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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NA SAÚDE HUMANA E A POSSÍVEL RELAÇÃO COM TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS Raphael Kawashita Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas Orientadora: Profa. Dra. Edna Tomiko Myiake Kato São Paulo 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia­Bioquímica

A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NA SAÚDE HUMANA E A

POSSÍVEL RELAÇÃO COM TRANSTORNOS MENTAIS E

COMPORTAMENTAIS

Raphael Kawashita

Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia­Bioquímica

da Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Orientadora:

Profa. Dra. Edna Tomiko Myiake Kato

São Paulo

2018

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INDICE

LISTA DE ABREVIAÇÕES……………………………………………………..i

RESUMO………………………………………………………………………....ii

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...01

2. OBJETIVOS……………………………………………………………………...03

3. MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………...03

3.1. Estratégias de pesquisa…………………………………………………...03

3.2. Critérios de inclusão……………………………………………….……….03

3.3. Critérios de exclusão……………………………………………………….03

3.4. Coleta e análise de dados…………………………………………………03

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………..04

4.1. Microbiota intestinal e a relação com a saúde humana………………..04

4.2. Probióticos, probióticos e simbióticos…………………………………….05

4.3. Comportamento social, transtornos mentais e comportamentais……..09

4.3.1. Estresse………………………………………………………………13

4.3.2. Depressão……………………………………………………………14

4.3.3. Ansiedade…………………………………………………………….15

4.3.4. Outros transtornos estudados……………………………………...17

4.4. Mecanismo de ação dos probióticos…………………………….………..19

5. CONSIDERASÕES FINAIS……………………………………….……………20

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………...23

7. ANEXOS……………………………………………………………….………….27

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i

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CID ­Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde

GABA – ácio gama­aminobutírico

OMS – Organização Mundial da Saúde

RDC – Resolução de Diretoria Colegiada

SNC – Sistema Nervos Central

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TMC– Transtornos Mentais e de Comportamento

TOC – Transtorno Obsessivo­Compulsivo

UFC – Unidades Formadoras de Colônia

WGO – World Gastroenterolgy Organisation

LISTA DE FIGURAS

página

Figura 1. Fluxograma de seleção de artigos utilizados no trabalho de conclusão de curso...........................................................................

04

Figura 2. Mecanismo dos efeitos dos probioticos no sistema nervoso central................................................................................................

18

LISTA DE QUADROS

página

Quadro 1. Linhagens de microrganismos com as alegações e condições de uso (Brasil, 2017)......................................................... 07

Quadro 2. Estudos pré­clínicos avaliando a influência de probióticos em transtornos mentais e comportamentais. Período de 2011­2018. 11

Quadro 3. Estudos clínicos avaliando a influência de probióticos em transtornos mentais e comportamentais. Período 2011­2018............. 12

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ii

Kawashita, R. A influência da microbiota intestinal na saúde humana e a

possível relação com transtornos mentais e comportamentais. 2018. 27 p.

Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia­Bioquímica – Faculdade de

Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo 2018

Palavras­chave: “transtornos comportamentais e mentais”; “probióticos”, “prebióticos”

RESUMO

Os transtornos mentais e de comportamento (TMC) afetam milhões de pessoas

no mundo, influenciando as atividades no cotidiano e resultando em empecilho no

convívio social. Estima­se que mais de 350 milhões de pessoas sofrem de

depressão. Alarmante é o número de indivíduos que, ou não buscam tratamento

ou, não respondem às terapias e o uso de medicamentos convencionais.

Concomitantemente, a literatura tem enfatizado a possível relação da microbiota

gastrointestinal com o desenvolvimento de diversas doenças e, mais

recentemente, em distúrbios mentais e de comportamento. Essa conexão entre o

intestino e o cérebro e suas vias conhecidas como eixo intestino­cérebro, inclui

cérebro, glândulas, intestino, células que participam do sistema imunitário e a

microbiota do trato gastrointestinal. Com isso, essa microbiota vem emergindo

como um potencial modulador do comportamento do ser humano e,

pesquisadores tem sugerido a recuperação ou manutenção da saúde do

indivíduo, buscando­se o equilíbrio do microbioma, por exemplo, introduzindo­se

prebióticos e probióticos na alimentação. Com o objetivo de avaliar o panorama

do conhecimento sobre a influência da microbiota intestinal na saúde humana,

foram analisados estudos científicos de 2011 a 2018, sobre a relação da

microbiota com a saúde e doença humanas, restringindo­se aos principais TMC.

No levantamento de literatura foram consultadas bases de dados disponíveis na

Universidade, artigos científicos, além de textos e manuais disponibilizados em

sítios oficiais. Na seleção dos materiais usados para compor o TCC foram usadas

palavras­chave, em português e em inglês, relativas ao tema associadas a

operadores boleanos. No período, verificou­se que a manutenção da microbiota

equilibrada no individuo está sendo relacionado com a prevenção e tratamento de

doenças, inclusive no sistema nervoso central (SNC). Os ensaios in vitro e in vivo

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iii

mostraram indicativos de efeito promissor, e no estágio de conhecimento atual, os

poucos ensaios clínicos disponíveis, muitas vezes com pessoas sadias ou com

quadros leves de TMC, sugerem resultado positivo em casos de depressão,

ansiedade e estresse. A maior parte dos estudos analisados usaram

microrganismos do gênero Bifidobacterium (B. longum, B. breve, B. infantis) e

Lactobacillus (L. helveticuse L. rhamnosus), com doses entre 109 e 1010 UFC por

2 semanas em animais e 4 semanas em humanos. Estes probióticos, utilizados

isolados ou em associação, melhoraram transtornos de ansiedade e depressão

em animais de laboratório, mas em humanos alguns dos resultados são

contraditórios, ressalvando­se que o número de voluntários em cada estudo é

pequeno (25 a 140 pessoas) e os microrganismos usados diferentes. Observa­

se que falta muito a se desenvolver nessa area pois predominam ensaios com

roedores. Embora a manutenção do microbioma equilibrado no individuo seja

relacionada com a prevenção e tratamento de doenças, inclusive no SNC, mais

estudos controlados e de qualidade em humanos, são necessários para

potencializar essa estratégia. Na direção do crescimento do conhecimento

científico do microbioma na saúde e na busca de prevenção de doenças, as

indústrias de alimentos e farmacêutica tem investido na area, depositando

patentes e disponibilizando produtos contendo pré­ e probióticos, hoje com a

alegação de efeito benéfico no equilíbrio da flora intestinal, bem como

medicamento biológico.

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1

1. INTRODUÇÃO

O trato gastrointestinal do ser humano é colonizado por microrganismos,

conhecido como microbiota, em número aproximadamente igual ao de células

no corpo humano (Sender et al., 2016). Sabe­se que a colonização microbiana,

que começa no nascimento do indivíduo, tem o seu desenvolvimento

influenciado por fatores, como dieta, atividade física, ciclos hormonais,

envelhecimento, doenças e terapias, entre outros. Em indivíduos saudáveis, a

microbiota é relativamente estável e mantém uma relação de simbiose com o

hospedeiro, mas alterações qualitativas e quantitativas na sua composição

podem ocasionar a disbiose patológica, que tem sido relacionada a distúrbios

intestinais e extra­intestinais (D’Argenio, Salvatore, 2015; O'Toole, Jeffery,

2015).

A composição da microbiota intestinal é complexa, considerando­se a

variação interpessoal e flutuações ao longo da vida do indivíduo ou de uma

população, principalmente durante a doença. A literatura mostra a dificuldade

em caracterizar o que seria a microbiota adequada para a manutenção ou

promoção da saúde, mas pesquisas realizadas principalmente na Europa e nos

Estados Unidos tem avançado nessa direção (Falony et al., 2016; D’Argenio,

Salvatore, 2015; Lozupone et al., 2012; Yatsunenko et al., 2012).

Reconhece­se que esses microrganismos estão envolvidos no

desenvolvimento e funcionamento de diversos processos fisiológicos, como

digestão, crescimento e manutenção da homeostase. Pesquisadores tem

mostrado a possível relação da microbiota gastrointestinal com o

desenvolvimento de obesidade, diabetes, inflamações e, mais recentemente,

tem­se enfatizado o papel do eixo microbiota­intestino­cérebro em distúrbios

como a depressão, ansiedade e autismo. Atualmente, essa conexão entre o

intestino e o cérebro é reconhecida, e suas vias conhecidas como eixo intestino­

cérebro, que incluem cérebro, glândulas, intestino, células que participam do

sistema imunitário e a microbiota do trato gastrointestinal (Rieder et al., 2017;

Wang, Kasper, 2014).

Com isso, a microbiota vem emergindo como um potencial modulador do

comportamento do ser humano (Cryan, Dinan, 2012). Transtornos mentais e

comportamentais afetam milhões de pessoas no mundo e influenciam as suas

atividades no dia a dia. A ansiedade, um estado psicológico caracterizado por

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2

apreensão e medo, é um dos transtornos mais comuns na população urbana.

De acordo com pesquisas, cerca de 34% da população mundial são afetados

pela ansiedade ao longo de suas vidas. Estima­se que mais de 350 milhões de

pessoas sofrem de depressão. O mais alarmante é o número de indivíduos que,

ou não buscam tratamento ou não respondem às terapias ou ao uso de

medicamentos convencionais (Rieder et al., 2017; Wang, Kasper, 2014).

Pesquisadores (D’Argenio, Salvatore, 2015; Bäckhed et al., 2012) tem

sugerido a recuperação ou manutenção da saúde do indivíduo, buscando­se o

equilíbrio do microbiota, citando como exemplos o transplante de microbiota

fecal, ou da introdução de prebióticos e probióticos na alimentação, entre outras

possibilidades.

O transplante fecal é um método novo e pouco explorado, que consiste

em alterar a microbiota intestinal, transferindo­se uma solução fecal de um

doador sadio para um receptor com grave quadro de diarréia devido à infecção

por bactéria resistente, normalmente em ambiente hospitalar (Castro, Ganc,

Ganc, 2015; Smits et al., 2013).

A primeira descrição de uma doação fecal humana como agente

terapêutico foi na China. O transplante do material fecal pode ser realizado por

meio de diferentes métodos, como via tubo nasogástrico, endoscopia,

colonoscopia, entre outros. O risco de transmissão de patógenos não pode ser

excluído, então é importante haver uma seleção entre os doadores, evitando

potenciais riscos. Nos os últimos anos verifica­se que alguns hospitais dispõem

de banco de armazenamento de microbiota (Castro, Ganc, Ganc, 2015; Smits et

al., 2013).

Assim, neste trabalho de conclusão de curso, apresenta­se o panorama

do conhecimento sobre a influência da microbiota intestinal na saúde humana,

analisando como os desequilíbrios na sua composição e interações com o

hospedeiro influenciam na ocorrência de doenças, principalmente as doenças

do sistema nervoso. E, com o aumento do entendimento das funções dessa

microbiota na fisiologia pode­se avaliar o progresso no desenvolvimento de

estratégias terapêuticas, tornando a manipulação do microbioma um adjuvante

da terapia convencional.

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3

2. OBJETIVO

Este trabalho de conclusão de curso visa analisar:

• Os estudos científicos, no período de 2011 a 2018, sobre a relação da

microbiota intestinal com a saúde e doença humanas, restringindo­se às

principais doenças relacionadas a transtornos mentais e comportamentais;

• A possibilidade de aplicação de estratégias terapêuticas, aliadas à

manipulação da microbiota para o cuidado de pessoas acometidas por essas

doenças.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Estratégias de pesquisa

A revisão de literatura foi realizada, no período de 2011 a 2018, em bases

de dados como Web of Science, SciELO, Scopus e Medline, utilizando­se

palavras­chave como ‘intestinal microbiome’, ‘intestinal microbiota’,‘healthy’,

‘brain’, ‘review’, ‘social behavior’, associadas a operadores boleanos ‘and’ e ‘or’.

3.2. Critérios de inclusão

Os artigos, publicados no periodo de 2011 a 2018 que se mostraram em

conformidade com o tema do projeto, publicados em periódicos indexados e

disponibilizados na íntegra online em ingles, espanhol ou em português, foram

selecionados para compor o trabalho. Para o melhor entendimento do texto,

quando necessário, foram incluídos artigos científicos anteriores ao período

estabelecido.

3.3. Critérios de exclusão

Os artigos em idiomas diferentes dos mencionados no item anterior, em

duplicidade e com dados inconclusivos, foram desconsiderados.

3.4. Coleta e análise de dados

Na triagem dos artigos foram observados inicialmente os títulos, seguido

da leitura dos resumos. Os artigos que se enquadraram nos critérios de inclusão

assim selecionados foram analisados e incluídos no TCC (figura 1).

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4

Figura 1. Fluxograma de seleção de artigos utilizados no trabalho de conclusão

de curso.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

A relação da microbiota intestinal com a saúde e doença humanas foi restrita

aos principais distúrbios relacionados a transtornos mentais e de comportamento.

Deste modo, os resultados foram subdivididos em itens e são apresentados na

seguinte sequencia: conceitos fundamentais para o desenvolvimento do tema

(microbiota, probióticos, prebióticos, transtornos de comportamento e mentais);

estudos pré­clínicos em modelos animais e clínicos relacionando alguns desses

transtornos com a microbiota intestinal, e considerações sobre a evolução desse

eixo de pesquisa.

4.1. Microbiota intestinal e a relação com a saúde humana

O trato gastrointestinal dos mamíferos possui um grande e diverso

número de microrganismos, conhecidos como microbiota. Esta possui relação

simbiótica com o hospedeiro, com interações ainda não bem estabelecidas, mas,

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5

observa­se a influencia de células imunes e epiteliais, de forma que alterações

em sua composição podem levar a efeitos diretos na saúde humana (Sanchez

et al., 2017).

O primeiro passo para entender a relação simbiótica entre a microbiota e

o hospedeiro é definir qual a composição de uma microbiota saudável, e as

alterações relacionadas a doenças. Entretanto, a complexidade da microbiota e

a variação entre indivíduos dificulta a definição de um padrão para o que seria a

composição ideal, mas pesquisadores (Lozupone et al., 2012) tem mostrado que

a perturbação dessa relação simbiótica pode ser associada ao desenvolvimento

de doenças.

Com múltiplas vias de sinalização relacionadas ao sistema

gastrointestinal, existe um crescente interesse em associar a microbiota com a

saúde humana. O sistema nervoso entérico, por exemplo, comunica mudanças

sutis do sistema gastrointestinal ao cérebro através do nervo vago (Furness et

al., 1999). Pesquisadores tem se referido a essa via de sinalização como eixo

cérebro­intestino e seus componentes tem sido alvo de estudos devido à sua

importância inclusive na digestão e saciedade (Westfall et al., 2017; Konturek et

al., 2004).

Muitas doenças como obesidade, diabetes e inflamações estão

relacionadas a alterações da composição da microbiota, e estudos recentes tem

mostrado um potencial papel no eixo cérebro­intestino em desordens

neuropsiquiátricas como depressão e ansiedade. Os possíveis mecanismos que

podem causar impactos à saúde através de alterações da microbiota incluem a

ativação do eixo hipotálamo­hipofisário­adrenal (HHA) e alterações na atividade

de neurotransmissores e sistema imune. A elucidação da interação do intestino

e cérebro pode auxiliar no melhor entendimento da relação entre o sistema

gastrointestinal e as doenças do sistema nervoso central (Rieder et al., 2017).

A busca da recuperação ou manutenção da saúde humana tem

direcionado a alterações na rotina diária e, neste TCC, foram destacadas as

relacionadas à mudança no hábito alimentar adicionando­se pré­ e probióticos

no cotidiano.

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6

4.2. Probióticos, prebióticos e simbióticos

Os probióticos são microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio

microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo (Brasil,

2002). Os microrganismos vivos, quando consumidos em quantidade adequada

devem atuar no intestino do individuo, após passagem pelo sistema digestório,

garantindo efeitos benéficos e sem riscos ao hospedeiro. Também devem

manter suas características como microrganismos e permanecer estáveis

durante o seu período de modulação e durante a sua permanência na matriz à

qual foi incorporada (Butel, 2014).

Os gêneros de bactérias mais utilizados no mercado mundial são

Lactobacillus e Bifidobacterium, mas outros gêneros podem ser empregados,

como Enterococcus, Streptococcus, Leuconostoc, entre outros (Butel, 2014).

Lactobacillus e Bifidobacterium são os microrganismos mais bem estudados

quanto à eficácia e segurança, além de características necessárias para

caracterizá­los como probióticos, resistência a condições de processamento, a

acidez gástrica e sais biliares, lisozima, capacidade de aderência à mucosa e os

carboidratos usados como fonte de carbono, como por exemplo, galactose,

lactose, frutose e glucose (Butel, 2014).

Os probióticos chegaram ao mercado em alimentos convencionais, mas

com o seu consumo na forma de suplementos exigiu uma definição mais clara.

Assim, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu­os na

Resolução de Diretoria Colegiada ­ RDC 02/2002 e divulgou, recentemente

(Brasil, 2017) algumas linhagens de microrganismos com as alegações e

condições de uso (quadro 1), considerando a identificação da linhagem do

microrganismo, estudos de eficácia e segurança em humanos.

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7

Quadro 1. Linhagens de microrganismos com as alegações e condições de uso

(Brasil, 2017).

Microrganismo Alegação de uso Condição de

uso/público

Bacillus coagulans

GBI­30

Contribui com a saúde

gastrointestinal

1 x 108 UFC/dia

Público: crianças maiores

de 3 anos, adolescentes e

adultos

Bifidobacterium lactis

HN019

Pode contribuir com a saúde

gastrointestinal

1 x 109 UFC/dia

Público: crianças maiores

de 3 anos, adolescentes e

adultos

Lactobacillus reuteri

DSM 17938

Pode contribuir para a

melhora do desconforto

intestinal de bebês

1 x 108 UFC/dia

Público: lactentes

menores de 6 meses

UFC= Unidade Formadora de Colonia.

Os probióticos também podem ser incorporados em formas farmacêuticas

e segundo a RDC 323/2003 nesse caso podem ser denominados como:

• Medicamento Probiótico (Medicamento que contém microrganismos vivos

ou inativados para prevenir ou tratar doenças humanas por interação com a

microbiota ou com o epitélio intestinal ou com as células imunes associadas ou

por outro mecanismo de ação), que por sua vez podem ser classificados como:

• Produto Probiótico Novo (Medicamento Probiótico que contém

microrganismos não registrados no Brasil) e,

• Produto Probiótico (Medicamento Probiótico que contém microrganismos

já registrados no Brasil). A mesma resolução estabelece que:

‘apenas os medicamentos probióticos registrados na

ANVISA, fabricados ou importados por empresas

autorizadas em nível federal e licenciados pelo

governo dos estados para fabricar ou importar,

podem ser comercializados, distribuídos e utilizados

no país’ (Brasil, 2003).

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8

A definição de prebióticos não é tão simples quanto à de probióticos. O

conceito de prebióticos começou a ser utilizado há cerca de 20 anos, e a

comunidade científica tem discutido qual seria sua melhor definição (Roberfroid

et al., 2010). Na literatura de modo geral, os prebióticos são considerados

compostos não digeríveis pelo ser humano, mas que, através de sua

metabolização por bactérias intestinais, modulam a composição e/ou a atividade

da microbiota, conferindo um efeito fisiológico ao hospedeiro (Valcheca,

Dieleman, 2016). Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia (2017),

os prebióticos são:

‘ingredientes seletivamente fermentados que permitem

mudanças específicas na composição e/ou atividade

da microbiota gastrointestinal, conferindo assim

benefícios à saúde do hospedeiro’.

Os prebióticos mais conhecidos são a oligofrutose, a inulina, os

galactooligossacarídeos, a lactulose e os oligossacarídeos do leite materno. As

oligofrutoses podem ser encontradas, por exemplo, em sementes e raízes de

alguns vegetais como chicória, alcachofra, cevada, grãos de soja, tremoço, entre

outros. À fermentação de oligossacarídeos no cólon tem­se relacionado o

aumento do número de bifidobactérias, aumento da absorção de cálcio e do peso

fecal, redução do tempo de trânsito gastrointestinal, além de provável efeito

hipolipemiante (Hutkins et al., 2016).

O aumento de bifidobactérias colônicas é considerado benéfico para a

saúde humana graças à produção de compostos que inibem os patógenos

potenciais, reduzindo os níveis sanguíneos de amônio e produzindo vitaminas e

enzimas digestivas (Roberfroid et al., 2010).

Há, também, os oligossacarídeos sintéticos obtidos através da

polimerização direta de alguns dissacarídeos da parede celular de leveduras ou

fermentação de polissacarídeos. A lactulose, por exemplo, um dissacarídeo

sintético, é empregado no tratamento da constipação. Prebióticos,

essencialmente, são compostos encontrados em alimentos que estimulam o

crescimento ou a atividade de certos microrganismos benéficos ao nosso

organismo (Valcheca, Dieleman, 2016).

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9

Outro termo empregado na area, mas não constante na legislação

brasileira é ‘simbiótico’, que segundo a Organização Mundial de

Gastroenterologia (WGO) refere­se a:

‘produtos que contêm misturas apropriadas de

probióticos e prebióticos que conferem benefícios à

saúde’ (WGO, 2017).

Nessa área, as indústrias de alimentos e farmacêuticas destacam­se no

desenvolvimento de produtos, alcançando nos últimos anos, cerca de 70% dos

depósitos de patentes incluindo prebióticos, probióticos e simbióticos (Santos et

al., 2014).

Na ANVISA, estão registrados prebióticos na área de alimentos, produtos

contendo inulina e frutooligossacarídeos (FOS) na forma de pó, de sachê ou

produto para consumo direto. Quanto aos probióticos isolados encontram­se

registros como alimento, com alegação de efeito benéfico no equilíbrio da flora

intestinal, bem como medicamento biológico

4.3. Comportamento social, transtornos mentais e comportamentais

O comportamento social tem papel fundamental na sobrevivência e

prosperidade de um indivíduo e da espécie. Transtornos mentais e

comportamentais, como a depressão, desordens de ansiedade, esquizofrenia,

transtornos de personalidade, entre outros, resultam em alterações no

comportamento (Parashar, Udayabanu, 2016).

Apesar de ainda não haver um conhecimento aprofundado, a composição

da microbiota humana apresenta papel importante no sistema imune,

funcionamento do cérebro e no comportamento do ser humano. Com a

modulação de sua composição pode­se fazer descobertas que inovem a

abordagem dos transtornos mentais e comportamentais.

Considerando que a Classificação Estatística Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde (CID) mantém linguagem comum para o

registro e monitoramento de doenças, por profissionais em nível mundial, esta

foi utilizada na definição dos principais transtornos mentais e comportamentais

relacionados à microbiota intestinal.

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10

Sob o tópico transtornos mentais, de comportamento e de

desenvolvimento neurológico, incluem­se síndromes caracterizadas por

distúrbios na cognição, regulação emocional ou comportamento de um indivíduo.

Esses distúrbios muitas vezes associam­se a sofrimento e/ou prejuízos

pessoais, familiares, sociais, ocupacionais entre outros (OMS, 2017).

A atual importância do tema ‘transtornos mentais e comportamentais’

pode ser observada considerando­se a incidência da depressão e ansiedade em

nível mundial, onde se estima que mais de 300 milhões de pessoas são afetadas.

No Brasil, 5,8% da população sofre de depressão, o que representa aumento de

18,4% nos últimos dez anos e, em relação à ansiedade em 9,3% da população

brasileira detecta­se este transtorno, que acomete em sua maioria as mulheres.

Esse número é alarmante, uma vez que é a maior incidência desses transtornos

na América Latina (Campos, 2018; OPAS/OMS, 2018).

O projeto Microbioma Humano desenvolvido por pesquisadores

estrangeiros e norte­americanos sob a iniciativa de institutos de saúde dos

Estados Unidos da América do Norte (2008­2013) teve como propósito,

compreender a relação microbioma­saúde/doença humana. O termo

‘microbioma’, difere de ‘microbiota’ utilizado ao longo do TCC, pois se refere ao

conjunto de microrganismos e genes que ocorrem em diferentes partes do corpo.

Os resultados desse amplo projeto estão em publicação, mas no período

proposto, grande parte dos artigos restringiu a atividade da microbiota na

saúde/doença.

Assim, a seguir estão compilados estudos em animais de laboratório

(quadro 2) e clínicos (quadro 3) avaliando a relação da microbiota intestinal com

transtornos mentais e comportamentais, no período de 2011­2018.

O quadro 2 mostra os estudos em animais de laboratório, procurando a

relação entre probióticos e transtornos como ansiedade, depressão, estresse,

memória e comportamento.

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11

Quadro 2. Estudos pré­clínicos avaliando a influência de probióticos em transtornos mentais e comportamentais. Período de 2011­2018.

Estudo (SNC) Animal Probiótico Resultado Referência

Ansiedade e depressão

Camundongos L rhamnosus JB­1 Ansiedade ↓ Depressão ↓

Bravo et al, 2011

Ansiedade Ratos B. longum + L. helveticus Ansiedade ↓ Messaoudi et al, 2011

TOC Camundongos machos

Lactobacillus rhamnosus TOC ↓ Kantak et al, 2014

Ansiedade Ratos Lactobacillus helveticus Ansiedade ↓ Capacidade cognitiva↑

Luo et al, 2014

Ansiedade e depressão

Camundongos B. longum e B. breve Ansiedade ↓ Depressão ↓

Savignac et al, 2014

Ansiedade Memória não espacial

Camundongos Lactobacillus rhamnosus + L. helveticus

Ansiedade ↓ Memória não espacial ↑

Smith et al, 2014

Estresse, depressão e ansiedade

Ratos Lactobacillus helveticus NS8 Ansiedade ↓ Depressão ↓ Memória não espacial ↑

Liang et al, 2015

Ansiedade, estressee depressão

Camundongos Lactobacillus plantarum Capacidade motora ↑ Ansiedade ↓ Depressão↓

Liu et al, 2016

Depressão Ratos Mistura de bactérias (Bifidobacterium bifidum, B. lactis, Lactobacillus

acidophilus, L. brevis, L.

casei, L. salivarius, L.lactis)

Depressão ↓, independente­mente da dieta

Abildgaard et al.,2017

Ansiedade Ratos Lactobacillus rhamnosus Ansiedade ↓ Felice et al, 2017

Memória e comportamento

Ratos machos Lactobacillus acidophilus, L. acidophilus, Bifidobacterium

bifidume B. lactis

Memória de curto e longo prazo ↑

O’Hagan et al, 2017

Abreviaturas: B.= Bifidobacterium; L.= Lactobacillus; SNC = sistema nervoso central;

TOC = Transtorno obsessivo compulsivo

O quadro 3 apresenta estudos publicados entre 2011 a 2018, com reduzido número de voluntários, na maior parte das vezes saudáveis, mas avaliando a relação da microbiota com transtornos mentais e de comportamento.

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Quadro 3.Estudos clínicos avaliando a influência de probióticos em transtornos mentais e comportamentais. Período 2011­2018.

Participantes Probiótico Dose/duração Resultado Referência ANSIEDADE

140 estudantes L. casei 109 8 semanas

(­) Takada et al, 2016

46 pacientes com artrite reumatóide

L. casei 108 8 semanas

(­) Vaghef­Mehrabany et al, 2014

72 fumantes (homens)

L. casei 4 × 1010 3 semanas

(­) Reale et al, 2012

GHQ, DASS, HPA

70 petroquímicos Iogurte PBT Cápsulas PBT

107 103­ 1010 6 semanas

↑ GHQ, ↑ DASS (­) HPA

Mohammadi et al, 2015

LEIDS­r BDI BAI

40voluntários sadios

B. bifidum, B. lactis,

L. acidophilus ,

L. brevis,

L. casei, L. salivarius,

Lactococcus

lactis

5 × 109 4 semanas

↑ LEIDS­r (­) BDI (­) BAI

Steenbergen et al, 2015

HSCL, HADS, PSS, CCL

25 pacientes saudáveis

L. helveticus B. longum

3 × 109 4 semanas

Melhora da depressão nos grupos que receberam probioticos

Messaoudi et al, 2011

Emoções e sensações

36 mulheres sadias (18­53 anos)

Iogurte com B. animalis,

Streptococcus termophillus, L.

bulgaricus,

Lactococcus

lactis

109­ 1010 2 x/dia 4 semanas

Alterou a atividade de regiões do cérebro que controlam as emoções

Tillish et al., 2013

Abreviaturas: B.= Bifidobacterium; L.= Lactobacillus; GHQ = Questionário de saúde geral; DASS = Escala de depressão, ansiedade e estresse; HPA = eixo hipotalâmico­pituário­adrenal; LEIDS­r = Índice de sensibilidade de depressão de Leiden – revisado; BDI = Inventário de depressão de Beck; BAI = Inventário de ansiedade de Beck; HSCL­90 = checklist de sintomas de Hopkins; HADS = Escala de depressão e ansiedade hospitalar; PSS = Escala de estresse percebido; checklist de Coping; (­) = Resultado negativo; ↑ = Aumento da ação ou na escala.

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13

A seguir, analisam­se os estudos sobre os principais transtornos de

comportamento e mentais ensaiados em animais de laboratório e/ou em

humanos (quadros 2 e 3), utilizando­se os termos descritos na Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde,

conhecida como CID-10.

4.3.1 Estresse

Segundo a CID 10(2017), a definição desta categoria baseia­se nos

sintomas, na evolução e na existência de causas que podem ser uma ocorrência

estressante desencadeando reação de estresse agudo, ou uma alteração

marcante na vida do individuo, com conseqüências desagradáveis e duradouras,

que levam a transtornos de adaptação.

Os estresses psicossociais, considerados pouco graves, podem

desencadear diversos transtornos classificados em outro subitem do manual

CID, ou influenciar o quadro clínico, mas nem sempre é possível atribuir a sua

etiologia, pois deve­se levar em consideração a vulnerabilidade, muitas vezes

de cada indivíduo. Assim, os transtornos reunidos nesse item, são conseqüência

de estresse agudo ou de trauma persistente, e que alteram o convívio social.

Como subcategorias encontram­se ainda: reação aguda ao estresse; estado de

estresse pós­traumático; transtornos de adaptação; outras reações ao estresse

grave; reação não especificada a um estresse grave.

O estresse é parte inerente do dia a dia dos indivíduos, e qualquer

perturbação em sua resposta pode ter implicações na saúde e no

comportamento do ser humano. E, pesquisadores tem mostrado que tanto o

estresse crônico quanto o agudo, podem levar a alterações comportamentais,

como mudanças na dieta e atividade física (Schneiderman, Ironson, Siegel,

2005).

O estresse também pode causar alterações na microbiota, levando à

alteração e redução de diversas espécies de microrganismos. (Bailey, et al,

2011)

Dentre os estudos pré­clínicos (quadro 2), os que avaliaram o estresse

verificaram a sua relação com probióticos, mas encontraram dificuldade em

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14

utilizar marcadores. Como marcadores de estresse foram utilizados diversos

comportamentos dos animais, como memória, capacidade motora e cognitiva.

Foi possível observar um relativo sucesso no uso de probióticos em

roedores para tratamento de estresse, uma vez que eles mostraram melhora em

suas memórias de curto e longo prazo, e em suas capacidades motoras e

cognitivas, após tratamento nos estudos de Liang e colaboradores (2015), Liu e

colocaboradores (2016) e de O’Hagan e colaboradores (2017). Verificou­se

também que a associação de 2 probióticos (Lactobacillus rhamnosus + L.

helveticus) preveniu a disfunção da memória espacial induzida por estresse

agudo (Gareau, Wine, Rodrigues et al, 2011). Este resultado é concordante com

Chapman e colaboradores (2011), que verificaram que em 75% dos estudos,

incluindo os pré­clínicos e clínicos, o consumo de misturas de probióticos

sugeriram maior eficácia do que o consumo de cepas isoladas. Os probioticos

mais utilizados nesses estudos foram os dos gêneros Bifidobacterium e

Lactobacillus. Entretanto, o resultado supostamente positivo com as misturas de

microrganismos deve ser melhor estudado para avaliar se ocorrem interações

sinérgicas ou deve­se à maior dose de probióticos (Chapman et al, 2011).

Comparando­se os resultados obtidos nos estudos em animais, pode­se

observar que há sucesso em reduzir os sintomas relacionados ao estresse.

Entretanto, não foram encontrados estudos em seres humanos que avaliem

especificamente a reação ao estresse, o que dificulta a avaliação da sua

aplicação clínica.

4.3.2 Depressão

Depressão, ou episódios depressivos segundo a CID, são dividos em três

diferentes graus, leve, grave e moderado. Durante os episódios depressivos o

paciente apresenta alterações em seu comportamento usual, como no humor,

energia e disposição. Inclui­se a dificuldade em sentir prazer, perda da

capacidade de concentração, perda de motivação e de auto­estima, entre outros

sintomas comportamentais.

Dependendo do número de sintomas e sua intensidade pode­se

determinar os graus de um episódio depressivo. Além dos 3 graus citados acima,

os episódios depressivos podem ser subdividos em episódios depressivos leves,

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15

episódios depressivos moderados, episódios depressivos graves sem sintomas

psicóticos, episódios depressivos graves com sintomas psicóticos, outros

episódios depressivos e episódios depressivos não especificados. Quandos os

episódios se tornam recorrentes eles são classificados como transtornos

depressivos recorrentes (OMS, 2017).

A depressão é uma das desordens mais debilitantes que causam grande

impacto na qualidade de vida dos pacientes (Moussavi et al., 2007). Geralmente

ocorre juntamente com outros transtornos como a ansiedade, o que agrava o

quadro da doença (Hirschfeld, 2001).

Dentre as alterações mais observadas em pacientes depressivos

destaca­se a desregulação do eixo hipotalâmico­hipofisário adrenal, com

aumento de citocinas pró­inflamatórias no plasma, e ambos podem ser

regulados pela microbiota intestinal (Felice, Siobhain, O'Mahony, 2017).

Os estudos referentes ao uso de probióticos em animais de laboratório

para o tratamento de depressão no quadro 2 mostraram que a administração de

microrganismos dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus foram capazes de

reduzir os sintomas da doença (Abildgaard et al, 2017; Liu et al, 2016; Liang et

al, 2015; Savignac et al, 2014; Bravo et al., 2011).

E é interessante observar que o estudo realizado por Abildgaard e

colaboradores (2017) utilizou uma mistura de Lactobacillu sem vez de uma única

cepa, o que mostra que mesmo que um probiótico não tenha efeito por si só,

uma possível combinação com outros probióticos possa ter algum efeito

sinérgico.

Foram encontrados poucos estudos em humanos que avaliaram os

efeitos dos probióticos em relação à depressão, entretanto o estudo realizado

por Messaoudi e colaboradores (2011) demonstrou uma melhora no quadro

depressivo após administração de L. helveticus e B. longum, o que apoia os

estudos realizados em animais. Estes trabalhos reforçam estudos, em animais e

em humanos, anteriores (Chapman et al., 2011) que indicavam que o consumo

de misturas de probióticos traz maior eficácia do que o de cepas isoladas.

4.3.3 Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, classificados como transtornos fóbico­

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16

ansiosos (F40) pelo CID são um grupo de transtornos em que determinadas

situações desencadeiam ansiedade no paciente e frequentemente estão

associadas a depressão (OMS, 2017). Essas situações, apesar de não

apresentarem nenhum perigo real, geramente são evitadas e encaradas com

temor, e são geralmente acompanhadas de sintomas como palpitações,

sudorese, dificuldade de respirar, tremores, e outros sintomas físicos associados

à excitação autonômica.

Diversos transtornos estão reunidos sob o item F40 como transtornos

fóbico­ansiosos e denominados agorafobia, fobias sociais, fobias específicas

isoladas, outros transtornos fóbico­ansiosos e transtornos ansiosos não

especificados.

Quando a crise ansiosa não é causada por exposição a uma situação

específica, ela é classificada como outros transtornos ansiosos (F41), e podem

ser acompanhados por manifestações depressivas e obsessivas. Os outros

transtornos ansiosos possuem como subcategorias: transtorno de pânico

(ansiedade paroxística episódica), ansiedade generalizada, outros transtornos

ansiosos mistos, outros transtornos ansiosos especificados e transtorno ansioso

não especificado (OMS, 2017).

As desordens de ansiedade tendem a ter maior incidência em mulheres e

podem ocorrer por reação de estresse, ou situações como preocupação com a

incerteza do futuro ou de uma corrente de eventos (Huang et al, 2017). E, assim

como para os demais transtornos, os microrganismos mais utilizados como

probióticos foram os dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus.

Foi possível observar sucesso na redução dos sintomas da ansiedade

com sua administração, em estudos em animais. Entretanto, apesar do sucesso

obtido nos resultados nesses estudos, encontram­se dados contraditórios ao

avaliar os estudos em humanos (quadro 3). Pode­se observar que diversos

estudos em humanos (Takada et al, 2016; Vaghef­Mehrabany et al, 2014; Reale

et al, 2012) não demonstraram melhora no quadro de ansiedade após a

administração de probióticos. Entretanto nesses estudos em humanos só foi

utilizada uma cepa de microrganismos, e não houve combinação de probióticos.

O estudo realizado por Messaoudi e colaboradores (2011) utilizou uma

combinação de L. helveticus e B. longum e apresentou uma melhora no quadro

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17

de ansiedade dos pacientes, assim como nos estudos em animais, reforçando

os estudos realizados por Chapman e colaboradores (2011).

Uma dificuldade nos estudos é estabelecer as cepas de microrganismos

adequadas, sua dose e a sua influência na prevenção e/ou tratamento de TCM,

e que condições resultam em quais alterações na microbiota. Essa dificuldade

ocorre pois a composição da microbiota varia muito entre indivíduos o que

dificulta relacionar cada alteração com uma situação específica.

4.3.4. Outros transtornos estudados

Além dos estudos sobre depressão, ansiedade e estresse (quadros 2 e

3), foram encontrados outros ensaios pré­clínicos relacionando TMC e

probióticos (Wang et al., 2014), entretanto não em seres humanos.

Nemani e colaboradores (2015) estudaram a relação entre probióticos e

a esquizofrenia, mas não avaliaram seu uso para o tratamento, mas como um

meio de aliviar efeitos adversos dos medicamentos utilizados no tratamento da

esquizofrenia.

Também foram encontrados estudos que avaliam a relação entre a

microbiota e a doença de Parkinson (Hopfner, et al 2017) e o autismo (Felice,

O’Mahony, 2017) porém não foi estudada a relação com probióticos.

4.4 Mecanismo de ação dos probióticos

A disbiose tem sido relacionada à síndrome do intestino irritável, mas não

se tem definido se é a causa ou a consequência de processamento anormal da

comunicação microbiota­cérebro (Westfall et al., 2017).

Dentre as funções mais estudadas, observou­se um maior interesse nas

capacidades de memória e em transtornos psiquiátricos. Estudos em animais e

humanos tem sugerido potenciais mecanismos dos efeitos desses probióticos

(Figura 2).

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18

Figura 2. Mecanismo dos efeitos dos probioticos no SNC. Probioticos afetam o eixo hipotalâmico­adrenal­

pituário (HPA) alterando os níveis de corticosteroides (CORT) e de hormônios adrenocorticotrópicos

(ACTH). O sistema immune é influenciado por inflamações e produção de citocinas pró­inflamatórias,

afetando o SNC. A bioquímica do SNC pode ser afetada diretamente pelos probioticos, através dos níveis

do fator neurotrófico derivado do cérebro (BNDF). c­Fos, ácido γ­aminobutírico (GABA), 5­hidroxitriptamina

(5­HT) e dopamina (DA).O nervo vago e os nervos entéricos também estão relacionados ao eixo cérebro­

intestino, e suas vias podem ser afetadas por probioticos. A composição da microbiota pode resultar na

alteração de alguns metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta e triptofano, e então melhorar funções

do SNC indiretamente. (Fonte: WANG et al., 2016).

Assim, apresentam­se como prováveis mecanismos de atuação de

probióticos no SNC a alteração da composição da microbiota intestinal

aumentando sua diversidade e modulando sua composição, a alteração da

bioquímica do SNC diretamente alterando os níveis de GABA, serotonina e

dopamina, podendo influenciar no comportamento do paciente. Além disso, tanto

o nervo vago quanto os nervos entéricos estão relacionados ao eixo cérebro­

intestino e podem ser afetados pelo uso de probióticos. O eixo HPA,

frequentemente estudado, regula emoção e comportamento. Sua resposta ao

estresse pode ser atenuada com o uso de probióticos, reduzindo os níveis de

corcosteróides. O sistema imune também pode ser influenciado pelo uso de

probióticos, que pode limitar a produção de citocinas pró­inflamatorias, que por

sua vez afetam o sistema nervoso e o endócrino (Wang et al, 2016).

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19

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso concomitante e regular de probióticos e prebióticos (selecionados de

modo adequado), com o objetivo de aumentar o número e a atividade da

microbiota intestinal, visa dar condições para a flora ‘individual­normal’ se

restabelecer e promover a prevenção de doenças. Como todo novo campo de

pesquisa, os dados pré­clínicos e clínicos obtidos no periodo proposto sugerem

efeito promissor como auxiliar no tratamento de alguns transtornos mentais e

de comportamento (TCM), como estresse, ansiedade e depressão. Entretanto,

ainda existem poucos dados e muitos mecanismos a serem elucidados em

relação à microbiota intestinal, o cérebro e o eixo cérebro­intestino para se

estabelecer condições adequadas como uma forma de tratamento

individualizado.

Os estudos in vitro e in vivo até agora não definiram o papel dos

microrganismos que compõem a microbiota intestinal a ponto de que se possa

estabelecer quais microrganismos geram quais alterações, visando

principalmente os efeitos no cérebro e no comportamento. Deve­se considerar

que esses TMC são multifatoriais, mas sugere­se que haja alguma contribuição

do equilibrio da microbiota individual.

Com o avanço do conhecimento pode ser possível utilizar essa prática em

nosso favor, otimizando e personalizando o tratamento para cada paciente, e

facilitando a utilização de outras estratégias terapêuticas, como a alteração da

dieta do indivíduo como alternativas de tratamento.

O atual estágio de conhecimento da relação dos probióticos com

transtornos no SNC é inicial, e ainda serão necessários muitos testes pré­

clínicos e estudos de seus mecanismos para determinar como os

microrganismos estão afetando o cérebro e o comportamento antes que os

tratamentos possam ser testados em pacientes, e posteriormente

disponibilizados ao público como forma de tratamento.

Ao determinar a relação causa­efeito da microbiota e os TMC talvez seja

possível atender as necessidades de cada paciente, e até personalizar os

tratamentos, podendo­se prevenir a doença, ou tratar de maneira

complementar. Já foi observado em estudos recentes (Nemani et al, 2015) a

utilização de probióticos como forma de combater os efeitos adversos

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20

causados pelos medicamentos utilizados no tratamento da doença de

Alzheimer. Pode­se futuramente supor que se possa observar a pré­

disposição de cada indivíduo a desenvolver um determinado transtorno, com

base em sua microbiota, e consequentemente ajudar a obter uam forma de

tratamentocom base nesses microrganismos.

Novos estudos nessa área podem abrir um leque de infinitas possibilidades

e novas estratégias terapêuticas que podem beneficiar a toda população

mundial, apesar da atual falta de dados conclusivos sobre a relação

microbiota­TMC. A relação microbioma­cérebro é um campo a ser explorado

com profundidade e que pode contribuir de forma relevante para a

manutenção da saúde humana, e principalmente para o tratamento e

prevenção de TMC sendo um campo de investimento que pode se tornar um

foco para a saúde humana. Nessa direção, as indústrias de alimentos e

farmacêuticas tem desenvolvido produtos e depositado patentes com pré­,

probióticos e simbióticos nos últimos anos.

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