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Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett
Contextualização histórico-literária • SéculoXVIII -aburguesamentodapoesia,aqual,dirigindo-seaumpúblicomais lato,temde
criarcondiçõesdeadaptaçãoaessepúblicodeculturainferior,sempreparaçãoliterária.
• O Roman&smo português está diretamente ligado às guerras liberais, porque os escritoresromânCcos,sobretudoGarreEeHerculano,foramsoldadosliberais.
• As suasobras refletemaânsiade liberdade,a recusa totaldaCraniaea condenaçãodacorrupçãodosliberaisquesetornammaterialistas.
• Costuma datar-se o início do Roman&smo em 1825 com a publicação do poema Camões deGarreE.Todavia,estaobranãotevesequênciaimediataeémaiscorretodatá-lode1836,anodapublicaçãodeAvozdoprofetadeAlexandreHerculano.
• Em oposição ao Iluminismo surge em Portugal, em inícios do século XIX, o RomanCsmo,corrente literáriadeorigens anglo-saxónicasque sobrepõeà razãoo coração, valorizando,destemodo,osen&mentoeaexpressãodoeu.
• Marcadamente influenciado pelo contexto histórico-polí&co da época, através das guerras
liberaiseascensãodaburguesia,oRomanCsmofazavalorizaçãodoindivíduoedatransmissãodo seu sen&r e pensar, centrando tudo o que o rodeia nos seus estados de alma, cheios decontradições causadas pelo amor, que é dirigido a uma mulher, que se pode revelarsimultaneamenteanjo,poiséserenaepura,edemónio, surgindocomobela, fataleque levaohomemàperdição.
• Afelicidadeesofrimentocausadospeloamortraduzem-senadescriçãodanaturezade locushorrendusquepovoaaliteraturadestaépoca,namedidaemqueoar&staprojetananaturezaos seus estados de alma, revelando-se esta como infeliz e soturna sempre que ele se sentedesiludidocomavida.
• Pretendemreaverasorigensdopaís, interessando-seportudooqueénacionalepopular,sobretudo os costumes e manifestações culturais da Idade Média, a fim de elevar o paísrecorrendoaoquelheépróprio.
• Livre expressão do mundo interior do indivíduo, das preocupações e senCmentos quedominamasuavidaequeofazemsofrerpela impossibilidadedeaCngiroabsoluto,moCvospelosquaiseleuClizatodasasformasdearteparaoexpressar.
• OescritorromânCco,dadasasinfluênciashistórico-políCcasquepossui,anseiapelaliberdadeindividual e cole&va, o que o leva a insurgir-se contra os opressores. Esta luta deriva,frequentemente, na solidão, sofrimento, melancolia, pessimismo e frustração de nãoconseguira&ngiroinfinito,quetantoalmeja,masqueéimpossíveldealcançar,provocando-lhea insa&sfaçãoeosen&mentodeincompreensãoporpartedasociedade,queooprimeecomaqualestáempermanenteconflito,oqueoconduzàobsessãopelamorte. Tendoemconta este estado de espírito, o homem é profundamente religioso, acreditando que ocris&anismopossibilitaasuaredençãoesalvação.
Classificação da obra
Frei Luís de Sousa
Tragédia (“pela índole”)
Drama (“na forma”)
. Ação simples, com proximidade à unidade de ação (“as situações são poucas”, ll. 37-38).
. Poucas personagens e de estatuto elevado (ll. 38-40).
. Recurso escasso a cenas melodramáticas (ll. 40-45).
. Escrita em prosa (uma “composição em prosa”, l. 20)
Citaçõesda“MemóriaaoConservatórioReal”
Frei Luís de Sousa - Características próximas da tragédia
. Personagens em número reduzido;
. Personagens nobres (social e moralmente);
. Ação sintética, confluindo para o desenlace trágico;
. Concentração temporal (aproximação à unidade de tempo);
. Concentração espacial (aproximação à unidade de espaço);
. Vislumbre do coro da tragédia clássica em Telmo e Frei Jorge
(por vezes anunciam e comentam a ação);
. Presença de indícios trágicos, como a leitura do episódio de Inês
de Castro, d’Os Lusíadas, por D. Madalena.
Frei Luís de Sousa - Características próximas do drama
. Utilização da prosa;
. Organização em três atos;
. Assunto de carácter histórico e nacional;
. Ausência do coro (embora as personagens Telmo e Frei Jorge
comentem, por vezes, a ação);
. Incumprimento estrito da lei das três unidades (não existe
homogeneidade de ação, de tempo e de espaço);
. Presença da religião cristã, de agouros e superstições populares
(manifestações da cultura portuguesa);
. Exaltação de valores patrióticos e da ideia de liberdade,
sobretudo por Manuel de Sousa Coutinho;
. Morte de Maria em palco.
Estrutura externa e interna da obra
A dimensão trágica do tempo
AtoI-nodia28deJulhode1599(oitodiasantesdosegundoato,cujaaçãosepassanodiaemquefazanosquedesapareceuD.SebasCão):
Aofimdatarde:«Énofimdatarde.»(didascáliasnoiníciodoato);«-Masparaondeiremosnós,derepente,aestashoras?»(Madalena)CenaVI;
Tempo da diegese
AtoII-nodia4deAgostode1599:«[...]fazhojeanosque...caseiaprimeiravez,fazanosqueseperdeuel-reiD.SebasCão,efazanostambémque...vipelaprimeiravezaManueldeSousa.»(Madalena)CenaX;
oitodiasdepoisdoAtoI:«[...]Háoitodiasqueaquiestamosnestacasa[...].(Maria)CenaI;duranteodia:«[...]Aindabemqueviestes;masdedia!...»(Maria)Cena11;numasexta-feira:«-Sexta-feira!...Aiqueésexta-feira!»(Madalena)CenaV.
AtoIII-namadrugadade5deAgostode1599:«Éaltanoite.»(didascálianoiníciodoato);«[...]Sãocincohoras,peloalvordamanhãquejádánosvidrosdaigreja.»(Jorge);«[...]aluzdessediaquevemanascer.»(Manuel)CenaI.
Osantecedentesdaaçãosituamadiegesenoanode1599:-antesde1578-casamentodeMadalenacomD.JoãodePortugal;-4deAgostode1578-BatalhadeAlcácerQuibir;desaparecimentodeD.SebasCãoedeD.JoãodePortugal;-de1578a1585(7anos)-tentaCvasfrustradasparaencontrarD.JoãodePortugal:«[...)duranteseteanos,incrédulaatantasprovasetestemunhosdasuamorte,ofizprocurarporessascostasdeBerberia...»(Madalena)AtoI,Cena11;-de1585a1599(14anos):1585-CasamentodeMadalenacomManueldeSousaCouCnho:«[...]euresolvi-meporfimacasarcomManueldeSousa[...)vivemos[...)seguros,empazefelizes...hácatorzeanos.[...]»(Madalena)AtoI,CenaII;1586-NascimentodeMaria:«[...)Temtrezeanosfeitos,équaseumasenhora,estáumasenhora...»(Madalena)AtoI,Cena11;de1598a1599-D.JoãodePortugalélibertadodocaCveiro,ondeviveu20anos:«[...]moreilá[emJerusalém]vinteanoscumpridos.»;«Hátrêsdiasquenãodurmonemdescansonempouseiestacabeçanempararamestespésdianemnoite,parachegaraquihoje,paravosdarmeurecado...»;«[...)fazhojeumano...quandomelibertaram[...)»(Romeiro)AtoII,CenaXI;1599-anoemquedecorreaação,ouseja,21anosdepoisdosacontecimentosdescritos:«[...)aqueseapegouessavossacredulidadedesete...ehojemaiscatorze...vinteeumanos?»(Madalena)AtoI,CenaII.
•Trata-sedeumtemposubjeCvo,diretamenterelacionadocomasemoções,a
problemáCcaexistencialdaspersonagens,ouseja,aformacomoestassentem
apassagemdotempo,vivendomomentosfelizeselouinfelizes.EmFreiLuísdeSousa• A ação desenrola-se rapidamente, havendo um crescendo dramáCco
acelerado,noqualosmedoseansiedadesdaspersonagenssetornamcadavez
mais evidentes, aumentando o seu sofrimento e a sua angúsCa face a uma
tragédiaiminenteeincontornável.
Tempo psicológico
Referências/alusõesaolongodaobra:• àBatalhadeAlcácerQuibir:«O.Joãoficounaquelabatalhacomseupai,comaflordanossa
gente.»(Madalena)AtoI,CenaII;• Reforma,meadosdoséc.XVI«...ohomeméherege,destaseitanovadaAlemanhaoude
Inglaterra.»(Telmo)AtoI,CenaII;• FilipeIIdeEspanha,eaclamadoem1580,IdePortugal«...osgovernadoresdePortugalporD.
FilipedeCastela,queDeusguarde...»(FreiJorge)AtoI,CenaV,assimcomoaprimeiradidascáliadoatoIsituaaaçãonosfinaisdoséc.XVI,iníciodoséc.XVII;
• àexistênciadepeste,emLisboa:«[...]masemLisboaaindahápeste,aindanãoestãolimpososares...»(Madalena)AtoI,CenaII;
• aomitosebas&anista:«[...]odailhaencobertaondeestáEI-reiO.SebasCão,quenãomorreuequehá-devir,umdiadenévoamuitocerrada...»(Maria)AtoI,CenaIII;
• àopressãoeàsdesavençasvividasemPortugal,apósaperdadaindependência:«[...]tomaramesteencargoodioso...evil,deoprimirosseusnaturaisemnomedumreiestrangeiro!...Oh,quegente,quefidalgosportugueses!Hei-de-Ihesdarumalição[...].»(Manuel)AtoI,CenaVII;
• aBernardimRibeiro:«Meninaemoçamelevaramdecasademeupai[...].(Maria)AtoII,Cena1-eaCamões:«-Oh!omeuLuís,coitado!Bemlhopagaram.[...]LáfoiLuísdeCamõesnumlençolparaSant'Ana.[...]»(Telmo)AtoII,CenaI.
Tempo histórico - épocaouperíododaHistóriaemquesedesenrolaaação
• Sexta-feiraeasuacargasemânCcanegaCva:diaconsideradoaziagoefatalparaD.Madalena:«AiqueéSexta-feira»(II,5)e«Éumdiafatalparamim.»(II,10)
• Coincidênciaounão,todososacontecimentosmarcantesdavidadeD.MadalenaocorreramàSexta-feira:primeirocasamento,primeiroencontrocomManueldeSousaCouCnho,BatalhadeAlcácerQuibir,desaparecimentoeregressodeD.João.
• Ambientecrepusculare/ounoturno,caracterisCcamenteromânCco:• «Énofimdatarde...»-didascáliainicialdoIacto• «Énoitefechada...»-didascáliaIacto,cena7• «Éaltanoite...»-didascáliainicialdoIIIacto.
ÄApreferênciapelosambientesnoturnos,caracterísCcaromânCca,podesimbolizaramortequeseabaterásobreafamília,mastambémsublinhaumcertoaspectotransgressorqueenvolvetodaahistóriadaquelenúcleofamiliar.
• Apermanênciadonúmero7:• 7anosdeprocuradeD.João;• 14anosdecasamentocomManueldeSousaCouCnho(7+7)• 21anosdesdeodesaparecimentodeD.João(7+7+7)
Ä7éosímbolodeumatotalidade:7foramosdiasdacriaçãodomundo,7sãoospecadosmortaiseasvirtudesqueselheopõem,7sãoosdiasdasemana,7sãoascoresdoarco-íris...
Simbolismodealgumasreferênciastemporais
AtoI–PaláciodeManueldeSousaCouCnho,emAlmada:Luxoeelegânciadaépoca;Porcelanas,charões,sedas,flores,etc;DuasgrandesjanelasdeondeseavistaoTejoeLisboa;RetratodeManueldeSousaCou&nhovesCdocomohábitodaOrdemdeS.JoãodeJerusalém;Comunicaçãocomoexterioreointeriordopalácio.ÄEsteespaçosimbolizaapazeaaparenteharmoniaquedominamafamília.Noentantooincêndio(finaldoIato)eadestruiçãodoretratodeManueldeSousaCouCnhosãojáumprenúnciodacatástrofefinal.
AtoII-PaláciodeD.JoãodePortugal:Salãoan&godegostomelancólicoepesado;retratosdefamíliae,emdestaque,osdeD.Sebas&ão,D.JoãodePortugaledeCamões;reposteirosqueimpedemavistaparaoexterioreaentradadeluz;comunicacomacapeladaS.ªdaPiedade.ÄEstesalãoestáimbuídodeumafortecargasimbólica,nãosópelaquaseausênciadeluzpressagiadoradacatástrofefinal,mastambémpelosretratosque,paraalémdoaspectonacionalistaquetransmitem(D.SebasCãoeCamões),evocamumpassadoameaçadorqueinviabilizaopresentee,tambémofuturo.
AtoIII-PartebaixadopaláciodeD.JoãodePortugal:Lugarvastoesemornatoalgum;comunicacomacapeladaS.ªdaPiedade;decoradocomsímbolosdemorte(esquife)ededor(cruz,ornamentoscaracterísCcosdaSemanaSanta);existênciadeumhábitoreligioso.Äosespaçosforam-seprogressivamenteobscurecendoeafunilando,tornando-seseverosedespojados.EsteúlCmolocalébemosímbolodamorte,edaimpossibilidadedeasuperar,jáqueéaúnicasaídaparaumafamíliacatólicaqueassumeassuasconvicçõesreligiosasesociaisdeformaclaraerígida,éarenúnciaaomundoeàluz.Äoespaçoassumedesdeoinícioumcarácterpressagiadordodesenlacefinal,contribuindotambémparaaintensificaçãoprogressivadatensãodramá&ca.
A dimensão trágica do espaço físico
Espaço aludido, social e psicológico
Acontecimentomo&vador:desaparecimentodeD.SebasCãonabatalhadeAlcácerQuibir.
Emsen&dorestrito:CrençanoregressodeD.SebasCão,paragaranCrarestauraçãodanacionalidade,depoisdodomíniofilipino.
SebasCanismo
Influências:TrovasdoBandarra,mitospeninsularesdoEncubiertoetextosdoprofeCsmojudaicoeuropeu.
Reflexosnaliteratura:FreiLuísdeSousadeAlmeidaGarreE,poesiadeAntónioNobre,MiguelTorga,ManuelAlegre,FernandoPessoa...
Emsen&dolato:Crençanavindadealgumafigurasalvadora.
O Sebastianismo
D. João de Portugal e o Sebastianismo
• OmitoSebasCanistaassumeumaconotaçãonegaCvacorporizadanapersonagemdeRomeiro:
• simbolizaoanC-heróieoelementodestruCvoque,sópelasuapresença,aniquilaaharmonia
de D. Madalena e de Manuel de Sousa e conduz à morte de Maria, que «de vergonha»
sucumbe,talcomoPortugal,peranteaverdadecruelquesignificaaperdadaidenCdade,ao
tersidogovernado,porlongosanos,porFilipedeCastela.
OSebas&anismoeFreiLuísdeSousa
• Simbologiadaresposta«Ninguém»:
• D. João é “Ninguém” - ao regressar percebe que já não possui um lugar, efeCvo, na
sociedade,nãotemfamília,nãotemhonra,nãotemnome;
• Mariaé“Ninguém”–frutodeumarelaçãoadúltera;
• Portugalé“Ninguém”-paíssubjugadopelodomíniofilipino.
• D. João - condição de anCmito – a sua presença não preconiza a salvação da nação, mas a
destruição da hegemonia simbolizada pela união entre D. Madalena e Manuel de Sousa e o
aniquilardevaloresincuCdosemMaria.
.
• o patrioCsmo fossilizado, tendo como sustentáculo o hipotéCco regresso de D.
SebasCão,impediaaregeneraçãodopaíspelaação.Osaudosismoqueredundavaem
passividade permiCa que se acalentassem valores nacionais que originavam apaCa,
peloconservadorismo.
• comasituaçãodeMariaeasuamorte«devergonha»sãoasverdadesconvencionais
que sãoquesConadas, àmaneirado românCco,que se rebela contrauma sociedade
cujaalmaseperderanotempo.
Atravésdomitosebas&anista,Garrehprocuraevidenciar:
• a necessidade de umamudança ao nível dasmentalidades (preocupação coerente
comosseusideaisliberais)edoabandonodeumacrençainúClnummitoqueestava
acontribuirparaaestagnaçãodePortugal.
. Nobre
. Romântica
. Emotiva
. Íntegra
. Reta
. Vulnerável
. Frágil
. Supersticiosa
Recorte das personagens principais
D. Madalena
D. Madalena
. Nobre (cavaleiro de Malta)
. Bondoso
. Altruísta
. Patriota
. Racional
. Honrado
. Vulnerável
. Intransigente
Manuel de Sousa Coutinho
Manuel de Sousa Coutinho
. Nobre
. Frágil
. Sentimental
. Emotiva
. Patriota
. Supersticiosa
. Astuta
. Carinhosa
Recorte das personagens principais
Maria
OutrasExpressões,11.ºano
Maria
. Nobre
. Íntegro
. Honrado
. Patriota
. Rígido
. Desencantado
Recorte das personagens principais
Romeiro / D. João de Portugal
Romeiro / D. João de Portugal
. Nobre de carácter
. Confiável
. Honrado
. Humilde
. Sensível
. Atormentado (com e após o regresso de D. João)
Recorte das personagens principais
Telmo Pais
Telmo Pais
Relações entre personagens
D.MadalenaD.João ManueldeSousa
Maria
Telmo
FreiJorge
primeirocasamento segundocasamento
Frutodosegundocasamento
PaideD.João
Fielescudeiro
Amigoeprotetor
SegueMadalena Irmão
Amigo
è LeituraqueD.Madalena realizadoepisódiode InêsdeCastro (Os Lusíadas),quemoCvaa suareflexão(atoI),oquealiaoseudesCnoaofinaltrágicodafigurahistórica.èOspressenCmentosdeD.MadalenadequeumacontecimentofunestoaCngiráasuafamília,oquenãoadeixaviveroseuamorporManueldeSousaCouCnhodeumaformatranquila,moCvandoasuainsegurança,asuaangúsCaeimpedindoasuafelicidade.èOsagourosdeTelmo,quenãocrênamortedeD.JoãodePortugal,colocandoahipótesedoseuregresso,equeafirmaqueuma situaçãoocorreráquedeixaria claroquemnutriamaioramorporMarianaquelacasa.èOfactodeManueldeSousaCouCnho,antesdepegarfogoaoprópriopalácio,porconsiderararesoluçãodosgovernadoresespanhóisumaafronta,evocaramortedeseupai,quecaíra«sobreasuaprópriaespada»,indicandoodesCnofunestodasuafamília;poroutrolado,oseuatoirámoCvaraaproximaçãodafamíliadeumespaçoquepertenceraaD.JoãodePortugalequeaeleestáligadometonimicamente.èLeituraqueMariafazdoiníciodaobradeBernardimRibeiroMeninaeMoça,«Meninaemoçamelevaramdacasademeupai»,queindiciaasuaseparaçãodafamília.
Indícios Trágicos
èOsebasCanismodeMariaindicaahipótesederegressodeD.JoãodePortugalque,talcomoD.SebasCão;desapareceranaBatalhadeAlcácerQuibir.èAsvisõesdeMaria(moCvadaspeloseutemperamentoromânCco,pela imaginaçãoeaguçadaspela tuberculose), dado o seu carácter negaCvo e o facto de a impedirem de dormir, remetem,igualmente,paraaocorrênciadeumacontecimentofunesto;àsvisõesdapersonagem,acrescenta-seasuaintuiçãoeasuacompreensãoprecocedascoisas).èAvisitaqueMariaeManueldeSousaCouCnhofazemaSororJoanaqueforacasadacomD.Luísde Portugal – o casal decidira, em determinado momento da sua vida, abandonar o mundo erecolher-senumconvento.èAdecoraçãodosespaçosysicossofrealterações–noatoI,encontramosumambientealegreeabertoaosol,queserásubsCtuídonoIIeIIIatosporumadecoraçãomelancólicaesoturna.èOselementossimbólicosaoníveldoespaçoysico,comrelevânciaparaosretratosdeManueldeSousa CouCnho e de D. João de Portugal – a subsCtuição do primeiro pelo segundo, aliada àsubsCtuiçãodeespaço,éumsinalqueaprópriaD.Madalenainterpretacomofatal;afamíliamuda-se para o palácio de D. João de Portugal, que anuncia a presença do primeiro marido de D.Madalena,apagando,simbolicamente,apresençadosegundo(cujoretratoéconsumidopelofogo,apesardastentaCvasdesesperadasdeD.Madalenaparaosalvar).èOfactodeaaçãodecorreraoiníciodanoiteoudenoite.