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www.Farmina.com Edição n.5 - abril 2019 DOENÇA RENAL CRÔNICA EM GATOS Archivaldo Reche Júnior Yumi Hirai Informativo Científico editado por Farmina Vet Research

Archivaldo Reche Júnior Yumi Hirai - Amazon Web Services · EM GATOS? A doença renal crônica (DRC) é uma afecção bastante frequente na clínica de pequenos animais, principalmente

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n.5

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2019

DOENÇA RENAL CRÔNICA EM GATOS

Archivaldo Reche JúniorYumi Hirai

Informativo Científico editado por Farmina Vet Research

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A FARMINASomos uma empresa de origem italiana e por isso o cuidado e o carinho com a família, com os animais e com os alimentos estão em nossa essência. Acreditamos que a nutrição é a chave para garantir a qualidade de vida dos pets e por isso desenvolvemos os melhores alimentos para cães e gatos. Pets saudáveis e felizes trazem tranquilidade e alegria às famílias. Também temos o cuidado de respeitar a origem e os instintos de cada animal e por isso nossos produtos são desenvolvidos com base na combinação entre natureza e ciência. Valorizamos as características natas de cães e gatos, procurando entender os hábitos, comportamentos e necessidades desses animais. Investimos forte em pesquisa e inovação, desenvolvemos estudos na área de nutrição e acompanhamos de perto as descobertas mais recentes na área. O resultado é uma série de produtos que não só alimentam, mas também atuam na prevenção e na manutenção da boa saúde dos pets.

FARMINA VET RESEARCH

O Grupo Farmina Vet Research é formado por médicos veterinários e zootecnistas, de diferentes nacionalidades e especialidades, que tem como objetivo a busca contínua de soluções nutricionais para cães e gatos.

Isso se dá através de uma estreita colaboração com o Departamento de Ciências Zootécnicas e Inspeção de Alimentos da Faculdade de Medicina Veterinária de Nápoles (Itália) - “Università degli Studi di Napoli Federico II”, sob a coordenação da Prof. Dr.a Monica Isabella Cutrignelli.

O intercâmbio com profissionais da área se faz também de maneira frequente, levando conhecimento e diferentes experiências para médicos veterinários de todo o mundo. Farmina Vet Research faz parte de uma área científica da empresa que integra-se aos demais departamentos propondo e viabilizando inovações nutricionais na forma de novos produtos, sempre com o desafio de oferecer saúde e bem estar aos nossos mais fiéis companheiros.

Archivaldo Reche Junior• Graduado em Medicina Veterinária pela FMVZ - USP em 1987;• Residente de Clínica Médica no HOVET - USP de 1988 a 1990;• Médico Veterinário do HOVET - USP de 1990 a 1992;• Mestre em Clínica Veterinária pela FMVZ - USP em 1993;• Pesquisador na Universidade de Ohio - EUA de 1995 a 1997;• Doutor em Clínica Veterinária pela FMVZ - USP em 1998;• Professor doutor no Departamento de Clínica Médica da FMVZ - USP;• Autor de capítulos de livros em medicina interna felina;• Proferiu mais de 700 palestras no Brasil e no exterior;• Linhas de pesquisa: infecção pelo vírus da imunodeficiência em felinos

(FIV) e doenças do trato urinário inferior dos felinos;• Atendimento exclusivo a felinos na Clínica de especialidades

veterinárias - VETmasters – São Paulo.

Yumi Hirai• Formada pela FMVZ-USP em 2017;• Atualmente cumpre o programa de residência no HOVET-USP.

PROFISSIONAIS CONVIDADOS

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DOENÇA RENAL CRÔNICA EM GATOS

Archivaldo Reche JúniorYumi Hirai

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POR QUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM AS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS EM GATOS?

A doença renal crônica (DRC) é uma afecção bastante

frequente na clínica de pequenos animais, principalmente

em gatos. Enquanto que a prevalência estimada de DRC

é de 0,5 a 7% em cães, a mesma é de 1,6 a 60% na espécie

felina (Lund et al., 1999; Watson, 2001; Ross et al., 2006).

DEFINIÇÃO E ETIOPATOGENIA

A doença renal é definida pela presença de anormalidades

estruturais e/ou funcionais em um ou ambos os rins. Já a

doença renal crônica é caracterizada pela persistência de

doença renal por mais de 3 meses (Polzin, 2007).

A DRC pode ter origem familiar ou ser adquirida;

porém, na maioria das vezes, não é possível identificar o

que desencadeou a lesão renal. Uma vez que os néfrons

apresentam interdependência funcional, uma lesão

inicial em determinado néfron acaba por comprometer

posteriormente as demais estruturas renais, estabelecendo

o caráter autoperpetuante e progressivo da DRC. A perda

gradativa de néfrons culmina em fibrose do rim - quando

isso ocorre, utiliza-se o termo “insuficiência renal”.

A forma histopatológica mais comum de DRC em

gatos é a nefrite intersticial, presente em 71% dos

casos. Todavia, outros tipos de lesões histopatológicas

também podem ser encontrados, como, por exemplo, a

glomerulonefrite (15%), o linfoma (11%) e a amiloidose

(2%) (Polzin et al., 2000).

FATORES QUE PODEM DESENCADEAR, PERPETUAR E AGRAVAR A DRC

Embora geralmente a causa da lesão renal inicial

seja desconhecida, é fundamental que o médico

veterinário conheça os fatores que podem desencadear,

perpetuar e agravar a DRC. Dentre eles, destacam-

se a hiperfosfatemia, a hipopotassemia, a hipertensão

sistêmica, a proteinúria e a hipóxia.

• Hiperfosfatemia:

A hiperfosfatemia predispõe à mineralização,

inflamação e fibrose renal. Elevados níveis de fósforo

sérico levam à calcificação vascular, o que por sua vez

resulta na alteração funcional das células endoteliais.

Com isso, ocorre hipoxia do rim, inflamação e fibrose

(Chakrabarti, 2013). Pesquisas recentes têm destacado

o possível uso da concentração plasmática de FGF-

23 (fator de crescimento de fibroblasto-23) como

indicador de prognóstico de gatos com DRC. O FGF-

23 é secretado por osteócitos e osteoblastos em resposta

a hiperfosfatemia e ao aumento das concentrações de

calcitriol. A concentração de FGF-23 parece ser um

indicador independente dos níveis de creatinina e de

fósforo séricos, e está negativamente associada ao tempo

de sobrevivência de gatos com DRC, aumentando com

a progressão da doença renal (Geddes, 2015).

• Hipopotassemia:

Estudos mostram que dietas contendo acidificantes e

pobres em potássio podem reduzir a taxa de filtração

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6glomerular em 20% e causar DRC em gatos (DiBartola,

1993). Destaque-se ainda que a hipopotassemia é um

importante agravante da DRC. Cerca de 20 a 30% dos

gatos doentes renais apresentam níveis reduzidos de

potássio sérico (Elliot; Barber, 1998). A hipopotassemia

nos gatos com DRC é o resultado de uma combinação

de fatores, como, aumento da excreção de potássio

secundária a poliúria, diminuição de sua reabsorção

tubular, hiporexia ou anorexia e da ativação do

sistema renina-angiotensina. As manifestações

clínicas associadas a hipopotassemia nos gatos são:

letargia, inapetência, constipação e fraqueza muscular

com possível ventroflexão de pescoço. Embora a

hipopotassemia comprometa a qualidade de vida do gato

com DRC, a diminuição do potássio sérico não parece

afetar a progressão da DRC (Chakrabarti et al. 2012). O

objetivo é tentar manter o nível de potássio sérico desses

gatos entre 4-5mmol/L (Sparkes et al., 2016).

• Hipertensão Sistêmica:

Em humanos, a hipertensão arterial sistêmica está

relacionada ao desenvolvimento e progressão da DRC.

Em gatos, o papel da hipertensão na progressão da

doença renal ainda não está totalmente esclarecido;

todavia, de 20 a 65% dos felinos nos Estágios 3 - 4 de DRC

apresentam hipertensão sistêmica (Jepson, 2011). A

hipertensão pode ser tanto causa quanto consequência da

DRC, sendo que gatos hipertensos apresentam alterações

histológicas renais mais significativas (Quimby, 2016).

Os principais fatores relacionados a hipertensão no

paciente felino com DRC são: diminuição da excreção

de sódio, a ativação do sistema renina-angiotensina,

aumento do tônus simpático e a disfunção (Jepson,

2011). A pressão arterial (PA) sistêmica deve ser aferida

regularmente em todos os gatos com DRC, isso ajudaria

a prevenir lesões em órgãos-alvo, como rins e olhos.

Valores de PA inferiores a 150mmHg são considerados

de baixo risco para lesão em órgãos-alvo, ao passo que

valores superiores a 180mmHg impõe alto risco de lesão

nesses órgãos (Tabela 3)(Brown et al., 2007).

• Proteinúria:

Em humanos, a proteinúria promove um declínio rápido

da taxa de filtração glomerular e, consequentemente, a

progressão para estágio final da DRC. A proteinúria em

gatos com DRC, por sua vez, é pouco comum; quando

a mesma aparece, está associada a uma diminuição da

expectativa de vida. A terapia com inibidores da ECA

diminui a proteinúria e, consequentemente, aumenta a

expectativa de vida do paciente com DRC, no entanto,

em gatos, a utilização do inibidor da ECA (benazepril) é

capaz de reduzir a proteinúria mas isso não parece exercer

nenhuma influência na expectativa de vida desses gatos

(King et al., 2006).

• Hipóxia:

A inflamação e a fibrose renal promovem hipóxia tecidual,

resultando na geração de radicais livres. Tais radicais

livres causam mais danos celulares. Faria sentido, então,

o uso de antioxidantes, substâncias que doam elétrons

para os radicais livres na prevenção da progressão da

doença renal. De fato, estudos sugerem que a utilização

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7de antioxidantes específicos (Vitamina E, luteína e

carotenoides) na dieta de cães e gatos poderia prevenir

ou retardar a progressão da DRC (Brown, 2008). Além

disso, um estudo retrospectivo de gatos com DRC e que

foram alimentados com diferentes dietas terapêuticas, os

que receberam dietas com maiores índices de ômega 3

foram os que apresentaram maior ganho na expectativa

de vida (Tonkin; Parnell, 2015).

CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÁGIOS DA DRC

Visando facilitar o tratamento e o monitoramento do

paciente, a International Renal Interest Society (IRIS)

dividiu a evolução da doença renal crônica em quatro

estágios. A classificação é baseada primeiramente no valor de

creatinina, a qual deve ser mensurada em pelo menos duas

ocasiões e quando o gato está hidratado. A subclassificação

leva em conta a proteinúria e a pressão arterial sistêmica.

Uma vez que nos estágios 1 e 2 da DRC os gatos

geralmente são assintomáticos, é essencial a realização

do diagnóstico precoce. Isso pode ser obtido não

somente pela mensuração da creatinina, como

também, do SDMA (dimetil-arginina simétrica). Há

indícios de que a concentração do SDMA no plasma

ou soro sanguíneo possa ser um biomarcador mais

sensível da função renal. Portanto, atualmente a IRIS

propõe que a concentração do SDMA seja interpretada

da seguinte maneira:

• SDMA > 14 µg/dl sugere redução da função renal e

pode indicar que um gato com valor de creatinina

menor que 1,6 mg/dl esteja no Estágio 1;

• SDMA ≥ 25 µg/dl em pacientes no estágio 2 com

EstágioCREATININA (SANGUE) (MG/DL)

COMENTÁRIOS

1 < 1,6

Animal não azotêmico. Pode haver a presença de outras alter-ações renais, como concentração urinária inadequada, achados na palpação renal, achados em exames de imagem, proteinúria

de origem renal, etc.

2 1,6 - 2,8 Azotemia renal leve. Manifestações clínicas geralmente ausentes ou leves.

3 2,9 - 5,0Azotemia renal moderada. Muitas manifestações clínicas extra-renais podem estar presentes, como anorexia, perda de peso,

poliúria e polidipsia.

4 > 5,0 Risco aumentado de manifestações clínicas sistêmicas e de crises urêmicas.

SUBCLASSIFICAÇÃO RAZÃO PROTEÍNA/ CREATININA URINÁRIA (RPC)

NÃO PROTEINÚRICO < 0,2

LIMÍTROFE 0,2 - 0,4

PROTEINÚRICO > 0,4

SUBCLASSIFICAÇÃO PRESSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (MMHG)

NORMOTENSÃO < 150

LIMÍTROFE 150 - 159

HIPERTENSÃO 160 - 179

HIPERTENSÃO SEVERA ≥ 180

Tabela 1 - Classificação da DRC em gatos segundo a IRIS

Tabela 2 - Subclassificação da IRIS segundo a proteinúria

Tabela 3 - Subclassificação da IRIS segundo a hipertensão arterial sistêmica

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8baixo escore corporal indica que o grau de disfunção

renal pode ter sido subestimado. Considerar o

tratamento para o Estágio 3 para tal paciente; e

• SDMA ≥ 45 µg/dl em pacientes no estágio 3 com

baixo escore corporal indica que o grau de disfunção

renal pode ter sido subestimado. Considerar o

tratamento para o Estágio 4 para tal paciente.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da DRC deve ser realizado por meio

da análise conjunta do exame clínico, dos exames

laboratoriais e dos exames de imagem. Os achados do

exame clínico incluem poliúria, polidipsia, desidratação,

perda de peso, anorexia, vômito e halitose. Os exames

laboratoriais mais relevantes são a dosagem de uréia

e creatinina, SDMA, cálcio (total e iônico), fósforo,

potássio, sódio, albumina, hematócrito e/ou hemograma,

hemogasometria, exame de urina e razão proteína

creatinina urinária. Já a avaliação ultrassonográfica

dos rins permite a análise das dimensões, arquitetura

e estrutura renal, além da pesquisa de cálculos que,

eventualmente, poderiam agravar a doença renal.

O paciente com DRC deve ser monitorado

constantemente, para avaliar a progressão da DRC e

permitir que o tratamento seja adaptado de acordo com

a resposta obtida. Tal monitoração envolve a realização

de exames na seguinte periodicidade:

• DRC sem azotemia (Estágio 1): a cada 6 meses;

• DRC com azotemia (Estágios 2 ou 3): a cada 2 a 4 meses;

• DRC com uremia (Estágios 3 ou 4): a cada 1 a 3 dias

ou semanal ou mensal;

TRATAMENTO

Uma vez que a identificação da causa primária da DRC é

pouco provável, o tratamento tem como foco minimizar

os efeitos relacionados a diminuição funcional dos rins

e obter ganho na qualidade e expectativa de vida do

animal (Korman, 2013).

Embora o tratamento para DRC deva ser sempre

individualizado, algumas recomendações podem ser

úteis como ponto de partida para a maioria dos animais.

Assim, para animais no Estágio 1, recomenda-se:

• Evitar a desidratação, deixando água fresca sempre à

disposição (fontes, bebedouros, etc);

• Monitorar e corrigir a proteinúria;

• Monitorar e corrigir a pressão arterial sistêmica;

Para os animais nos estágios 2 a 4, o tratamento é o

mesmo indicado para o estágio 1 acrescido das seguintes

recomendações:

• Monitorar e corrigir a hiperparatireoidismo secundário;

• Monitorar e corrigir a acidose metabólica;

• Monitorar e corrigir a hipopotassemia;

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9• Monitorar e corrigir a anemia;

• Utilizar alimento coadjuvante – dieta renal;

A IMPORTÂNCIA DA DIETA TERAPÊUTICA NO CONTROLE DA DRC EM GATOS

O alimento coadjuvante visa auxiliar no controle da

DRC e possui como características (Sparkes et al., 2016):

• Restrição em proteína;

• Restrição em fósforo e sódio;

• Inclusão de anti-oxidantes e ômega 3;

• Manutenção do equilíbrio ácido-base;

• Suplementação de potássio;

• Palatabilidade;

Os alimentos coadjuvantes para gatos com DRC

demonstraram contribuir significativamente na

diminuição das manifestações clínicas associadas a

uremia e em prolongamento na expectativa de vida

(Polzin, 2016; Elliot, 2000; Ross, 2006; Geddes, 2013).

No entanto, a diferenciação dos benefícios associados

a diminuição de proteína e fósforo na dieta é complexo

e nem sempre possível. A restrição de proteína pode

ajudar na redução das crises urêmicas mas não existem

evidências de que isso seja suficiente para alterar a

progressão da DRC (Polzin et al., 2000). Por outro

lado, a hiperfosfatemia está associada negativamente

ao prognóstico da DRC sendo a restrição do fósforo

acompanhada de aumento na expectativa de vida dessas

gatos (Ross et al., 1982).

A indicação do alimento coadjuvante para gatos com

DRC deve ser individualizado, isso quer dizer que

nem todo gato com DRC colherá benefícios com o

emprego desse tipo de dieta. Acima de tudo, deve-

se considerar os benefícios da dieta para o paciente.

Nos gatos idosos, com sarcopenia, a restrição proteica

pode não ser benéfica, uma vez que isso poderia

contribuir para a perda de massa magra e impactar

negativamente na qualidade de vida desses animais

(Scherk; Laflamme, 2016).

Portanto, são necessárias mais pesquisas para esclarecer

definitivamente o tema. De qualquer forma, a dieta ideal

para um gato com doença renal, deve buscar o equilíbrio

entre qualidade de vida, palatabilidade, manutenção do

peso e escore corporal e manutenção do paciente no

mesmo estágio da doença renal.

O momento de iniciar a dieta renal deve ser escolhido

pelo veterinário levando em consideração diversos

aspectos. A recomendação é que a introdução ocorra

nos gatos durante os estágios 2/3 a 4 da DRC.

Por fim, cabe destacar que a manutenção do peso é

fundamental no tratamento da DRC, pois a perda de

peso tem impacto na expectativa de vida do gato com

DRC (King, 2007). A perda de peso pode ser decorrente

de dieta pouco palatável, da progressão da doença ou

da existência de comorbidades. Se o motivo da perda de

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10peso for uma dieta pouco palatável, o médico veterinário

dispõe das seguintes opções:

• Tentar outras opções de ração renal terapêutica;

• Usar uma dieta convencional (em conjunto com

quelante de fósforo);

• Usar estimulantes do apetite;

• Controlar a náusea com medicamentos; e/ou

• Colocar sonda esofágica.

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REFERÊNCIAS

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em

abr

il 20

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