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IMES - UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL OS IMPACTOS SOCIAIS DAS MARCAS: A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SEUS REFLEXOS NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO PATRÍCIA REGINA NAGANO São Caetano do Sul 2005

OS IMPACTOS SOCIAIS DAS MARCAS: A … Prof. Ms. Paula Renata Camargo de Jesus ... A propaganda continua com o mesmo poder desde o ano em que foi introduzida pelo papa ... uma planta

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IMES - UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL

OS IMPACTOS SOCIAIS DAS MARCAS:

A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SEUS

REFLEXOS NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

PATRÍCIA REGINA NAGANO

São Caetano do Sul 2005

IMES - UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL

OS IMPACTOS SOCIAIS DAS MARCAS:

A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SEUS REFLEXOS NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Trabalho de iniciação científica do IMES -

Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

Orientadores: Prof. Ms. João Batista Freitas Cardoso

Prof. Ms. Paula Renata Camargo de Jesus

PATRÍCIA REGINA NAGANO

São Caetano do Sul 2005

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as empresas e

consumidores dispostos a lançar um novo olhar sobre

o ato de compra e venda.

Um olhar responsável, holístico, perspicaz principalmente

para os contrastes sociais no seu cenário substrato,

contribuindo para o desenvolvimento das gerações presentes e futuras.

AGRADECIMENTOS

A Deus, criador do universo.

Aos meus pais que me concederam não só a vida

como também um caráter digno.

Aos meus amigos e professores orientadores, Paula e João Batista

pelo sincero apoio e paciência na execução deste estudo.

A todos os amigos que colaboraram de uma forma ou outra, em especial

a sra. Isadora Leone.

Ao IMES, universidade que me proporcionou conhecimento

para que eu crescesse não só profissionalmente,

mas principalmente como pessoa.

RESUMO

Este estudo busca compreender a marca como agente influenciador na decisão de compra

do consumidor que, no mundo contemporâneo, tem suas expectativas cada vez maiores em

relação às empresas.

Levará-se em consideração a Responsabilidade Social por parte dos profissionais de

Comunicação das empresas que trabalham a construção da imagem de marca, utilizando como

exemplos, empresas localizadas na região do Grande ABC.

PALAVRAS-CHAVE Marca, responsabilidade social, marketing social

ABSTRACT

This study looks for understand the brand as influential agent in decision of consumer´s

purchase, who has perspectives greater regarding the organizations.

It will take into account the corporate social responsibility from the Comunication

professionals that labour brand image, using organizations located in Grande ABC region, as

exemples. KEY WORDS Brand, social responsibility, social marketing

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................01

APRESENTAÇÃO.........................................................................................................02

CAPÍTULO 1: MARCA ..............................................................................................10

1.1 Marca: muito mais que um produto .........................................................................10

1.2 Marcas (de amor) na vida dos consumidores ...........................................................12

1.3 Por que o branding? .................................................................................................18

CAPÍTULO 2. RESPONSABILIDADE SOCIAL .................................................... 23

2.1 O consumidor e seu vínculo com a cidadania .........................................................23

2.2 O que é responsabilidade social? .............................................................................26

2.2.1 Ser responsável socialmente é definitivamente ser ético ................................31

2.3 Normas e certificações: um auxílio para a prática

da responsabilidade social com ética .............................................................................33

2.4 Outros itens importantes a serem pensados

em relação à responsabilidade social ............................................................................34

2.4.1 Investimentos sociais: perspectivas para o crescimento .................................35

2.4.2 Valores declarados com transparência através do Balanço Social ................36

2.5 A responsabilidade social andando de mãos dadas com a marca ...........................36

CAPÍTULO 3. MARKETING SOCIAL....................................................................38

3.1 Profissionais de marketing pensando na área social ................................................38

3.2 Ações sociais no Brasil ...........................................................................................41

3.2 Prêmios pelo reconhecimento do esforço social ......................................................42

CAPÍTULO 4. A RESPONSABILIDADE SOCIAL

NO PÓLO INDUSTRIAL DO GRANDE ABC.........................................................45

4.1 A produção de ações sociais no Grande ABC .........................................................45

4.2 Se atuam, no que atuam as empresas .......................................................................47

4.2.1 Volkswagen do Brasil .....................................................................................47

4.2.2 General Motors do Brasil ................................................................................49

4.2.3 DaimlerChrysler do Brasil .............................................................................50

4.2.4 Ford Motor Company do Brasil .....................................................................51

4.2.5 Casas Bahia Comercial Ltda. ..........................................................................53

4.2.6 Basf S/A ..........................................................................................................53

4.2.7 Petrobrás – Recap (Refinaria de Capuava) .....................................................54

4.2.8 Pirelli Pneus ....................................................................................................55

4.2.8 Petroquímica União.........................................................................................55

4.2.9 Toyota do Brasil .............................................................................................56

4.2.10 Bridgestone Firestone do Brasil ...................................................................56

4.2.11 Polibrasil Resinas .........................................................................................56

4.2.12 Rhodia Brasil – ABC ....................................................................................57

4.2.13 Coop – Cooperativa de consumo .................................................................57

4.2.14 Solvay Indupa ...............................................................................................58

4.2.14 Tintas Coral ..................................................................................................58

4.2.15 Termomecânica São Paulo ...........................................................................58

4.2.16 Bombril S/A .................................................................................................59

4.2.17 Oxiteno S/A ..................................................................................................59

4.2.18 Elevadores Otis .............................................................................................60

4.2.19 Polietilenos União ........................................................................................60

4.2.20 Eluma S/A .....................................................................................................60

4.2.21 Concessionária Ecovias dos Imigrantes ........................................................61

4.2.22 Bandeirante Química ....................................................................................61

4.2.23 Prensas Schuler .............................................................................................61

4.2.24 Yakult S.A. ...................................................................................................62

4.2.25 Arteb .............................................................................................................62

4.2.26 Unipar União de Indústrias Petroquímicas ..................................................63

4.2.27 Moinho de Trigo Santo André S/A ..............................................................63

4.3 Conclusões sobre a amostra ....................................................................................63

CAPÍTULO 5. ANÁLISE DA PROPAGANDA........................................................68

5.1 Propaganda um mau ou um bem necessário?...........................................................68

5.2 As marcas das montadoras em peças de propaganda ..............................................70

5.2.1 Propaganda da Volkswagen: crescendo como uma flor .................................71

5.2.2 À procura de uma propaganda modelo "fordista"...........................................78

5.2.3 A propaganda feita de fibra de coco da DaimlerChrysler...............................81

5.2.4 Fundação GM em "www"................................................................................85

CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................86

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................93

ANEXOS .......................................................................................................................105

1

LISTA DE FIGURAS Página

Figura 1 Hotsite da Fundação Volkswagen ............................................... ........ 72

Figura 2.1 Frente do aviso para carro ........................................................... ........ 74

Figura 2.2 Verso do aviso para carro............................................................ ........ 74

Figura 3.1 Frente do folheto ......................................................................... ........ 75

Figura 3.2 Verso do folheto .......................................................................... ........ 75

Figura 4 Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004 ........ ........ 77

Figura 5 Hot Site da Revisão Solidária Volkswagen ................................ ........ 78

Figura 6 Site da Ford.................................................................................. ........ 79

Figura 7 Anúncio veiculado na Revista Exame n.03 - 12 fev.2003 ......... ........ 80

Figura 8.1 Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004

(primeira página) ......................................................................... ........ 81

Figura 8.2 Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004

(segunda e terceira páginas) ........................................................ ........ 82

Figura 9 Site da DaimlerChrysler .............................................................. ........ 83

Figura 10 Anúncio retirado do site da DaimlerChrysler ............................. ........ 84

Figura 11 Anúncio retirado do site da DaimlerChrysler ............................. ........ 85

Figura 12 Site da GM - Instituto General Motors........................................ ........ 89

2

APRESENTAÇÃO

Ao perceberem o gradativo crescimento do número de concorrentes em seu mercado, o

que proporciona automaticamente maiores disputas na preferência do consumidor, as empresas

vêm investindo de forma bastante abrangente em estudos sobre seu target e em implementações

de ações de marketing, bem como sua gestão de marca (branding). É através da marca que o

consumidor consegue diferenciar um produto do outro, atribuindo-lhe valor significativo. Este

valor só é claramente notado em virtude da atenção que têm os consumidores exigentes de hoje

em analisar o que o produto/ empresa traz como pontos positivos e negativos, por intermédio de

todos os meios de comunicação, que vão desde as informações na embalagem do produto até

comerciais na TV e matérias na internet. Conforme diz SAMPAIO (1995: 156), vive-se a era do

consumidor consciente: um consumidor mais esperto, mais ativo, mais inteligente e,

principalmente, mais consciente de seus direitos. Uma prova do fato se dá no Conselho Nacional

de Auto-Regulamentação Publicitária (CONAR), que abriu, em 2003, o maior número de

processos de sua história: foram 368 no total, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior.

Segundo o presidente da entidade, Gilberto Leifert, houve maior procura por parte dos

consumidores (M&M, n.1092). No ano de 2002 enquanto a porcentagem de processos

instaurados por consumidores foi de 1,39% do total de reclamantes, em 2003 esse número saltou

para 6,79% (CONAR)1.

MESSNER (apud ARRUDA, 2001:103) confere ao consumidor o papel de iniciador de

uma transformação social junto ao empresariado:

"A relação empresa-consumidor surge com um significado muito mais profundo, o

de contribuição para a formação de uma ordem econômica voltada para o bem-

estar social. Isso exigirá não só um novo tipo de empresário, de que tanto se fala

atualmente, como também um novo tipo de consumidor. A ética do consumidor e

de sua atitude assume particular importância em situações de pleno emprego. (...)

Assim o consumo de bens de luxo, não é justificável sob o prisma socioeconômico,

significaria redução da formação de capital necessário para o desenvolvimento

da economia nacional e o cumprimento de seu fim social no futuro. Estariam

sendo lesados, nesse caso, princípios de ética social e do consumo. Dependerá, 1 www.conar.org.br

3

portanto, da atuação consciente e decisiva do consumidor o restabelecimento de

seu papel dominante na economia nacional."

No contexto atual do país, vê-se inúmeros problemas de ordem ambiental, econômica e

social, o que faz com que a sociedade (formada por cidadãos que ao mesmo tempo são

consumidores) se manifeste e faça cobranças para que as atividades das empresas não se

resumam apenas a venda de serviços ou produtos. Assim, as empresas devem incorporar em suas

atividades, uma preocupação constante em relação a todos os públicos com que se relaciona,

como é o caso de funcionários, fornecedores, acionistas, consumidores e comunidades, adotando

responsabilidades sociais que tenham a ética como princípio básico.

É uma chance para as empresas de colaborar com melhorias na vida de toda a sociedade e

ao mesmo tempo agregar valor à sua marca. Conseqüentemente, a percepção do consumidor pode

mudar no momento da compra.

Nesse momento, as empresas que dedicarem sua publicidade à construção de uma imagem

favorável e de uma personalidade mais claramente definida de sua marca serão as que

conseguirão a maior participação no mercado com o mais alto lucro (David Ogilvy)2.

Poderá o consumidor interpretar a responsabilidade social adotada pela empresa como

sinônimo de grandeza se pensar que ela é realmente ciente dos seus impactos no meio ambiente e

na sociedade ou, caso contrário, a verá com os piores olhos quando entender que a empresa

apenas usufrui da responsabilidade social como uma estratégia que visa puramente maiores

lucros.

Cabe às corporações se auto questionarem sobre o assunto - com a sua consciência social-,

já que o que está em jogo é a sua marca, "o mais importante e permanente ativo da empresa"

(Troiano)3.

Essa "consciência social" pode ser refletida através de sua própria imagem de marca

transmitida ao consumidor por meio da comunicação que, neste estudo irá considerar a

propaganda como um dos instrumentos do marketing social.

A propaganda continua com o mesmo poder desde o ano em que foi introduzida pelo papa

Clemente VII em 1597, quando fundou a Congregação da Propaganda. "Propaganda" deriva do

2 www.ogilvy.com.br 3 www.troiano.com.br

4

latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia ou seja, enterrar o rebento de

uma planta no solo (SANT´ANNA, 1998:75). Naquela época a finalidade era propagar pelo

mundo idéias ligadas à fé católica. Nos dias atuais, as idéias a serem enterradas partem de

interesses mercadológicos que visam a mente de um povo que tenha possibilidade da compra.

Elementos antes diferentes entre si se encontram: a responsabilidade social - um conceito

voltado à preocupação com o bem-estar do próximo -, agregada ao aspecto comercial que tem a

marca, que por sua vez, tem como aliada a propaganda (igualmente comercial), que injeta a

imagem de marca na mente dos consumidores. Na sinergia desses conceitos deve estar presente a

ética, a qual é capaz de garantir que a propaganda a ser veiculada não será alvo de desconfiança,

pois estarão ausentes o abuso, o desrespeito, omissão ou qualquer tipo de inverdade que cause

qualquer malefício ao consumidor.

As informações agrupadas em literatura específica e arquivos empresariais quanto aos

processos de comunicação e sua relação com a gestão da responsabilidade social são insuficientes

para que haja um estímulo à prática da comunicação ética e responsável socialmente.

Desta forma, serão verificados nesse estudo, tanto o que concerne à atuação social das

empresas como os procedimentos comunicacionais mercadológicos que contribuam para a

construção da imagem de marca e se estas práticas contemplam valores éticos. Há cumprimento

dos postulados éticos corporativos tendo em vista o discurso e a missão de responsabilidade

social? E quanto à valorização da prática da propaganda socialmente responsável? O que acarreta

o conteúdo dessa propaganda nos hábitos de consumo? O planejamento estratégico do marketing

social cumpre as regras éticas da responsabilidade social e do próprio marketing? São perguntas a

serem respondidas durante a execução deste estudo, no qual também será possível vivenciar uma

realidade mais próxima ao obter informações sobre o número de ações sociais realizadas pelas

empresas do Grande ABC e sua contribuição para a comunidade local. Espera-se que o presente

estudo auxilie para uma constante reflexão sobre ética empresarial e comunicação socialmente

responsável fomentada pelo setor publicitário, em especial da região do Grande ABC onde a

Universidade IMES está inserida.

A fim de estabelecer um total entendimento por parte do leitor, serão apresentados conceitos e

visões de profissionais sobre cada peça que forma o conjunto deste estudo: marcas,

responsabilidade social, consumidor, marketing social. Sendo assim, este trabalho está

estruturado em seis capítulos: o primeiro fala sobre a importância das marcas, os motivos pelos

5

quais o consumidor pode se "apaixonar" por uma marca em específico e como a empresa deve

enxergar a marca de seus produtos e serviços para trabalhar da maneira certa.

No segundo capítulo, são verificados conceitos de responsabilidade social e a confusão com

outros termos da área social. E ainda, o capítulo fala sobre a ética no cenário da responsabilidade

social das empresas, como elas podem se orientar através de normas e certificações e que ligação

pode haver entre marcas e responsabilidade social.

O terceiro capítulo é marcado por uma explanação da tática de marketing voltada a práticas

de iniciativas sociais, através do marketing social. São mostrados conceitos acerca do tema, os

números referentes às ações sociais no Brasil e os tipos de reconhecimento que têm as empresas

com bons projetos na área.

No capítulo quatro é possível conhecer a atuação das empresas do Grande ABC através de

uma amostra das 50 maiores em termos de receita. Foi verificado em primeiro plano as ações

sociais que beneficiassem a comunidade localizada próxima às instalações de cada empresa.

A procura por peças publicitárias das 4 maiores empresas da região do Grande ABC deu

origem ao quinto capítulo desse estudo. A questão a ser respondida é se é ético despender uma

parte do dinheiro para a divulgação de seus projetos. Pode-se avaliar, também, que tipos de

mensagens são transmitidas ao consumidor e em que meios isso ocorre.

O consumidor recebe a informação sobre a colaboração que a sua marca presta à sociedade,

formando em sua mente uma imagem positiva. Após essa etapa qual é a reação desse

consumidor? O capítulo seis finaliza o estudo com uma série de conclusões e hipóteses.

As pesquisas bibliográfica e documental foram imprescindíveis no processo do trabalho.

Livros, artigos, periódicos, pesquisas e manuais que abrangem as áreas de gestão empresarial,

responsabilidade social, ética nos negócios, comportamento de consumo, posicionamento de

mercado, marketing e comunicação, sites e revistas, além do Código Brasileiro de Auto-

Regulamentação Publicitária (CONAR), Lei 4.680 sobre o exercício da profissão de publicitário,

Normas-Padrão da Atividade Publicitária do Conselho Executivo de Normas Padrão (CENP) e

Código de Defesa do Consumidor (CDC) de 11/09/1990, contribuíram e muito para se chegar à

conclusão do trabalho.

A seleção de empresas para avaliação de sua postura social foi feita com base na pesquisa

“Quem é quem no Grande ABC4” realizada pelo jornal Diário do Grande ABC. Trata-se de um

4 Quem é Quem no Grande ABC 2004, encartado na edição de 29 de agosto de 2004.

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levantamento das empresas estabelecidas na região que abrangem as cidades de Santo André, São

Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Mauá, Diadema e Ribeirão Pires. Tem como resultado

um ranking com total de 408 empresas, disponibilizadas em ordem decrescente considerando

como critério principal a receita em R$ (reais) de cada uma.

Tendo em vista que as maiores empresas são as que mais investem em projetos e ações

sociais conforme detectado em pesquisa do Ipea, foram selecionadas as 50 primeiras empresas do

ranking com a finalidade de se analisar a sua atuação social, caso tivesse.

Dessas 50 empresas, houve uma nova seleção envolvendo as 4 maiores empresas da

região. Além de serem donas das maiores receitas, elas também têm em comum o fato de atuarem

como montadoras de automóveis. São elas: DaimlerChrysler, Ford, General Motors e

Volkswagen.

Após essa etapa, foi verificado se as 50 empresas (em especial as 4 primeiras) prestavam

algum tipo de ação social e se este era voltado à comunidade local. Caso não houvesse

informação que coubesse dentro dessa condição, haveria uma procura de ações sociais tendo

como público beneficiado outros que não fossem as comunidades localizadas no Grande ABC.

Para isso optou-se em coletar as informações pretendidas através dos sites institucionais, por ser

um meio de comunicação bastante usado atualmente e que não gera praticamente nenhum custo

para a empresa. Isto é, o custo para a comunicação de sua atuação social num site é praticamente

nulo, se comparado com a veiculação da mesma informação em meios de comunicação de massa

como anúncios em revistas e TV. Afinal, como o conteúdo da mensagem é o social, deve-se

despender menos verba possível em propaganda e aumentar a verba para investimentos sociais -

segundo várias opiniões no mercado a serem discutidas mais adiante nesse estudo.

Em alguns casos em que não foram encontradas informações sobre o tema em seu site

institucional, outros sites foram consultados e/ou e-mails foram enviados às empresas solicitando

informações. A partir disso, seria possível levantar hipóteses, como as que seguem: essa empresa

não faz a divulgação de suas ações sociais ou a faz com pouca intensidade, procurando para isso

meios que exijam menos esforços financeiros; a empresa atua no campo social, mas nenhuma de

suas ações atingem a comunidade local ou simplesmente ela não atua como empresa responsável

socialmente.

Em casos de empresas que pertencem a um grupo, prevalece a postura social do grupo.

Muitas vezes, empresas que pertencem a um grupo não possuem site, mas o grupo em si possui.

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O mesmo se aplica às ações e projetos sociais: algumas empresas pertencentes a um grupo podem

não ter uma única ação social exclusivamente dela, mas pode ter em conjunto com todo o grupo.

Quanto às categorias das ações sociais, a base foi extraída do Guia Exame de Boa Cidadania

Corporativa 2003. São elas: Educação, Apoio à Criança e ao Adolescente, Meio Ambiente,

Saúde, Redução do Desemprego, Apoio à Pessoa com Deficiência, Combate à Fome, Redução da

Violência, Apoio à Terceira Idade.

Em seguida, vem a análise das peças de propaganda das 4 empresas selecionadas. Seus

respectivos sites ou hotsites de suas fundações ou institutos, anúncios veiculados nas revistas

Exame e Época nos anos de 2003 e 2004, materiais gráficos disponíveis em concessionárias em

dezembro de 2004 são as peças a serem analisadas.

Para a análise de conteúdo, foram consideradas as normas e regulamentações do mercado

publicitário (Código de Defesa do Consumidor - CDC e Código Nacional de Auto-

Regulamentação Publicitária - CONAR), além de serem avaliados elementos visuais e linguagem

utilizada.

Nessa área ainda não se vê muita propaganda objetivando divulgar a responsabilidade social

das empresas. Existe muita discussão em torno do assunto. Mesmo assim, o fato não impede que

os consumidores mantenham-se informados sobre o que as empresas estão fazendo e por

conseguinte, enxergam a imagem da marca que estão comprando ou deixando de comprar.

Afinal, além da propaganda, existem outras ferramentas que podem ser utilizadas com o

marketing social, como a assessoria de imprensa, as pesquisas e as premiações promovidas por

ONGs e meios editoriais.

Enxergando a imagem de marca e não de um produto, seu conceito será bem mais abrangente,

visto que uma marca pode atingir uma gama de produtos por meio do chamado Corporate

Brand5. Assim, o consumidor pode comportar-se positivamente ou negativamente a uma linha de

produtos. Quando a compra acontece, segundo MCKEENA (apud GIGLIO, 1996:77), é sinal de

que houve resultado a partir do relacionamento positivo com o cliente e que ele também passou

pelas cinco etapas do processo de compra descritas por KOTLER (2000:201):

"1. reconhecimento do problema; 2. busca de informações; 3. avaliação de alternativas; 4.

decisão de compra; 5. comportamento pós-compra".

5 "Ou marca corporativa. É aquela que tem capacidade de emprestar sua marca a diversos produtos em diferentes mercados" (Bill Martinez, palestrante do evento Show de Design de Embalagem, ESPM, 10 dez.2003).

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Ressalta-se que o consumidor se tiver conhecimento do produto/ serviço, avançará algumas

etapas para chegar à compra efetiva.

Porém, considerando os anseios do consumidor atual, as cinco etapas serão necessárias, sendo

que o reconhecimento do problema nesse caso, deve-se não apenas a um fato funcional, como por

exemplo: "preciso lavar meus cabelos". Talvez essa seja uma problemática secundária, pois o

consumidor pode notar outros problemas de maior importância, como "as carências concernentes

à alimentação nas comunidades próximas ao local onde moro". Agora, cabe a esse consumidor

dar o segundo passo, procurando por informações de empresas que possam sanar ou minimizar o

problema, sejam em propagandas em revistas, TV ou rádio, matérias na internet ou no próprio

ponto de venda. Após a pesquisa, ele parte para a etapa número 3, que consiste em peneirar as

informações que tem em mãos a fim de verificar quais alternativas de marcas possui para então

partir para próxima etapa, que é quando ele vai decidir realizar a compra. O comportamento pós-

compra é verificado pela satisfação pós-compra. KOTLER (ibid:205) cita a proximidade entre as

expectativas do comprador e o desempenho percebido do produto como condição desta

satisfação. Enquanto criada uma expectativa quanto ao posicionamento de socialmente

responsável em torno da marca, a satisfação do consumidor dependerá se os princípios éticos

estiverem realmente em vigor e se existe um crescimento gradual da preocupação em investir nos

diversos públicos com que se relaciona.

Amália Sina, presidente da Walita, afirma que as empresas éticas agregam valor à marca e

acabam construindo o modelo de consumidor fiel, aquele que não compra de quem só quer levar

vantagem a qualquer preço.

Já as empresas que insistem em estratégias alheias à ética, ou mesmo antiéticas, correm o

risco de perder a credibilidade juntamente com o consumidor, uma vez que este percebe quase de

imediato a campanha enganosa (M&M, n. 1104:40).

A reputação que toda empresa quer atualmente é a de responsável socialmente, algumas por

certo modismo, outras por competitividade e mais outras que realmente estão se engajando para

assimilar o conceito.

Poderosa, capaz de transmitir a reputação de uma empresa, produto ou serviço e ainda pode

incitar as pessoas a comprarem a sua imagem; mais do que um simples nome numa embalagem

ou uma estampa numa faixa em frente à alguma instituição carente beneficiada por ela; é

9

desejada como algo que supera as funcionalidades do produto ou serviço que representa, mesmo

porque ela é muito mais do que isso. O nome dela: marca.

10

CAPÍTULO 1. MARCA

1.1 Marca: muito mais que um produto

O uso de marcas surgiu no século XVIII em meados de 1760, com a Revolução Industrial,

quando os fabricantes de grandes quantidades de produtos padronizados utilizavam a mídia de

massa para fazer com que os consumidores entrassem na loja local e solicitassem seus produtos

específicos. É o nascimento das marcas e da propaganda (PEPPERS e ROGERS, 1996: 20).

Naquela época, o conceito de marca era geralmente associado ao produto. O produto

vinha em primeiro lugar, sendo mais importante que a marca, a qual fazia pouco mais que deixar

claro qual era a empresa que produziu o produto e onde foi produzido (DEARLOVE e

CRAINER, 2000: XVI).

De acordo com BAZANINI (2003:87), a relação existente entre vendedor/comprador no

século passado era somente possível face a face. Isso começou a mudar com o aparecimento de

lojas de departamentos, supermercados, catálogos, shoping centeres e ultimamente, e-commerce,

fazendo com que cada vez mais o comprador independesse do vendedor. Agora o diálogo do

consumidor é entre ele e a marca. O que antes era considerado como sendo apenas um mascote,

um slogan ou uma imagem impressa na etiqueta do produto passou a ganhar importância crucial.

KLEIN (2002:31) afirma que no final da década de 40 surgiu a consciência de que toda empresa

podia ter uma identidade de marca ou “consciência corporativa”.

É determinada então a era em que a marca está acima do produto, pois como afirma

Charles Brymer, CEO da Interbrand, a marca é mais que um produto e, produtos só se

transformam em marcas quando chegam a ser a união de fatores tangíveis, intangíveis e

psicológicos (BRYMER apud MARCONDES, 2003:20).

Alguns autores e entidades definem o termo “marca” como um símbolo responsável por

diferenciar o produto ou empresa de outros. Assim, a American Marketing Association designa

uma marca como um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos –

que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferencia-los

da concorrência (KOTLER, 2000:426).

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Seguindo essa linha conceitual, AAKER (1998:07) afirma que a marca é um nome

diferenciado e/ou símbolo que sinaliza ao consumidor a origem do produto e protege, tanto o

consumidor quanto o fabricante, dos concorrentes que oferecem produtos que pareçam idênticos.

SANT’ANNA (1998:130) também trata a marca como sinônimo de logotipo, signo, sinal

ou símbolo que mostra a essência de uma empresa, seja ela pública ou particular.

David Ogilvy acredita que a marca não é simplesmente um símbolo, mas sim um símbolo

que carrega complexidade. “Ela é a soma intangível dos atributos do produto, de seu nome, seu

preço e embalagem, sua história, sua fama e a forma como é feita sua publicidade” (site Ogilvy

Brasil)6. Ainda, James Gregory, consultor de marcas norte-americano, acredita que as marcas não

existem no mundo físico, mas nas construções mentais. "Marcas podem ser mais bem definidas

como a soma total de experiências humanas, percepções e sentimentos sobre algo em particular,

seja um produto ou uma organização" (GREGORY apud MARCONDES, 2003: 21).

BAZANINI (2003:87) afirma que uma marca é um atalho que legitima a escolha de um

produto, sem a necessidade de obter informações preliminares, pois a marca informa tudo,

minimizando a insegurança do comprador.

KOTLER (2000:426) enxerga a marca como sendo essencialmente uma promessa da

empresa de fornecer uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos

compradores e traz consigo até seis níveis de significado, referindo-se a atributos relacionados a

qualidade; a benefícios funcionais e emocionais que asseguram a satisfação de necessidades

ligadas a razão e a sentimentos; a valores que a empresa tem; a uma cultura específica cultivada

pela marca; a personalidade que a marca pode projetar e ainda refere-se ao usuário que a marca

visa. Walter Landor (apud MARCONDES, 2003:20), designer e sócio-fundador da Landor

também afirma que marca é uma promessa e complementa: "Identificando e autenticando um

produto ou serviço, ela garante os anseios de satisfação e qualidade desejados pelo consumidor”.

Cumprida a promessa, o consumidor sente-se satisfeito e seguro para procurá-lo

novamente. Pode-se surgir a partir daí uma estreita ligação que unirá o consumidor à marca por

toda a vida.

6 www.ogilvy.com.br

12

1.2 Marcas na vida dos consumidores

Que ligação tão forte pode haver entre uma marca e o consumidor, se não somente no

momento da compra ou consumo? Acontece que, o consumidor não está somente à procura de

produtos cujo intuito é satisfazer a uma necessidade e logo ter sua utilidade descartada. Ele

também procura algo que possa lhe satisfazer naquele momento e em todos de sua vida. Ele quer

marca.

Os consumidores estão comprando mais por necessidades hedônicas do que utilitaristas.

KARSAKLIAN (2000:32) define necessidades utilitaristas como aquelas cogitadas por seu

aspecto objetivo funcional, enquanto as necessidades hedônicas ou experimentadas são as que

buscam respostas subjetivas, como prazer, estética, sonhos.

Nesse sentido, a propaganda exerce uma ação poderosa sobre o consumidor, estimulando

o desejo e a preferência por determinadas marcas a partir de uma necessidade latente ou ativa

(ibid). Conforme modelo de atitude em relação a anúncios, proposto por SCHIFFMAN e

KANUK (2000:179), o consumidor forma vários sentimentos (afetos) e julgamentos (cognições)

resultantes da exposição de um anúncio. Estes sentimentos e julgamentos, por sua vez, afetam a

atitude em relação ao anúncio e as crenças quanto à marca que o consumidor adquire a partir da

exposição ao anúncio. Finalmente, a atitude do consumidor em relação ao anúncio e as crenças

quanto à marca influenciam a sua atitude em relação à marca.

Surge a partir daí um relacionamento entre empresas e consumidores, o que significa para

Jeffrey Rayport (apud CARTER:1999:04), professor da Harvard Business School, marcas de

sucesso.

A razão para que se estabeleçam relacionamentos se deve a outros fatores intangíveis

conhecidos por sentimentos:

“Produtos são feitos em fábricas, mas uma marca é feita na sua cabeça e no seu coração.

Produtos são distribuídos pelas fábricas aos milhares, mas marcas são compradas uma de cada

vez. E são vendidas através de sentimentos” - É o que diz Daryl Travis (apud MARCONDES,

2003:26) a respeito do assunto.

Bill Martinez, da BrandingGroup tem uma concepção semelhante: “Um produto faz parte

de um momento do dia do consumidor. A marca faz parte da vida do consumidor.” (Show de

13

Design de Embalagem)7. Scott Bedbury (apud KLEIN, 2002:44), vice-presidente de marketing da

Starbucks, reconhece abertamente que os consumidores não acreditam realmente que exista uma

grande diferença entre os produtos e é por isso que as marcas devem estabelecer laços emocionais

com seus consumidores através da experiência que proporciona a empresa.

Assim, a marca não pertence à empresa, mas sim ao consumidor. Marcas só adquirem

vida quando entram em contato com os consumidores no mercado. Só quem entende o

consumidor é capaz de administrar e desenvolver marcas fortes e saudáveis (Troiano Consultoria

de Marca)8.

Portanto, se a criação de uma marca estiver baseada no consumidor efetivamente, ela

poderá facilmente comunicar-se com ele, da mesma forma que duas pessoas se conhecem,

tornam-se amigos e ao ganhar empatia trocam confidências, estabelecendo um harmonioso

relacionamento onde reinam sentimentos como confiança e afetividade.

Segundo PRINGLE e THOMPSON (2000:54), as pessoas muitas vezes consideram

marcas como se fossem pessoas, com características de personalidade com as quais interagem.

Quando os consumidores atribuem às marcas características humanas é mais fácil para as

empresas avaliar seu posicionamento e definir estratégias de comunicação. A marca é “fria”, “não

receptiva”, “não acessível”, ou é “sociável”, “sua melhor amiga” e “alguém em que se pode

confiar?” É assim que os clientes costumam falar de seus produtos e serviços inanimados que se

tornaram marcas (ibid).

Outra comparação de marcas com ser humano pode melhor explicar as afirmações de

Pringle e Thompson. Al Ries e Laura Ries (2000:3) dizem: “Todo substantivo próprio é uma

marca. Você é uma marca (e se quiser ter realmente êxito na vida, deve considerar a si mesmo

uma marca e agir de acordo)”.

A marca que se baseia em seu consumidor consegue ser "mais humana" e se relacionar

melhor com seu público. “Entender como o cérebro elabora a percepção é a chave. O fato básico

é: uma marca é sempre uma experiência sensorial. Um símbolo de distinção, algo que se torna

relevante para nós de alguma maneira. Único. Original. Muito mais do que pensa um nome que

se memoriza” (Clemente Nóbrega apud MARTINS, 1999:12).

7 Show de Design de Embalagem, ESPM, 10 dez.2003 8 www.troiano.com.br

14

O fato que antecede a experiência sensorial descrita por Nóbrega é composto por

necessidades que o indivíduo "consumidor" possui. Assim, as marcas escolhidas devem

proporcionar a satisfação em diferentes níveis ligados às suas necessidades, hierarquizadas por

MASLOW (apud GADE, 1998:89) e agora exemplificadas por GADE (1998:89-91):

Necessidades fisiológicas: "Eu não quero água, minha sede é de Coca-Cola."

Necessidades de segurança: "Acho que vou instalar esse alarme, pois oferece mais

proteção e além disto o fabricante garante assistência técnica."

Necessidades de afeto: "Lá a pessoa faz amizades, rola paquera, venho sempre a

esse bar por isto... é legal."

Necessidade de status e estima: "Esse edifício além de ser em bairro nobre possui

fachada de estilo, na entrada se percebe o alto nível."

Necessidade de realização: "Estou buscando me aprimorar, desenvolver minhas

capacidades, me encontrar, espero encontrar isto neste curso."

Uma vez cientes da força que pode ser incorporada às marcas, DEARLOVE e CRAINER

(2000: XIII) abrem visões sobre o assunto, afirmando que as marcas são armas poderosas e que

podem mudar todo o cenário das indústrias. Algumas até vão mais fundo e penetram na psique de

nações inteiras.

Quando uma marca consegue ingressar na psique das pessoas positivamente, ela pode ser

considerada de sucesso, pois atingiu seu objetivo. SAMPAIO (2002:25-26) explica que a marca,

do ponto de vista do consumidor, é a síntese das experiências reais e virtuais, objetivas e

subjetivas, vividas em relação a um produto, serviço, empresa, instituição ou, mesmo, pessoa. Ela

representa um conglomerado de fatos, sentimentos, atitudes, crenças e valores que se relacionam

aos símbolos e nomes de marcas que fazem parte de seu universo vivencial.

Desta forma, o consumidor em seu sistema individual de valores e crenças, procura fazer-

se satisfeito, inclinando-se inclusive ao lado do desejo de firmar-se pessoalmente. Parece que

através da marca ele consegue se enxergar, ou ver o que queria que ele fosse. Determinadas

marcas podem encher os pulmões das pessoas de tanto orgulho. “Estou usando um tênis da Nike.

Portanto sou vencedor.”

MARCONDES (2003:65) reforça que os adeptos das marcas carregam seu logotipo em

todos os lugares, nas roupas e em objetos de uso pessoal e vão a lugares onde o logotipo os

espera, lojas, restaurantes, bares, shows, eventos. "Todas as marcas que conseguiram romper as

15

fronteiras da razão, dos argumentos de mercados, do preço, das promoções, das qualidades

intrínsecas das línguas, das culturas e, sem dizer nada, reinam.”

Essa é a capacidade que as marcas têm em provocar um impacto social substancial.

Segundo AAKER (1996:173), a presença de uma marca (ou mesmo o comportamento em relação

a ela) pode ajudar a definir uma pessoa em relação às outras, e, quando há uma identidade social

envolvida, aquilo que é expresso pode ser muito importante para a pessoa.

Em outras palavras, uma marca acaba por se tornar a identidade e a personalidade de uma

pessoa. Essa expressão da força da relação que une a marca a seus consumidores é a somatória

dos sentimentos e percepções que tornam uma marca única e é denominada brand equity

(Troiano Consultoria de Marca)9.

Em alguns casos, o “amor” pela marca é tão grande a ponto de motivar alguém a tatuar o

logo que representa a marca. Em SEM LOGO, de Naomi Klein, há um relato de um empresário

de 24 anos que decidiu fazer uma tatuagem do logo da Nike, para que sempre que olhasse para o

logo, lembrasse do slogan: Just do it., animando-o para fazer suas atividades do dia com toda a

garra. “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho para o símbolo e ele me sacode para o dia.

É para me lembrar a cada dia de como tenho que agir, isto é, ‘Just do it’ ”(KLEIN, 2002:76).

Certamente, esse é um exemplo de consumidor leal à sua marca. De acordo com GADE

(1998:55) são três os motivos que levam o consumidor a ser fiel a determinada marca: primeiro,

pelo fato da lealdade a marcas representar um comportamento que tem por finalidade reduzir

riscos e gastos financeiros e psíquicos; segundo, o consumidor pode ser sensível a julgamento dos

outros, por exemplo, de grupo-referência ou de membros familiares que valorizam determinadas

marcas, ou quando obtém muita satisfação de marca ou produto e esta satisfação implica

participação e envolvimento egóicos; e o terceiro motivo pode ser válido considerando que

estratégias de marketing como brindes, ofertas e descontos que ao longo do tempo ensinariam o

consumidor a ser fiel à marca e ao produto.

PEPPERS e ROGERS (1996:194) consideram o termo “lealdade de marca”, que é uma

expressão comum originária da disciplina de marketing de massa, como uma idéia que não faz

sentido, afinal uma marca não pode ter lealdade. Somente um cliente pode ter lealdade.

Em contrapartida, MARCONDES (2003:39) afirma que as marcas têm fidelidade sim,

contudo se elas forem fiéis. As marcas que alteram sensivelmente seu comportamento, sua

9 www.troiano.com.br

16

presença ou sua constituição, normalmente pagam um alto preço por isso: o preço do abandono,

do esquecimento e da substituição.

De acordo com NICKELS e WOOD (1997:167-168) a marca pode reforçar os

relacionamentos de marketing através da identificação de pacote de valor como sendo separado e

diferente dos produtos concorrentes.

SAMPAIO (2002:25-26) diz ainda que a marca representa um verdadeiro sistema de

valores, relativamente simples em muitos casos e de alta complexidade em outros, capaz de

definir – e até de ampliar de forma considerável – os limites do valor de cada produto, serviço,

empresa, instituição ou pessoa.

O sistema de valores descrito por Sampaio, nada mais é que o modo como o consumidor

vê e sente a marca. Chegamos à imagem de marca, que na concepção de PINHO (1996:50-51)

pode ser definida como o conjunto de atributos e associações que os consumidores reconhecem e

conectam com o nome de marca. De acordo com o mesmo autor, as associações evocadas pela

imagem de marca podem ser tangíveis ou hard, ou ainda, intangíveis ou soft. Aspectos tangíveis

dizem respeito aos atributos funcionais, tais como a performance do produto, preço, garantia,

serviços e tecnologia. Já as associações intangíveis ou emocionais são atributos como

masculinidade, entusiasmo, confiança, diversão, eficiência. Os atributos soft são capazes de

causar maior impacto no comportamento do consumidor pois garantem um maior

reconhecimento da diferenças entre as marcas mais importantes de uma categoria.

Mesmo assim, segundo estudo do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, 80% dos

entrevistados consideram o preço determinante para compra. “A julgar pela evolução da

preocupação com o desenvolvimento social e meio ambiente, a tendência é de que os outros 20%

‘contaminem’ os demais”, afirma Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu e membro

deliberativo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (MADUREIRA,

2004:26).

A tendência das mudanças de preocupação dos consumidores acaba por reconstruir as

personalidades e caráter das marcas, que são percebidas através de um processo psicológico que

verifica como o ser humano compreende e dá forma às mensagens que recebem através de seus

sentidos. Murphy diz que uma marca atua como uma gestalt, devido à marca ser um conceito

maior do que as suas partes que leva um longo tempo para estabelecer-se na mente do

consumidor. A gestalt precisa ser crível, coerente e atrativa, sustentada e desenvolvida através

17

dos tempos, além de não estar sujeita a oscilações na mensagem, qualidade, posicionamento ou

em sua disposição geral (MURPHY, 1900 apud PINHO, 1996:50-51).

SAMPAIO (2002:XVII) explica que as partes que compõem o todo gestáltico, que é a

marca, devem se interagir para fazer cada marca de sucesso em um conjunto único. Essas partes

são a formulação do produto (ou serviço), processo produtivo, qualidade, sistema de distribuição,

comunicação, mecanismo de venda, preço, assistência pós-venda e diversos outros fatores que

favorecem a construção de uma marca.

A obra de José Martins, A natureza emocional da marca: como encontrar a imagem que

fortalece sua marca, trata o tema formando conexões entre a mente de arquétipos acondicionada

à sensibilidade do consumidor e às marcas. A imagem de marca se estabelece em sua mente à

medida que a predisposição para a percepção de vários aspectos da imagem de uma marca, tais

como o concreto absoluto, o conceito funcional, o apelo ao ego, as emoções e os estados de

espíritos mais sutis vêm à tona. Segundo MARTINS (1999:126), o poder da marca está em

desenvolver a pureza e a consistência dos elementos sutis, que provocam no consumidor uma

sensação de elevação no estado de espírito.

O consumidor precisa estar convencido de que tudo o que lê e o que vê é de larga

veracidade. Logo, constrói em sua mente solidez sobre determinada marca. Para

PARASUMARAN e COLBY (2002: 128), uma marca sólida é uma forma de garantia, um sinal

de que o consumidor confia em uma compra isenta de risco. A marca pode sinalizar um quarto de

hotel limpo, alimentos não-adulterados, eletrodomésticos confiáveis ou um banco

financeiramente saudável. Quando existe tecnologia envolvida, há um alto grau de incerteza, e os

profissionais de marketing precisam enviar um sinal de que estão comprometidos em uma

transação segura. A identidade de marca é um instrumento valioso para a tranqüilidade do cliente.

Ou como disse Walter Landor (apud MARCONDES, 2003:20), designer e sócio-fundador da

Landor: “Marca é uma promessa. Identificando e autenticando um produto ou serviço, ela garante

os anseios de satisfação e qualidade desejados pelo consumidor”. E KOTLER (2000:426): “Uma

marca é essencialmente uma promessa da empresa de fornecer uma série específica de atributos,

benefícios e serviços uniformes aos compradores. As melhores marcas trazem uma garantia de

qualidade.” Visto que a promessa foi cumprida, o consumidor sente-se satisfeito e passa a

enxergar uma imagem positiva em relação a essa marca que chega até a penetrar o seu

imaginário. E quando cada marca no mercado tiver seu imaginário bem explorado, segundo

18

MARTINS (1999:147), o mundo onde vivemos ganhará mais encantamento, porque cada produto

terá uma imagem encantada – produto da relação emocional correta da imagem da marca com o

inconsciente coletivo. Martins fala em futuro, porém hoje já é possível verificar que alguns fatos

já são realidade. Portanto, utiliza-se aqui o pensamento do autor conjugado no presente: "as

pessoas olham para uma coisa e se apaixonam por se sentir um pouco parte de sua personalidade,

trazendo estímulo para viver e o sentimento de uma certa paz de saber que estará sempre lá,

independente de você comprar ou não."

1.3 Por que o branding?

Talvez a finalidade não seja apenas atingir o almejado posto de Top of Mind10 como foi o

caso da Nokia, eleita pela pesquisa realizada pela Folha de S. Paulo em 2003 como marca mais

lembrada em duas categorias (Top of mind em na categoria "aparelho celular" pela quinta vez e

como marca mais lembrada entre todas as marcas pelo público adolescente), além de levar o

Prêmio Performance, por ser a marca que mais se destacou entre todas as marcas (Revista Folha

– Top of Mind 2003). As empresas buscam também outros títulos que podemos apelidar como top

of preference2 ou algo mais estreito ainda em termos de relacionamento com o consumidor, top of

heart3. Isso é necessário por causa dos níveis de crescimento dos seus concorrentes e das

mudanças das ansiedades dos consumidores. Existem muitos produtos parecidos com os outros

no mercado e, conseqüentemente, muitas marcas. Oliviero Toscani, forte crítico antipropaganda

“convencional” e responsável pelas campanhas da Benetton, nomeia essa época como a era do me

too product:

“Hoje os produtos se parecem cada vez mais, os cereais da manhã não diferem de

uma marca para outra, nem os iogurtes de polpa de frutas, nem os laticínios e os

hambúrgueres, menos ainda os legumes congelados, as ceras líquidas ou as

filmadoras portáteis. Entramos na era do mee too product, com mercadorias de

qualidade igual, que se copiam sem parar” (TOSCANI, 1996: 39-40).

Realmente o mercado está saturado de promessas, segundo uma reportagem da Revista

About. As empresas devem ressaltar diferenciais por meio de sua marca, aproximando-se mais 10 Mais lembrada, ou seja, está no “topo”da mente. 5 De maior preferência. 6 Mais querida, mais próxima ao coração.

19

dos seus clientes. Um exemplo disso foi a fusão de diversas operadoras de celulares que originou

a Claro, a qual desafiou-se em criar um novo nome e uma nova marca que ocupasse um espaço

próprio nesse mercado saturado e que transmitisse clareza e transparência (ABOUT, Ano

XV:12).

Tal conceito tem obtido grande desenvolvimento, evoluindo idéias que assumiam que

marca não passava de um simples nome para diferenciar seu produto de um outro.

KOTLER (2000:430) faz um paralelo entre o que almejam as partes que vendem e que

compram: os distribuidores e varejistas querem nomes de marca porque as marcas facilitam a

comercialização dos produtos, além de manter a produção em certos níveis de qualidade,

fortalecendo as preferências do comprador, e ajudam a identificar os fornecedores; e os

consumidores, cuja procura por marcas se deve à prestação de ajuda para identificar diferenças de

qualidade e comprar com mais eficiência.

“Para alguns analistas, as marcas duram mais que os produtos e as instalações concretas

de uma empresa, e são seu principal bem durável” (ibid:428).

Os consumidores vêem a marca como algo mais do que a simples soma dos elementos

oferecidos no pacote com valor da marca. Os clientes passam a associar a marca a benefícios

específicos, assim como a um determinado nível de qualidade e satisfação das necessidades. As

decisões de compra dos consumidores sofrem influências de suas percepções da marca, assim

como pelo produto em si. “O que realmente interessa é que as pessoas estão comprando o

produto por causa de sua marca e não apenas por causa do produto subjacente” explica a

especialista em marketing Sharon Slade (apud NICKELS e WOOD, 1997:170). Se o produto

vende devido à marca que ele possui, isso sinaliza que ela pode ser uma marca quente.

A definição de Faith Popcorn (1993:175) para marcas quentes consiste em produtos e

empresas que se destacam do resto, por virtude de caráter, estilo, qualidade e personalidade. Se

essa renomada futurista do marketing estiver certa, há um espaço para pelo menos uma marca

quente em cada categoria (ibid:129).

A disputa será uma corrida para ver quem chega primeiro. William G. Pietersen (apud

POPCORN, ibid:184-185), presidente da Seagram Beverage Group, fala sobre como será esta

competição:

“Independente das mudanças que ocorrem na distribuição e varejo, será sempre

um jogo de marcas. Os negócios continuarão a ser criados com base em marcas

20

de sucesso com os valores certos. Na área da gastronomia, um excelente sabor é,

obviamente, o item mais básico, mas as grandes marcas do futuro também

precisarão ter as propriedades nutritivas certas”.

As empresas que estiverem dispostas a entrar na competição devem ter ciência de que a

marca tem o poder intangível de estabelecer cumplicidade com o universo que a cerca, atrelada

não apenas ao produto e ao serviço, mas ao comportamento da empresa como um todo (M&M, n.

1112:04). Entra em questão a necessidade de gerenciamento da marca.

Visto que a empresa não pode mais só se apoiar em ativos físicos, como um portfólio de

produtos, com pouca flexibilidade de ajuste a um mercado turbulento, ela deve ter como

retaguarda um ativo intangível que suporte as mudanças ou até que seja o promotor de

transformações e inovações. Esse ativo estratégico é a marca, entendida como sendo o fruto dos

relacionamentos que a empresa desenvolveu – para gerar o resultado do exercício – e que é o

potencial de mercado para resultados futuros. O conceito de branding nasce assim como uma

visão mais abrangente do gerenciamento das marcas (ibid).

A palavra inglesa branding é derivada de brand e segundo SAMPAIO (2002:27) é o

conjunto das tarefas de marketing – incluindo suas ferramentas de comunicação – destinadas a

otimizar a gestão de marcas. O termo também pode ganhar significado conotativo, por AL RIES

e LAURA RIES (2000:04), os quais comparam o branding com a marcação de animais numa

fazenda: deve-se planejar um programa de marcação de maneira a diferenciar sua vaca do

restante do gado no pasto. Mesmo que todo o gado no pasto se pareça muito um com o outro.

Adicionam ainda que, um bem-sucedido programa de branding se baseia no conceito de

singularidade: “Ele cria na mente do cliente em potencial a percepção de que não há outro

produto no mercado como o seu.”

A marca acaba se tornando a grande propulsora para a preferência da compra de

determinado produto e, assim sendo, há a possibilidade de discordar de PEPPERS e ROGERS

(1996: 50-51) quando afirmam que a marca é um dos elementos da qualidade do produto a ser

considerado (embora uma marca conhecida seja um pré-requisito necessário) mas não suficiente

para a compra. Se a marca não tiver a personalidade ou características procuradas pelo

consumidor, de fato, ela não terá importância. Ele estará adquirindo apenas um produto ou

serviço por conveniência. É um produto considerado sem marca, já que o nome ou logo impresso

não conseguiu atraí-lo.

21

Prosseguem os dois autores: “Quanto mais os consumidores pechincham, através de

cupons, alternativas competitivas e coisas parecidas, mais eles obrigam o profissional de

marketing de massa a fazer concessões. É um jogo desequilibrado. O melhor negócio para o

consumidor representa perda para a empresa anunciante” (ibid). Aí é que entra em cena a

sensibilidade do profissional de marketing para verificar o quanto pode ceder aos seus

consumidores.

O consumidor busca preços menores, mas nem sempre isso é fator relevante na sua

escolha. E por isso, a suposta estratégia de utilizar-se somente de promoções e descontos, pode

ser proveitoso em questões instantâneas, como um pensamento que entra por um ouvido e sai

pelo outro.

Por tal motivo, David Ogilvy afirma que, caso eles ficarem a gastar demasiadamente em

promoções de descontos a ponto de não restar dinheiro para investir em propaganda, não haverá

construção alguma de marca, se não a sua destruição.

“Existem homens de marketing que receberam como herança marcas construídas

por seus antecessores, mas que estão levando-as ao esquecimento. Mais cedo ou

mais tarde, acabarão descobrindo que não adianta mais oferecer descontos e

fazer promoções com marcas que ninguém mais conhece. Que Deus tenha piedade

deles. As marcas são as sementes de milho que eles herdaram. Eles estão

comendo suas sementes” (Ogilvy)11.

Em outro momento, PEPPERS e ROGERS (1996:168) afirmam que a arma básica do

gerente de marcas é a propaganda, com a qual ele pode influenciar as atitudes de clientes em

potencial, levando-os a comprar a sua marca.

A propaganda (a ser abordada no Capítulo 4 deste estudo) precisa contar necessariamente

com um conteúdo verdadeiro que consiga prender a atenção de quem a vê. Além disso, é preciso

que ela convença, passando uma boa imagem evitando gerar o mínimo de desconfiança. O

consumidor precisa sentir a marca próxima de si, algo a nível espiritual, como conceituam

Pringle e Thompson. Segundo os dois autores, o processo de construção de marcas passou por

três etapas ou “ondas” e, atualmente encontramo-nos na terceira, sendo esta, espiritual, quando as

marcas são imaginadas na mente do consumidor. As três ondas da construção de marcas foram

11 www.ogilvy.com.br

22

relacionadas cronologicamente: a década de 50 foi marcada pela primeira onda denominada

racional, quando a estratégia era tão-somente mostrar que a marca tinha um aspecto de

racionalidade ou praticidade. Isso teve seu fim quando nasceu o interesse pelos atributos

emocional, psicológico e na imagem das marcas. Foi a chegada da segunda onda, na década de

70: emocional (PRINGLE E THOMPSON, 2000: 70-71).

Investir na construção da marca deve ser preocupação constante de uma empresa, pois

através de sua marca é que ela mostra sua reputação que, segundo recente pesquisa da

Universidade de Oxford, pode equivaler a 40% de seu valor de mercado (M&M, n.1104:32).

As grandes empresas sempre se preocuparam com suas marcas - é o que acredita Fernand

Alphen, responsável pela área de branding da F/Nazca S&S - porém o que mudou recentemente

foi a percepção de uma maior necessidade de se aprofundar nas perspectivas de sua vocação. “O

pensamento estratégico da marca, os caminhos que seguirá, a forma como vai se expressar e

como irá competir no mercado, passando também pela missão de responsabilidade social, fazem

do branding um halo de proteção e oportunidade a ser trabalhado na comunicação em diferentes

níveis”, diz ele (M&M, n. 1112:05).

A chamada "missão de responsabilidade social" aliada a ações verdadeiras e éticas podem

fazer a reputação de uma marca subir no conceito de seu público, pois atende aos seus anseios

atuais resultantes de problemas sociais, ambientais e econômicos, como será visto no próximo

capítulo.

23

CAPÍTULO 2. RESPONSABILIDADE SOCIAL

2.1 O consumidor e seu vínculo com a cidadania

"(...) em marquises, às vezes se vê, debaixo delas, o quadro de estarrecedor

contraste. Em seu frontispício, marcas que valem milhões, luminosos de

manutenção caríssimos, neon, fluorescência, cores, impactos fenomenais.

Debaixo delas, repete-se sob a incessante veia de luminosidade intermitente,

chamada a atenção para um produto ou para uma famosa marca, uma família - pai,

mãe, filhos. Sujos, infectos, tristes, soma, resultado de uma sociedade pobre, imoral,

sem qualquer base ética de comportamento.(...)

É o substrato do ser humano carente de água, de remédio, de um teto, de trabalho.

Ninguém se importa e faz-se da visão algo efêmero, algo que não se grava, não se

marca, não se imprime no cérebro.

Entretanto, a mensagem idílica do luminoso, por ser bonita, cara, suntuosa,

apelativa, ela marca profundamente e induz a parar no primeiro shopping em busca

do produto" (LOPES, 2003: 206).

Aí está o visível contraste entre o sentido capitalista das ações mercadológicas as quais

geram tanta riqueza e a pobreza dos homens que passam por apuros para conseguir sobreviver. O

consumidor, no contexto do trecho escrito por Lopes, é de um zumbi que ao receber um comando

ativado pelo deslumbramento com o anúncio, encaminha-se automaticamente a um shopping.

Uma mera máquina de fazer compras que mal consegue ter visão de si mesmo, com certeza

nunca enxergaria a pobreza da sociedade que a cerca... Eis o antigo modelo de consumidor.

Nos tempos em que a marca perdia importância para o valor tangível do produto, o

consumidor poderia ser considerado um indivíduo, uma empresa, um comerciante, um

intermediário, até um país que, segundo GIACOMINI (1991:17-18), se personaliza simplesmente

pelo ato que constitui o consumo, seja com a aquisição de algo, compra, contratação ou

utilização, mesmo que seja para revender, pois a revenda é uma das formas pelas quais pode o

consumidor dispor de um produto, implicando até danos e prejuízos.

24

Porém, o consumidor vem lutando por seus direitos, como constatado no início da metade

do século através do consumerismo, termo que é um anglicismo derivado de consumerism e

designa o movimento de consumidores e entidades americanas.

GIACOMINI (1991:18) afirma que “consumerismo” é usado para designar qualquer

movimento de consumidores ou entidades afins em qualquer região ou época; acredita que de

certa forma o consumerismo pode ter como origem o próprio marketing, que no início esteve

mais voltado para o lucro do empresário do que para responsabilidades sociais. SANTOS (apud

GIACOMINI, 1991:19) diz que esse movimento, que vem crescendo em importância,

principalmente em países desenvolvidos, pode ser entendido como o esforço organizado da

população, ou de um grupo, no sentido de fazer valer seus direitos. É o consumo vinculado à

cidadania.

ASHLEY (2003:32-33) cita as modalidades do consumerismo que se diferem quanto ao

nível de consciência do consumidor. Assim, temos o consumerismo verde que é uma tentativa de

fazer os consumidores comprarem bens ou serviços que não agridam o meio ambiente; o

consumerismo ético, sendo um desenvolvimento do consumerismo verde, pois considera

questões mais amplas do que apenas ser “amigo do meio ambiente”: se o produtor ou acionista

investem no comércio de armas, se apóiam regimes políticos opressores, se exploram as relações

de trabalho, se possuem registros de corrupção, entre outros. Por fim, vem o anticonsumerismo, o

qual Ashley considera como um desafio ao conjunto de premissas sobre o que é necessário para a

sociedade, partindo da visão de que os países ricos do mundo estão fundamentalmente destruindo

o planeta e a eles mesmos, em sua busca de aquisição material. O anticonsumerismo propõe, em

vez de apenas comprar produtos “verdes” ou eticamente produzidos, formas diferentes de se

viver, comercializar e trabalhar, a fim de que o ser humano passe a ser menos dependente de

comprar coisas para se sentir bem.

E, segundo SCHIFFMAN e KANUK (2000:442-443), após um início lento nos anos 1970

e 1980, o começo dos anos 1990 experimentou o movimento ambientalista apelidado

"movimento verde" que consistia no espetacular crescimento do segmento dos consumidores que

se preocupam com proteção e a preservação do meio ambiente. Muitas indústrias e empresas

responderam às preocupações com o meio ambiente integrando questões ambientais à sua política

corporativa.

25

Para CANCLINI (1995:21), o vínculo do consumo com a cidadania, e vice-versa, é feito

eliminando as concepções que julgam os comportamentos dos consumidores predominantemente

irracionais e as que somente vêem os cidadãos atuando em função da racionalidade dos princípios

ideológicos. Segundo o autor, costumou-se imaginar o consumo como o lugar do suntuoso e do

supérfluo, onde os impulsos primários dos indivíduos poderiam alinhar-se com estudos e táticas

publicitárias. A cidadania foi reduzida a uma questão política e acreditou-se que as pessoas

votavam e atuavam em relação às questões públicas somente em função de suas convicções

individuais e pela maneira como raciocinam nos confrontos de idéias.

ARRUDA (2001:102-103) afirma que os consumidores sempre foram conscientes de suas

necessidades e desejos, mas talvez não soubessem defendê-los com decisão, pois se assim

fizessem, veriam os empresários submeterem-se a eles, caso pretendessem obter benefícios.

Arruda prossegue: "Em contrapartida, deixam-se guiar pelos produtores, seduzir por sua

propaganda ou seguir o costume, em vez de cooperar ativamente no processo econômico-social,

dando a preferência a produtos ou serviços de mais qualidade e valor".

Hoje os consumidores podem contar com órgãos que os representam na luta de seus

direitos como a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON, que atua em função

do Código de Defesa do Consumidor, lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. O governo federal

está contribuindo para que os consumidores tenham ciência de seus direitos e como lutar por eles.

A Campanha "Tô de olho", uma iniciativa do governo federal, que tem por objetivo a criação,

produção e divulgação de material educativo direcionado aos consumidores brasileiros, em

especial aos estudantes, a fim de informá-los e conscientizá-los sobre seus direitos de

consumidor, bem como do seu papel na defesa destes direitos e na prática do consumo

sustentável (DPDC)12. É de suma importância que os consumidores tenham conhecimento dos

seus direitos, pois só assim poderão expor suas expectativas.

Os laços entre consumidores e cidadania estão sendo estabelecidos com a participação dos

primeiros (lembrando que ao mesmo tempo são cidadãos), já que eles estão ficando cada vez

mais cientes de que podem opinar. Pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e Instituto Akatu

mostrou que 76% dos entrevistados disseram que como consumidores, poderiam interferir na

maneira como uma empresa atua de forma responsável e ainda, 72% disseram estar muito

interessados em conhecer mais os meios que algumas empresas estão utilizando para serem

12 www.mj.gov.br/DPDC

26

socialmente responsáveis (Pesquisa Responsabilidade Social das Empresas - Percepção do

Consumidor Brasileiro, 2004:21).

Com base nesses resultados, nota-se o início de uma mudança na mentalidade da

sociedade. Como afirmou CARTA (2003:05), "a sociedade espera que as empresas tratem de

modo ético todos os seus stakeholders" - ou seja, as partes com as quais se relaciona –

funcionários, sindicatos, fornecedores, clientes, acionistas, consumidores e comunidades direta

ou indiretamente atingidas pela atividade produtiva. E que prestem contas dos efeitos positivos e

negativos gerados pela sociedade a partir de seus processos produtivos.

O lucro é sim a remuneração legitima do acionista, que correu riscos ao investir seu

capital no negócio, como disse Jean Bártoli (apud MADUREIRA, 2004:26), professor da

disciplina Ética no Mundo Corporativo, na Business School São Paulo. Mas Bártoli também

enfatiza que os outros públicos com os quais a empresa se relaciona e que contribuíram para o

resultado, merecem a justa retribuição pela sua participação por meio do desenvolvimento

sustentável, em que as ações da empresa se baseiam no impacto, a longo e médio prazos, do seu

negócio sobre o meio ambiente e a sociedade.

Os consumidores ao aspirarem por empresas-cidadãs podem ver os primeiros resultados.

Fernando Almeida (2004:A10), presidente executivo do CEBDS - Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e professor da UFRJ - Universidade Federal do

Rio de Janeiro, fala que a cada dia, as empresas incorporam aos seus negócios com mais

evidência a responsabilidade social e a gestão ambiental, subordinadas à prática do

desenvolvimento sustentável. Essa tendência foi confirmada em recente pesquisa realizada pelo

Banco Mundial e o International Finance Corporation (IFC). As duas instituições descobriram

por exemplo, que hoje os presidentes de companhias globais já dedicam ao novo padrão 68% do

tempo que dedicavam há 5 anos. Ou seja, estão começando a pensar não somente na

responsabilidade de gerar lucros para a própria corporação mas também nas responsabilidades

para com as pessoas as quais se relaciona.

2.2 O que é responsabilidade social?

“As máquinas se desgastam. Os carros enferrujam. As pessoas morrem. Mas o que

permanece são as marcas”. De acordo com essa lógica de Hector Liang (apud KLEIN, 2002:220),

27

ex-diretor do conselho da United Biscuits, as corporações não devem gastar seus recursos finitos

em fábricas que exigirão manutenção física, em máquinas que sofrerão corrosão ou funcionários

que certamente envelhecerão e morrerão. Ao contrário, precisam pensar em patrocínios,

embalagem, expansão e publicidade, além de comprar canais de distribuição e varejo para levar

sua marca às pessoas.

É um pensamento equivalente ao de Milton Friedman (1970) e Hebert Stein (1983) (apud

ANDREASEN e DRUMURIGHT, 2002:133). Ambos são a favor de que a responsabilidade

social das corporações é simplesmente a de gerar lucros para seus acionistas e empregos para

seus trabalhadores. Na visão deles, qualquer tentativa de usar os recursos da corporação para fins

sociais representaria uma apropriação indébita de ativos dos acionistas e uma intrusão da

corporação em áreas em que ela não possui habilidades ou prestígio.

Porém as preocupações gerenciais apenas ao bem-estar da empresa, a exclusão de

importantes motivações para a honestidade e a justiça dentro do mercado e da comunidade,

mesmo com relação aos próprios empregados de nível inferior dentro da hierarquia empresarial,

fatos que compõem o egoísmo empresarial como definido por NASH (1993:196), parece estar

sofrendo uma constante condensação com a onda da responsabilidade social corporativa.

A empresa - cuja definição elaborada pela norma SA8000 (Social Accountability 8000,

primeira certificação internacional da responsabilidade social) é a totalidade de qualquer

organização ou entidade de negócio responsável pela implementação dos requisitos desta norma,

incluindo todos os funcionários (i.e., diretores, executivos, gerências, supervisores e demais

funcionários, quer seja diretamente empregado, contratado ou de alguma outra forma

representando a empresa) – quando toma por decisão participar mais diretamente das ações

comunitárias na região em que está presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do

tipo de atividade que exerce, torna-se responsável socialmente. Além disso, é necessário investir

no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável – dizem

MELO NETO e FROES (1999:78) – como também promover comunicações transparentes, dar

retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus

clientes e/ou consumidores.

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social define a Responsabilidade

Social empresarial como uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-

responsável pelo desenvolvimento social. A empresa que adota essa responsabilidade é aquela

28

que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes e conseguir incorporá-los ao

planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos, não apenas dos

acionistas ou proprietários (Site Ethos)13.

Artigo sobre Empresas, Responsabilidade Corporativa e Investimento Social elaborado

pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aborda o conceito de

responsabilidade social como sendo um reconhecimento de que as decisões e os resultados da

empresa devem atingir um público que vai além dos seus shareholders14, indo ao encontro da

preocupação com relação ao impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais

interagem, ou seus stakeholders15. Desta forma, a responsabilidade social integra-se à governança

corporativa, ou seja, à administração das relações contratuais e institucionais estabelecidas pelas

companhias e as medidas adotadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos

diversos participantes envolvidos. (COSTA, VISCONTI e AZEVEDO,2000:4-5). O IBGC16 -

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa define "governança corporativa" como o sistema

pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre

Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho

Fiscal. O Instituto afirma que a empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa

adota como linhas mestras transparência, prestação de contas (accountability) e eqüidade.

Essas linhas também pertencem ao conceito de Responsabilidade Social Empresarial.

OSTERMANN (2004:32-33) diz que toda empresa que avança no caminho da responsabilidade

social é, em primeiro lugar, uma empresa cidadã, ou seja, aquela que cumpre com suas

obrigações, exercendo cidadania corporativa – que não sonega impostos, que respeita o meio

ambiente. Depois disso, vai tentar ser socialmente responsável.

Segundo PINTO (2002:97) a responsabilidade social é o nome que vem sendo utilizado

para denominar a visão ampla das empresas que extrapolam os limites de sua área de influência

em seus programas de participação social para alavancar projetos ambientais, educacionais e

culturais. Ou ainda, a responsabilidade social pode ser considerada "como a obrigação do homem

de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam compatíveis

com os fins e valores da sociedade" (BOWEN apud ASHLEY, 2003:06).

13 www.ethos.org.br 14 acionistas e sócios 15 empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidades 16 www.ibgc.org.br

29

Na década de 1970, o conceito de responsabilidade social passou a ser acompanhado do

termo Responsividade Social Corporativa ou Corporate Responsiveness. BORGER (2004:10)

afirma que a responsividade social corporativa tem como idéia central que as empresas devem

responder às demandas sociais para sobreviver, adaptando o comportamento corporativo às

necessidade sociais. Diferente do conceito de responsabilidade social, cujas raízes estão na ética.

Frederick (apud BORGER, 2004:10) define Corporate Responsiveness como a

capacidade de responder às pressões sociais; é a habilidade das empresas em responder de uma

maneira responsável aos novos desafios.

Existem outras terminologias usadas nessa área, além de Responsabilidade social

corporativa (RSC1) e Responsividade social corporativa (RSC2). ASHLEY (2003:23) cita ainda,

a Retitude social corporativa (RSC3) e Cosmos, ciência e religião (RSC4). O primeiro termo

inclui a necessidade de uma ética normativa para que a responsabilidade social corporativa vigore

na prática; em seguida, alternativamente, o RSC4 responderia a um novo paradigma necessário

para resolver as questões e a sociedade em todos os níveis institucionais, descartando os modelos

de responsabilidade social corporativa que se dizem moralmente neutros e que enfatizam apenas

as medições de desempenho social da empresa.

Há muita discussão em relação a esses conceitos: na Europa o termo é cidadania

corporativa, nos Estados Unidos se fala mais em responsabilidade social e no Brasil discutem

muito em torno do assunto (OSTERMANN, 2004:33). Há ainda quem dê outro nome à mesma

questão: SCHIFFMAN e KANUK (1997:437) utilizam o termo "Filantropia Corporativa".

Este conflito estende-se quando é colocado em questão o conceito de responsabilidade

social associada à filantropia, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente ao

bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, conseqüentemente,

maior lucratividade (responsabilidadesocial.com). Na realidade, o conceito de responsabilidade

social está se ampliando, passando da filantropia, segundo Oded Grajew (apud MELO NETO e

FROES, 1999:79), diretor-presidente do Instituto Ethos.

“Filantropia é uma ação social que não tem objetivo estratégico”, explica o analista de

mercado e especialista em balanço social Roberto Sousa Gonzalez (apud SOUZA, 2003:11).

É, sem dúvida, fundamental no resgate dos valores humanitários, mas ineficaz como ação

transformadora. A filantropia tem como característica principal a pontualidade, sendo

30

emergencial e necessária como no caso de tragédias e guerras, mas insuficiente por não apontar

para a continuidade da causa que provoca tal situação social (OSTERMANN, 2004:33).

Quando a empresa se compromete socialmente, ela deve agir de modo coerente. Existem

empresas que são mais eficazes e atuantes em apenas uma das dimensões: fazem, por exemplo,

doações para obras e campanhas sociais do governo e demitem muitos empregados, pagam mal e

não possuem quaisquer programas de benefícios (MELO NETO e FROES, 1999:85).

Para que haja então uma melhor orientação sobre o conceito, o Instituto Ethos, através de

seu manual de Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas exibe sete

diretrizes que norteiam a Responsabilidade Social Empresarial. A sugestão é que o leitor do

manual siga as instruções de cada ação a fim de contribuir para a melhoria da qualidade dos

relacionamentos da empresa. As diretrizes são:

1a. Adote valores e trabalhe com trabalhe com transparência

Ser socialmente responsável é atender às expectativas sociais, com transparência, mantendo a coerência entre o discurso

e a prática.

2a Valorize empregados e colaboradores

Ouvir e atender os funcionários na medida do possível e incentivar a participação de cada um deles vão acelerar o

processo de qualificação de sua empresa como socialmente responsável.

3a Faça sempre mais pelo meio ambiente

As empresas, de um modo ou de outro, dependem de insumos do meio ambiente para realizar suas atividades. É a parte

de sua responsabilidade social evitar o desperdício de tais insumos (energia, matérias-primas e geral e água).

4a Envolva Parceiros e Fornecedores

Todo empreendimento socialmente responsável deve estabelecer um diálogo com seus fornecedores, sendo transparente

em suas ações, cumprindo os contratos estabelecidos, contribuindo para o seu desenvolvimento e incentivando os fornecedores

para que também assumam compromissos de responsabilidade social. Pode-se adotar como critério de seleção de parceiros a

exigência de que os empregados de serviços terceirizados tenham condições de trabalho semelhantes às de seus próprios

funcionários.

5a Proteja Clientes e Consumidores

Procedimentos de responsabilidade social no trato com consumidores e clientes são essenciais. Desenvolver produtos e

serviços confiáveis em termos de qualidade e segurança, fornecer instruções de uso e informar sobre seus riscos potenciais,

eliminar danos à saúde dos usuários são ações muito importantes, visto que a empresa produz cultura e influencia o

comportamento de todos.

A empresa socialmente responsável oferece qualidade não apenas durante o processo de venda, mas em toda a sua rotina

de trabalho. Faz parte de suas atribuições promover ações que melhorem a credibilidade, a eficiência e a segurança dos produtos e

31

serviços, observando padrões técnicos cabíveis como, por exemplo, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), as prescrições da Vigilância Sanitária e o Código de Defesa do Consumidor.

6a Promova sua Comunidade

Respeito aos costumes e à cultura local, contribuição em projetos educacionais, em ONGs ou organizações

comunitárias, destinação de verbas a instituições sociais e a divulgação de princípios que aproximam seu empreendimento das

pessoas ao redor são algumas das ações que demonstram o valor que sua empresa dá à comunidade.

7a Comprometa-se com o Bem Comum

O relacionamento ético com o poder público, assim como o cumprimento das leis, faz parte da gestão de uma empresa

socialmente responsável. Ser ético, nesse caso, significa cumprir com as obrigações de recolhimento de impostos e atributos,

alinhar os interesses da empresa com os da sociedade, comprometer-se formalmente com o combate à corrupção, contribuir para

projetos e ações governamentais voltados para o aperfeiçoamento de políticas públicas na área social, etc. Em resumo: contribuir

decisivamente para o desenvolvimento de sua região e do país.

A partir dessas diretrizes verifica-se que a responsabilidade social é traduzida em forma

de atos dotados de respeito pelo próximo e de compromisso. Como definem MELO NETO e

FROES (1999:90) a responsabilidade social é o comprometimento permanente dos empresários

de adotar um comportamento que contribui para o desenvolvimento econômico, melhorando,

simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade

local, da sociedade local e da sociedade como um todo. A base desse comportamento responsável

deve estar alinhado a princípios éticos.

2.2.1 Ser responsável socialmente é definitivamente ser ético

Elemento fundamental para a sustentação de um conceito verdadeiro de responsabilidade

social, a ética pode ser conceituada, segundo PINTO (2002:25) como sendo o que fazer e o que

não fazer para agir bem, gerando o máximo possível de qualidade de vida e de bem-estar social

para o maior número de pessoas e instituições em determinada área de influência ou em aspectos

relevantes para toda a sociedade e procurando não atingir negativamente outros indivíduos e

organizações.

Tal idéia de ética foi fundamentada em princípios de filosofias morais, a qual o

utilitarismo (MILL [1859],1991 apud ROTHSCHILD, 2002:44) faz parte. O utilitarismo consiste

num comportamento moral de levar o bem maior (ou diminuir o dano) para o maior número de

pessoas (ROTHSCHILD, 2002:44). Desta forma, a empresa proprietária de pensamento

32

utilitarista e também de uma postura socialmente responsável incluirá no seu enfoque o maior

número possível de pessoas com quem tem relacionamentos: a comunidade local, fornecedores,

acionistas, consumidores e até seus próprios concorrentes. Um exemplo é a DaimlerChrysler,

montadora de automóveis cujo estudo de caso será abordado no capítulo 6 deste trabalho. A

DaimlerChrysler firmou parceria com sua concorrente Volkswagen por meio de seu projeto

POEMA (vide p.51) a fim de dobrar a produção de estofamentos feitos de fibra de coco,

colaborando assim com centenas de famílias. Joachin Zahn, diretor de projetos especiais da

DaimlerChrysler diz: "É muito melhor competir numa indústria saudável do que num ambiente

ruim" (Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa, 2003:112). Trata-se da escolha que a empresa

faz para faturar, mas sem prejudicar, e o principal, colaborar para o bem de muitas pessoas.

NASH (1993:07) afirma que a ética nos negócios reflete os hábitos e as escolhas que os

administradores fazem no que diz respeito às suas próprias atividades e às do restante da

organização. Segunda a mesma autora, essas atividades e escolhas são alimentadas pelo sistema

moral de valores pessoais próprios que, com freqüência, sofre uma transformação em suas

prioridades ou sensibilidades quando operado dentro de um contexto institucional de severas

restrições econômicas e pressões, assim como pela possibilidade de se adquirir poder, ou então,

pela possibilidade de risco, como propõe Betânia Tanure de Barros (apud MADUREIRA,

2004:31), professora da Fundação Dom Cabral e psicóloga especialista em comportamento

organizacional: “Nossa sociedade ainda é muito regida pela ética da conveniência: eu só deixo de

fazer algo errado se houver risco real de ser punido por isso”.

ASHLEY (2003:53) acredita que está se tornando hegemônica uma visão de que os

negócios devem ser feitos de forma ética, obedecendo a rigorosos valores morais, de acordo com

comportamentos cada vez mais universalmente aceitos como apropriados e, ainda aponta para as

atitudes que devem ter as empresas nesse ponto de vista:

- preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas que afetam todos os

públicos / stakeholders envolvidos (entendidos da maneira mais ampla possível);

- promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões

universais de direitos humanos e de cidadania e participação na sociedade;

- respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o

mundo;

33

- maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização,

contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até

atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente.

Quando é percebida a ausência dessas atitudes na vida empresarial, automaticamente ela

corre riscos, com sua idéia fixa de apenas conseguir lucro. MADUREIRA (2004:31) afirma que a

conquista do lucro – prêmio justo por uma administração competente – pode tornar-se uma

obsessão corrosiva quando a ética é colocada como valor menor ou simplesmente de “faixada”.

A ética exprime seus valores no âmbito do respeito e na aceitação da corporalidade. Nádia

Rebouças (2004:51) explica que aceitar a corporalidade do outro significa enxergar a vida no

outro, ou seja, é preciso que o pensamento ético seja global, envolvendo assim o bem-estar de

todas as pessoas participantes do processo. Rebouças completa: “Responsabilidade social não

existe sem a consciência do outro”.

2.3 Normas e certificações: um auxílio para a prática da responsabilidade

social com ética

Além de incitar as empresas a adotarem uma postura ética, as certificações e normas

voltadas ao tema responsabilidade social vêm cobrar do público empresarial maiores

responsabilidades e transparência, havendo assim uma padronização de todos os seus atos. Pode-

se citar como padrões para a responsabilidade social a SA8000, AA1000, e também a ABNT

NBR16001, sendo esta uma recente norma brasileira, lançada em dezembro de 2004.

Social Accountability 8000 (SA 8000)

GRÜNINGER e OLIVEIRA (2002:16), auditores sociais AA1000 e SA8000,

respectivamente definem a SA8000 (Social Accountability 8000) como sendo um padrão de

responsabilidade social e prestação de contas, com foco em condições de trabalho, baseando-se

em normas internacionais como as convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho),

a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção das Nações Unidas sobre Direitos

da Criança. Inclui definição de políticas, monitoramento de atividades e resultados, verificação de

conformidade, comunicação de procedimentos e desenvolvimento de sistema de gerenciamento.

34

Várias empresas multinacionais nos Estados Unidos e na Europa estão implementando a

norma SA8000 e exigindo que seus fornecedores operem dentro destes padrões. Das 400

empresas certificadas pela SA8000, 51 delas encontram-se no Brasil (SAFATLE, 2004: 06).

AA1000 (AccountAbility 1000)

O AA1000 é um padrão certificável internacional do ISEA - Institute of Ethical and

Social Accountability , que tem como princípio e base o conceito de responsabilidade social, de

conhecimento e inclusão da opinião e necessidades de partes interessadas ou impactadas em seu

negócio na tomada de decisão (GRÜNINGER e OLIVEIRA, 2002:09). Objetiva a avaliação

quanto aos aspectos ambientais (responsabilidade ambiental); econômicos (responsabilidade

societária, financeira, comercial e fiscal) e sociais (ação social da empresa e responsabilidade

trabalhista/ previdenciária) (ASHLEY, 2003:35).

ABNT NBR 16001 (Responsabilidade Social - Sistema de Gestão - Requisitos)

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas lançou a ABNT NBR 16001 a qual

estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social,

permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em conta as

exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e

do desenvolvimento sustentável, além da transparência das suas atividades (ABNT)17.

2.4 Outros itens importantes a serem pensados em relação à responsabilidade

social

Quando a empresa consegue absorver os verdadeiros princípios de responsabilidade social

aliados à ética, ela já tem uma consciência voltada ao social e assim pode começar a pensar em

nas suas ações como empresa cidadã. A cidadania empresarial segundo MELO NETO e FROES

(1999:98) corresponde ao exercício pleno da responsabilidade social pela empresa. Os referidos

autores que a autopreservação empresarial somente será assegurada se existirem elevada 17 www.abnt.org.br

35

consciência social, exercício pelo da cidadania empresarial e volume crescente de investimentos

sociais.

Além de se preocupar nos valores que irá investir, é necessário que a empresa relacione os

valores destinados às ações sociais que se comprometeu em manter através de relatório

denominado balanço social.

2.4.1 Investimentos sociais: perspectivas para o crescimento

“Repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática

para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público” – é assim que o GIFE18 (Grupo

de Institutos, Fundações e Empresas – Investimento Social Privado e Terceiro Setor) responde

quando se trata de investimento social privado.

João Pinto Santos (2004:40), sócio-diretor da Full Jazz Comunidade/SP, acredita que o

grande salto que o Investimento Social Privado propiciou é de natureza qualitativa das ações, as

quais começam a enxergar as questões de interesse público dentro de uma ótica sustentável e

preventiva, substituindo o mecanismo compensatório de curto prazo pela transformação social

em médio e longo prazos.

A tendência é que os investimentos sociais no Brasil realmente cresçam, segundo

pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A pesquisa constatou

que as 462 mil empresas do país com um ou mais empregados que atuam voluntariamente no

atendimento de comunidades aplicaram, em 2000, aproximadamente R$ 4,7 bilhões. Esse número

provavelmente crescerá na medida em que 39% das empresas declaram que pretendem ampliar

sua atuação no futuro próximo (Ipea)19.

A divulgação desses números deve soar de forma transparente, tornando-se viável para

todo público e assim, deve constar em relatórios por meio dos balanços sociais.

18 www.gife.org.br 19 www.ipea.gov.br/asocial

36

2.4.2 Valores declarados com transparência através do Balanço Social

No Brasil, a proposta de se fazer o balanço social ganhou visibilidade quando o sociólogo

Herbert de Souza, mais conhecido como Betinho (1936-1997) e o Instituto Brasileiro de Análise

Sociais e Econômicas (Ibase) lançaram vários esforços nesse sentido, em 1997, como por

exemplo uma campanha pela divulgação voluntária do balanço social.

O Ibase define balanço social como um demonstrativo publicado anualmente pela

empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais

dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É

também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade

social corporativa (Balanço social)20.

Segundo Fernando Credidio, presidente da ONG Parceiros da Vida, o balanço social é um

importantíssimo instrumento, desde que sejam apresentados de forma correta, não precisam de

grandes gestos de mídia. Credidio enfatiza que os balanços sociais devem ser verdadeiros e

devem manter viva a ética: “Precisam ser claros, e corresponder à realidade, assim como há

empresas que maquiam os balanços financeiros, não tenho dúvidas que de que o mesmo aconteça

com o balanço social” (Revista Ação Social, 2003:40).

O Ibase estimula as empresas a realizar o balanço social, justificando que o mesmo traz

um diferencial para a imagem da empresa que vem sendo cada vez mais valorizado por

investidores e consumidores no Brasil e no mundo.

2.5 A responsabilidade social andando de mãos dadas com a marca

Coloca-se em jogo quatro vertentes relacionadas até então neste estudo: marca,

consumidor, empresa e responsabilidade social.

Como foi visto, a marca pode ser considerada um agente "sedutor" no momento de uma

compra. O consumidor enxerga as qualidades através da imagem de marca que a empresa adotou.

Em paralelo, sabe-se que o consumidor dos dias de hoje está ficando cada vez mais atento quanto

ao produto ou serviço que está adquirindo. As características que ele analisa não se referem mais

20 www.balancosocial.org.br

37

à qualidade, pois este já não é um aspecto de diferenciação da empresa dentre os concorrentes,

sendo portanto, um item obrigatório. Ele vê a reputação do produto/serviço.

Diante dos problemas cotidianos nos campos econômico, social e ambiental, o

consumidor corre atrás de seus direitos e conquista voz extremamente ativa, o que fazem as

empresas ouvirem atentamente. "Atuação responsável e transparente. Preocupação e colaboração

conosco, com a comunidade, com o meio ambiente e com todas as outras partes envolvidas no

processo de produção" - é o que consumidor exige das empresas.

As empresas despertam para uma nova demanda no mercado: a responsabilidade social. É

a grande oportunidade para que haja uma associação entre a marca - vendida através de produtos

ou serviços, item de fundamental importância no processo decisório no momento da compra - e

de um novo conceito, exigido pelo público consumidor.

A união de uma representação do mundo mercadológico e um conceito baseado em

princípios éticos pode representar consumidores satisfeitos e pessoas beneficiadas. E mais: lucro

para a empresa. Se ela já investia em marketing a fim de vender mais e criar relacionamentos

com seus clientes, agora ela vai investir ainda mais, porém em um tipo específico: no marketing

social.

38

CAPÍTULO 3. MARKETING SOCIAL

3.1 Profissionais de marketing pensando na área social

O marketing, segundo KOTLER (1999:155), é a ciência e a arte de conquistar e manter

clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles. O profissional de marketing pode

utilizar-se de diversas ferramentas, baseadas nas necessidades e anseios dos consumidores, como

é o caso do marketing para causas sociais, o marketing relacionado a causas ou simplesmente

marketing social.

Há consideráveis diferenças entre a campanha genuína de Marketing para Causas Sociais

e a antiga campanha com fins beneficentes ou filantrópicos, sendo que esta última tem

probabilidade de gerar vendas rápidas reduzido devido ao próprio princípio motivacional da

campanha (PRINGLE e THOMPSON, 2000:91). Campanhas filantrópicas são pontuais,

enquanto campanhas de marketing social visam continuidade a médio e longo prazos.

SCHIFFMAN e KANUK (2000:442) expressam ainda, a diferença entre o Marketing

Social e o Marketing para Causas. Segundo os autores, quando as organizações empreendem o

marketing social, elas estão expressando o senso de responsabilidade social da empresa em

relação à melhora da sociedade. Se tais organizações optam em empreender o marketing de

causas, elas estão pretendendo alcançar objetivos comerciais específicos. Complementam:

"A oportunidade de apoiar indiretamente uma causa digna é um forte incentivo

para que muitos consumidores escolham o produto relacionado a uma causa em

vez das marcas concorrentes. Logo, no marketing de causas é o consumidor quem

mostra responsabilidade social, e não a empresa patrocinadora".

Entra aqui em questão o conflito de conceitos conforme abordado no Capítulo 2.

GIACOMINI (1991:86) pode explicar o conceito de marketing social, como elemento

distinto do 'somente marketing'. Ele afirma que o marketing social é empregado hoje tanto para

evidenciar a responsabilidade social do marketing perante a sociedade como para identificar as

ações das organizações não lucrativas e de programas sociais. O marketing social utiliza a

estrutura do marketing convencional, só que aplicada às causas sociais.

Pelo menos em dois aspectos importantes o marketing social se difere do marketing

convencional, na visão de BRENKERT (2002:59-60): primeiro, a meta do marketing social é o

39

bem (bem-estar) individual ou social, não simplesmente a satisfação individual, ou seja os

indivíduos podem ser capazes de satisfazer suas vontades presentes enquanto seu bem-estar e/ou

o de sua sociedade permanece deficiente. Segundo, a finalidade a ser alcançada pelo marketing

social é algo que aqueles que vivenciam o problema social não precisam eles mesmos identificar

como um problema social, por exemplo: uma educação melhor para as mulheres ou o fim da

lepra.

Um outro ponto a ser considerado no momento de identificar uma campanha de marketing

social é que ela não deve ser vista com nenhuma de suas partes, pois ele não acontece quando é

feito um único anúncio com conteúdo social. BRENKERT (ibid:61) diz que, por exemplo, se a

Benetton leva ao ar um anúncio em nome da harmonia racial, não se segue, sem nenhuma

informação adicional, que essa é uma instância do marketing social. Os esforços de tais empresas

com e sem fins lucrativos - quando limitados a tais anúncios - podem ser mais bem identificados

como uma forma de marketing de causa relacionada, mas não como marketing social.

PRINGLE e THOMPSON (2000:03) definem o Marketing para Causas Sociais "como

uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca

a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo".

Tem-se ainda, o marketing social como a construção de produtos sociais, que podem

chegar às prateleiras dos consumidores, que podem comprar essas idéias e, como voluntários,

entrar num movimento de mudança - definição dada por Nadia Rebouças (apud OSTERMANN,

2004:34), diretora geral da Rebouças & Associados. Quando se trata de identificar ações sociais

de ONGs, um exemplo citado por Rebouças como sendo produto social é a Campanha da Ação

Cidadania, cujo produto social é a solidariedade.

Ou como propõe ANDREASEN (apud BRENKERT, 2002:59), é a aplicação das

tecnologias de marketing comercial à análise, planejamento, execução e avaliação de programas

projetados para influenciar o comportamento voluntário de públicos-alvo com o intuito de

melhorar o bem-estar pessoal e o da sociedade.

Para Philip Kotler e Gerald Zaltman (apud VAZ, 1995: 281) marketing social é a

modalidade de ação mercadológica institucional que tem por objetivo atenuar ou eliminar

problemas sociais, carências da sociedade relacionadas principalmente com questões de higiene e

saúde publica, trabalho, educação, habilitação e nutrição.

40

Quanto às particularidades dos problemas sociais, VAZ (1995:287), apresenta três

principais níveis de atuação dos programas de Marketing Social: Conscientização, que é o

esforço do Marketing Social que procura mudar valores, questionando ou levando as pessoas a

reverem suas crenças e atitudes; Mobilização, cujo nível de atuação procura uma prática como

resposta do consumidor, e por fim a Sustentação, que representam esforços que buscam a

conscientização e a mobilização dirigindo-se à população como um todo, ou setores

demográficos específicos.

Ao invés de ter o foco apenas voltado à prática de ações que visem o bem estar da

sociedade, GIGLIO (1996:125) propõe o conhecimento de três vetores para a construção de

planejamentos de marketing social: os lucros da empresa, a satisfação do cliente e o interesse

público. E ainda afirma que a responsabilidade de uma empresa é muito mais do que cuidar de

jardins ou manter uma creche: é preciso ter competência no que faz e produzir valores

consonantes com as preocupações sociais de todos. Aqui, diferente do modelo "tradicional" de

marketing, Giglio (ibid) conclui que o cliente nem sempre tem razão.

O Marketing Relacionado a Causas citado pelo sócio-diretor da Full Jazz

Comunidade/SP- João F. de Carvalho Pinto Santos, pode ser definitivo como a utilização do

poder da marcas junto aos seus diferentes públicos, em parceria com as causas ou ONGs, para

atingir o benefício mútuo ou seja, para a causa e para a marca (Revista Brasil Responsável, n.01,

2004:41).

"A responsabilidade social traz ganho significativo de imagem e já interfere na escolha de

produtos" - diz Daniel Feffer, vice-presidente corporativo da Cia. Suzano de papel e celulose -

"Não resultado mágico de investimento em marketing, mas da necessidade, de cada um de nós,

de buscar alternativas de mudança; a compra de um produto é mensagem de aprovação.

Consumidores querem ferramentas para influenciar e decidir e buscam práticas éticas e capazes

de se beneficiar mais pessoas" (Revista Consumidor Moderno, n. 59, 2002:28).

Em pesquisa realizada pela Interscience – informação e tecnologia aplicada - junto à

Revista Carta Capital, 72% dos entrevistados (sendo estes, líderes empresariais, sindicatos,

organizações não-governamentais, políticos, governo e imprensa) apontaram a valorização da

imagem como o principal efeito que as ações sociais causam na marca de uma empresa

(SAFATLE, 2004:11).

41

MELO NETO e FROES (1999:95-96) observam quais as conseqüências das melhorias

nos seus produtos, serviços e, sobretudo, na sua marca, que ganha maior visibilidade, aceitação e

potencialidade: os clientes tornam-se orgulhosos de comprar produtos e/ou contratar serviços de

uma empresa com elevada responsabilidade social; fornecedores sentem-se motivados em

trabalhar como parceiros de uma empresa desta natureza; o governo e a sociedade civil tornam-se

parceiros desta empresa em seus empreendimentos sociais; os concorrentes reconhecem o ganho

de valor desta empresa. É o uso da cidadania empresarial como vantagem competitiva. Os seus

funcionários orgulham-se e sentem-se motivados em trabalhar nesta empresa. E, como resultado

final, as vendas crescem, a empresa fortalece sua imagem, ganha respeito e confiabilidade e

assegura a sua autopreservação.

3.2 Ações sociais no Brasil

As enormes carências sociais do país, o crescente grau de organização da sociedade e

especialmente do Terceiro Setor, a ação social dos concorrentes, a divulgação crescente dos

meios de comunicação sobre as ações sociais das empresas e o crescimento das expectativas das

comunidades e dos funcionários sobre o engajamento social empresarial fazem com que as

empresas brasileiras ampliem seu conceito de responsabilidade social e, conseqüentemente de

suas ações sociais (MELO NETO e FROES, 1999:80).

De acordo com a pesquisa “Ação social das empresas” realizada pelo Ipea (Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada) em 2003, 59% das empresas com um ou mais empregados

declaram realizar, em caráter voluntário, algum tipo de ação social para a comunidade; ou seja,

das 782 mil empresas no país, 462 contribuem no campo social e essa contribuição envolve desde

doações eventuais a pessoas carentes ou a instituições que executam projetos sociais até a

promoção de grandes projetos mais estruturados. Para a maioria das empresas, cerca de dois

terços, essa é uma prática habitual (Ipea)21.

Tem-se como resultado as atividades de assistência social e de alimentação em primeiro

lugar em termos de números de ações. Das 462 mil empresas que atendem às comunidades, 54%

realizam ou apóiam ações assistenciais e 41% atendem às comunidades por meio de ajuda

alimentar, que pode também ser inserida como força atuante nas ações assistenciais.

21 www.ipea.gov.br/asocial

42

Verifica-se que grande parte das ações realizadas no campo social resumem-se a

atividades pontuais ligadas ao assistencialismo, termo que causa conflitos com o conceito de

responsabilidade social, como discutido no item 2.2.

Porém se o foco é a responsabilidade social moldada em forma de programas sociais, que

garantam sustentabilidade para as partes envolvidas, na atual situação empresarial brasileira

percebe-se que a prioridade é a educação. A afirmativa tem relevância ao analisar dados obtidos

em pesquisas como a realizada pela Revista Carta Capital e InterScience, a qual verificou através

da maioria das respostas dos entrevistados que a educação é a área a ser priorizada pelas

empresas que pretendem pôr em prática ações sociais, seguida pelas ações de geração de

empregos e renda (SAFATLE, 2004:10-11).

Servindo de base, foram relacionados também os números da pesquisa realizada pela

Revista Exame, cujo objetivo é avaliar as empresas quanto à sua atuação social. Os resultados são

reunidos no Guia de Boa Cidadania Corporativa. Ao considerar as edições do ano de 2003 e 2004

a fim de se fazer um comparativo entre números, tem-se o seguinte: em 2003, as 245 empresas

que participaram da pesquisa desenvolvem, apoiaram ou financiaram cerca de 1200 projetos

sociais, sendo que 749 projetos foram selecionados para apresentação no guia e totalizaram 528

milhões de reais. A educação foi a categoria que recebeu o maior número de projetos e os

maiores investimentos. Foram 229,9 milhões de reais destinados a 182 projetos (Guia Exame de

Boa Cidadania Corporativa 2003:61-62).

Já na edição 2004, o número de empresas participantes subiu para 256. De 1202 projetos

que participaram, 1004 foram selecionados para a publicação.

Através desses dados, verifica-se que está havendo um considerável aumento da

preocupação por parte das empresas em se "redimir" diante dos impactos causados por sua ação

produtiva. E pelo que prossegue, a tendência é que isso aumente ainda mais, afinal essas

empresas acabam sendo reconhecidas.

3.2 Prêmios pelo reconhecimento do esforço social

As pesquisas quando têm o objetivo de retratar a realidade das empresas atuantes na área

da responsabilidade social trazem a informação de grande valia ao consumidor, principal

personagem da sociedade que cobra uma posição mais correta das empresas. Também dão às

43

próprias empresas a oportunidade de conhecimento das ações sociais dos seus concorrentes,

visando melhorar seu conceito de responsabilidade social. Informação apenas não é o que

resultam pesquisas. Elas também surtem em reconhecimento que significam ganho de imagem

positiva para a marca e preferência do consumidor.

Além das pesquisas nesse sentido, os prêmios criados por organizações e instituições vêm

com o mesmo intuito e simultaneamente trazem prestígio e estimulam as empresas à reflexão

sobre maiores esforços no âmbito social.

Em prêmios como o Marketing Best Responsabilidade Social criado pela Editora

Referência, o Top Social promovido pela ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e

Marketing do Brasil) e o Prêmio Balanço Social do Instituto Ethos, nota-se a presença de grandes

empresas como a Natura e a Petrobrás.

O diretor de assuntos corporativos da Natura, Rodolfo Guttilla, afirma que a Natura,

pioneira nessa área – título propiciado devido ao fato de ser fundadora do Instituto Ethos (1998),

foi a primeira empresa a lançar uma proposta para o ativo florestal não madeireiro, por meio da

remuneração das comunidades extrativistas (KAUFFMAN, 2004:18). Com iniciativas próprias e

parcerias, a Natura dispõe de uma série de programas sociais voltadas ao meio ambiente,

educação e cultura que totalizam cerca de 6 milhões de reais em investimento, segundo relatório

anual de 2003 da empresa (Natura.net)22.

A Natura é vencedora na categoria Estado de São Paulo no Prêmio Ethos Balanço Social e

foi destaque como empresa-modelo nas 5 edições do Guia de Boa Cidadania Corporativa da

Revista Exame. Além de premiações e posição em topos de ranking ligados a responsabilidade

social, a maior empresa de cosméticos do Brasil possui o Selo da Abrinq - Empresa Amiga da

Criança, Selo Empresa Cidadã e a Certificação de ISO 14001 (Guia da Boa Cidadania

Corporativa 2004).

A Petrobrás conquistou o Prêmio Marketing Best em dois anos consecutivos (2003 e

2004) e o Top Social 2004. No seu site23, a empresa inclui outros prêmios que foram concedidos:

Prêmio Cempre Coleta Seletiva 2004 - Categoria Comunidade e 2º Prêmio FGV-EAESP de

Responsabilidade Social no Varejo. A conquista de tantas premiações se deve às

responsabilidades sociais e ambientais que a petrolífera se comprometeu. O marketing social

22 www.natura.net 23 www.petrobras.com.br

44

parece ter cumprido seu papel: através do reposicionamento da marca conseguiu-se resgatar uma

boa imagem de marca, agora fortificada por ser socialmente e principalmente ambientalmente

responsável. A Petrobrás teve sua marca comprometida devido aos incidentes ocorridos contra o

meio ambiente. Em 2000, a empresa foi multada em R$ 51 milhões por ser a responsável pelo

vazamento de óleo na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Após quase 6 meses do ocorrido,

uma nova multa: R$ 168 milhões pelo derramamento de 4 milhões de litros de óleo cru no rio

Iguaçu, que vazaram da Refinaria Presidente Getúlio Vargas em Araucária - PR (Folha On

Line)24.

Cita-se nesse capítulo os prêmios ligados a responsabilidade social conquistados pelas

empresas do ABC, as quais terão seus anúncios e peças publicitárias analisadas no capítulo 6. São

as montadoras de automóveis: DaimlerChrysler, Ford, General Motors e Volkswagen.

A DaimlerChrysler recebeu um prêmio pela contribuição ao desenvolvimento sustentável,

durante a Conferência Mundial de Desenvolvimento Sustentável na África do Sul; Prêmio Eco

2001, na categoria Conservação/Educação Ambiental; Prêmio Marketing Best 2001; teve seu

projeto POEMA (vide 4.2.3) como destaque no Guia Exame de Boa Cidadania corporativa 2003

(site Daimlerchrysler)25.

Na edição Marketing Best Responsabilidade Social 2002, a Ford foi uma das premiadas.

A GM não divulga as premiações pela atuação responsável que obteve em seu site, assim

como a Ford. Segundo informação cedida por e-mail (vide anexos) das Relações Públicas da GM,

a montadora recebeu o Top social em 2001 e Destaque do ano em 1999.

Já a Volkswagen faturou o Prêmio Marketing Best - Responsabilidade Social nas edições

2002 e 2003 e também o Top social 2003 (site Volkswagen)26.

As pesquisas e os prêmios são peças de grande valor para o marketing social da empresa e

poderiam ser classificadas como espontâneas. Os prêmios e o status conquistados são em alguns

casos, elementos da comunicação das empresas atuantes na área social, que por sua vez acabam

obtendo maior credibilidade na visão de seu público. Por outro lado, quando se pretende

intensificar a comunicação, haverão outros gastos ou investimentos para a propaganda.

24 www.folha.uol.com.br 25 www.daimlerchrysler.com.br 26 www.vw.com.br

45

CAPÍTULO 4. A RESPONSABILIDADE SOCIAL NO PÓLO INDUSTRIAL DO

GRANDE ABC

4.1 A produção de ações sociais no Grande ABC

O Grande ABC é um grande pólo industrial onde se localizam as maiores montadoras de

automóveis, responsáveis por uma fatia significativa da economia da região, além de indústrias

químicas, petroquímicas e outras.

A lista abaixo mostra parte desse conglomerado empresarial, sendo este representado

pelas 50 maiores empresas do Grande ABC (Quem é quem, 2004:40) em termos de receita:

Empresa Setor Subsetor Receita

Liq.

Em

R$1000,00

Cresc.

Vendas

(%)

Num.

Funcioná-

rios

Cidade

1 Volkswagen do Brasil Indústria Montadora de automóveis 11.322.686 3,63 22.908 São Bernardo

2 General Motors do Brasil Indústria Montadora de automóveis 9.690.000 14,11 17.010 São Caetano

3 DaimlerChrysler do Brasil Ltda. Indústria Montadora de automóveis 5.900.000 31,11 9.641 São Bernardo

4 Ford Motor Company do Brasil Indústria Montadora de automóveis 5.814.000 7.020 São Bernardo

5 Casa Bahia Comercial Ltda. Comércio Varejista 4.543.188 42,81 21.425 São Caetano

6 Basf S/A Indústria Química e Petroquímica 3.387.584 29,14 3.533 São Bernardo

7 Petróleo Brasileiro S/A –

Petrobrás – Recap

Indústria Química e Petroquímica 2.235.794 25,65 323 Mauá

8 Pirelli Pneus S/A Indústria Pneus 2.156.461 34,01 5.175 Santo André

9 Petroquímica União S/A Indústria Química e Petroquímica 2.148.284 53,23 561 Santo André

10 Toyota do Brasil Ltda Indústria Montadora de automóveis 1.916.719 120,86 1.926 São Bernardo

11 Bridgestone Firestone do Brasil

Ind. Com. Ltda

Indústria Pneus 1.400.000 37,66 Santo André

12 Polibrasil Resinas S/A Indústria Química e Petroquímica 1.311.886 48,52 455 Mauá

13 Safra Leasing S/A

Arrendamento Mercatil

Serviços Arrendamento Mercantil 1.193.269 3,01 São Caetano

14 Rhodia Brasil Ltda (ABC)(*) Indústria Química e Petroquímica 863.679 3.104 Santo André

15 Coop – Cooperativa de

Consumo

Comércio Varejista 815.756 29,56 3.593 Santo André

16 Solvay Indupa Indústria Química e Petroquímica 633.602 16,14 373 Santo André

17 Tintas Coral Ltda. Indústria Tintas 532.365 (3,48) 700 Mauá

18 Magneti Marelli Cofap Cia. De

peças

Indústria Autopeças 425.588 38,60 3.134 São Bernardo

19 Termomecânica São Paulo S/A Indústria Metalúrgica 419.129 21,66 1.939 São Bernardo

46

20 Bombril S/A Indústria Higiene e Limpeza 363.626 (22,40) 1.840 São Bernardo

L2

1

Oxiteno S/A Indústria e

Comércio

Indústria Química e Petroquímica 354.000 - 318 Mauá

22 Pirelli Cabos e Sistemas do

Brasil S/A

Indústria Componentes elétricos 329.453 4,49 Santo André

23 Elevadores Otis Ltda Indústria Mecânica 316.714 27,59 1.368 São Bernardo

24 Volkswagen Leasing S/A

Arrendamento Mercantil

Serviços Arrendamento Mercantil 313.973 (18,32) São Bernardo

25 Polietilenos União S/A Indústria Química e Petroquímica 310.251 30,67 164 Santo André

26 Eluma S/A Indústria e Comércio Indústria Metalúrgica 303.210 20,64 1.346 Santo André

27 Concessionária Ecovias dos

Imigrantes

Serviços Gestão Rodoviária 282.428 36,32 São Bernardo

28 Bandeirante Química Ltda. Comércio Química e Petroquímica 257.944 25,50 164 Mauá

29 Magneti Marelli Cofap

Autopeças S/A

Indústria Autopeças 245.931 7,07 Mauá

30 Prensas Schuler S/A Indústria Metalúrgica 212.962 75,55 547 Diadema

31 Yakult S.A. Indústria e

Comércio

Indústria Alimentício 206.599 (6,52) 3000 São Bernardo

32 Viamar Veículos, Peças e

Serviços Ltda.

Comércio Concessionária de veículos 204.506 68,51 260 São Bernardo

33 HSBC Asset Finance (Brasil)

Arren. Mercantil S/A

Serviços Arrendamento Mercantil 198.006 (6,26) São Caetano

34 Indústrias Arteb S/A Indústria Autopeças 183.415 14,42 1.132 São Bernardo

35 Banespa S/A Serv. Técnicos

Adm. E de Corretagem de

Seguros

Serviços Corretagens e Seguros 178.858 (8,15)

São Caetano

36 Unipar União de Indústrias

Petroquímicas S/A

Indústria Química e Petroquímica 177.861 35,01 137 Mauá

37 Echilin do Brasil Ltda (Divisão

Fluid Systems)

Indústria Autopeças 174.209 12,56 440 Diadema

38 Vitopel do Brasil Indústria Termoplásticos 172.931 72,70 275 Mauá

39 Rolls Royce Brasil Ltda Serviços Manutenção 169.457 (28,95) 306 Diadema

40 Solvay Polietileno Indústria Química e Petroquímica 165.149 27,55 82 Santo André

41 Cia Brasileira de Cartuchos Indústria Metalúrgica 163.238 12,01 Ribeirão Pires

42 Autometal S/A Indústria Autopeças 161.136 43,15 Diadema

43 B. Grob do Brasil S/A Indústria

e Com. De Máq. Oper. E

Ferramentas

Indústria Mecânica 156.377 (9,39) 790 São Bernardo

44 Dana Industrial (Divisão

Nakata)

Indústria Autopeças 152.860 21,96 525 Diadema

45 BV Leasing – Arrendamento

Mercatil S/A

Serviços Arrendamento Mercantil 146.230 5,23 São Caetano

46 Brasmetal Waelzholz S/A Ind. e

Com.

Indústria Metalúrgica 143.058 46,61 353 Diadema

47 Unipar – Coml. E Distribuidora

S/A

Comércio Química e Petroquímica 140.401 57,96 54 Mauá

47

48 Moinho de Trigo Santo André

S/A

Indústria Alimentício 136.734 - 372 Santo André

49 Sulzer Brasil S/A Indústria Metalúrgica 134.869 9,07 445 São Bernardo

50 Santander Brasil Arrendamento

Mercantil

Serviços Arrendamento Mercantil (43,07) São Caetano

* A Receita só incorpora as unidades do Grande ABC

4.2 Se atuam, no que atuam as empresas

Serão listadas em seguida, informações pertinentes à atuação social das empresas na

região do Grande ABC tomando como base as empresas do item anterior. Ressalta-se que as

empresas que não constarem abaixo, não tiveram encontrados seus respectivos sites institucionais

ou estes foram encontrados indisponíveis no momento dessa pesquisa ou ainda, nada foi

detectado em outros sites com mecanismos de busca.

4.2.1 Volkswagen do Brasil

A Fundação Volkswagen atua desde 1979 e representa a Volkswagen no que diz respeito

à atuação social da empresa. Não divulgam nenhum conceito próprio sobre responsabilidade

social, apenas a missão que possuem de melhorar a qualidade da educação nas comunidades onde

atua. Citam-se, a seguir, os projetos da empresa que tem a parceria das prefeituras e outras

instituições e colaboram assim com as pessoas residentes na região do ABC. As informações de

cada projeto constam no site da Fundação Volkswagen27.

Projeto Coral Jovem Baccarelli

O objetivo desse projeto é ampliar o universo cultural e o exercício da cidadania de

crianças por meio de uma formação musical de excelência, assegurando o exercício da cidadania

plena e participativa, complementando a educação pela família e pela escola.

São beneficiadas 180 crianças moradoras de comunidades de baixa renda de São

Bernardo do Campo e do Heliópolis em São Paulo.

27 www.vw.com.br/vwbrasil/fundacao

48

Projeto Brinquedoteca Viva

O Brinquedoteca Viva cria um ambiente lúdico e uma proposta pedagógica que

potencializa o aprendizado por meio da arte do brincar, garantindo o desenvolvimento integral

das crianças.

Quinhentas e cinqüenta crianças com idade entre 4 e 6 anos, moradoras de comunidades

de baixa renda , entre elas 18 com necessidades especiais.

EnCantar na Escola

Visando estender o atendimento do Projeto Coral Jovem Baccarelli para alunos de escolas

públicas com ampliação do universo cultural de crianças, este projeto oferece o ensino do canto

coral para alunos de escolas públicas do ensino fundamental.

São beneficiadas 700 crianças, alunas de 3 escolas concentradas em uma comunidade de

baixa renda de São Bernardo do Campo.

Revisão Solidária

Além dos projetos, a Fundação Volkswagen tem outras ações como a Revisão Solidária, a

Venda Solidária e a Univolks. A ação Revisão Solidária acontece todo final de ano e consiste na

doação de um check-up de 27 ítens no veículo VW por parte das rede de concessionárias aos

consumidores VW que fizerem a doação de 1 kg de alimento. Em contrapartida a Fundação VW

dobra a quantidade arrecadada pela rede, destinando à Campanha Natal sem Fome. Desde o

início da campanha, mais de 300 toneladas de alimentos foram distribuídas a famílias de baixa

renda. Até dezembro de 2003, mais de 23 mil famílias foram beneficiadas. No ano de 2004, pelo

menos uma entidade nas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André e Mauá (as quais

fazem parte do conglomerado ABC) são beneficiadas com os alimentos (Site Revisão

Solidária)28.

28 www.vw.com.br

49

4.2.2 General Motors do Brasil

O Instituto GM, assim como a Fundação Volkswagen, é o meio em que a GM centraliza e

organiza suas ações sociais. Foi fundado em 9 de novembro de 1993 e apóia diversos projetos de

cunho educativo, ambiental e filantrópico, nas comunidades próximas às suas instalações fabris e

comerciais.

Também não dizem em seu site qual a sua concepção de responsabilidade social, porém

afirmam que a preocupação da GM e automaticamente do Instituto GM se alinha com princípios

de governança corporativa, que destacam a importância da responsabilidade social das empresas.

Seguem informações sobre os projetos29 cujo público beneficiado são pessoas da região

do ABC.

Empresários para o Futuro

Em São Caetano do Sul e São José dos Campos, junto à Associação Junior Achievement,

o Instituto GM apóia o programa Empresários para o Futuro, realizado nas fábricas da GM, onde

jovens aprendem as práticas empresariais e praticam o trabalho em equipe.

A cada semestre, 100 estudantes das 8as. séries das escolas municipais e estaduais

chegam às instalações da GM em um dia da semana, para aprenderem, na prática, a gerir uma

empresa que fabrica cabides.

FOCO - Formação com Competência

Uma parceria entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e o Instituto GM

está possibilitando a sindicalizados, seus dependentes e desempregados da comunidade carente a

qualificação e requalificação profissional em oito oficinas: mecânica veicular e eletro-eletrônica

veicular, informática + telemarketing, autocad R14, torno CNC + centro de usinagem, gestão

administrativa, inglês e espanhol. As oficinas pretendem melhorar o nível cultural e intelectual

dos participantes e dar a eles novos conhecimentos para que possam enfrentar o mercado de

trabalho com mais competitividade na busca de um emprego.

29 http://gmb.chevrolet.com.br

50

Informática Educacional

O Instituto GM em parceria com a APAE - Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais, vem desenvolvendo o projeto de educação por meio da informática, e já

possibilitou a 366 crianças especiais desenvolverem a percepção, atenção e concentração.

A informática também incentiva a memória visual e auditiva, além de propiciar a melhoria da

coordenação motora. Essa é uma iniciativa pioneira no Brasil, em termos de APAE.

Programa de Doações

O programa de doações contribui anualmente com recursos financeiros, material e suporte

técnico.Para as entidades educacionais, os recursos são destinados aos programas sócio-

educativos e profissionalizantes e, na área de saúde, pesquisas de prevenção e cura de doenças.

No ABC, a entidade beneficiada é a Associação dos Voluntários para o Combate ao Câncer do

ABC.

Campanhas Emergenciais

Agasalhos: Em 2000, arrecadou-se 8 toneladas de roupas, meias, moletons e sapatos,

mobilizando funcionários da GM de todos os complexos industriais, sendo beneficiadas 19

entidades em sete cidades do Estado de São Paulo.

McDia Feliz: O Instituto GM doa, em reais, o mesmo valor arrecadado entre os empregados para

a campanha do Mc Donald´s. Desta forma, contribuiu para a construção e reforma de dois

grandes centros hospitalares próximos de suas instalações industriais: o Centro Oncológico

Infantil do ABC e o Centro de Tratamento da Criança com Câncer do Vale do Paraíba.

4.2.3 DaimlerChrysler do Brasil

A DaimlerChrysler tem um forte compromisso com o meio ambiente e trabalha com

materiais que não agridem a natureza na produção de seus automóveis. Em oportunidade a esse

51

fato, a empresa colabora com o desenvolvimento sustentável através do projeto POEMA –

Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia que foi destaque na edição 2003 do Guia Exame de Boa

Cidadania Corporativa (2003:112) e colabora com cerca de 900 famílias desde a colheita do coco

até a produção dos assentos dos automóveis com a utilização da fibra do coco.

Para a cidade de São Bernardo onde está inserida, a DaimlerChrysler30 tem projetos

voltados à educação:

Projeto Jovens Talentos

A montadora do Brasil mantém em suas instalações de São Bernardo do Campo o Centro

de Formação de Aprendizes do Senai, onde jovens de com idade entre 15 e 16 anos incompletos,

que precisam ser, necessariamente, filhos ou irmãos de funcionários da Empresa. Com a duração

de três semestres letivos, prepara o aluno para trabalhar como mecânico de usinagem, de

manutenção e de montagem veicular. Essa qualificação permite que o aprendiz, após concluir o

curso, atue dentro das diversas áreas da Empresa.

A empresa conta com cerca de 250 aprendizes, a cada ano. O programa existe desde 1957. Até

hoje 4.300 jovens se formaram no Curso de Formação e Aprendizes e, entre os executivos que

atuam na Empresa, 10% já foram aprendizes.

4.2.4 Ford Motor Company do Brasil

A Ford foi uma das empresas pioneiras na conscientização de responsabilidades sociais.

No fim da década de 1940 e início da seguinte, a Ford lançou carros com cintos de segurança,

mas as vendas caíram drasticamente e, assim foi obrigada a tirar os cintos de todos seus

automóveis. Quinze anos depois, o público motorizado norte-americano conscientizou-se da

necessidade da segurança e começaram a criticar as fábricas de automóveis pela “total falta de

preocupação e interesse pela segurança dos passageiros” e por serem “mercadorias da morte”

(DRUCKER, 1998:329-330).

Não só o povo norte-americano impediu ações sociais da empresa de Henry Ford. Ele

contrariou os interesses da família Dodge, também acionista da empresa, e decidiu investir parte

30 www.daimlerchrysler.com.br

52

dos dividendos da companhia em capacidade de produção, aumento de salários e em um fundo

destinado à realização de objetivos sociais. Os Dodge recorreram à justiça, que decidiu contra a

Ford. O juiz anunciou que se a empresa realizasse projetos filantrópicos ou mesmo investimento

na sua imagem para atrair consumidores, essas ações deveriam, necessariamente, visar apenas o

lucro dos acionistas (BACAL, 2003:29).

Em todas as suas unidades no Brasil (Taubaté, São Bernardo do Campo e Complexo

Industrial Ford Nordeste e Campo de Provas de Tatuí), a Ford trata a água que utiliza no processo

de pintura dos veículos, reciclando-a e reutilizando-a, além de promover a coleta seletiva e

reciclagem de materiais como papéis e latinhas.

Segundo informações que constam em seu site institucional31, a empresa mantém alguns

projetos voltados para o ABC:

Projeto Corporação Musical Banda Lyra de Mauá

A Ford patrocina esta banda formada por 150 jovens carentes da região do ABC, que

através da música busca integração social, com participação em torneios em todo o País e em

eventos promovidos pela Ford.

O Projeto MOVA

Movimento de Alfabetização - é uma parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos,

Prefeituras da região do ABC Paulista e a Ford. O projeto patrocina 50 salas de aulas na

comunidade. Os funcionários do MOVA são voluntários e alfabetizam anualmente mil jovens e

adultos.

Creche São Francisco de Assis

A Ford, em parceria com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, apóia esta entidade que

atente 80 crianças carentes da comunidade local.

31 www.ford.com.br

53

4.2.5 Casas Bahia Comercial Ltda.

No seu site institucional32 nada consta na área social. Foi verificado que a empresa

participa de algumas ações junto ao Programa Fome Zero33, através de doações de ambulância e

articulação com outras empresas de um conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento social

e econômico sustentável do município de Itinga – MG.

4.2.6 Basf S/A

A BASF divulga através de seu endereço na internet34 seu compromisso social através de

suas ações e projetos, que inicia-se internamente por meio do Programa Qualidade de Vida e do

Programa Cidadania. O primeiro consiste em um programa de prática esportiva, atividades

sociais e culturais para o colaborador e seus dependentes. Já o Programa Cidadania tem como

principal objetivo proporcionar educação formal de ensino fundamental (1ª a 4ª série) para

colaboradores da empresa.

Para a comunidade local da unidade de São Bernardo do Campo, a BASF é atuante com

os programas a seguir:

Crescendo com o Esporte

O projeto Crescendo com o Esporte reúne crianças carentes da comunidade para a prática

esportiva desde 1991 e envolve investimento de R$ 96 mil por ano.

Cultura/ Suvinil Cor, Arquitetura e Memória

A Suvinil, sendo a marca dos produtos do departamento de tintas imobiliárias da BASF,

contribui para o Projeto Suvinil Cor, Arquitetura e Memória (SCAM) que tem por objetivo o

resgate da cultura e a preservação do patrimônio histórico nacional. O projeto restaurou vários

locais, dentre eles a Cidade da Criança em São Bernardo do Campo.

32 www.casasbahia.com.br 33 www.fomezero.org.br 34 www.basf.com.br

54

Projeto Crescer

Criado em 1982, o projeto atende adolescentes de baixa renda com o objetivo de

proporciona-lhes profissionalização e educação para a vida. Oferece orientação vocacional, bolsa

de estudo no ensino médio com qualificação profissional, material didático, transporte escolar,

assistência médica e curso de idiomas. A profissionalização envolve um processo voltado ao

ensino de competências e técnicas de ocupações específicas, além de conceitos de atitudes e

comportamentos visando à inserção do adolescente no mercado de trabalho.

O Projeto Crescer está implementado no Complexo Industrial de Tintas e Vernizes de São

Bernardo do Campo e no Complexo Químico de Guaratinguetá, atendendo 111 jovens. Em 19

anos de existência, passaram pelo Projeto 430 adolescentes entre 14 e 18 anos.

Equoterapia

Em agosto de 2000, a parceria da BASF com a prefeitura de São Bernardo do Campo

possibilitou o surgimento do Centro de Equoterapia, para reabilitação de pessoas com

comprometimentos físicos e mentais. O método terapêutico utiliza o cavalo no tratamento dos

pacientes, auxiliando-os em seu desenvolvimento físico, psíquico e social.

4.2.7 Petrobrás – Recap (Refinaria de Capuava)

A Petrobrás35 foca principalmente a questão ambiental no que se refere à responsabilidade

social corporativa. Porém, a empresa possui outros projetos na área da cultura e educação.

Para a Refinaria de Capuava em Mauá, a empresa mantém o Programa de Criança, que

beneficia crianças e adolescentes da comunidade de baixa renda do entorno da unidade. Até o fim

de 2003, 200 jovens participavam da atividade. No ano de 2004, o número chegou a 320. O

projeto tem atividades esportivas, de reforço escolar e cursos de teatro e música. Há ainda projeto

de natação adaptada para deficientes em parceria com a prefeitura de Santo André e com Sesi

Mauá (Quem é quem 2004:82).

35 www.petrobras.com.br

55

4.2.8 Pirelli Pneus

Em 2004, uma das ações direcionadas à comunidade onde está localizada a Pirelli foi a

doação de 12 computadores, que a própria empresa denominou como “sucata de informática” no

seu site institucional36. Seiscentas pessoas de uma das áreas mais carentes de Santo André podem

ter contato com a informática através de aulas com professores remunerados pela prefeitura de

Santo André.

4.2.8 Petroquímica União

A Petroquímica União designa iniciar o conceito de responsabilidade social de dentro

para fora, já que trabalha com o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PPLR), que

remunera os colaboradores de acordo com a obtenção de metas estabelecidas.

Os projetos destinados a beneficiar as pessoas do ABC são os seguintes, de acordo com seu site37:

Programa Patrulheiro-Mirim

Promovido pelo Rotary Clube de Santo André, oferece bolsas-auxílio para crianças e

adolescentes, que passam a executar tarefas administrativas dentro da empresa.

Projeto Alquimia

O programa promove cursos para trabalhadores e desempregados da região.

Programa Plastivida

A companhia está participando, dentro do programa Plastivida (da Associação Brasileira

da Indústria Química - Abiquim), da construção de um galpão para a reciclagem de materiais

plásticos. Todos os recursos obtidos com a venda desses produtos serão destinados para a

Associação dos Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) de Mauá.

36 www.br.pirelli.com 37 www.pqu.com.br

56

Programa de Natação Adaptada

Criado para portadores de deficiências com mais de 2 anos de idade, o Programa de

Natação Adaptada da Prefeitura de Santo André, é patrocinado pelas empresas do Pólo

Petroquímico do Grande ABC, do qual fazem parte a Polietilenos União, a UNIPAR Comercial, a

UNIPAR Divisão Química e a Petroquímica União (Unipar)38.

4.2.9 Toyota do Brasil

A Toyota39 é uma empresa engajada na área ambiental. Está envolvida em projetos de

proteção a arara azul, ameaçado por extinção e outros de estudo de regiões da Cordilheira dos

Andes e também da comunidade indígena mais isolada do Alto Xingu.

4.2.10 Bridgestone Firestone do Brasil

Segundo informações em seu site40, a Bridgestone e as secretarias de Esportes de três

municípios brasileiros (Santo André/SP; Curitiba/PR e Ribeirão Preto/SP) apóiam crianças e

adolescentes interessados pela natação para que possam se desenvolver em níveis competitivos,

tendo como referência o nadador olímpico Fernando Scherer. Trata-se do projeto “Velocidade

Bridgestone de Natação”, que tem dois objetivos: desenvolver novos atletas e contribuir com a

inserção social via a natação.

Outra iniciativa é um convênio firmado entre a Bridgestone e o Clube dos Paraplégicos de

São Paulo (CPSP) que apóia a equipe de natação de paradesportistas do clube.

4.2.11 Polibrasil Resinas

A Polibrasil41 não anuncia projetos ou ações sociais, mas indica que é signatária

voluntária do Programa Atuação Responsável da ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria

38 www.unipar.ind.br 39 www.toyota.com.br 40 www.bfbr.com.br 41 www.polibrasil.com.br

57

Química desde 1993, quando o programa foi criado. Através do programa a Polibrasil assume um

comprometimento formal que acerca uma postura quanto a relacionamentos com a comunidade

interna e externa da empresa, meio ambiente, segurança, etc.

4.2.12 Rhodia Brasil – ABC

Assim como a Polibrasil Resinas (item anterior), a Rhodia Brasil em sua página na

internet42 não expõe nenhum tipo de projeto ou ação de cunho social e também é signatária do

Programa Atuação Responsável da Abiquim.

Ricardo Mantovanini, gerente da plataforma industrial de Santo André, conta que a

empresa possui projetos como o 'GASA', que consistiu em transformar o óleo combustível

queimado nas caldeiras em gás natural. Outra ação destacada pelo gerente é o uso racional da

água, que vigora em toda plataforma industrial. Ele cita ainda projetos ligados à segurança do

trabalho e desenvolvimento do comportamento do funcionário como forma de perenidade da

empresa. O Programa 'De Portas Abertas', promove visitas monitoradas à fábrica entre escolas,

membros da comunidade e os próprios parentes de funcionários; o Primeiro Emprego, que nada

tem a ver com o programa do governo Lula — mas sim com os guardas mirins (jovens de 16 anos

que têm o trabalho aproveitado em diversos setores da fábrica); e o de voluntário, que libera o

funcionário para exercer campanhas voluntárias (de doação de sangue, livro etc) na própria

empresa e no horário de trabalho (DOL explica)43.

4.2.13 Coop – Cooperativa de consumo

A Coop investe no esporte, mantendo projetos sociais nessa área. Além de patrocinar o

time de futebol do Santo André, a empresa também patrocina uma das equipes de Formação

Esportiva de Santo André, capitaneado pela jogadora Janeth Arcain.

Já o projeto “A Escola vai à Coop” visa não só estimular as crianças a ler e escrever mas

também a pensar e discutir assuntos que estão na ordem do dia e ainda a divulgar a filosofia

42 www.br.rhodia.com 43 http://dolexplica.dgabc.com.br

58

cooperativista nas regiões onde a Coop atua. Cerca de 73 mil estudantes do Grande ABC e

interior paulista já viveram a experiência (Coop Revista out 2004:42).

4.2.14 Solvay Indupa

A Solvay tem projetos focados na educação e meio ambiente. Para a região do ABC, a

Solvay participa do mesmo projeto da Petroquímica União (item 4.2.8) com o projeto “Alquimia”

(Solvay Indupa)44.

4.2.14 Tintas Coral

Nada consta no seu site institucional. Porém, sabe-se que a empresa realiza oficinas de

artes para pacientes de hospitais psiquiátricos e faz doações de tintas para instituições e eventos

(JC On line45 e Serasa46). E o Departamento de comunicação da empresa informou via e-mail

(vide anexos) que a Tintas Coral possui um programa chamado Coral Cidadania, que atendem

com tinta entidade sem fins lucrativos. Além disso, um projeto de educação ambiental já em

andamento na empresa.

4.2.15 Termomecânica São Paulo

Através da Fundação Salvador Arena, a Termomecânica divide seu trabalho social em três

ramos, conforme informado no seu site47: amparo beneficente (distribuição de donativos e

mantimentos a instituições carentes, auxílio a desempregados, construção de prédio escolar),

saúde (oferece, gratuitamente, exames de tomografia, ecocardiograma, endoscopia e ultra-

sonografia a pacientes de baixa renda encaminhados pelo próprio INSS, que não dispõe desses

onerosos recursos, e pela Prefeitura de São Bernardo do Campo) e educação, sendo esta última a

área de maiores recursos da empresa.

44 www.solvayindupa.com.br 45 www.uol.com.br/JC 46 www.serasa.com.br 47 www.termomecanica.com.br

59

O Colégio Termomecânica fundado em 1989 atende, gratuitamente, cerca de 1.300 alunos

com alimentação, uniformes e material escolar em cursos de Educação Infantil, Educação Básica

e Educação Profissional em regime de oito horas por dia, de segunda a sábado, totalizando cerca

de 2.000 horas/aula por ano.

4.2.16 Bombril S/A

A Bombril atua com ações pontuais e com um projeto voltado ao meio ambiente (site da

Bombril)48.

Em parceria com o Santos Futebol Clube, clube patrocinado pela empresa, entregou em

fevereiro de 2004, novecentas e sessenta e cinco cestas básicas, na região do ABC, onde a

empresa mantém sua matriz. As cestas foram distribuídas para oito instituições carentes,

relacionadas pelo Programa Fome Zero, do Governo Federal. Ao todo, a Bombril e o Santos

Futebol Clube distribuíram 45 toneladas de alimentos para o programa FOME ZERO, ao qual

estão integrados desde o seu início, em 2003. Existe, ainda, um programa voltado à

conscientização do uso da água.

Fábio Avari, gerente de marketing da Bombril, explica por que a Bombril escolheu

estimular o consumo consciente da água como projeto de responsabilidade social, o “Economize

água”: “Primeiro porque a água tem tudo a ver com a Bombril, pois foi o primeiro produto de

limpeza do mundo. Depois porque a situação é, de fato, muito preocupante. Queremos mostrar

que é possível reverter a situação e contamos com a importantíssima colaboração dos nossos

consumidores, colaboradores, fornecedores, clientes, acionistas, parceiros e amigos”.

4.2.17 Oxiteno S/A

As informações contidas no seu site49 pertinentes a responsabilidade social são restritas a

uma política de responsabilidade social, relatando que a Oxiteno apóia iniciativas de ação social e

de cidadania no entorno social onde desenvolve suas atividades empresariais, objetivando a

melhoria contínua das condições de vida das comunidades com que se relaciona, mas não

48 www.bombril.com.br 49 www.oxiteno.com.br

60

especifica essas ações. A sua unidade de Mauá está certificada pela SA8000, ISO 14001,

ISO9001:2000, ISO9000:QS9000.

4.2.18 Elevadores Otis

A Otis50 atua através de voluntários, os quais são seus próprios funcionários. Pelas

informações que constam no site, as ações são mais fortes nos Estados Unidos, onde fica a matriz

da empresa e onde os voluntários da Otis são premiados e reconhecidos pelo Programa de

Contribuições Voluntárias da UTC - United Technologies Volunteer Grant Program.

Não existe informações sobre a atuação dos voluntários no Brasil.

4.2.19 Polietilenos União

A ação Mil da empresa Polietilenos União tem o objetivo de contribuir para a redução da

fome e do nível de desnutrição de adultos e crianças, através da doação de 1.000 cestas básicas

por mês, durante o período de quatro anos.

Os beneficiários são famílias carentes, atendidas por entidades assistenciais das cidades

de Santo André e Mauá, cadastradas no Fome Zero (Polietilenos União)51.

Também destacam-se o auxílio a entidades assistenciais de mulheres carentes portadoras

de HIV e seus filhos – e o patrocínio de atividades esportivas – como o basquete feminino,

categoria mini, do Centro de Formação Esportiva Janeth Arcain (Unipar)52.

4.2.20 Eluma S/A

A Eluma (tubos e conexões de cobre e outras ligas) é integrante do Grupo Paranapanema

a qual é constituída por mais duas divisões: Mamoré (estanho e minerais industriais) e Caraíba

(cobre e subprodutos). Embora a divisão Caraíba tenha reconhecimento da sua postura social em

50 www.otis.com.br 51 www.polietilenos.com.br 52 www.unipar.ind.br

61

títulos como o Guia de Exame de Boa Cidadania Corporativa 2002 e outros, no site53 de Eluma

não há nenhum tipo de dado a esse respeito.

4.2.21 Concessionária Ecovias dos Imigrantes

A Ecovias é a primeira concessionária de rodovias do mundo a obter o Certificado de

Gestão Ambiental ISO 14001. É responsável pela administração e operação do Sistema Anchieta

- Imigrantes, complexo rodoviário que corta boa parte do Parque Estadual da Serra do Mar,

expressiva reserva da Mata Atlântica remanescente no Brasil. Atua com projetos como “Acorde

para o Meio Ambiente” realizada em Santos, que tem o objetivo de despertar a conscientização

ecológica, utilizando atrações culturais como chamariz. A Ecovias é uma das patrocinadoras,

juntamente com outras empresas que vêem a importância de sua participação em ações ligadas à

comunidade e à natureza (Ecovias)54.

4.2.22 Bandeirante Química

Em seu site55 não existe nenhuma informação sobre alguma atuação social da empresa.

A referida empresa de Mauá junto com outras empresas apóiam a vertente social do Rally

dos Sertões, evento onde os pilotos vão participar da distribuição de alimentos, remédios e livros

para as populações carentes entre Goiânia -GO e São Luís – MA (Revista Isto é Dinheiro)56 .

4.2.23 Prensas Schuler

Paulo Guzzo Tonicelli, diretor administrativo-financeiro da Schuler, em entrevista a um

portal57 sobre Recursos Humanos afirma que recebeu da Abimaq o prêmio Ação Social

Comunitária pela construção de seis salas na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Prefeitura de

Diadema afim de atender a comunidade próxima. A empresa também implantou um laboratório

53 www.eluma.com.br 54 www.ecovias.com.br 55 www.bandeirantequimica.com.br 56 www.terra.com.br/istoedinheiro 57 www.manager.com.br/reportagem

62

de informática numa escola estadual próxima à sua instalação. E, ainda visando a segurança, a

empresa reformou o Batalhão da Polícia que fica ao seu lado. Procuram atuar com a comunidade

local, mas dispõem de outros programas como o Programa da Terceira Idade, que trabalha com

um grupo de aproximadamente 50 idosos.

4.2.24 Yakult S.A.

A Yakult apóia a Campanha de Alimentação Saudável com Energia, promovido pela

Bandeirante Energia. A campanha visa contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e do

ambiente escolar e implementa várias ações para o desenvolvimento pessoal e social do aluno

(Cartilha Alimentação Saudável com Energia).

4.2.25 Arteb

A Arteb58 acredita que, só com ações concretas baseadas em educação e cultura, em saúde

e esportes e na preservação do meio ambiente, é possível construir uma comunidade melhor para

todos. Desta maneira, mantém essa estrutura através de programas e ações:

Educação e cultura

Desenvolve diversos projetos que visam oferecer aos seus colaboradores cursos de ensino

médio - no próprio local de trabalho e sem nenhum ônus - e cursos técnicos profissionalizantes,

abertos também aos jovens carentes da região, que em sua maioria acabam sendo integrados ao

quadro de funcionários da empresa.

Saúde e esporte

Fator fundamental para a manutenção de uma boa saúde, a qualidade da alimentação de

seu pessoal também chama a atenção da Arteb. A empresa garante adequado balanceamento dos

alimentos nas refeições oferecidas aos seus funcionários e cuida para que o ambiente de trabalho

seja sempre agradável a todos. A Arteb disponibiliza academia de ginástica e grêmio recreativo,

58 www.arteb.com.br

63

onde se realizam jogos de confraternização, integrando todos dentro de um espírito de união e

bem viver.

Meio Ambiente

Mensalmente, são recolhidas mais de 100 toneladas de resíduos, das quais, cerca de 30%,

sem aproveitamento, vão para o lixo. A maior parte, quase 70% do volume total, é reaproveitada

ou encaminhada para reciclagem.

4.2.26 Unipar União de Indústrias Petroquímicas

Vide Programa de Natação Adaptada no item Petroquímica União.

4.2.27 Moinho de Trigo Santo André S/A

O Moinho de Trigo Santo André ajudou a fundar a Casa do Zezinho e ajuda a manter essa

entidade não governamental que através da educação busca criar condições para que crianças e

jovens de baixa renda possam ter autonomia de pensamento e ação para decidir seu próprio

caminho. Localizada na zona sul da cidade de São Paulo, atende 950 crianças e adolescentes

entre 6 e 16 anos, moradores de bairros próximos (Moinho de Trigo)59.

4.3 Conclusões sobre a amostra

Após a verificação das informações coletadas das 50 maiores empresas do Grande ABC,

chega-se a algumas conclusões:

Das 50 empresas, 62% divulgam ações ou projetos sociais em seu site institucional.

Levou-se em consideração nos casos de empresas que pertencem a um grupo, prevalece a postura

social do grupo. Ou seja, muitas vezes, empresas que pertencem a um grupo não possuem site,

mas o grupo em si possui. O mesmo se aplica às ações e projetos sociais: algumas empresas

59 www.moinhosantoandre.com.br

64

pertencentes a um grupo podem não ter uma única ação social exclusivamente dela, mas podem

ter em conjunto com todo o grupo. Encaixam-se nesse caso as empresas:

• Petrobrás Brasileiro S/A – Petrobrás – Recap;

• Pirelli Pneus/ Pirelli Cabos e Sistemas do Brasil S/A;

• Petroquímica União, Polietilenos União S/A, Unipar União de Indústrias

Petroquímicas S/A, Unipar – Coml. E Distribuidora S/A;

• Volkswagen do Brasil Ltda, Volkswagen Leasing;

• Magnetti Marelli Cofap Cia de peças. Magnetti Marelli Autopeças S/A;

• Solvay Indupa do Brasil S/A, Solvay Polietileno Ltda;

• BV Leasing;

• Santander Brasil Arrendamento Mercantil S/A;

• Banespa S/A Serv. Técnnicos Adm. e Corretagem de seguros;

• HSBC Asset Finance Arrendamento Mercantil;

• Echlin (Divisão Fluid Systems), Dana Industrial Ltda (Divisão Nakata)

Divulga ações/projetos sociais so seu site?

62%

38%

simnão

Quarenta e seis por cento da amostra, se engajadas com projetos e/ou ações sociais, tem

pelo menos um projeto ou ação social voltada à comunidade onde está inserida a estrutura de sua

empresa.

65

Empresas que atuam ou não em prol da comunidade local

46%

24%

4%

26%

empresas que tem pelo menos umprojeto/ação beneficiando acomunidade local

empresas que não tem nenhumprojeto/ação beneficiando acomunidade local

empresas que só falam no conceitode RS, não especificamprojetos/ações

empresas que nada fazem ou nãodivulgam

Em geral, a prioridade dada pelas empresas para beneficiar a região onde atua é o apoio à

criança e ao adolescente, com um total de 30% da amostra. Em seguida vem a educação com

22%, cujos resultados podem ser percebidos estatisticamente com o aumento de pessoas

alfabetizadas na região. De acordo com o Compêndio Estatístico 200460 da Prefeitura de São

Bernardo do Campo, em 1991 a população alfabetizada de 10 anos ou mais de idade na Grande

São Paulo era de 92,4%. Em 2000, esse número cresce para 94,8%.

A área da saúde e do combate à fome empatam com 13% do total.

60 www.saobernardo.sp.gov.br

66

Atuação social das empresas por área na região do ABC

22%

30%5%13%

3%

13%

8% 3% 3%

educação

apoio a criança e ao adolescente

meio ambiente

saúde

cultura

combate a fome

apoio à pessoa com deficiência

redução do desemprego

combate à violencia

Verifica-se que as empresas que assumem o topo do ranking da amostra são as

montadoras de automóveis: Volkswagen, General Motors, DaimlerChrysler e Ford e todas elas

possuem um compromisso social. Desta maneira, 32% dos projetos ou ações sociais em benefício

à região do Grande ABC são de responsabilidade destas montadoras.

Participação por núm. de projetos das montadoras de automóveis em relação às demais empresas no Grande ABC

68%

32%

demais empresasmontadoras

Considerando ainda o número de projetos realizados por cada uma das montadoras, a GM

é a que mais colabora com as pessoas da região com 38%. Em segundo lugar está a Volkswagen;

Ford e DaimlerChrysler como terceiro e quarto lugar, respectivamente.

67

Participação das Montadoras na área social em benefício a região

31%

23%8%

38% Volkswagen

Ford

Daimlerchrysler

GM

Dos 9 projetos e ações sociais realizadas pela Volkswagen, 4 destes tem como público-

alvo a comunidade entorno. De 10 projetos e ações da GM, 5 tem o objetivo de colaborar com a

região. Para a Ford, 3 dos 23 projetos ou ações que a empresa possui, beneficiam as pessoas do

ABC. A DaimlerChrysler tem 1 projeto ou ações para o público residente no ABC, contando no

total com 5 projetos ou ações sociais a partir de seu site.

68

CAPÍTULO 5. ANÁLISE DA PROPAGANDA

5.1 Propaganda um mau ou um bem necessário?

Gastos ou investimentos, quando se fala da propaganda da área social da empresa? A

comunicação de projetos e ações sociais é alvo de opiniões diversas entre profissionais da área.

Alguns acreditam que a propaganda que mostra o que a empresa faz em benefício de seus

stakeholders, carrega um apelo de intragável avidez; outros acham que a comunicação deve ser

feita, porém com uma dose de bom senso.

Eloi Zanetti (apud BACAL,2003:38), ex-diretor de comunicação do Bamerindus e de

marketing do O Boticário, há mais de 20 anos envolvido em projetos sociais, acha que deveria

existir uma forma de cobrar resultados, destinação de verbas e responsabilidade também na hora

de divulgar. “Qualquer excesso de mídia é mau sinal. É claro que é importante mostrar o que se

faz. Só que é preciso mostrar depois de realmente ter feito.” Segundo o consultor, houve um caso

de um banco estrangeiro que dizia ter quatro projetos mundiais de responsabilidade social. No

Brasil, colocou outdoors por todos os lados e fez até um túnel ecológico na saída de um aeroporto

internacional. “O dinheiro gasto em marketing, neste caso, daria para umas 20 causas”, afirma

Zanetti.

Visão semelhante tem Jaime Troiano, atuante na gestão de marcas:

“Projetos que envolvem genuínos compromissos éticos com a sociedade não

foram feitos para servir de garoto propaganda. Mas também não devem ser

escondidos como se fosse feio mostrá-los. Os consumidores seriam muito mais

estimulados àquele ato de conversão quanto mais eles tivessem consciência das

atividades éticas autênticas promovidas pelas marcas e empresas. Comunicação

não envergonha” (TROIANO,2004:36).

A pesquisa realizada pelo Ipea, aponta que poucas empresas declaram utilizar algum meio

de comunicação para trazer a público, informações sobre sua atuação social e, quando o fazem,

geralmente é para dirigir-se ao público interno. No Sudeste, o percentual dos que não divulgam é

de 91%, seguido por 86% no Nordeste, e 93% no Sul. Entre as razões declaradas, destacam-se:

preferência pelo uso dos recursos disponíveis nas próprias ações; custo elevado da divulgação -

69

especialmente para as microempresas - e, receio de ampliar as demandas das comunidades por

mais recursos (Ipea)61.

O número de anúncios é pequeno, mas existe. E, portanto, se ética é a base da

responsabilidade social, entende-se que essa ética deve se estender à propaganda pois é um dos

fatores-chave que impulsionam o consumidor à preferência ou não. De acordo com a pesquisa

feita pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social em parceria com a Indicator Pesquisa de

Mercado em 2002, detectou-se que 43% das pessoas entrevistadas jamais voltariam a consumir

os produtos da empresa que veiculasse propaganda enganosa e uma porcentagem igual a 26%

disseram o mesmo se colocasse mulheres, crianças e idosos em situações constrangedoras em

suas propagandas (UniEthos)62.

A presença de pontos negativos na propaganda foi detectada a partir de pesquisa feita pela

professora Ana Claudia Govatto63 (2003: 65-66). De 131 anúncios de 59 empresas filiadas ao

Instituto Ethos, veiculados nas principais mídias do país, 36% eram propaganda enganosa ou

abusiva, 39% não apresentavam informações corretas sobre o produto ou serviços e 10%

ofereciam riscos à saúde e à segurança do consumidor.

Normas e leis são grandes propulsoras a fazer valer o significado da ética nos negócios e

na propaganda. Conta-se com o apoio do CONAR - Conselho Nacional de Auto-regulamentação

Publicitária, uma ONG encarregada de fazer valer o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação

Publicitária. O CONAR já instaurou mais de 4000 processos éticos e promoveu um sem-número

de conciliações entre associados em conflito e atende a denúncias de consumidores, autoridades,

dos seus associados ou ainda formuladas pela própria diretoria.

Segundo o CONAR64, os preceitos básicos que definem a ética publicitária são:

• todo anúncio deve ser honesto e verdadeiro e respeitar as leis do país;

• deve ser preparado com o devido senso de responsabilidade social, evitando acentuar

diferenciações sociais;

• deve ter presente a responsabilidade da cadeia de produção junto ao consumidor;

• deve respeitar o princípio da leal concorrência;

61 www.ipea.gov.br/asocial 62 www.uniethos.org.br 63 Mestra em Comunicação. Professora e coordenadora do Curso de Comunicação Social da Universidade Imes de São Caetano do Sul 64 www.conar.org.br

70

• deve respeitar a atividade publicitária e não desmerecer a confiança do público nos

serviços que a publicidade presta.

O CENP65 - Conselho Executivo das Normas-Padrão também colabora para que a

publicidade seja mais correta. O CENP é uma entidade criada pelo mercado publicitário para

fazer cumprir as Normas-Padrão da Atividade Publicitária, documento básico que define as

condutas e regras das melhores práticas éticas e comerciais entre os principais agentes da

publicidade brasileira.

5.2 As marcas das montadoras em peças de propaganda

Toma-se por base as montadoras, cujas marcas são muito fortes em seu segmento. Prova

disso é o destaque que teve a marca Volkswagen na pesquisa Top of Mind 2004, realizada pela

Folha de S. Paulo: quando questionados para falar a primeira marca de carro que vinham à mente,

32% dos entrevistados disseram Volkswagen. (Top of Mind 2004)66. Em segundo lugar ficou a

GM, como sendo a primeira marca que vem à lembrança para 24% dos entrevistados.

Interessadas em trabalhar seus patrimônios de marca, o marketing social proporcionado

pela execução de projetos e ações sociais destas montadoras de automóveis acaba por gerar uma

imagem ainda melhor de suas marcas. Mesmo diante deste fato, a comunicação em meios

massivos destes projetos e ações sociais é bastante restrita devido a uma série de motivos

descritos anteriormente.

A pesquisa da Revista Carta Capital que avaliou as empresas mais admiradas tendo como

referência a responsabilidade social deu origem a um ranking composto pelas 80 empresas

percebidas como socialmente mais responsáveis. Entre elas, encontram-se a Ford em 31º lugar e

GM, Volkswagen e DaimlerChrysler nas posições de 34º, 77º e 79º respectivamente (Revista

Carta Capital, n.301-A,2004:16).

Nesse capítulo, serão analisados algumas peças de comunicação da Volkswagen, Ford,

DaimlerChrysler e GM com o objetivo de verificar a proposta de cada empresa em relação ao seu

público, verificar o seu conteúdo de comunicação.

65 www.cenp.com.br 66 www1.folha.uol.com.br

71

Foram selecionados impressos como anúncios de revistas e materiais de ponto de venda,

como também seus próprios sites, principal meio para coleta de informações dessas empresas

para este estudo.

5.2.1 Propaganda da Volkswagen: crescendo como uma flor

Hotsite - Fundação Volkswagen

A Fundação Volkswagen representa a Volkswagen no que se refere à responsabilidade

social, visto que não existe nenhum outro tópico relacionado ao tema no seu site e nem mesmo no

hot site da Fundação.

O link que direciona para o hot site da Fundação Volkswagen encontra-se como item de

um submenu chamado Volkswagen do Brasil. É um site bastante lúdico, já que as ações são

voltadas para a educação das crianças. A página é dividida por tópicos que incluem a

apresentação da fundação, descritivo das ações, membros e parceiros que a compõem, além dos

prêmios conquistados.

Figura 1 - Hotsite da Fundação Volkswagen

72

Material de ponto de venda (concessionárias)

Trata-se de um aviso que foi feito para colocar no retrovisor dos carros que traz a seguinte

mensagem: “Este é um produto da Volkswagen, Empresa Amiga da Criança. Empresa que tem

compromisso com os 10 passos nas áreas de Educação, Saúde, Erradiação do Trabalho Infantil,

Direitos Civis e Investimento na Criança e no Adolescente.” Na assinatura constam três logos

diferentes: da Fundação Volkswagen, da Volkswagen e da Fundação Abrinq. No verso há um

desenho de jogo de amarelinha em que cada passo é representado por ações que fazem da

Volkswagen uma empresa certificada pela Abrinq. Logo abaixo, há um texto explicativo sobre a

Fundação Volkswagen. Desta maneira, o consumidor ao adentrar uma concessionária

Volkswagen acaba agregando mais um item de valor, além do design, preços e outros itens dos

carros transmitidos pela propaganda. Afinal ele toma conhecimento do porque a empresa tem um

selo de empresa Amiga da Criança ou talvez ele nem saiba que a empresa tem essa certificação, e

talvez também nem saiba da existência da Fundação Volkswagen. O logo desenvolvido para a

Fundação ajuda a fixar a marca Volkswagen acondicionada ao conceito de crescimento, ou

melhor explicado dessa forma, de acordo com a própria empresa:

“O vaso: representa a confiança e os valores enraizados numa base sólida, que é a marca

Volkswagen. Nesse vaso, está a semente da educação, uma das mais fortes crenças da

companhia que aposta no capital humano e suas potencialidades;

A flor: representa a expressão de valores da companhia para toda a sociedade. A

educação, sendo semeada para a construção de um futuro melhor para todos;

As pétalas: são os resultados esperados a partir do cultivo de novos ideiais e novas

perspectivas. Elas representam o desenvolvimento integral por meio da educação.

(Fundação Volkswagen)67”

Os traços do desenho bem como a tipologia utilizada são lúdicos, remetendo diretamente

à figura da criança, tão valorizada pela empresa.

67 www.vw.com.br/vwbrasil

73

Figura 2.1 - Frente do aviso para carro

Figura 2.2 - Verso do aviso para carro

74

Material de ponto de venda (concessionária)

Esse material é entregue nas concessionárias onde aconteceu a ação Revisão Solidária

Volkswagen, que consiste em trocar 1kg de alimento por um check-up de 27 itens do

Volkswagen do participante. É um folheto com recorte frente e verso. O conceito utilizado é

bastante divertido mesmo quando se trata de um tema tão importante que é suprir a fome de quem

necessita. Um funcionário da Volkswagen responsável por fazer o check-up dos carros é

representado por um gourmet que parece anunciar o prato do dia em lousas, como é encontrado

em restaurantes. O prato do dia neste caso, seria a revisão do carro. Para esta campanha utilizou-

se também um mascote que já vem sendo muito utilizado pela empresa. Bizuca, nome que

ganhou o mascote, segura um prato com um coração ao centro e parece estar com água na boca.

A ilustração deste mascote ajuda a sinalização e a identificação nas concessionárias.

Figura 3.1 - Frente do folheto Figura 3.2 - Verso do folheto

75

Anúncio de revista

É o anúncio de revista que divulga a mesma ação citada na peça anterior. Tem como

título: “A Volkswagen se preocupa com a vida de muita gente. Até de quem não tem um

Volkswagen.” O título do anúncio evidencia que a empresa está preocupada com todos os

públicos com que se relaciona, independente se for um cliente Volkswagen ou não. Por outro

lado, pode parecer um tanto oportunista, se relembrado o conceito de responsabilidade social

proposto por MELO NETO e FROES (1999: 90):

"É o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento que

contribui para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade

de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local, da sociedade local e

da sociedade como um todo".

De natureza social, essa ação deve procurar atender a todos. Portanto, automaticamente,

pessoas da comunidade/ sociedade local que não são clientes Volkswagen teriam o mesmo direito

de se beneficiar com a ação assim como qualquer cliente da empresa. O uso do "Até de quem não

tem um Volkswagen" parece, a princípio, ter excluído uma faixa dos stakeholders.

Há uma relação entre os elementos: preocupação com o próximo e Volkswagen;

funcionário e cozinheiro ou gourmet; prato do dia e revisão do carro; preço e 1kg de alimento.

Como imagem verifica-se desta vez, três funcionários sorridentes “disfarçados” de

gourmets, de diferentes etnias (um negro, um moreno e um japonês). Empresas comprometidas

com o bem-estar devem certamente dizer não aos preconceitos em relação a raças, opção sexual e

outros.

O rapaz ao centro chama a atenção do olhar por estar de branco, destacando assim a placa

do “prato do dia”. Os três rapazes estão ambientados numa concessionária; vê-se um carro

vermelho que parece estar suspenso, no lado esquerdo do anúncio. O mascote encontra-se no

canto inferior direito do anúncio, assinando o anúncio e traz assim uma unidade visual à

campanha.

76

Figura 4 - Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004

77

Hot site - Revisão solidária

Além de anúncios em revista e materiais de visual merchandising nas concessionárias, a

campanha para a Revisão Solidária Volkswagen também contou com um hot site dentro do site

da empresa. Bastante interativo, contava com um contador no topo da janela com a quantidade de

alimento que estava sendo arrecadada e trazia outras informações referentes às concessionárias

participantes e entidades beneficiadas.

O visual segue o mesmo em toda a campanha.

Figura 5 - Hot Site da Revisão Solidária Volkswagen

78

5.2.2 À procura de uma propaganda modelo "fordista"

Website

Na página inicial da Ford, não existe um link que direcione para a página sobre

Responsabilidade Social. Para chegar a conhecer as ações sociais da Ford, deve-se clicar em

"Institucional", depois em "Ford no Brasil" e depois em "Ações Sociais". Quando essa páginas é

aberta, um pop up68 com uma imagem semelhante ao anúncio "Fome zero, Ford Zero" a ser

analisado mais adiante. É uma maneira de reaproveitar o anúncio feito para revista e assim

chamar a atenção de quem está abrindo a página.

Para uma empresa com um histórico glorioso com vários episódios de Henry Ford a

defender o direito dos funcionários, por exemplo (vide item 4.2.4), a Ford oferece muito pouco

em relação à conscientização social, ou não divulga seus conceitos de responsabilidade social. As

principais ações da empresa são descritas em textos breves e não ganham nenhum destaque na

página da empresa.

Figura 6 - Site da Ford

68 uma janela independente daquela que está aberta e sendo executada pelo navegador de internet

79

Anúncio de revista

O anúncio traz como título: “A Ford caminhões está ajudando o país no combate à fome.

A cada caminhão vendido, a Ford vai doar 200kg de alimentos para o Programa Fome Zero.” No

rodapé junto ao texto explicativo: “Você também pode fazer a sua parte.” Nessa ação, na verdade

quem ajuda é a pessoa que comprar o caminhão. Aqui tem-se um exemplo fr marketing para

causas como citado por Schiffman e Kanuk no capítulo 3. A última frase do anúncio dá um ar de

que uma coisa não está vinculada a outra, ou seja, a Ford faz uma coisa e você faz outra. Mas é

necessários que ambos atuem juntos.

Figura 7 - Anúncio veiculado na Revista Exame n.03 - 12 fev.2003

Anúncio de revista

Os prêmios por reconhecimento pela excelência de quaisquer áreas de atuação torna-se

um marketing “espontâneo”, pois a marca premiada acaba saindo na mídia sem pagar por ela.

Outras vezes, a empresa faz questão de falar em sua propaganda paga o que ela ganhou por

merecer. Esse anúncio da Ford, reúne premiações que a empresa recebeu durante o ano de 2004,

sendo que um dos títulos recebidos é de montadora mais admirada do país através da Revista

Carta Capital. Ao mesmo tempo que trabalha com a valorização da sua marca, a Ford também,

80

expõe seus produtos, ou melhor, os automóveis de sua linha de produção. Ao final do anúncio, lê-

se o agradecimento ao seu consumidor e colaboradores. “A Ford agradece a todos que ajudaram

a fazer este sucesso.”

O único deslize nesse anúncio foi dizer algo que não é verídico. A Ford ainda não ganhou

o Premio Ibest 2005 de melhor site de relacionamento. O site do Clube do Picapeiro Ford é

apenas um dos indicados para a premiação. De acordo com informações no site do Prêmio

Ibest69, a votação ainda estava ocorrendo durante o período de veiculação desse anúncio.

Informações não verdadeiras contidas no anúncio desrespeitam o artigo 23 da Seção 3 –

Honestidade do Código de Auto-Regulamentação Publicitária.

Figura 8.1 - Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004(primeira página)

69 www.premioibest.com.br

81

Figura 8.2 - Anúncio veiculado na Revista Época n.341 - 29 nov 2004

(segunda e terceira páginas)

5.2.3 A propaganda feita de fibra de coco da DaimlerChrysler

Website

No site da DaimlerChrysler a "chamada", ou seja, o título da página de Responsabilidade

social é mais forte, devido a sua visibilidade com outros itens no menu principal disposto na

vertical do lado esquerdo. Durante o período da pesquisa este site também passou por

reformulações, pois anteriormente não havia um link em específico para a Responsabilidade

social, cujo conteúdo mostra os princípios éticos da empresa em um texto bem elaborado. O

termo mais próximo que havia anteriormente como link era "Meio Ambiente", que ainda

permanece no menu e leva o internauta a conhecer o Projeto Poema (descrito no item 4.2.3),

principal projeto social/ambiental da empresa. Os projetos que visam beneficiar a comunidade de

São Bernardo do Campo não aparecem quando se clica no link Responsabilidade Social. As

informações referentes a esses projetos estão realmente no site, porém só foi possível encontrá-

los com mecanismo de busca dentro do próprio site. Portanto poderia haver uma maior

valorização dessas informações.

82

Figura 9 - site da DaimlerChrysler

Anúncio de Revista

Dentre os projetos e ações da DaimlerChrysler, o POEMA tem um grande impacto por ter

seu lado positivo tanto no respeito ao meio ambiente como também no desenvolvimento

sustentável de centenas de famílias , como citado no item 4.2.3. Os anúncios da área social da

empresa focalizam principalmente este projeto. Um exemplo é o anúncio abaixo. O respeito ao

consumidor e ao meio ambiente é fielmente transmitida pelo anúncio que traz como título:

“Respeito é bom e a natureza gosta.” Além do programa, o anúncio informa sobre os ônibus

movidos a gás natural, desenvolvidos pela empresa.

83

Figura 10 - Anúncio retirado do site da DaimlerChrysler

Anúncio de Revista

Este é mais um anúncio que divulga o programa POEMA. “Este é o novo componente dos

veículos Mercedez-Benz”. O texto e a imagem explicam como funciona o projeto. Ao contrário

da Volkswagen, a comunicação da DaimlerChrysler tem uma linguagem mais séria e tradicional.

Geralmente utiliza os mesmos formatos que se traduzem nas cores e tipologias.

84

Figura 11 - Anúncio retirado do site da DaimlerChrysler

85

5.2.4 Fundação GM em "www"

Website

Na página inicial do site não há nenhum destaque para direcionar o internauta até página

com as informações do Instituto GM. Para acessá-lo, deve-se escolher no menu que fica no topo

da página principal, a opção "informações sobre a empresa". Logo, haverão links relacionados a

empresa, sendo que um deles leva à página do Instituto GM, responsável pelas ações sociais da

empresa.

A página do Instituto GM passou por reformulações quanto ao conteúdo, durante o

período da pesquisa.

Em julho de 2004, as suas ações ações desenvolvidas ou patrocinadas eram descritas,

esclarecendo toda a mecânica bem como os públicos beneficiados. Em visita ao site em meados

de outubro de 2004, verificou-se que as informações foram bastante resumidas. São citadas as

ações somente pelos nomes sem mais maiores detalhes.

Figura 12 - site da GM - Instituto General Motors

86

CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os consumidores estão propensos a serem impactados pelas propagandas que vêem,

porém não se deixam levar por ela sem antes verificar maiores informações. A onda do consumo

consciente está sendo propagado em tempos recentes e, por esta razão, é o próprio consumidor

brasileiro que acaba procurando pelas informações das marcas, já que estas não chegam a ele

devido aos poucos esforços de comunicação nesse sentido, conforme discutido no capítulo 5.

Portanto, pesquisas fora do Brasil têm resultados mais positivos quando se pergunta ao

consumidor se uma marca cidadã tem preferência no seu carrinho de supermercado. As pesquisas

em ambos os lados do Atlântico e na Austrália, por exemplo, mostram números significativos de

consumidores dispostos a pagar um preço ligeiramente mais alto por marcas que apóiem boas

causas. Os consumidores alegam que mudarão de marca, preferindo aquelas que apoiarem as

causas que eles aprovam (PRINGLE e THOMPSON, 2000: 113).

A pesquisa Consumer solid waste awareness attitude and behavior study realizada nos

EUA por GERSTMAN + MEYERS INC. (apud SCHIFFMAN e KANUK, 2000:444-445)

verificou que a reputação da empresa é levada com importância pelo consumidor. Um total de

503 entrevistas foi completado com mulheres chefes de família, de 18 anos ou mais.

Aproximadamente três quartos das pessoas entrevistadas responderam que a escolha da sua

marca é afetada pela reputação ambiental da empresa, e quase metade informou que tomou uma

decisão de compra negativa por causa de preocupações ambientais.

Além dessas pesquisas, outro fato que comprova o reflexo do comportamento de consumo

a partir de marcas cidadãs é o fair trade ou comércio justo. Este vem crescendo nos últimos anos

em todo o mundo - sobretudo nas economias mais desenvolvidas. Isto confere a consumidores

dispostos a pagar mais por produtos que comprovadamente ajudem no progresso de determinadas

comunidades, como os cortadores de cana, extrativistas da Amazônia, os cafeicultores da

América Central ou tribos da África. Em 2003, as vendas mundiais desse tipo de produto

cresceram 40% em relação ao ano anterior (Guia de Boa Cidadania Corporativa 2004:22).

Como o ato de compra não surge do nada, ela tem seu ponto de partida que é a motivação,

que vai conduzir a uma necessidade que, por sua vez, despertará um desejo. KARSAKLIAN

(2000:19) afirma que, com base em tal desejo, surgem as preferências por determinadas formas

específicas de atender à motivação inicial e essas preferências estarão diretamente relacionadas

87

ao autoconceito: o consumidor tenderá a escolher um produto que corresponda ao conceito que

ele tem ou que gostaria de ter de si mesmo.

Desta maneira, para que o consumidor pratique uma compra pensando em

responsabilidade social, ele precisa estar num "estado ativado que gere um comportamento

direcionado" (GADE, 1998:85). Ou seja, há necessidade de motivação.

Se no Brasil as empresas não divulgam o seu conceito de responsabilidade social aos seus

consumidores, há outras entidades que vêm disseminar esse tipo de valor. O Instituto Akatu pelo

consumo consciente é um exemplo. É uma organização não-governamental que tem como

objetivo educar, informar, sensibilizar, mobilizar e animar cidadãos para assimilar, em seus

comportamentos e atitudes, o conceito e a prática do consumo consciente, que nada mais é que

transformar o ato de consumir em um ato de cidadania, que além de visar seu bem estar pessoal,

também considera em suas escolhas de consumo, as possibilidades ambientais e as necessidades

sociais (Akatu)70.

Pode-se dizer que o sucesso dos objetivos estabelecidos pelo Akatu é iminente (aliás, já se

tem resultados positivos, de acordo com as pesquisas citadas nesse trabalho) se houver a

massificação de seus conceitos. Afinal, o Akatu quer ensinar e o "aprendizado tem sido definido

como modificações de respostas em função da experiência" (GADE, 1998:61).

Em psicologia e pedagogia , existem duas classificações que dividem o aprendizado em

associativo e cognitivo. THONDIKE (apud GADE, 1998:62) detectou que há uma associação

entre um estímulo e uma resposta quando os dois ocorrem de forma conectada. Assim,

exemplifica-se com a ação do Mc Donald´s: o Mc Dia Feliz. Com a sua propaganda, informam os

consumidores sobre a ação e os chamam até o ponto de venda. Lá o consumidor tem a

experiência de que, ao consumir um Big Mac ele poderá ao mesmo tempo colaborar com as

crianças portadoras de câncer.

Já o aprendizado cognitivo, ainda de acordo com GADE (1998:72), advém da

interpretação do que é percebido em comparação com o conhecimento armazenado numa busca

de solução de problemas. Assim, uma pessoa que deseja contribuir de alguma forma com

entidades carentes, vê o Mc Donald´s como uma empresa séria lutando em prol das crianças com

70 www.akatu.org.br

88

câncer já que no Brasil a ação é feita todos os anos desde 1988 (Mc Donald´s)71. E assim ela irá

consumir o Big Mac pois tem certeza que estará ajudando crianças com câncer.

O aprendizado (com o objetivo de conscientizar) do consumidor inicia-se numa parcela

restrita onde estão as pessoas com mais acesso à informação, como por exemplo, a internet. Para

se ter uma base de qual tipo de consumidor se trata, KOTLER (2000:681) traça o perfil do

usuário de internet: no aspecto geral, são jovens, com considerável poder aquisitivo, boa

escolaridade e predominantemente do sexo masculino, sendo que 45% dos usuários têm 40 anos

ou mais e usam a internet para investimentos e assuntos mais sérios. Em geral, dão mais valor à

informação e tendem a responder negativamente a mensagens dirigidas somente à venda. As

ferramentas de busca da internet permitem que os consumidores tornem-se mais bem informados

e perspicazes.

A pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e o Akatu comprova que as pessoas com maior

acessibilidade às informações são as que tem melhor visão sobre o assunto. Quando questionados

com qual freqüência haviam discutido sobre o comportamento ético ou social das empresas com

amigos ou membros da família, aqueles detentores de uma abastada fonte de informações, os

chamados "líderes" corresponderam a 34% das respostas que diziam que diversas vezes haviam

falado sobre o assunto. Constituem uma fatia de 13% da amostra de pessoas entrevistadas.

Enquanto isso, o grupo entitulado não participantes" foi responsável pelos 72% que disseram não

ter tocado no assunto uma única vez e equivalem 38% da amostra. Para outras questões como

"Você já viu um relatório na área social ou meio ambiente de alguma empresa?", a resposta "Sim,

eu li um desses relatórios" ficou concentrada em 16% para os líderes e 4% para os não

participantes. Logo, líderes com uma faixa de 85% e, 68% concernentes aos não participantes,

disseram que ao lerem os relatórios mudaram a opinião em relação às empresas para melhor

(Pesquisa Percepção do Consumidor Brasileiro 2004).

Ainda há o que se percorrer para que todos possam ter acesso a tais informações. Projetos

de inclusão digital, que visam promover a participação da classe menos favorecida à era digital,

ajudam nessa caminhada. A Telefônica através de sua Fundação Telefônica serve como modelo

no desenvolvimento de projetos sociais voltados à inclusão digital. É o caso de seu conjunto de

projetos "@incluído.com.br"72.

71 www.mcdonalds.com.br 72 www.incluido.com.br

89

Mesmo diante dessas dificuldades, os esforços devem ser continuamente realizados, pois

se o objetivo fundamental do marketing social é influenciar o comportamento, como afirmou

ANDREASEN (apud BRENKERT, 2002:77), as empresas precisam mesmo batalhar para que

primeiramente o estímulo necessário para a mudança chegue até o consumidor.

As empresas precisam, então, tomar ciência de que têm uma marca e que devem saber

administrá-la para poder usufruir de uma vasta riqueza.

Durante a elaboração deste estudo, viram-se marcas se transformarem em estrelas, ao

passo que outras despencavam. Foi o caso da Claro, marca lançada em agosto de 2003 e já

inserida no segundo degrau do ranking das maiores operadoras de telefonia celular, cuja imagem

é de simplicidade com eficiência, de empresa próxima que escuta as necessidades dos clientes73.

Disse David D’Alessandro (apud KLEIN, 2002: 373), presidente da seguradora John

Hancock Mutual Life Insure: “Pode levar cem anos para construir uma boa marca, e trinta dias

para derruba-la”. Um exemplo é a Parmalat - marca que havia ganhado muita simpatia pelos

consumidores por suas adoráveis campanhas publicitárias, citando aqui o sucesso da Campanha

dos Mamíferos -, que acabou jogando fora toda a sua credibilidade por fraudes que

contabilizavam 14,5 bilhões de euros nas contas internacionais da Parmalat em fevereiro de 2004

(M&M, n.1096).

Nesse caso, a Parmalat não poderia nem falar em responsabilidade social pois não estava

agindo de acordo com a postura ética adequada. Por outro lado, a empresa dizia procurar

construir relacionamentos sérios e duráveis com clientes, fornecedores, comunidades e

colaboradores, pois acreditava que elas são fundamentais para a evolução sustentável da empresa

e para o desenvolvimento de um futuro melhor para toda a sociedade (site Parmalat)74.

A responsabilidade social adotada pelas marcas pode ser considerado muito positivo pelas

pessoas que recebem a ajuda e participam do processo e ao mesmo tempo é positivo

financeiramente para os donos dos empreendimentos. Mesmo assim, questiona-se: estarão as

empresas agindo de boa vontade ou estão escondidas atrás de uma máscara de interesses?

A discussão se estende com a comunicação. Se a empresa faz realmente pensando no bem

da sociedade ela não deve se mostrar... Porém como saberá o consumidor o que anda fazendo a

empresa? Exibicionismo ou informação? Chega o momento de refletir sobre valores próprios

73 Gad´Design (www.gad.com.br) 74 www.parmalat.com.br

90

relacionados a moral e a ética. Fazer ou não fazer propaganda? Se sim, a ação de comunicação

pode ser vista como um desperdício de dinheiro, pois essa mesma quantia poderia ser aplicada

em outras atividades sociais que beneficiassem mais pessoas. Por outro lado, como os

consumidores e toda a sociedade saberão o que fazem as empresas responsáveis socialmente,

sendo que a transparência nos seus negócios é requisito deste sistema?

As informações parecem ficar restritas e somente uma parcela é atingida por elas: aquela

massa menor, das classes sociais mais altas. Jamais um homem faminto que mora na rua iria se

preocupar em folhear um balanço social de alguma empresa, a qual nem cliente é. A tarefa de

cobrar as empresas em relação a atitudes que levem a uma mudança social é deles, da "elite".

A "responsabilidade social" é assunto de pessoas com maior grau de instrução, como foi

verificado na pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e Instituto Akatu. Talvez seja a explicação

para o desenvolvimento que tem o conceito nos países mais desenvolvidos.

A semente está sendo plantada no Brasil provavelmente por influência desses países.

Inclusive, as 4 empresas que foram escolhidas para análise de suas ações bem como sua

propaganda são multinacionais e possuem um considerável investimento na área.

O governo brasileiro une-se com as corporações do seu território e, atitudes de amplitude

social como o Fome Zero são criadas. A Ford foi uma das empresas que se afiliou ao programa.

Se considerados os conceitos transmitidos por SCHIFFMAN e KANUK (vide p. 38), a ação que

a Ford entitula social é realmente social. Porém quem exerce o ato responsavelmente social é o

cliente. Só seriam doados 200kg de alimentos com a condição da compra de um caminhão. A

empresa garante que ela será a responsável pela doação, mas é clara a transferência de sua

responsabilidade para o consumidor (ver anúncio na página 85).

A Volkswagen também foi responsável por uma ação de doação de alimentos, porém há

uma considerável diferença entre as mecânicas, que já começa na inversão dos papéis: é o

consumidor é o responsável pelas doações junto com a empresa. Além de exercer um ato de

cidadania que pode fazer com que se sinta realizado pessoalmente, ele recebe da Volkswagen um

benefício para si mesmo e para sua família ao receber uma revisão gratuita em seu veículo. E ao

final, a empresa dobra a quantidade de alimentos doados pelo consumidor (ver anúncio na página

81).

Afirmar que a propaganda das ações sociais não deve ser feita por elas não serem

mercadorias para vender ou por ser sinal de arrogância, podem deixar as empresas um pouco

91

tímidas para a comunicação. Por isso, na maioria das vezes só são veiculados anúncios

comerciais cujo objetivo é somente gerar vendas.

Percebe-se que dentre os anúncios que se procurava para o estudo, somente o da

DaimlerChrysler (ver páginas 89 a 91) usou como "garoto-propaganda" o seu projeto social. Por

outro lado, este não foi encontrado em revistas de grande circulação como os da Ford e da

Volkswagen, mas sim em seu site.

Os anúncios da Ford e da Volkswagen aqui relacionados, apesar de ter um certo caráter

social, tem predominância comercial. Parece mesmo que propaganda com conteúdo informativo

concernente à responsabilidade social dessas empresas é muito raro. E é esse tipo de propaganda

que poderia agregar mais valor às suas marcas. Enquanto isso, a Ford divulga os prêmios que

conquistou com o objetivo de manter uma boa imagem para a sua marca. No caso da GM, não

foi encontrado uma única peça em meios de comunicação massivos, que não fosse a página na

internet.

Para ter-se uma base e complemento para a conclusão da pesquisa, Isadora Leone75,

assessora de comunicação da Fundação Volkswagen concedeu uma entrevista. Ela afirmou que

não há verba para divulgar as ações da empresa. Afinal o investimento na área é mínimo:

corresponde a um por cento do faturamento que, segundo a assessora, existe a pretensão de

aumento.

Leone diz que os consumidores ainda não pensam tanto em responsabilidade social, mas

ao mesmo tempo o conceito tem grande peso de alguma forma. Quando questionada a dar seu

ponto de vista pela conquista do Top of Mind 2004 como sendo a marca mais lembrada na

categoria carro, ela diz:

"Isso não se deve apenas à propaganda em si, mas sim à imagem que a marca tem:

a imagem de grande mãe que emprega muita gente, que não deixa de ser um fato de

responsabilidade social. Mas ainda o consumidor não chega a pensar exatamente

em responsabilidade social. O fator que mais conta é preço."

Embora o número de empresas atuantes na área social apresentado pela pesquisa do Ipea

seja considerável (462 das 782 empresas no Brasil), não há como dizer que todas possuem

consciência do que signifique "responsabilidade social", já que grande parte dessas empresas tem

como foco a assistência social, que entra em desencontro ao crescimento e desenvolvimento

75 Contato pessoal em 20/01/2005.

92

sustentável do país. Assim, os conceitos estão sendo aos poucos assimilados em paralelo ao

desenvolvimento de ações em números crescentes, beneficiando cada vez mais pessoas. Ainda

não existe o modelo de empresa totalmente responsável socialmente em todas as fases de seu

processo. Algumas podem manter projetos sociais excelentes com sua comunidade local, porém

não organizam seus números num balanço social. Talvez não aconteça nem pelo fato de

negligenciar informações, mas sim pelo fato da falta de instrução para fazê-lo. E quanto ao

investimento social, deve-se ter um planejamento. Assim faz-se necessário um departamento na

empresa que cuide disso, mas por enquanto improvisa-se...

Os casos das empresas da região do ABC que foram mostrados, são exemplos nítidos da

colaboração empresarial. Embora a população das cidades do ABC sofram impactos como a

ausência de áreas verdes, elas estão sendo recompensadas de alguma forma.

Há muito que se pensar, aprender e fazer (...).

Atenta-se para a concepção de Isadora Leone, referindo-se às perspectivas da

responsabilidade social em face aos problemas sociais, ambientais e econômicos do Brasil:

"Boas intenções todo mundo tem, mas com qualidade não. Deve haver uma sinergia

entre as empresas para alcançar um único fim. E não entrar numa disputa de ações

sociais para derrubar o concorrente. Não adianta fazer como a empresa X76, que

construiu uma escola linda e colorida de reforço para as crianças irem no período

da tarde. Reforçar o que? Se não aprenderam nada de manhã? É preciso

potencializar o que já existe. Só assim haverá crescimento."

Ao final desse estudo, nasce uma nova proposta para sua continuidade. Como houve

restrições relacionadas à metodologia da pesquisa, abre-se portas para que o próximo pesquisador

venha a sair a campo, visitando empresas (o que cobra uma postura ainda mais séria e a

possibilidade de descoberta de informações que não constam em nenhum meio bibliográfico) e

questionando não a si mesmo mas também a massa de consumidores através de entrevistas feitas

pessoalmente ou por e-mail e, até mesmo as pessoas que fazem parte do público beneficiado. Só

assim seria possível verificar se o que é relatado em discurso coincide com a prática.

Espera-se que o presente estudo venha a ser lido por empresários e consumidores para que

a partir daí, inicie-se uma reflexão voltada ao almejado crescimento e que novas fontes de

informações relacionadas ao tema sejam abertas para o maior número de pessoas.

76 O nome "Empresa X" foi usado para preservar a identidade da empresa citada por Leone.

93

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ANEXOS 1. E-mail da Fundação GM From: [email protected] To: [email protected] Subject: Re: [Fale Conosco] Instituto GM Date: Tue, 18 Jan 2005 10:06:37 -0300 Prezada Patricia Prêmios conquistados: Top Social em 2001 e Destaque do ano em 1999. Atenciosamente relações Públicas 2. E-mail das Tintas Coral From: [email protected] To: [email protected] CC: <[email protected]> Subject: Ações Sociais Date: Fri, 17 Dec 2004 14:39:46 -0300 Cara Patrícia, A Tintas Coral possui um programa chamado: Coral Cidadania, que engloba os seguintes tipos de projetos: 1) Projetos sociais, nos quais contemplamos atender, com tinta, entidades sem fins lucrativos; 2) Projetos ambientais, mais especificamente um projeto de educação ambiental já em andamento na empresa. Agradecemos seu interesse, Natalia Cabrelon Depto.Comunicação Tintas Coral