tests to detect dementia,

    many of them have limitations for application in clinical practice, especially in

    settings of primary health care. In order to achieve rapid implementation of a

    questionnaire, adapted to the reality of our population and has an adequate accuracy

    was created the questionnaire of cognitive change (QMC). The QMC was developed

    by professionals through the cognitive selection of questions focused on detecting

    early stages of dementia. OBJECTIVES: To evaluate whether implementation of

    the Questionnaire of Cognitive Change (QMC) can distinguish with good accuracy

    normal subjects from those with mild cognitive impairment (MCI) and / or dementia

    in the early stages, compared with the cognitive tests used in clinical practice, and

    develop from the initial questionnaire with 22 questions, a final with 8 questions that

    show good accuracy in identifying individuals with dementia in the early stages, to

    be used in clinical practice as a tools for cognitive screening. METHODS:

    Prospective study conducted from April 2007 to September 2010 were evaluated

    individuals randomically referred and without a previous diagnosis to the Reference

    Center for Cognitive Disorders (CEREDIC / FMUSP). In total, 123 individuals were

    examined, 42 controls, 40 with MCI and 41 with mild dementia (CDR = 1). The

    evaluation was performed using tests based on individual performance as the Mini

    Mental State Examination, the CAMCOG and brief cognitive screening battery, and

    testing as applied to the informant questionnaire on functional activities of Pfeffer

    (QFAP), the Neuropsychiatric Inventory, IQCODE, the Clinical Dementia Rating

    (CDR) and QMC. The QMC was formed from the selection of 22 questions that

    experts with experience in cognitive evaluation thought to be useful for screening of

    dementia in early stages. The final diagnosis used as the gold standard in thestatistical analysis and comparisons, was performed by consensus of a panel formed

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    by clinicians working in the cognitive settings and criteria based on DSM-IV and

    NINCDS / ADRDA. RESULTS: The QMC with 22 questions showed have good

    diagnostic accuracy in normal subjects from those with mild cognitive impairmentand / or dementia. From this questionnaire, were selected through statistical models,

    the eight questions with the highest discrimination power among the groups

    (controls, MCI and dementia). The ROC curves related to the final version of the

    QMC with eight questions showed values ranging from ROC = 0.892 (comparison

    between MCI and dementia) to ROC = 0.999 (comparing controls with dementia),

    showing good accuracy in differentiating between groups. The QMC8 was the test

    with the best accuracy among all done, we evaluated the values of area under thecurve (ROC) to differentiate between controls individuals those with cognitive

    impairment associated with dementia or MCI. The Spearman correlation of QMC8

    with the final diagnosis was r = 0.861. The QMC8 showed a good correlation

    between the tests used in this study and that are already validated for the diagnosis of

    dementia, and present an adequate internal consistency with Cronbach's alpha of

    0.876. CONCLUSIONS: Both QMC22 and QMC8 were tests with good accuracy

    for differentiating between normal subjects from those with mild cognitive

    impairment and dementia in early stages. The QMC8 showed good correlation with

    tests already used and validated in our environment and adequate internal

    consistency. As it is a brief questionnaire, with only 8 items, it seems appropriate to

    use as a tool for cognitive screening in our midst.

    Descriptors: 1. Dementia/diagnosis 2. Questionaire 3. Cognition 4. Screening

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    1 INTRODUO

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    Introduo 2

    1 INTRODUO

    O envelhecimento populacional um fenmeno que ocorre em escala

    mundial, mas que apresenta um impacto de proporo maior nos pases em

    desenvolvimento. No Brasil, este fenmeno possui particular importncia, porquanto

    este um dos pases em desenvolvimento onde o envelhecimento da populao

    ocorre em maior velocidade (Scazufca et al., 2002). Estima-se que entre 1950 e 2025

    o aumento da populao idosa ser da ordem de 15 vezes em relao atual,

    enquanto a populao como um todo crescer cinco vezes (Herrera et al., 1998).

    O impacto deste fenmeno se reflete na sade pblica, pois a elevao do

    nmero de idosos acarreta um aumento de casos de doenas crnicas e degenerativas

    que so particularmente incidentes nesta parcela da populao (Herrera et al., 1993),

    o que influencia gastos com sade e planejamento de polticas de sade.

    Segundo o Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    (IBGE, 2000), a populao com 60 anos ou mais no Brasil era de 14.536.029

    pessoas, o que corresponde a 8,6% da populao total, com tendncia de crescimento

    porcentual nos prximos anos impulsionada, em grande parte, pela queda da taxa de

    natalidade e pelos avanos da biotecnologia, aumentando a expectativa de vida.

    Desta forma, estima-se que no Brasil a porcentagem de idosos ser de 13%,

    em 2020, e chegar a 20% da populao, em 2050 (IBGE, 2000).

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    Introduo 3

    1.1 Envelhecimento da populao e demncias

    Uma das principais consequncias do envelhecimento populacional o

    aumento da prevalncia das demncias, especialmente da doena de Alzheimer

    (DA), fato de grande relevncia, porquanto as sndromes demenciais so uma das

    principais causas de incapacidade e morbimortalidade nesta parcela da populao

    (Ramos et al., 1993; Machado et al., 2002).

    Um dos principais estudos epidemiolgicos no Brasil mostrou que a

    prevalncia de demncia em uma amostra populacional com mais de 65 anos foi de

    7,1%. Outra constatao deste mesmo estudo que, aps os 65 anos, a prevalncia

    das demncias praticamente dobra a cada cinco anos, com ndices de 1,6% na

    populao entre 65 e 69 anos, e de 38,9% aps os 85 anos, e em 54,1% do total de

    casos, o diagnstico etiolgico foi a doena de Alzheimer (Herrera et al., 2002).

    Em outro estudo epidemiolgico foi mostrado que em uma amostra de

    pessoas acima dos 60 anos na populao da cidade de So Paulo, a prevalncia de

    demncias foi de 6,8%, mas ao se considerar o efeito do desenho e dos valores

    preditivos, negativo e positivo, do estudo, a prevalncia estimada foi de 12,9%, com

    59,8% dos casos diagnosticados como DA e 15,9% como Demncia Vascular (DV),

    esta ltima a segunda etiologia mais frequente encontrada neste estudo (Bottino et

    al., 2008).

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    Introduo 4

    1.2 O diagnstico das demncias

    O conceito de demncia se define como um declnio cognitivo e/ou

    comportamental crnico, em geral progressivo, com restries graduais nas

    atividades da vida diria e que no pode ser explicado por modificaes na

    conscincia, na mobilidade ou em alteraes sensitivas (Mesulam et al., 2000).

    Segundo os critrios do National Institute of Neurological and

    Communicative Disorders and Stroke and Alzheimer`s Disease and Related

    Disorders Association NINCDS-ADRDA (McKhann et al., 1984) (Anexo A), o

    diagnstico de DA deve ser realizado por meio do exame clnico, documentado por

    Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (Folstein et al., 1975) (Anexo B) ou exames

    similares e confirmado por avaliao neuropsicolgica. Alm disso, o paciente deve

    apresentar declnio progressivo de memria e pelo menos outra funo cognitiva

    (como linguagem, funo visuo-espacial, dentre outras).

    Para efetuar o diagnstico de demncia, o clnico deve se certificar que o

    declnio cognitivo apresentado grave o suficiente para interferir com atividades

    profissionais ou sociais do indivduo, caracterizando declnio funcional, e esta

    avaliao geralmente realizada por entrevistas com o paciente e/ou informante

    (Nitrini et al., 2005a).

    Testes aplicados aos informantes que avaliem as atividades funcionais e/ou

    declnio cognitivo, como o Questionrio de Atividades Funcionais (QAFP) (Pfeffer

    et al., 1982) (Anexo C); combinados com os testes cognitivos de desempenho dos

    indivduos, podem melhorar a acurcia para a deteco de demncia em nosso meio

    (Nitrini et al., 2005b).

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    Introduo 6

    tratamento atual, de modo que muitos declarassem que seriam benficos

    treinamentos na rea cognitiva (Renshaw et al., 2000).

    Alm disso, a existncia de condies no ideais de atendimento

    (principalmente no Brasil), a falta de tempo para realizar testes cognitivos em uma

    consulta breve ou mesmo o desinteresse do clnico generalista para o rastreio das

    demncias, possivelmente contribuem com essa estatstica. O estudo de Lorentz et al.

    (2002) mostrou que 76% dos mdicos generalistas canadenses e 61% dos

    australianos no rastreiam cognitivamente seus pacientes, apesar de conhecerem os

    mtodos disponveis, declarando que a aplicao destes instrumentos difcil e

    demorada.

    Jacinto (2008), em estudo feito no Brasil, avaliou idosos atendidos em

    ambulatrios de clnica mdica geral de um hospital tercirio, e mostrou que havia

    descrio de alteraes cognitivas em apenas 16,72% nos pronturios dos indivduos

    posteriormente diagnosticados como Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) ou

    demncias.

    Apesar de pouco utilizado na prtica clnica, um dos motivos para realizar o

    rastreio das alteraes cognitivas que a aplicao de testes de rastreio para

    identificao de pacientes com CCL ou quadros demenciais permite aos pacientes e

    seus cuidadores receberem orientaes e cuidados adequados nas fases precoces das

    sndromes demenciais, alm da deteco e tratamento de causas secundrias

    potencialmente reversveis (Boustani et al., 2003).

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    Introduo 9

    Assim, nem todos os indivduos com CCL apresentam evoluo inexorvel para o

    estgio demencial, com uma parcela que permanece estvel e outra apresenta,

    inclusive, melhora em seus deficits durante a evoluo (Alexopoulos et al., 2006;

    Petersen et al., 2004)

    Estima-se que a prevalncia de CCL entre idosos acima de 70 anos seja de 14

    a 18% (Luck et al., 2007) e incidncia anual ao redor de 5% em pessoas acima de 65

    anos (Manly et al., 2008).

    1.5 Importncia do relato do informante e a avaliao diagnstica no

    Comprometimento Cognitivo Leve

    Apesar da importncia das queixas subjetivas do paciente como fator de risco

    de evoluo do declnio cognitivo em pacientes com CCL, importante ressaltar que

    muitos idosos normais possuem queixas subjetivas e dificuldades em alguns

    domnios cognitivos, particularmente na memria (Rieder-Heller et al., 1999).

    O relato do informante pode contribuir para o diagnstico e o prognstico do

    CCL. Um estudo de Tabert et al. (2002) mostrou que pacientes com CCL que

    convertiam para DA possuam uma predominncia relativamente maior de sintomasrelatados pelo informante em relao aos sintomas relatados pelo prprio paciente .

    Alm disso, a informao colateral fornecida pelo informante essencial para

    avaliao de alteraes neuropsiquitricas como apatia, agitao, irritabilidade,

    alucinaes e delrios, pois estas so significativamente mais frequentes nos

    pacientes com CCL em relao a indivduos com cognio normal (Geda et al.,

    2008). J em relao s demncias, pacientes com CCL possuem sintomas

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    Introduo 11

    1.6 O rastreio cognitivo e sua importncia

    Os mtodos diagnsticos utilizados para a deteco de demncias tm se

    desenvolvido e diversificado de forma importante nas trs ltimas dcadas.

    Atualmente, existem inmeras alternativas disponveis de exames tanto para

    os clnicos, quanto especialistas em cognio. Esta ampla diversidade inclui desde

    testes cognitivos simples, fundamentados em algumas perguntas feitas ao paciente ou

    ao informante, at exames mais complexos por neuroimagem funcional como a

    Tomografia por Emisso de Fton nico (SPECT) ou aTomografia por Emisso de

    Psitrons (PET).

    Em locais com menos recursos ou naqueles com foco em ateno primria

    sade, no entanto, a realizao de testes de rastreio uma das principais aes para a

    avaliao de pacientes com suspeita de uma sndrome demencial.

    Em relao s sndromes demenciais, o rastreio cognitivo adquire

    importncia, pois o estabelecimento do diagnstico e sua possvel etiologia permitem

    ao mdico discutir com o paciente e seus cuidadores/familiares a respeito da doena,

    de sua evoluo e prognstico, dos cuidados especficos e, por fim, do tratamento

    farmacolgico adequado, pois existe um amplo espectro de medicamentos que

    atualmente so utilizados nas sndromes demenciais e nas comorbidades a elas

    associadas como depresso, quadros psicticos, dentre outros.

    Tambm de fundamental importncia para o rastreio cognitivo a

    investigao posterior que normalmente realizada nos casos suspeitos, por meio de

    exames de imagem ou laboratoriais, e que permitem a deteco de causas

    secundrias de demncia, muitas delas potencialmente tratveis.

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    Introduo 12

    Um teste de rastreio de rpida e fcil aplicao, com boa acurcia, adequado

    nossa populao e que pudesse ser introduzido de forma mais rotineira nas

    avaliaes clnicas, aumentaria a chance de diagnosticar e realizar o

    acompanhamento adequado de sndromes demenciais (Aprahamian et al., 2008).

    Segundo Aprahamian et al. (2008), um instrumento de triagem prximo do

    ideal, que oferea maior segurana possvel para o rastreio da demncia deveria ser:

    a) Rpido na sua administrao (poucos minutos) para ter adeso entre os

    profissionais de diversas reas;

    b) Ser bem tolerado e aceitvel pelos pacientes;

    c) Ser facilmente interpretado;

    d) Ter independncia cultural, de linguagem e de escolaridade;

    e) Poder ser bem reproduzido em outros estudos e ter desempenho semelhante

    entre os examinadores;

    f) Ter valores elevados de sensibilidade e especificidade;

    g) Apresentar correlao com outros testes tradicionais e bem validados na

    literatura, alm de correlao com escalas de avaliao e diagnstico clnico

    de demncia e

    h) Ter bom valor preditivo.

    Para que possam ser utilizadas como instrumentos de triagem e estratificao

    de risco, portanto, as escalas de avaliao funcional para execuo de atividades da

    vida diria (AVDs), que em geral so aplicadas aos informantes, devem ser breves,

    simples e de fcil e rpida aplicao, para serem teis a profissionais com formaes

    distintas e aplicveis em qualquer unidade bsica de sade (Costa et al., 2001).

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    Introduo 15

    testes de desempenho. Outro problema que estes testes podem sofrer influncias

    culturais considerveis entre os diversos pases e entre regies de um mesmo pas

    (Brucki et al., 2010).

    Por outro lado, testes cognitivos mais abrangentes, como o Cambridge

    Cognitive Examination - CAMCOG (Roth et al., 1986) (Anexo E) ou mesmo

    avaliaes neuropsicolgicas extensas, so mais sensveis na distino entre

    indivduos normais daqueles em estgios iniciais de um quadro demencial, mas

    necessitam de tempo e de profissionais treinados e experientes para a aplicao e

    interpretao, tornando-os inviveis para serem utilizados por profissionais

    envolvidos com ateno primria sade e em locais com poucos recursos humanos.

    1.9 Avaliaes cognitivas aplicadas em informantes Vantagens e problemas na

    prtica clnica

    As avaliaes cognitivas apoiadas em entrevista com um informante

    fornecem fontes colaterais de informaes que podem mostrar alteraes cognitivas

    leves e precoces nas sndromes demenciais.

    Muitas vezes, estas so mais sensveis que testes baseados em desempenho,pois so questionrios que permitem avaliar as mudanas que ocorrem ao longo do

    tempo na habilidade do indivduo para realizar as tarefas cotidianas e,por causa desta

    particularidade, so menos sujeitas influncia de diferenas scio-culturais, de

    fatores que interferem com a realizao do teste do indivduo em um determinado

    momento, da impresso do prprio indivduo sobre sua doena (que pode estar

    comprometida em certas demncias) e da sua escolaridade (Galvin et al., 2005).

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    Introduo 16

    Outra vantagem da utilizao de avaliaes aplicadas ao informante que

    estas podem ser utilizadas em associao com testes de desempenho, aumentando a

    acurcia diagnstica.

    Um estudo brasileiro (Bustamante et al., 2003), mostrou que ao ser utilizado,

    isoladamente, o MEEM permitiu classificar corretamente 86,8% dos pacientes e

    controles, ao passo que a combinao do MEEM com o Informant Questionnaire of

    Cognitive Decline in the Elderly - IQCODE (Anexo F) classificou corretamente

    92,1% dos sujeitos. A combinao do MEEM com a Escala Bayer de Atividades da

    Vida Diria (B-ADL) permitiu classificar corretamente 92,1% dos indivduos, e isto

    sugere que ao aplicar testes apoiados em desempenho associados com as escalas

    funcionais aplicadas ao informante existe uma maior deteco de casos leves ou

    moderados de demncia, mesmo em amostras populacionais heterogneas em relao

    ao nvel scio-econmico e educacional, como o caso da amostra brasileira

    (Bustamante et al., 2003).

    Muitas avaliaes fundamentadas nas respostas do informante so utilizadas

    por profissionais ligados cognio, como o caso do CDR (Morris et al., 1993)

    (Anexo G) e do IQCODE (Jorm et al., 2000), mas estes tambm possuem limitaes.

    O CDR, por exemplo, um questionrio semi-estruturado aplicado ao

    informante e ao paciente, e utilizado por muitos autores como o padro-ouro de

    classificao do grau de comprometimento nas sndromes demenciais, mas no

    compatvel com o uso em ateno primria sade, porque longo, com aplicao

    demorada e necessita, ao final, de uma interpretao mais elaborada para a definio

    do estgio demencial entre leve (CDR=1), moderado (CDR=2) e grave (CDR=3).

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    Introduo 17

    Alm disso, j foi observado antes que o CDR pode no ser especfico,

    principalmente ao avaliar pacientes em estgios iniciais do declnio cognitivo, pois

    mostrou prever menos a converso de CCL para demncias em comparao a testes

    neuropsicolgicos (Isella et al., 2009). Por outro lado, um estudo que aplicou o

    IQCODE a idosos e cuidadores (Areza-Fagyveres et al., 2008) mostrou que no grupo

    de idosos com alteraes cognitivas avaliadas pelo MEEM, o IQCODE realizado

    com os prprios pacientes mostrou alteraes mais acuradas e, possivelmente, mais

    precoces e com resultados mais aproximados aos do MEEM do que quando aplicado

    aos informantes.

    Este estudo indica que o IQCODE, pode demonstrar baixa acurcia de se

    aplicar aos informantes, pois ainda depende da subjetividade destes para avaliar o

    quadro atual do paciente em relao h 10 anos, pois este o tempo de comparao

    utilizado nas questes do IQCODE (Areza-Fagyveres et al., 2008).

    Ainda em relao ao IQCODE, um estudo realizado no Brasil mostrou que

    este teste apresentou uma rea sob a curva ROC com valor estatisticamente no

    significante para a diferenciao entre CDR=0,5 de demncias leves(ROC=0,649;

    p=0,089), o que no adequado para um teste que tem como objetivo principal a

    avaliao do acometimento funcional, fundamental para a definio diagnstica de

    indivduos com alteraes cognitivas (Perroco et al., 2008).

    Como discutido, no ambiente de ateno primria sade os clnicos

    necessitam de instrumentos para rastrear demncias, que sejam breves, de fcil

    aplicao e interpretao, e com bom equilbrio entre a sensibilidade e especificidade

    (Apramahian et al., 2008). Esta caracterstica tambm til para instrumentos

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    questes desenvolvidas para populaes com recursos e escolaridade em geral

    superiores brasileira.

    1.10 O desenvolvimento do Questionrio de Mudana Cognitiva e justificativa

    do estudo

    A partir dos problemas expostos nos tpicos anteriores e analisando as

    vantagens e desvantagens dos testes e questionrios disponveis, com foco principal

    no rastreamento das fases precoces das sndromes demenciais em nosso meio, foi

    desenvolvido o Questionrio de Mudana Cognitiva (QMC), que detalhado no

    tpico Casustica e Mtodos. Este questionrio e sua aplicao so a motivao

    inicial para o desenvolvimento do presente estudo.

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    2 OBJETIVOS

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    Objetivos 21

    2 OBJETIVOS

    2.1 Geral

    Avaliar se a aplicao do Questionrio de Mudana Cognitiva (QMC) pode

    distinguir com boa acurcia indivduos normais daqueles com comprometimento

    cognitivo leve e/ou demncia em estgios iniciais

    2.2 Especfico

    Comparar a acurcia diagnstica do questionrio de mudana cognitiva

    com testes dedesempenho do indivduo e com aqueles fundamentados em

    relatos do informante j validados e utilizados na prtica clnica.

    Desenvolver, a partir das 22 questes iniciais do QMC, um questionrio

    final breve com aproximadamente 8 a 10 questes, e que mostre boa

    acurcia na identificao de indivduos com demncias em estgios

    iniciais, para que seja utilizado na prtica clnica como um instrumento de

    rastreio, tanto em clnicas especializadas, quanto na ateno primria; e

    que seja um instrumento de rpida aplicao e adequado realidade

    brasileira.

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    informados que seu tratamento e condutas no so afetados caso no aceitem

    participar do estudo e/ou assinar o Termo em questo.

    3.2.2 Critrios de excluso

    Pacientes em que a presena de um familiar e/ou cuidador no foi possvel;

    Indivduos com deficit visual e/ou auditivo importante a ponto de no ser

    possvel realizar a avaliao cognitiva utilizada;

    No aceitao por parte do indivduo e/ou responsvel legal de participar ou

    assinar o Termo de Consentimento do estudo.

    Pacientes com demncias em estgios moderado a grave (CDR= 2 e 3).

    3.2.3 Delineamento amostraltamanho da amostra

    O tamanho amostral foi calculado retrospectivamente na fase final do estudo

    com base nas informaes dos escores do questionrio QMC22 e sua capacidade de

    diferenciar os grupos de interesse (controles, CCL e demncias).

    Neste caso, considerada Anlise de VarinciaANOVA para verificar a

    diferena entre os trs grupos diagnosticados, com um nvel de significncia de 5%

    (erro tipo I) e um poder do teste de 90% (1 erro tipo II), para identificar um efeito

    de f = 0,40 (Cohen et al., 1988) o tamanho mnimo de amostra de 84 pacientes, 28

    em cada grupo.

    Como a amostra do presente estudo consiste de 123 pacientes, e o menor

    grupo com 40 indivduos, o tamanho amostral utilizado foi adequado ao objetivo

    proposto.

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    Tabela 2- Notas de corte dos testes aplicados no presente estudo.

    Teste Nota de corte RefernciaMEEM Escolaridade Pontos

    Brucki et al. (2003)

    Analfabetos < 20

    1 a 4 anos < 25

    5 a 8 anos < 26

    8 a 11 anos < 28

    12 anos 5 pontos Nitrini et al. (2005b)

    IQCODE > 3,41 Nitrini et al. (2005b)

    DR No foi utilizada nota de corte, mas

    escores abaixo de 5 foram

    considerados sugestivos de

    demncias

    Nitrini et al. (2005b)

    INP No foi utilizada nota de corte

    MEEM: mini-exame do estado mental; CAMCOG: Cambridge Cognitive Examination; M5: Memria

    tardia de 5 minutos (item da BBRC); INP: Inventrio Neuropsiquitrico; QAFP: Questionrio deAtividades Funcionais de Pfeffer; IQCODE: Informant Questionnaire of Cognitive Decline in theElderly; DR: Desenho do Relgio

    3.4 Questionrio de Mudana Cognitiva

    A motivao inicial do desenvolvimento do Questionrio de Mudana

    Cognitiva foi a criao de um teste cognitivo aplicado ao informante, desenvolvido

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    Casustica e Mtodos 29

    no Brasil a partir das caractersticas populao brasileira com a seleo de questes

    que fossem pertinentes para a identificao de pacientes em fases precoces das

    sndromes demenciais.

    O QMC possui 22 questes (QMC22) que, em sua maioria, foram

    selecionadas por profissionais com experincia na rea cognitiva a partir de testes

    apoiados em respostas dadas por informantes e j utilizados na prtica clnica, como

    o AD8, QAFP, IQCODE, Fillenbaum (Anexo L), Katz (Anexo M) e a Escala de

    demncia de Blessed (Anexo N).O critrio utilizado foi a seleo de questes que

    estes profissionais acreditavam ser as mais pertinentes para identificao de

    indivduos que, supostamente, estavam no comeo de um quadro demencial.

    Alm das questes selecionadas em questionrios pr-existentes, as questes

    16 e 21 foram criadas para para complementar o QMC, com o objetivo de criar um

    questionrio mais abrangente e as questes 10 e 22 foram modificadas a partir de

    questionrios originais, por adaptaes que so teis em algumas situaes presentes

    no Brasil, por exemplo, a aplicao em comunidades ribeirinhas que utilizam barco

    como meio de transporte, pois o questionrio original no contemplava este meio de

    transporte.

    3.4.1 Aplicao e interpretao do Questionrio de Mudana Cognitiva

    O QMC22 entregue ao familiar e/ou cuidador, juntamente com o questionrio

    de atividades funcionais de Pfeffer (QAFP) e o IQCODE de forma aleatria durante

    a espera das consultas. Antes do incio das avaliaes so dadas instrues para seu

    preenchimento. Caso haja dvidas por parte do informante, o mesmo orientado a

    assinalar o item no sei ou no se aplicaque existe tanto no QMC22, quanto no

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    Casustica e Mtodos 30

    IQCODE. Em caso de informantes analfabetos ou que no entendam os questionrios

    de forma adequada, o examinador l em voz alta as questes dos trs questionrios.

    No caso do QMC22, explicado aos informantes que cada uma das questes

    enfoca se ocorreu alguma mudana para determinada situao ao longo do tempo

    (no h definio de um tempo especfico, como o caso do IQCODE que estabelece

    10 anos para a comparao das mudanas). Em cada uma das questes so dadas as

    possibilidades de marcar sim (sim, houve uma mudana em relao a um estado

    anterior), no (quando no houve mudana) e no sei(quando o informante no

    sabe responder determinada questo). Destarte, a formatao do teste aproxima-se

    daquela estabelecida pelo AD8 (Galvin et al., 2005).

    No final do processo de resposta ao questionrio, so computadas as respostas

    assinaladas com sim, somando-se um ponto para cada simmarcado, chegando-se

    ao escore final e, assim, espera-se que, quanto maior o grau de comprometimento

    cognitivo e/ou funcional, a pontuao no teste seja mais elevada.

    No Quadro 1 encontra-se o modelo do QMC em sua verso final e entre

    parnteses, ressaltados em azul, os questionrios dos quais cada uma das perguntas

    se originou. Convm ressaltar que as oito primeiras questes so derivadas

    diretamente do AD8 e as demais de outros questionrios aplicados ao informante e

    escolhidas por profissionais com experincia na avaliao de pacientes com

    distrbios cognitivos, que utilizaram como critrio a escolha de questes que os

    mesmos achem pertinentes na deteco precoce das demncias e que sejam

    adequadas realidade brasileira.

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    Casustica e Mtodos 32

    Continuao do Quadro 1

    14. Dificuldade para se lembrar do que

    conversou nos ltimos dias (IQCODE)15. Dificuldade para lembrar-se onde as coisasso guardadas usualmente (IQCODE)16. Dificuldade para contar o que acabou de verou ouvir17. Dificuldade para lembrar uma mensagem

    (Fillenbaum)18. Dificuldade para expressar opinies prpriassobre assuntos de famlia (Fillenbaum)19. Dificuldade para terminar alguma coisacomeada (Fillenbaum)

    20. Dificuldade para lidar com pequenas somasde dinheiro (Blessed)

    21. Dificuldade para tomar parte em algumaconversa22. Dificuldade para sair para uma caminhadasozinho e voltar para casa sem perder-se

    (Fillenbaum -adaptado)

    TOTAL

    3.5 Investigao dos casos suspeitos

    Em todos os pacientes com suspeita de comprometimento cognitivo ou

    demncia foi realizado ao menos um exame de imagem e exames laboratoriais

    recomendados pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) (Nitrini et al., 2005a),

    prosseguindo acompanhamento ambulatorial no CEREDIC/ HCFMUSP.

    3.6 Interpretao dos dados

    Para a avaliao estatstica descritiva foi utilizado o programa SPSS

    (Statistical Package for the Social Sciences) verso 16.0 e o programa STATISTICA

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    Casustica e Mtodos 33

    verso 9 trial. As comparaes das mdias foram feitas a partir da diviso entre trs

    grupos: controles, CCL e demncias. Para os clculos das mdias foi utilizado o

    ANOVA ao se analisar dados paramtricos e o teste de Kruskal-Wallis para dados

    no paramtricos com anlise post hoc por meio do teste de Dunn. O valor de

    significncia estatstica adotado no presente estudo de p

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    Casustica e Mtodos 34

    Para a padronizao do diagnstico, a banca avaliadora foi sempre composta

    pelos mesmos profissionais durante todo o estudo. O diagnstico final da banca foi

    utilizado como o padro-ouro para definir os diagnsticos dos diferentes grupos que

    foram submetidos s anlises estatsticas, e o CDR foi utilizado na classificao

    funcional das demncias como: CDR=0 (indivduos normais), CDR=0,5 (possvel

    demncia), CDR=1 (demncia leve), CDR=2 (demncia moderada) e CDR=3

    (demncia grave). Como a funo do questionrio foi avaliar demncias em estgio

    iniciais ou CCL, pacientes com demncia moderada a grave (CDR 2 ou 3) foram

    retirados das anlises e encaminhados para seguimento ambulatorial adequado.

    Ressalta-se que no presente trabalho o escore CDR=0,5 no foi utilizado como

    sinnimo para CCL, assim, existiram indivduos , tanto no grupo controle, quanto no

    grupo demncias, que possuam CDR=0,5, mas que no foram classificados como

    CCL pela banca examinadora.

    O QMC22 no foi utilizado pela banca examinadora para a classificao dos

    casos, e os avaliadores foram considerados cegos para os resultados deste teste. Os

    escores sugeridos pelas recomendaes da ABN foram utilizados para a interpretao

    dos questionrios funcionais como o IQCODE e o questionrio de atividades

    funcionais de Pfeffer (QAFP), e estes foram utilizados como complementares ao

    CDR para definio do acometimento funcional dos pacientes.

    3.8Fluxogramade avaliao

    A Figura 1 mostra o fluxograma da avaliao dos indivduos no presente

    estudo.

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    Casustica e Mtodos 35

    Figura 1Fluxograma de avaliao dos indivduos no presente estudo.

    Indivduos encaminhados paraavaliao no CEREDIC/HCFMUSP

    Anamnese conjunta: Indivduo e informante

    Questionrios baseados no informante:QMC22, QAFP e IQCODE

    Diagnstico final:Consenso de especialistas

    Anamnese

    Exame Fsico e Neurolgico

    Testes cognitivos e funcionais

    Exames de imagem e laboratoriais

    Controles:Testes cognitivos efuncionais normais

    Informante:- Anamnese complementar (CAMDEX)- INP- CDR informante- Consentimento Livre e esclarecido.

    Indivduo :- Exame Fsico- Exame Neurolgico- MEEM- CAMCOG- BBRC- CDR paciente- Consentimento Livre e esclarecido

    Diagnstico inicial (membros do CEREDIC): Geriatra, psiquiatra e neurologista

    Demncias:Testes cognitivos e funcionaisalterados

    CCL:Testes cognitivos baseadosem desempenho alterados etestes funcionais normais

    Investigao:Recomendaes da ABN- Imagem- Testes laboratoriais- Testes especficos para cada caso se necessrio- Avalia o neuro sicol ica se necessrio

    Orientaes

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    4 RESULTADOS

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    Grfico 2- Subtipos de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) da amostra.

    CCL: Comprometimento Cognitivo Leve; M - ud: nico domnio no amnstico; M md: mltiplos domnios no amnstico;

    M + ud: nico domnio amnstico; M + md: mltiplos domnios amnstico

    A maioria dos casos de demncia desta amostra (47%) foi causada por DA e a

    DV segunda causa mais frequente (22%). Quanto aos casos de CCL, a maioria de

    etiologia amnstica mltiplos domnios (52%), seguida por nico domnio no

    amnstico.

    4.1 Estatstica descritiva e comparao entre Controles, CCL e Demncias

    Os tpicos a seguir se relacionam com a estatstica descritiva e comparao

    dos testes realizados nos grupos de indivduos controles, CCL e com demncias.

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    Tabela 3Estatstica descritiva das variveis entre os grupos Controle, Comprometimento

    Cognitivo Leve e Demncias.

    Varivel Grupo N Media DP Mediana Teste X2(p)

    IdadeControles 42 68,27 7,34 69 ANOVA

    (0,104)CCL 40 67,05 9,80 68

    Demncias 41 71,24 9,51 74

    TOTAL 123 68,90 9,16 70

    EscolaridadeControles 42 7,48 4,48 6 Kruskal-Wallis

    5,12(0,06)

    CCL 40 6,49 4,77 4

    Demncias 41 5,44 4,32 4

    TOTAL 123 6,40 4,57 5

    MEEMControles 42 28,39 1,61 29 Kruskal-Wallis

    62,47(

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    Resultados 42

    Continuao da Tabela 3

    DR

    Controles 33 8,96 1,59 9 Kruskal-Wallis

    36,87

    (

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    Resultados 47

    Tabela 6- Correlao que utiliza o coeficiente de Spearman entre as variveis com

    diagnstico.

    Coeficiente de correlao

    de Spearman ( r )QMC22 Diagnstico

    Idade 0,035 0,151

    Gnero 0,137 0,137

    Escolaridade -0,248* 0,229*

    QMC22 1,000 0,853*

    MEEM -0,665* 0,737*

    CAMCOG -0,646* 0,725*

    CDR 0,859* 0,916*

    QAFP 0,872* 0,823*

    IQCODE 0,824* 0,751*

    FV animais -0,604* 0,690*

    M5 -0,663* 0,702*

    DR -0,622* 0,629*

    INP 0,475* 0,348*

    QMC22: questionrio de mudana cognitiva com 22 questes; MEEM: miniexame do estado mental;CAMCOG: Cambridge Cognitive Examination; CDR: Clinical Dementia Rating; QAFP: Questionriode atividades funcionais de Pfeffer ; IQCODE: Informant Questionnaire of Cognitive Decline in theElderly; FV animais: fluncia verbal para animais; M5: Memria tardia de 5 minutos (item da BBRC);DR : desenho do relgio; INP: inventrio neuropsiquitrico; NOTA: anlise bicaudal; * = p

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    correlao com o diagnstico final e CDR, baixa correlao com escolaridade e INP

    e no houve correlao significante com idade e gnero. Da mesma forma que para o

    diagnstico final, em geral, testes baseados em respostas dos informantes tiveram

    maior correlao com o QMC22 em relao a testes de desempenho.

    Quanto consistncia interna, o alfa de Cronbach ao se parear as correlaes

    entre os 22 itens foi de 0,936, e valores acima de 0,7 so considerados de boa

    consistncia interna (Maroco et al., 2006).

    4.1.4 Valores da rea sob a curva das variveis empregadas no estudo e QMC22

    A Tabela 7 mostra a rea sob a curva ROC dos testes realizados neste estudo

    para a comparao entre diversos grupos, e os resultados assinalados em negrito no

    teste apresentam a maior acurcia, indicada pelo maior valor de rea sob a curva em

    cada uma das comparaes indicadas.

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    Tabela 10 - Razo de verossimilhana das questes no Modelo Inicial.

    QuestoRazo de Verossimilhana

    Qui-quadrado df pp1 0,291 1 0,590

    p2 1,800 1 0,180

    p3 0,231 1 0,631

    p4 1,694 1 0,193

    p5 1,832 1 0,176

    p6 0,028 1 0,867

    p7 0,328 1 0,567

    p8 0,266 1 0,606

    p9 7,399 1 0,007*

    p10 3,112 1 0,078*

    p11 4,853 1 0,028*p12 1,036 1 0,309

    p13 7,510 1 0,006*p14 1,431 1 0,232

    p15 0,017 1 0,896

    p16 0,168 1 0,682

    p17 0,115 1 0,735

    p18 4,239 1 0,039*p19 0,553 1 0,457

    p20 0,045 1 0,832

    p21 0,004 1 0,947

    p22 10,464 2 0,005*df: graus de liberdade; p: nvel de significncia; p

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    Tabela 12- Modelo final e estimativas do modelo final.

    Questo

    Razo de

    verossimilhanaQui-quadrado df p RR inf sup p

    p2 1,560 1 0,212 0,47 0,15 1,46 0,193

    p3 0,115 1 0,734 0,77 0,20 2,96 0,700

    p4 1,834 1 0,176 0,37 0,08 1,69 0,199

    p5 1,862 1 0,172 0,34 0,08 1,49 0,150

    p7 0,226 1 0,634 0,66 0,07 5,95 0,713

    p9 7,145 1 0,008 0,14 0,02 0,78 0,026

    p10 3,376 1 0,066 0,19 0,03 1,09 0,043

    p11 6,756 1 0,009 0,15 0,04 0,61 0,008

    p12 0,777 1 0,378 0,40 0,07 2,41 0,319

    p13 7,751 1 0,005 0,08 0,01 0,48 0,005

    p14 1,086 1 0,297 0,43 0,10 1,91 0,266

    p15 0,018 1 0,892 1,09 0,27 4,38 0,900

    p16 0,321 1 0,571 0,63 0,14 2,87 0,553

    p17 0,167 1 0,683 0,71 0,12 4,11 0,705

    p18 4,960 1 0,026 7,32 1,38 38,88 0,019p22 10,825 2 0,001 0,09 0,02 0,42 0,003

    df : graus de liberdade ; p : nvel de significncia; RR : risco relativo; inf = inferior; sup = superior

    Desta forma pode-se selecionar as questes da coluna da direita na Tabela 12,

    que tiveram maior poder de discriminao entre os grupos e possibilitar a montagem

    do QMC com menor quantidade de questes.

    A partir das seis questes que mostraram diferena estatstica para o desfecho

    final (discriminao entre os grupos) mostradas na coluna da direita acima (questes

    9,10,11,13,18 e 22) optou-se por acrescentar mais outras duas questes preparar um

    questionrio final com oito questes, semelhante ao AD8 (Galvin et al., 2005).

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    Resultados 57

    Foram preparados questionrios intermedirios com todas as combinaes

    possveis entre as questes que, por meio da anlise de covarincia no puderam sair

    do modelo final, pegando-se duas a duas e fazendo as correlaes de Spearman com

    o diagnstico final e as curvas ROC para cada um dos 45 questionrios

    intermedirios formados. Os valores so apresentados no Anexo Q.

    Formou-se, desta forma, um questionrio final com a adio s seis questes

    iniciais as de nmero 4 e 5 porque esta combinao mostra a mais forte correlao

    de Spearman com o diagnstico final dentre todas as combinaes, bem como uma

    das maiores curvas ROC para a discriminao entre os pacientes normais daqueles

    com CCL e de pacientes normais para aqueles no normais, quesito fundamental em

    um questionrio voltado para o rastreio de sndromes demenciais em estgios

    iniciais. Assim, o questionrio final (QMC8) foi formado por meio de um parmetro

    clnico fundamentado na anlise estatstica.

    Na Tabela 13, observa-se que as reas sob a curva do questionrio com as seis

    questes que demonstraram diferena estatstica no modelo final (QMC6)

    apresentado na Tabela 12 acima (questes 9, 10, 11, 13, 18 e 22) e sua comparao

    com o questionrio com as oito questes (QMC8) no qual foram acrescentadas as

    questes 4 e 5 escolhidas por critrio clnico anteriormente descrito. Para efeito de

    comparao, so mostradas reas sob a curva do QMC22.

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    Resultados 60

    4.4.1 Anlises estatsticas do QMC8

    Ao aplicar o teste de Kolgomorov-Smirnov , foi observado que a distribuio

    dos escores do QMC no foi compatvel com a normalidade (Z=1,748; p=0,004),

    portanto, analisou-se este questionrio mediante testes no paramtricos.Os escores

    mdios em cada um dos grupos so demonstrados na Tabela 15, e o clculo do p foi

    obtido por meio do teste de Kruskal-Wallis.

    Tabela 15 - Escores mdios do QMC8 em cada um dos grupos.

    QMC 8 N Mdia MedianaDesvio-

    padro

    IC 95%X2

    (p)Limitesuperior

    Limite

    Inferior

    Controles 42 0,39 0 0,61 0,21 0,87

    83,97

    (

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    Tabela 16Valor de Q calculado na comparao dos grupos dois a dois.

    Controles vs.CCL

    Controles vs.Demncias

    CCL x Demncias

    Q calculado 4,74* 9,07* 4,60*

    CCL: comprometimento cognitivo leve; *: Q calculado>Q esperado = significncia estatstica

    Como todos os Q calculados foram maiores do que o Q esperado, houve

    diferena significativa dos escores mdios do QMC8 em cada um dos grupos na

    comparao dois a dois.

    Os valores apresentados nas Tabelas 17, 18 e 19 mostram as mdias dos

    escores do QMC8 em diferentes escolaridades e suas comparaes por meio do teste

    de Kruskal-Wallis ao analisar cada um dos grupos (controle, CCL e demncias),

    separando-os internamente em trs subgrupos de escolaridades diferentes: 0 a 4 anos;

    5 a 8 anos; e acima de 8 anos.

    Tabela 17Comparao do QMC8 em relao escolaridade no grupo controle.

    QMC8Controles

    Mdia Mediana Desvio-padro X2(p)

    0-4 anos 0,20 0 0,421,21

    (0,546)5-8 anos 0,45 0 0,69

    >8 anos 0,42 0 0,51

    TOTAL 0,36 0 0,55

    QMC8: questionrio de mudana cognitiva com oito questes; p: valor de significncia; X2: qui-quadrado pelo teste de Kruskal-Wallis

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    Resultados 64

    A preciso do QMC8 dependente do valor adotado como nota de corte,

    mostra ser um teste sensvel ao se adotar uma nota de corte 1 , porm menos

    especfico. No entanto, ao se adotar a nota de corte 2, perde em sensibilidade, mas

    adquire uma boa especificidade.

    4.4.3 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo Controle e

    Demncias

    A Tabela 22 apresenta valores referentes rea sob a curva do QMC8 ao

    comparar controles com demncias.

    Tabela 22- rea sob a curva do QMC8comparao entre controles e demncias e

    entre controle e demncias leves.

    Questionriorea sob a

    curvaErro

    padrop

    IC95%

    Limite inferior Limite superior

    QMC8 0,999 0,01

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    Resultados 65

    Tabela 23 - Propriedades do QMC8 quanto ao diagnstico entre controles e

    demncias.

    Questionrio

    Nota decorte

    Sensibi-

    lidade

    (%)

    Especi-

    ficidade

    (%)

    VPP

    (%)

    VPN

    (%)

    Acuidade

    (%)

    QMC8 4 97,5 100 100 97 98,6

    VPP: valor preditivo positivo; VPN: valor preditivo negativo; QMC8: questionrio de mudanacognitiva com oito questes

    Ao adotar uma nota de corte 4, o QMC8 mostra sensibilidade excelente e

    VPP de 100%, e evidencia acuidade adequada para a discriminao entre indivduos

    normais e aqueles com demncias em estgios leves.

    4.4.4 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo CCL e Demncias

    A Tabela 24 apresenta a rea sob a curva ROC do QMC8 ao comparar CCL e

    demncias.

    Tabela 24- rea sob a curva ROC do QMC8 - comparao entre CCL e demncias.

    Questionriorea sob a

    curvaErro

    padroP

    IC 95%

    Limite inferior Limite superior

    QMC8 0,892 0,037

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    Resultados 66

    A partir dos valores das coordenadas da curva ROC indicadas no Anexo R, e

    ao assumir uma nota de corte 4 so obtidos os valores da Tabela 25 para o QMC8.

    Tabela 25- Propriedades do QMC8 para o diagnstico entre CCL e demncias.

    QuestionrioNota de

    corte

    Sensibi

    lidade

    (%)

    Especi

    ficidade

    (%)

    VPP

    (%)

    VPN

    (%)

    Acuidade

    (%)

    QMC8 4 97,5% 83,9% 72,2% 96,3% 80,2%

    QMC8: questionrio de mudana cognitiva com oito questes; VPP: valor preditivo positivo; VPN:valor preditivo negativo

    Ao adotar-se uma nota de corte 4, para padronizar a mesma nota de corte nadistino entre controles e demncias, o QMC8 mostra ser um instrumento sensvel e

    acurado para distino entre CCL e demncias leves.

    4.4.5 Anlise da acurcia do QMC8 para distino entre o grupo de indivduos

    normais daqueles com algum grau de comprometimento cognitivo (CCL e ou

    Demncias)

    A Tabela 26 apresenta a rea sob a curva ROC do QMC8 ao serem

    comparados pacientes controle (cognio e testes funcionais normais), com aqueles

    considerados no controles (pacientes com CCL ou demncias em quaisquer

    estgios).

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    Resultados 67

    Tabela 26 - rea sob a curva ROC do QMC8 na comparao entre controles e

    pacientes (CCL e demncias).

    Questionriorea sob a

    curvaErro

    padrop

    IC95%

    Limite inferior Limite superior

    QMC8 0,968 0,014

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    O QMC22 mostra acurcia razovel e com valores adequados de

    sensibilidade, especificidade, VPP e VPN, ao se adotar as notas de corte observadas

    na Tabela 28.

    4.6 Comparao das reas sob a curva ROC de todos os testes realizados

    A Tabela 29 mostra a rea sob a curva ROC de todos os testes realizados no

    presente estudo, com a incluso do QMC8. Em negrito se destacam os testes que

    obtiveram um valor de acurcia mais elevado em cada um dos grupos de

    comparao.

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    Resultados 70

    Tabela 29 - rea sob a curva ROC de todos os testes realizados com incluso do

    QMC8.

    Valores darea sob acurva

    Controles vs.CCL

    Controles vs.demncias

    CCL vs.demncias

    Controles vs.no normais

    (CCL edemncias)

    QMC8 0,938* 0,999* 0,892* 0,968*

    QMC6 0,863* 1,000* 0,884* 0,930*

    QMC22 0,934* 0,999* 0,895* 0,966*

    CDR 0,902* 1,000* 0,934* 0,951*QAFP 0,839* 0,998* 0,917* 0,917*

    IQCODE 0,742* 0,987* 0,882* 0,864*

    INP 0,809* 0,782* 0,519 0,795*

    MEEM 0,760* 0,971* 0,860* 0,865*

    CAMCOG 0,844* 0,952* 0,833* 0,896*

    FV 0,776* 0,950* 0,804* 0,863*

    M5 0,759* 0,957* 0,820* 0,858*

    DR 0,801* 0,910* 0,734* 0,854*

    CCL: comprometimento cognitivo leve; QMC8: questionrio de mudana cognitiva com oitoquestes; QMC6: questionrio de mudana cognitiva com seis questes; QMC22: questionrio demudana cognitiva com 22 questes; CDR: Clinical Dementia Rating; QAFP: Questionrio deatividades funcionais de Pfeffer; IQCODE: Informant Questionnaire of Cognitive Decline in theElderly; CAMCOG: Cambridge Cognitive Examination; MEEM: miniexame do estado mental; FVanimais: fluncia verbal para animais; M5: Memria tardia de 5 minutos (item da BBRC); DR:desenho do relgio;* : p

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    Resultados 71

    Na discriminao entre controles e demncias, o QMC8 obteve, junto com o

    QMC22, a terceira maior rea sob a curva, e o CDR e o QMC6 so os testes que

    mostraram as melhores acurcias neste grupo. J na distino entre CCL e demncias

    foi o quarto teste que apresentou acurcia melhor, em detrimento do CDR, do QAFP

    e do QMC22, que mostraram as maiores reas sob a curva ROC. No entanto, mesmo

    nestes grupos, o QMC8 foi um teste que demonstrou acurcia adequada ao ser

    analisado o valor de sua rea sob a curva ROC.

    4.7 Correlao com o diagnstico final e com os testes aplicados no estudo e

    consistncia interna do QMC8

    A Tabela 30 mostra as correlaes dos diferentes testes e do QMC8 em

    relao ao diagnstico final mediante o coeficiente de correlao de Spearman e da

    correlao entre os testes com o QMC8, medidos pelo mesmo coeficiente.

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    Resultados 72

    Tabela 30- Correlao do QMC8 com o diagnstico final e com os testes aplicados

    no presente estudo com aplicao do coeficiente de correlao de

    Spearman.

    Coeficiente decorrelao deSpearman (r)

    QMC8 Diagnstico

    Idade 0,012 0,151

    Gnero 0,153 0,137

    Escolaridade -0,244* 0,229*

    QMC6 0,964* 0,833*

    QMC8 1,000 0,861*

    QMC22 0,945* 0,853*

    MEEM -0,679* 0,737*

    CAMCOG -0,653* 0,725*

    CDR 0,873* 0,916*

    QAFP 0,858* 0,823*IQCODE 0,769* 0,751*

    FV animais -0,607* 0,690*

    M5 -0,659* 0,702*

    DR -0,630* 0,629*

    INP 0,479* 0,348*

    QMC8: questionrio de mudana cognitiva com oito questes; QMC6: questionrio de mudanacognitiva com seis questes; QMC22: questionrio de mudana cognitiva com 22 questes; MEEM:

    miniexame do estado mental; CAMCOG: Cambridge Cognitive Examination; CDR: ClinicalDementia Rating; QAFP: Questionrio de atividades funcionais de Pfeffer; IQCODE: InformantQuestionnaire of Cognitive Decline in the Elderly; FV animais: fluncia verbal para animais; M5 =Memria tardia de 5 minutos (item da BBRC); DR: desenho do relgio; INP: inventrioneuropsiquitrico;NOTA: anlise bicaudal; *: p

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    Resultados 73

    significante com todos os testes realizados no estudo, em geral, com maior

    correlao com os testes aplicados aos informantes do que aqueles apoiados no

    desempenho do indivduo.

    Ao avaliar a consistncia interna da correlao dos oito itens finais do QMC8,

    o alfa de Cronbach resultou em 0,876, e um valor considerado como de

    consistncia interna adequada.

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    5 DISCUSSO

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    Discusso 75

    5 DISCUSSO

    Com o envelhecimento da populao e o consequente aumento da quantidade

    de casos de demncias, a necessidade de rastreio cognitivo ser cada vez mais

    evidente, pois as sndromes demenciais so uma das principais causas de

    incapacidade e de morbimortalidade nos idosos(Ramos et al., 1993; Machado et al.,

    2002).

    Apesar da importncia crescente, os mdicos, em especial aqueles que

    trabalham com ateno primria sade, ainda tm dificuldade para diagnosticar as

    demncias na prtica clnica.

    A falta de instrumentos de rastreio cognitivo adequados realidade brasileira

    um dos inmeros motivos do grande contingente de pacientes sem o diagnstico, o

    que mostra a necessidade da existncia de um instrumento de rastreio cognitivo que

    tenha acurcia adequada, fcil interpretao e que no afete o tempo disponvel para

    o atendimento mdico de rotina, em geral escasso, principalmente na assistncia

    primria.

    A inteno inicial deste estudo foi o desenvolvimento de um instrumento que

    pusesse ser til para o rastreio cognitivo de sndromes demenciais em geral e no

    apenas para uma etiologia especfica como a Doena de Alzheimer, mas que

    possusse acurcia significativa para a deteco precoce dessas sndromes, ou seja,

    adequado tambm para a deteco de pacientes com CCL.

    Em relao ao diagnstico etiolgico das demncias, a casustica do presente

    trabalho se aproxima dos estudos epidemiolgicos realizados em nosso meio a partir

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    Discusso 76

    de amostras da comunidade (Herrera et al., 2002; Bottino et al.,2008). A Doena de

    Alzheimer foi a principal etiologia do estudo, responsvel por 47% dos casos de

    demncias, e chega a 54% da amostra ao incluir os casos de DA com DCV. Como no

    estudo de Bottino (2008), a segunda causa de demncia desta amostra a DV,

    responsvel por 22% dos casos.

    Quanto aos casos de CCL, o subtipo amnstico mltiplos domnios foi o mais

    comum, e responsvel por 52% dos casos. Ao se considerar todos os casos de CCL

    amnsticos, sejam nicos ou de mltiplos domnios, a prevalncia foi de 74% da

    amostra, fato relevante, porque os subtipos amnsticos apresentam maior chance de

    evoluo para demncia em relao aos no amnsticos e o subtipo amnstico

    mltiplos domnios aquele que evolui mais rapidamente dentre todos (Petersen et

    al., 2008).

    No presente estudo a proporo entre os diferentes subtipos de CCL se

    aproxima daquela citada no trabalho de Manly et al. (2005), no qual a frequncia do

    subtipo amnstico mltiplos domnios foi a mais elevada dentre todos os subtipos.

    Em relao aos perfis de idade, gnero e escolaridade dos indivduos que

    compuseram os grupos controle, CCL e demncias, no houve diferenas

    significativas dos trs parmetros de acordo com a anlise dos testes ANOVA, Qui-

    quadrado e Kruskal-Wallis, respectivamente. Como indivduos de escolaridade baixa

    apresentam escores menores em alguns testes cognitivos, por exemplo, o MEEM

    (Brucki et al., 2003), conclui-se que as diferenas obtidas entre os escores dos testes

    cognitivos no presente estudo no podem ser explicadas por diferentes perfis de

    escolaridade, gnero e idade entre os grupos.

    Na anlise dos testes empregados no presente estudo, todos demonstraram

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    Discusso 78

    em avaliaes iniciais de clnicas especializadas.

    Quanto aos testes aplicados aos informantes (QMC22, QMC8, CDR, QAFP e

    IQCODE), o IQCODE mostrou ser o de menor acurcia dentre todos na comparao

    entre os grupos controle, CCL e demncias, reforando o que foi exposto nos

    trabalhos de Areza-Fagyveres et al. (2008) e Perroco et al. (2008), de que o IQCODE

    talvez no seja um instrumento de acurcia elevada para ser aplicado com o

    informante de nosso meio populacional.

    Em relao aos valores de acurcia dos testes, avaliados por meio das reas

    sob a curva ROC, o CAMCOG foi o que apresentou melhor acurcia dentre os testes

    de desempenho para a definio entre os grupos controle e CCL, e o MEEM o de

    melhor acurcia para a definio entre os grupos CCL e demncias, o que reflete uma

    melhor acurcia do CAMCOG para deteco de alteraes precoces nas sndromes

    demenciais, mas que no pode ser extrapolado para aplicao em ateno primria

    sade, pois um teste extenso.

    Nas anlises dos dados para a distino entre os grupos CCL e demncias,

    constatou-se que todos os testes aplicados aos informantes mostraram maior acurcia

    nas curvas ROC que os referentes ao desempenho dos indivduos, valores que

    possivelmente ficam superestimados, pois refletem a aplicao destes testes pela

    banca avaliadora (consenso) para a definio diagnstica das demncias por meio do

    acometimento funcional. No entanto, todos os modelos de QMC do estudo tambm

    mostraram maior acurcia do que os apoiados em desempenho e estes no foram

    avaliados pela banca examinadora.

    Os testes aplicados aos informantes, portanto, podem ser sempre

    considerados para a avaliao rotineira das sndromes demenciais, tanto em uso

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    Discusso 79

    isolado no rastreio cognitivo, quanto associados aos testes de desempenho, pois

    melhoram a acurcia na definio do diagnstico sindrmico.

    Ao avaliar a acurcia diagnstica por meio dos valores da rea sob a curva

    ROC, constatou-se que o QMC22 e o modelo final derivado deste, o QMC8,

    estiveram entre os testes com maior acurcia dentre todos os grupos avaliados.

    Grande parte dos testes aplicados no presente estudo foram submetidos ao

    informante, por isso foram analisadas algumas caractersticas dos mesmos que

    poderiam influenciar na qualidade das informaes. Destarte, a idade e a

    escolaridade dos informantes poderiam influenciar na compreenso dos questionrios

    aplicados a eles. J informaes referentes sua relao com os indivduos aos quais

    foram aplicados os testes de desempenho, como o grau de parentesco e se ambos

    conviviam de maneira frequente (moravam juntos ou no) poderiam afetar o grau de

    conhecimento a respeito das atividades dirias dos pacientes, bem como a percepo

    da existncia de mudanas ao longo do tempo.

    Na presente casustica, grande parte dos informantes eram mulheres (70 a

    82%) com grau de parentesco prximo dos indivduos que foram submetidos aos

    testes, a maioria cnjuges ou filhos (82 a 97%). Alm disso, ao redor de 70% dos

    informantes moravam com os indivduos entrevistados por isso concluiu-se que o

    grau de contato entre eles foi suficiente para fornecer informaes fidedignas a

    respeito do funcionamento dirio, bem como sobre as mudanas que porventura

    tivessem ocorrido, ou no, ao longo do tempo.

    Em relao idade dos informantes, a mdia dos trs grupos se distribuiu

    entre 50 e 60 anos e o grau de escolaridade entre 8 (controles) e 9 anos (CCL e

    demncias), ou seja, um nvel mdio de escolaridade, com grau aceitvel em relao

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    Discusso 80

    compreenso dos questionrios.

    Na comparao entre os dados demogrficos dos informantes pertencentes

    aos trs grupos distintos de indivduos submetidos aos testes cognitivos (controles,

    CCL e demncias), no houve diferenas estatsticas significativas nos parmetros

    avaliados como gnero, escolaridade e idade dos informantes, bem como quanto ao

    grau de parentesco e se moravam com os pacientes. Assim sendo, concluiu-se que

    estes parmetros no influenciaram na diferena entre os escores referentes aos testes

    aplicados aos informantes dos trs grupos.

    A partir do questionrio inicial com 22 questes (QMC22), havia seis

    questes que foram as mais discriminantes entre os trs grupos de indivduos,

    indicadas por meio de modelos lineares generalizados e teste de razo de

    verossimilhana, utilizados na anlise das questes de modo individual. Destarte, foi

    formado um questionrio modelo com estas seis questes (QMC6) e, mais tarde,

    introduzidas mais duas questes para formar o questionrio final com oito questes

    (QMC8). Ao avaliar os trs questionrios desenvolvidos no presente estudo

    (QMC22, QMC8 e QMC6), o QMC6 mostrou ter os menores valores de reas sob a

    curva ROC, exceto na discriminao entre controles e demncias. Alm disso, o

    QMC6 foi o modelo que teve menor correlao com o diagnstico final quando

    avaliado por meio do coeficiente de correlao de Spearman.

    Dos trs questionrios, o QMC8 apresentou valores de acurcia nas curvas

    ROC mais significativos, para a maioria dos grupos avaliados, alm de melhor

    correlao com o diagnstico final. Ao considerar esta acurcia e o fato de ser um

    questionrio mais breve do que o QMC22, foi adotado como modelo final para

    aplicao em trabalhos futuros como instrumento de rastreio cognitivo.

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    Discusso 81

    As oito questes que formam o modelo final do QMC8 originaram-se de

    fontes diversas: duas do AD8 (Galvin et al., 2005), duas do Katz (uma modificada)

    (Katz et al., 1963), duas do QAFP e duas do Fillenbaum (uma adaptada) (Fillenbaum

    et al., 1999). As oito questes selecionadas se relacionam com as diversas esferas do

    funcionamento cognitivo, como atividades da vida diria e funes executivas (usar

    telefone, meio de transporte ou tomar remdios sem superviso), atividades ligadas

    memria e aprendizado (dificuldade em se manter atualizado com fatos e aprender a

    utilizar novos instrumentos), linguagem (expressar opinies prprias), orientao

    temporal (esquecer o ms e o ano corretos) e orientao espacial (sair de casa sem se

    perder).

    Em relao ao AD8 desenvolvido por Galvin et al. (2005) e que serviu de

    modelo para a formatao original do QMC, as questes originais no mostraram ser

    as mesmas que tiveram as melhores correlaes no presente trabalho. relevante

    salientar que as questes 1, 6 e 8 do AD8 esto entre as que menos discriminaram os

    grupos ao se avaliar o diagnstico final nas anlises das questes individuais nos

    modelos lineares generalizados e teste de razo de verossimilhana. Assim sendo, o

    QMC final possui apenas duas questes do AD8 original, o que pode corroborar com

    a ideia exposta na introduo de que as tradues de questionrios estrangeiros,

    formados a partir de populaes diferentes da nossa, podem no refletir a realidade

    brasileira, porquanto as oito questes do AD8 formuladas por Galvin et al. (2005)

    so selecionadas de um banco inicial que possua 55 questes, ou seja, j eram

    questes selecionadas e que melhor discriminavam os grupos na populao estudada

    pelos autores.

    O QMC8 mostrou boa acurcia, tanto para detectar alteraes precoces nas

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    Discusso 82

    sndromes demenciais, quanto para classificar os grupos em normais, CCL ou

    demncia, ao assumir escores mdios com intervalos de confianas de valores com

    pouca sobreposio entre os grupos, e diferenas estatisticamente significantes no

    teste de Kruskal-Wallis, da mesma forma que mostrou o modelo inicial do QMC22.

    A mdia dos escores do QMC8 no grupo controle foi de 0,39 (IC95%: 0,21-0,87); 3,17

    no grupo CCL (IC95%:3.01-4,64); e, 6,50 no grupo demncias (IC95%: 6,01-7,52).

    Ao analisar os escores mdios em cada um dos grupos para diferentes

    escolaridades (0-4 anos; 5-8 anos e acima de 8 anos) no houve diferenas

    estatisticamente significativas. Isto demonstra que o QMC8 no um teste

    influenciado pela escolaridade, ao contrrio do MEEM e do CAMCOG, o que

    confirma a ideia de Galvin et al. (2005), de que questionrios baseados em

    informantes so menos influenciados pela escolaridade em relao aos testes

    baseados em desempenho.

    Os escores utilizados como notas de corte, portanto, no necessitam ser

    adaptados para as diferentes escolaridades, e facilitam sua aplicao e interpretao

    no rastreio cognitivo em ateno primria sade, em estudos populacionais e em

    centros especializados.

    O modelo final do QMC8 mostrou uma avaliao com maior acurcia para

    distino entre os grupos Controle e CCL (ROC=0,938) e entre indivduos controles

    daqueles com alteraes cognitivas associadas ao CCL ou demncias (ROC=0,968)

    dentre todas as realizadas no presente estudo. Na comparao entre os grupos

    controle e demncias a acurcia foi excelente (ROC=0,999), e de valor igual ao do

    QMC22 e menor para o CDR e o QMC6. Ao fazer a comparao entre CCL e

    demncias observou-se acurcia adequada (ROC=0,892) , porm menor que o CDR

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    Discusso 84

    A distino entre indivduos cognitivamente normais com os que possuem

    algum grau de comprometimento cognitivo e que devam ser adequadamente

    investigados fundamental ao se pensar em um instrumento de rastreio cognitivo.

    Acredita-se que o QMC8 adequado para este objetivo, pois foi o teste de maior

    acurcia para esta distino. Alm disso, como o QMC8 mostrou ter boa acurcia na

    distino entre os grupos controle e demncias, e entre os grupos CCL e demncias,

    mostra s