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Introduçao Antigo Testamento Werner H Schmidt

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  • E.SELLING. FOHRER

    -INTRODUAO AOANTIGO TESTAMENTO

    Volumes 1 e 2

    Traduo:D. Mateus Rocha

    2007

    ACADEMIACRIST

    ~PAULUS

  • Editora Academia Crist Quelle & Meyer, Heidelberg

    Ttulo original:Einleitung in das Alte TestamentSuperviso Editorial:Luiz Henrique A. SilvaPaulo CappellettiLayout,e artefinal:Regina da Silva NogueiraRegina de Moura NogueiraTraduo:D. Mateus RochaReviso:H. DalboscoCapa:[ames ValdanaVaI. 1 A origem dos livros histricos e dos cdigos legais, Pentateuro e Livros HistricosVaI. 2 Livro de Cnticos, Livros Sapienciais, Livros Profticos, Livro Apocalptico (Dn), Compilao

    e Tradio do AT

    Assessoria para assuntos relacionados a Biblioteconomia:Claudio Antnio Gomes

    S 467 Sellin, ErnestIntroduo ao Antigo Testamento./E. Sellin; G. Fohrer; trad. O. Mateus Rocha - So Paulo: Ed.

    Academia Crist Ltda, 2007.Ttulo original: Einleitung in das Alte Testament16x23 em: 840 pginasISBN 978-85-98481-18-0BibliografiaContedo: v. 1 A origem dos livros histricos e dos cdigos legais, Pentateuco e livros histricos.v. 2 Livro de cnticos, livros sapienciais, livros profticos, livro apocalptico (Dn), compilao e

    tradio do AT - Publicao em um volume.

    1- Bblia - A. T. - Introduo. I. Ttulo

    ndice para catlogo sistemtico:

    COU-221.01

    1. Antigo Testamento: Introduo 221.01

    Proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou meio eletrnico e mecni-co, inclusive atravs de processos xerogrficos, sem permisso expressa da editora (Lei n 9.610 de19.2.1998).

    Todos os direitos reservados

    EDITORA ACADEMIA CRIST LIDA.Rua Marina, 333 - Santo AndrCep 09070-510 - So Paulo, SP - BrasilFonefax (l1) 4424-1204/4421-8170Email: [email protected]: www.editoraacademiacrista.com.br

    PAULUS EDITORARua Francisco Cruz, 229Cep 04117-091 - So Paulo, SP - BrasilTel.: (l1) 5084-3066 e Fax: (011) [email protected]

  • SUMRIOSUMRIO 5ABREVIATURAS 21

    APRESENTAO 27PREFCIO lOil EDIO ALEM 29PREFCIO 11il EDIO ALEM 31

    INTRODUO: - LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIAINTRODUTRIA DO ANTIGO TESTAMENTO 33

    1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA331. O AT e os estudos introdutrios 342. Os incios 353. O desenvolvimento da pesquisa histrico-crtica 384. Novos mtodos 395. A funo da introduo 44

    2. PRESSUPOSTOS DA LITERATURA ISRAELTICA 441. Pressupostos histricos e geogrficos 462. Pressupostos culturais 473. Pressupostos literrios 504. O significado da f javista 51

    3. TRADIO ORAL E LITERATURA 511. O problema 522. Tradio oral e escrita 533. Tradio oral e escrita em Israel 56

    4. A PROSA 581. Forma atual 582. Caractersticas de linguagem 593. Peculiaridades estilsticas 60

  • 6 SUMRIO

    5. A POESIA 601. O uso da poesia 622. O verso longo 643. O verso breve 654. O metro e o ritmo 675. Recursos poticos 69

    6. LITERATURA ISRAELTICA E ANTIGO TESTAMENTO 701. O AT como resto da literatura israeltica 702. A problemtica da histria da literatura 71

    Primeira ParteA Origem dos Livros Histricos e dos Cdigos Legais

    CAPTULO I - CONDIES GERAIS 75

    7. O DIREITO, A INTRODUO, A NARRATIVA E O RELATO NOANTIGO ORIENTE E EM ISRAEL 751. Viso panormica 762. O direito no Antigo Oriente 773. A instruo no Antigo Oriente 814. A narrativa no Antigo Oriente 835. O relato no Antigo Oriente 876. As cartas no Antigo Oriente 917. Em Israel 92

    8. OS GNEROS LITERRIOS NORMATIVOS E SUASTRADIES 921. As mximas de vida 942. Normas de vida e de comportamento em estilo apodtico 973. Axiomas legais e princpios jurdicos 1004. Formas retricas ligadas fase processual 1025. Acordos e contratos 103

    9. OS GNEROS LITERRIOS IMPETRATIVOS E DESIDERATIVOSE SUAS TRADIES 1061. A splica e o desejo 1072. Frmulas de saudao 1083. Bnos e maldies 1094. Juramentos 110

  • SUMRIO 7

    10. OS GNEROS QUERIGMTICOS E DOUTRINAIS E SUASTRADIES 1101. Orculos 1112. Ordlio 1123. Tor 1134. Normas cultuais e o saber sacerdotal.. 1145. Aprovao, rejeio, censura 115

    11. OS GNEROS LITERRIOS DE TRANSMISSO ECOMUNICAO E SUAS TRADIES 1151. Dilogos 1162. Discursos 1173. Pregao 1194. Oraes 1205. Cartas 1216. Epstolas 122

    12. OS GNEROS LITERRIOS NARRATIVOS E SUASTRADIES 1221. Suas relaes em comum 1232. Mito 1253. Conto 1284. Novela 1295. Anedota 1296. Saga e lenda 1297. Significao histrica e teolgica 134

    13. OS GNEROS LITERRIOS INFORMATIVOS E SUASTRADIES 1361. Listas 1372. Anais e crnicas 1393. A narrativa histrica e a historiografia 1404. Biografia 1415. Notcias sobre sonhos 142

    14. OUTROS GNEROS LITERRIOS E SUA INFLUNCIA SOBREOUTROS LIVROS 1421. Outros gneros literrios 1422. Influncia em outros livros 143

  • 8 SUMRIO

    15. COMPILAO E TRANSMISSO 1431. Cdigos legais 1432. Partes da narrativa e da histria 1453. Livros histricos e jurdicos posteriores 146

    CAPTULO II - O PENTATEUCO 147

    16. NOMES E CONTEDO 1471. Terminologia 1472. Contedo 148

    17. A PESQUISA DO PENTATEUCO AT OS NOSSOS DIAS 1511. Tradio 1512. Tentativas de resolver o problema 1533. Novas abordagens 158

    18. MTODOS, RESULTADOS E PROBLEMAS 1611. Resultados das pesquisas 1612. O mtodo das adies 1623. O mtodo complementar 1644. O mtodo das composies 1655. Os motivos e as foras 165

    19. A ORIGEM DAS TRADIES HISTRICAS 1701. Os patriarcas 1712. Moiss 1763. Outras narrativas sobre a conquista do pas 1784. O desenvolvimento das narrativas fundamentais 1795. As duas narrativas fundamentais 182

    20. A ORIGEM DAS COLEES E CDIGOS JURDICOS NO-AUTNOMOS 1861. Conspecto geral 1872. O Cdigo da Aliana 1873. A Lei da Santidade 1934. Outras colees de leis 199

    21. A ORIGEM DOS "ESTRATOS FONTES" 2011. Redao posterior dos "estratos fontes" 2012. Incluso de colees de leis e cdigos 2023. Carter e natureza dos "estratos fontes" 203

  • SUMRIO 9

    22. O "ESTRATO FONTE" J 2041. Terminologia e contedo 2052. A tradio anterior e o contributo de J 2073. Caractersticas de contedo 2094. Teologia de J 2105. Origem de J 211

    23. O "ESTRATO FONTE" E 2121. Terminologia e contedo 2132. Outros pontos de vista e variantes 2153. A tradio anterior e o contributo de E 2164. Caractersticas de contedo e teologia de E 2185. Origem de E 220

    24. O PROBLEMA DE UM TERCEIRO ANTIGO "ESTRATOFONTE" (Jl, L, N) 2211. A suposio de um terceiro "estrato" 2212. Terminologia e contedo 2233. A tradio anterior e o contributo de N 2254. Caractersticas de contedo e teologia de N 2275. Origem de N 229

    25. O "ESTRATO FONTE" D 2291. Terminologia, extenso, estrutura e estilo 2312. Relao com a reforma de [osias 2323. Extenso e contedo do Deuteronmio original (Proto-

    Deuteronmio) 2354. Origem do cdigo de leis do "Deuteronmio original" 2385. O caminho percorrido desde o cdigo original at o

    livro atual 2426. O Deuteronmio no Pentateuco 2457. Teologia do Deuteronmio 245

    26. O "ESTRATO FONTE" P 2471. Terminologia e contedo 2472. A tradio anterior e o contributo de P 2503. O problema da unidade literria 2514. Caractersticas de contedo de P 2535. A teologia de P 2556. Origem de P 256

  • 10 SUMRIO

    27. FRAGMENTOS ISOLADOS FORA DOS "ESTRATOS FONTES" 2571. Gnesis 14 2582. xodo 15.1-19 2593. xodo 19.3b-8 2614. Deuteronmio 32.1-43 261

    28. A ORIGEM DO PENTATEUCO 262

    TRANSIO 265

    29. HIPTESES SOBRE A EXISTNCIA DE OBRAS GLOBAIS 2651. Hipteses ,. 2652. Crtica 2663. O processo de formao dos livros histricos 268

    CAPTULO UI - OS LIVROS DE JOSU AT REIS (OS PRIMEIROSPROFETAS) 271

    30. O LIVRO DE JOSU, MAIS JZ 1.1-2.5 2711. Terminologia, contedo, "estratos fontes" 2722. O "estrato fonte" N 2733. O "estrato fonte" G2 2754. Os "estratos fontes" J e E 2785. Redao deuteronomista 2806. O "estrato fonte" P 2817. Separao do Pentateuco 283

    31. O LIVRO DOS JUZES 2841. Terminologia e contedo 2842. Os "Juzes" 2853. As tradies sobre as figuras dos heris 2874. O livro pr-deuteronomista dos Juzes 2925. O livro deuteronomista dos Juzes 2936. Acrscimos posteriores 2947. Resumo 2958. Valor histrico e caractersticas teolgicas 296

    32. OS LIVROS DE SAMUEL 2961. Terminologia e contedo 2972. Fontes contnuas ou fragmentos isolados? 2993. A camada fundamental 301

  • SUMRIO 11

    4. A formao da camada fundamental e seus acrscimos 3065. A camada suplementar 3076. A redao deuteronomista 3107. Concluso 3108. Valor histrico e caractersticas teolgicas 311

    33. OS LIVROS DOS REIS 3121. Terminologia e contedo 3122. A formao dos livros 3133. A moldura 3154. As fontes histricas 3175. Os complexos narrativos 3196. Os livros deuteronomistas dos Reis 3237. Acrscimos posteriores 3248. Valor histrico e objetivos teolgicos 324

    CAPTULO IV - A OBRA HISTRiCA CRONSTICA 327

    34. A OBRA CRONSnCA (1-2 CRNICAS, ESDRAS, NEEMIAS) 3271. Unidade, inverso e diviso 3272. Terminologia 3283. Contedo e objetivos 3284. Origem 329

    35. ORIGEM E PECULIARIDADE DA OBRA CRONSTICA 3291. Fontes para o perodo anterior ao exlio 3302. Fontes para o perodo posterior ao exlio 3323. Ampliaes e acrscimos 3354. O emprego das fontes 3365. Elementos exclusivos do Cronista 3376. Valor histrico 3387. Caractersticas teolgicas 339

    Captulo V - OUTROS LIVROS HISTRICOS 341

    36. O LIVRO DE RUTE 3411. Terminologia e contedo 3412. Gnero literrio e contexto histrico 3423. Relao com Davi 3434. Interpretao 3445. Origem 345

  • 12 SUMRIO

    37. O LIVRO DE ESTER 3451. Terminologia e contedo 3462. Gnero literrio 3463. Origem dos materiais narrativos e sua relao com a histria 3474. Origem 3495. Apndice e acrscimos posteriores 3496. Valor 350

    Segunda ParteA Origem dos Livros de Cnticos

    CAPTULO VI - CONSIDERAES GERAIS 353

    38. A POESIA LRICA NO ANTIGO ORIENTE E EM ISRAEL 3531. Mesopotmia 3542. Egito 3563. O resto do Antigo Oriente 3574. A poesia israeltica 358

    39. OS GNEROS LITERRIOS DOS SALMOS 3591. Distinguir os gneros literrios 3602. Cnticos hnicos 3633. Cnticos de lamentao 3674. Cnticos de ao de graas 3705. Cnticos reais 3726. Outras formas 3737. Salmos em outros livros do AT 375

    40. OS GNEROS LITERRIOS LRICOS REFERENTES VIDAQUOTIDIANA 3751. Cntico do labor, cntico da colheita e do lagar, cntico da

    guarda 3762. Cntico do vinho 3773. Cntico de escrnio 3774. Cnticos de amor e cnticos nupciais 3785. Cntico guerreiro e cntico de vitria 3796. Cntico fnebre 3807. Relao com acontecimentos histricos 382

    41. AS CARACTERSTICAS DOS GNEROS LITERRIOS DOSCNTICOS NO ANTIGO TESTAMENTO 3831. Adaptao de materiais estrangeiros 383

  • SUMRIO 13

    2. Adaptao de formas estrangeiras 3833. Desenvolvimento em Israel 384

    42. COMPILAO E TRANSMISSO 3851. Compilao e transmisso 3852. Cnticos e colees de cnticos posteriores 386

    CAPTULO VII - OS LIVROS DE CNTICOS 387

    43. O SALTRIO 3871. Terminologia e numerao 3882. Significado dos ttulos 3893. Autores e idade 3924. Viso de conjunto dos gneros literrios, da origem e das

    relaes dos salmos com o culto 3935. Compilao e formao do Saltrio 4066. Concepes teolgicas 408

    44. AS LAMENTAES 4091. Terminologia 4102. Gnero literrio e estilo 4103. Ocasio e objeto 4124. Origem 4135. Autor 4146. Significado 414

    45. O CNTICO DOS CNTICOS 4151. Terminologia 4162. Histria da interpretao 4163. Cnticos de amor e cnticos nupciais 4184. Forma literria 4195. Poesia artstica 4206. Origem 4207. Importncia 421

    Terceira ParteOrigem dos Livros Sapienciais

    CAPTULO VIII - ASPECTOS GERAIS 425

    46. A DOUTRINA SAPIENCIAL NO ANTIGO ORIENTE E EMISRAEL 425

  • 14 SUMRIO

    1. O conceito 4262. Mesopotmia 4273. Egito 4284. No restante do Antigo Oriente 4305. Israel 4306. Importncia da doutrina sapiencial 433

    47. OS GNEROS LITERRIOS DA DOUTRINA SAPIENCIAL ESUAS TRADIES 4341. Mashal 4342. Provrbio 4353. O provrbio enigmtico e o provrbio numrico 4354. A sentena 4375. A poesia sapiencial e didtica 4386. A parbola, a fbula e a alegoria 4397. A cincia das listas 4408. Em outros livros do AT 440

    48. COMPILAO E TRANSMISSO 4421. Compilao e transmisso 4422. A formao dos livros sapienciais 4433. Livros sapienciais posteriores 444

    CAPTULO IX - OS LIVROS SAPIENCIAIS 445

    49. OS PROVRBIOS DE SALOMO 4451. Terminologia e estrutura 4452. Coleo A 4463. Coleo B 4484. Coleo C 4495. Coleo D 4506. Coleo E 4507. Coleo F 4518. Coleo G 4529. "A mulher virtuosa" 45210. Redao 452

    50. O LIVRO DE J 4531. Estrutura 4542. A narrativa de moldura 4553. O poema 457

  • SUMRIO 15

    4. Acrscimos posteriores 4615. O livro original e sua origem 4626. Relao com a tradio 4637. Histria dos materiais e dos motivos 4658. Histria das formas 4669. O problema do livro 468

    51. O ECLESIASTES (COLET) 4691. Valor cannico, terminologia, autor 4702. Origem e estrutura 4713. As sentenas 4734. poca e lugar 4745. Histria das formas 4756. Carter peculiar de Colet 476

    Quarta ParteA Origem dos Livros Profticos

    e do Livro Apocalptico

    CAPTULO X - ASPECTOS GERAIS 483

    52. A profecia no Antigo Oriente e em Israel 4831. O Antigo Oriente 4842. Antigo Israel 4873. A poca da chamada profecia escrita 4874. Profetismo escatolgico 4895. Apocalptica 490

    53. A PREGAO PROFTICA E SEUS GNEROS LITERRIOS 4911. A funo dos profetas 4922. Gnese do orculo proftico 4933. Estilo do orculo proftico 4944. Gneros literrios 4955. Relao com a tradio 504

    54. Compilao e transmisso 5061. A origem da tradio 5062. A origem dos escritos profticos 5083. Estrutura das colees e livros 5094. Livros profticos apocalpticos posteriores 511

  • 16 SUMRIO

    CAPTULO XI - OS LIVROS PROFTICOS 513

    55. VISO DE CONJUNTO 513

    56. ISAAS I (ls 1-39) 5141. Isaas 5142.' Atividade de Isaas 5153. Orculos e relatos 5164. Ditos posteriores 5205. Origem do livro 5246. Pregao 525

    57. DUTERO-ISAAS (ls 40-55) 5271. Dutero-Isaas 5282. poca e lugar 5293. Gneros literrios 5324. Orculos sobre o Servo de Jav 5325. Composio e estrutura 5386. Pregao 540

    58. TRITO-ISAAS (Is 56-66) 5421. Trito-Isaas 5422. Autor e poca 5433. Orculos ou sees independentes 5444. Grupos de temas 548

    59. JEREMIAS 5481. Jeremias 5492. Atividade de Jeremias 5503. Transmisso escrita 5534. O escrito de Baruc 5615. Ditos posteriores 5636. Origem do livro 5647. Pregao 565

    60. EZEQUIEL 5681. As informaes do livro 5692. Os problemas histricos 5703. Atividade de Ezequiel 5754. O exerccio da pregao de Ezequiel 5765. Ditos posteriores 578

  • SUMRIO 17

    6. Tradio dos orculos e dos relatos 5797. Personalidade de Ezequiel 5848. A pregao de Ezequiel e seus problemas 585

    61. OSIAS 5891. Relaes pessoais de Osias 5902. Mulher e filhos de Osias 5913. Orculos 5944. Tradio 5955. Pregao 597

    62. JOEL 5991. Joel 6002. Significao dos captulos 1-2 6003. Unidade do livro 6024. poca da atividade de [oel 6045. Pregao 605

    63. AMS 6061. Ams e sua profisso 6072. poca da atividade de Ams 6103. Orculos e relatos colees parciais 6114. Palavras de poca posterior 6145. Origem do livro 6166. Pregao 616

    64. ABDIAS 6181. Os orculos isolados 6182. poca 6193. Pregao 620

    65. JONAS 6211. Narrativa 6212. Historicidade e origem do material narrativo 6223. Gnero literrio 6234. poca 6235. Cntico de ao de graas 6246. Inteno 624

    66. MIQUIAS 6251. Miquias 625

  • 18 SUMRIO

    2. Primeira coleo de orculos 6263. Segunda coleo de orculos 6284. Terceira coleo de orculos 6295. Quarta seo 6306. Estrutura do livro 6307. Pregao 630

    67. NAUM 6311. Naum 6322. poca 6323. O hino 6334. Os orculos 6345. O livro em seu conjunto 6356. Pregao 636

    68. HABACUC 6371. Habacuc 6372. Tradio 6373. O conjunto da profecia 6394. A questo central: o "mpio" e os caldeus 6415. poca 6426. O carter de Habacuc 642

    69. SOFONIAS 6431. Lista de antepassados e poca 6432. Orculos 6443. Redao 6454. Pregao 645

    70. AGEU 6461. Ageu 6462. Orculos 6473. O livro 6484. Pregao 649

    71. ZACARIAS (Zc 1-8) 6491. Zacarias e sua poca 6502. Orculos e relatos 6503. Origem do escrito 6544. Pregao 654

  • SUMRIO 19

    72. ZACARIAS 9-14 6551. Questes principais 6552. Dutero-Zacarias 6583. Trito-Zacarias 6594. Resumo 660

    73. MALAQUIAS 6611. Malaquias 6612. Orculos 6623. poca 6634. Pregao 663

    CAPTULO XII - O LIVRO APOCALPTICO 665

    74. DANIEL 6651. A pretenso do livro Daniel 6662. Questes literrias 6683. Narrativas 6694. Relatos 6715. Origem do livro 6736. poca 6747. Bilingismo 6758. Apocalipse 676

    Quinta ParteCompilao e Transmisso do Antigo Testamento

    CAPTULO XIII - ORIGEM E HISTRIA DO CNON HEBRAICO 681

    75. NOME E CONCEITO TRADICIONAL 6811. O cnon; livros deuterocannicos e no-cannicos 6812. Conceito tradicional 684

    76. ORIGEM 00 CNON HEBRAICO 6851. Pressuposto 6852. Pr-histria 6873. Formao do cnon hebraico 6894. Diviso 690

    77. OUTRAS FORMAS DO CNON 6911. Samaritanos 691

  • 20 SUMRIO

    2. Judasmo helenstico 6923. Cristianismo 692

    CAPTULO XIV - HISTRIA DO TEXTO DO ANTIGO TESTAMENTO ..... 695

    78. O TEXTO MASSORTICO 6951. O texto tem a sua histria 6962. Conceito tradicional 6973. Rolo manuscrito e escrita 6994. Preocupao por uma transmisso exata 7015. Forma bsica do texto massortico 7066. A atividade dos "escribas" 7077. Os massoretas 7088. Desenvolvimento at o "textus receptus" 7109. Diviso do texto 711

    79. FORMAS TEXTUAIS NO-MASSORTICAS 7121. Viso geral 7152. O Pentateuco samaritano 7163. Os targuns 7174. A Peshita 7185. A Septuaginta 7196. As tradues dependentes da LXX 7247. As tradues gregas independentes 7258. A Vulgata 7259. Poliglotas 726

    80. CORRUPO DO TEXTO E CRTICA TEXTUAL 727

    SUPLEMENTOS 731

    BIBLIOGRAFIA 759

    NDICE DE AUTORES 761

    NDICE DOS TEXTOS BBLICOS 805

  • ABREVIATURAS

    1. Obras de comentrios

    a) Comentrios citados nas referncias bibliogrficas

    ATOBKBOTCOTEHHATHKHSIBICCKATKAFKeH

    KHC

    SATSBSZ

    Das Alte Testament Deutsch, Cttingen.Biblischer Kommentar, Neukirchen.De Boeken van het Oude Testament, Roermond en Maaseik.Commentar op het Oude Testament, Kampen.Exegetisches Handbuch zum Alten Testament, Mnster.Handbuch zum Alten Testament, Tbingen.Handkommentar zum Alten Testament, Cttingen.Die Heilige Schrift des Alten Testaments, Bonn.The Interpreter's Bible, Nova York/Nashville.The InternationaI Critical Commentary, Edinburgh.Kommentar zum Alten Testament, Leipzig.Kommentar zum Alten Testament, Gtersloh.Kurzgefasstes exegetisches Handbuch zum Alten Testament,Leipzig.Kurzer Hand-Commentar zum Alten Testament, (Friburgo i. Br.,Leipzig) Tbingen.Die Schriften des Alten Testaments, Cttingen.Sources Bibliques, Paris.Kurzgefasster Kommentar zu den Heiligen Schriften Alten undNeuen Testaments (editado por Strack-Zckler), (Nrdlingen)Munique.

    b) Outros comentrios e explicaes

    The Anchor Bible, Garden City, Nova York.La Bblia, Montserrat.Biblischer Kommentar rber das Alte Testament (Keil-Delitzsch), Leipzig.Die Botschaft des Alten Testaments, Stuttgart.Commentaire de l' Ancien Testament, Neuchtel.

  • 22 ABREVIATURAS

    Echter-Bibel. Die Heilige Schrift in deutscher bersetzung, Wrzburg.Det Gamle Testamente, Oslo.Harper's Annotated Bible, Nova York.Die Heilige Schrift des Alten Testaments (E. Kautzsch), Tbingen.Herders Bibelkommentar, Friburgo.Korte Verklaring der Heilige Schrift, Kampen.Peake's Commentary on the Bible, Edimburgo.Pismo Swiete Starego Testamentu, Posen.La Sacra Bibbia, Turim.La Sainte Bible, (L. Pirot - A. Clamer), Paris.La Sainte Bible, traduite em franais sous la direction de l'cole Biblique de

    Jerusalm, Paris.The Soncino Books of the Bible, Bornemouth.Sources Bibliques, Paris.Tekst en Uitleg, den Haag/Groningen.Torch Bible Commentaries, Londres.The Westminter Commentaries, Londres.Zrcher Bibelkommentare, Zurique.

    2. Revistas e obras coletivas

    A. Alt, KleineSchriften

    AASORABRAcORAfKAfOAIPhHOS

    AJSLANET

    AnStAOT

    ArOrARMARWASTIAThRBA

    A. Alt, Kleine Schriften zur Geschichte des Volkes IsraelAnnual of the American Schools of Oriental ResearchAustralian Biblical ReviewActa OrientaliaArchiv fr KulturgeschichteArchiv fr OrientforschungAnnuaire de l'Institut de Philologie et d'Histoire Orientaleset SlavesAmerican Journal of Semitic Languages and LiteraturesJ. B. Pritchard (ed.) Ancien Near Eastern Texts relating to theOld Testament, z- ed., 1955.Anatolian StudiesH. Gressmann (ed.), Altorientalische Texte zum AT, 2il ed.,1926.Archiv OrientlnA. Parrot-G. Dossin (ed.), Archives Royales de MariArchiv fr ReligionswissenschaftAnnual of the Swedish Theological Institute in JerusalemAnglican Theological ReviewThe Biblical Archaelogist

  • ABREVIATURAS 23

    BASORBEThLBHETBibIBiOrBJRLBMBBSBSOASBWATBZBZAWCanadian JThCBQChQRColBGCRAICuWCVDTTEstBbIETEThLEThREvThFFGThTHThRHTStHUCAHZIEJInterprIrish ThQJAOSJBLJBRJCStJDThJEAJEOL

    Bulletin of the American SchooIs of Oriental ResearchBibliotheca Ephemeridum TheoIgicarum LovaniensiumBulletin d'Histoire et d'Exgse de l'Ancien TestamentBiblicaBibliotheca OrientalisBulletin of the [ohn Rylands LibraryBulletin du Muse de BeyrouthBibliotheca SacraBulletin of the SchooI of Oriental and African StudiesBeitrge zur Wissenschaft vom Alten (und Neuen) TestamentBiblische ZeitschriftBeihefte zur Zeitschrift fr die Alttestamentliche WissenschaftCanadian [oumal of TheologyCatholic BiblicaI QuarterlyChurch Quarterly ReviewCollationes Brugenses et GandavensesComptes Rendus de I'Acadmie des Inscriptions et Belles-LettresChristentum und WissenschaftCommunio ViatorumDansk Teologisk TidsskriftEstudios BblicosThe Expository TimesEphemerides Theologicae Lovaniensestudes Thologiques et ReligieusesEvangelische TheologieFoschungen und FortschritteGereformeerd Theologisch TijdschriftHarvard TheologicaI ReviewHervormde Teologiese StudiesHebrew Union College AnnuaIHistorische ZeitschriftIsrael Exploration [ournalInterpretationIrish TheologicaI QuarterlyJournaI of the American Oriental Society[ournal of BiblicaI Literature[ournal of Bible and Religion[oumal of Cuneiform Studies[ahrbcher fr Deutsche Theologie[ournal of Egyptian ArchaeologyJaarbericht van het Vooraziatisch-Egyptisch GezeIschap(Genootschap) Ex Oriente Lux

  • 24 ABREVIATURAS

    MOAI

    JSORJSSJThStMAA

    JJSJNESJPOSJQRJRJRAS

    [ournal of [ewish StudiesJournal of Near Eastern StudiesJournal of the Palestine Oriental SocietyJewish Quarterly Review[ournal of ReligionJournal of the Royal Asiatic Society of Great Britain andIrelandJournal of the Society of Oriental Research[ournal of Semitic Studies[ournal of Theological StudiesMededeelingen der Konninklijke Akademie van Wetenschappente AmsterdamMitteilungen des Deutschen Archologischen Instituts Abt.Kairo

    MGWJ Monatsschrift fr Geschichte und Wissenschafat des JundentumsMIOF Mitteilungen des Instituts fr OrientforschungMnchner ThZ Mnchner Theologische ZeitschriftMV()G Miteilungen der Vorderasiatisch (-Agyptisch) en GesellschaftNC La Nouvelle ClioNedThT Nederlands Theologisch TjidschriftNkZ Neue Kirchliche ZeitschriftNRTh Neue Zeitschrift fr Systematische TheologieNThSt Nieuve Theologische StudienNThT Nieuw Theologisch TijdschriftNTT Norks Teoligisk TidsskriftNZSTh Nouvelle Revue ThologiqueOLZ Orientalistische LiteraturzeitungOr OrientaliaOrBiblLov Orientalia et Biblica LovaniensiaOrChr Oriens ChristianusOTS Oudtestamentische StudienOuTWP Oie Ou Testamentiese Werkgemeenskap in Suid-AfrikaPAAJR Proceedings of the American Academy for [ewish ResearchPBA Proceedings of the British AcademyPEFQSt Palestine Exploration Fund, Quarterly StatementPEQ Palestine Exploration QuarterlyPJ Preussische JahrbcherPJB PalstinajahrbuchPRU Le Palais Royal d'UgaritPSBA Proceedings of the Society of Biblical ArchaeologyRA Revue d' Assyriologie et d' Archologie OrientaleRB Revue Biblique

  • ABREVIATURAS 25

    RdQREJRESRevBiblRGGRHARHPhRRHRRIDARivBiblRSRRSORThPhSEASJThStCSTKvSt. Th

    ThB1ThGIThLBLThLZThQThRThRevThStThStKrThTThWThZTrierer ThZTTKiVDVTVTSupplWdOWuD

    WZWZKMZA

    Revue de QumranRevue des tudes [uivesRevue des tudes SmitiquesRevista BblicaDie Religion in Geschichte und GegenwartRevue Hittite et AsianiqueRevue d'Histoire et de Philosophie ReligieusesRevue de l'Histoire des ReligionsRevue Internationale des Droits de l'AntiquitRivista BiblicaRecherches de Scence ReligieuseRivista degli Studi OrientaliRevue de Thologie et de PhilosophieSvensk Exegetisk ArsbokScottish [ournal of TheologyStudia CatholicaSvensk Teologisk KvartalskriftStudia Thelogica, cura ordinum thelogorum ScandinavicorumeditaTheologische BltterTheologie und GlaubeTheologisches LiteraturblattTheologische LiteraturzeitungTheologische QuartalschriftTheologische RevueTheologische RundschauTheological StudiesTheologische Studien und KritikenTheologisch TijdschriftTheologisches Wrterbuch zum Neuen TestamentTheologische ZeitschriftTrierer Theologische ZeitschriftTiddskrift for Teologi og KirkeVerbum DominiVetus TestametumSupplements to Vetus TestamentumDie Welt des OrientsWort und Dienst, Jahrbuch der Theologischen SchuleBethelWissenschaftliche ZeitschriftWiener Zeitschrift ror die Kunde des MorgenlandesZeitschrift fr Assyriologie

  • 26

    ZSZAWZDMGZDPVZKThZKWLZLThKZMRZNWZRGGZSZSThZThKZWTh

    ABREVIATURAS

    Zeitschrift fr Agyptsche Sprache und AltertumskundeZeitschrift fr die Alttestamentliche WissenschaftZeitschrift der Deutschen Morgenlndischen GesellschaftZeitschrift des Deutschen Palstina-VereinsZetischrift fr Katholische TheologieZeitschrift fr Kirchliche Wissenschaft und Kirchliches LebenZeitschrift fr die gesamte Lutherische THeologie und KircheZeitschrift fr Missionskunde und ReligionswissenschaftZeitschrift fr die Neutestamentliche WissenschaftZeitschrift fr Relgions- und GeitesgeschichteZeitschrift fr Semitistik und verwandte GebieteZeitschrift fr Systematische TheologieZeitschrift fr Theologie und KircheZeitschrift fr Wissenschaftliche Theologie

    3. Observaes sobre as referncias bibliogrficas

    Nas referncias bibliogrficas, demos, no incio de cada pargrafo(), primeiramente os comentrios, na medida em que isto se faz necess-rio, e em seguida a bibliografia de carter geral ou abrangente, segundo aordem alfabtica dos autores e, havendo vrias obras de um mesmoautor, na ordem em que apareceram. A bibliografia especializada a res-peito de temas ou de textos em particular vem indicada em as notas de pde pgina. No corpo da exposio, os nomes dos autores referem-se s"Introdues do AT" mencionadas anteriormente - quando estiverem mar-cados com um asterisco (*) - ou bibliografia colocada antes de cadapargrafo, com incluso dos comentrios. S raramente esses nomes sereferem s notas de p de pgina das proximidades.

    -nos impossvel oferecer, da extensa bibliografia cientfica, a noser uma amostra representativa. Aqueles que se interessam por umabibliografia mais detalhada, encontram sua disposio numerososrecursos, principalmente os ndices bibliogrficos que se podem ler noscomentrios bblicos, os informes bibliogrficos de ThR, as resenhas derevistas e de livros, em ZAW, o Elenchus bibliographicus biblicus de "Bibli-ca" (a partir de 1968 como publicao independente), e tambm a "Inter-nationale Zeitschriftenschau fr Bibelwissenschaft und Grenzgebiete".

    (No corpo da obra, os nomes dos autores que vierem acompanhados de umasterisco (*) se referem s respectivas publicaes quese seguem).

  • APRESENTAO

    Vale a pena ler uma Introduo ao Antigo Testamento publicada origi-nalmente em 1969? Podemos responder negativamente a esta pergunta, seconsiderarmos exclusivamente as mudanas amplas na maneira como a data-o e a anlise dos textos vtero-testamentrios tm sido elaboradas nas lti-mas trs dcadas. Vrias das concluses e hipteses formuladas por FOHRERno so mais consideradas como vlidas para a compreenso da histria daescrita do Antigo Testamento. Entretanto, uma Introduo ao Antigo Testa-mento apresenta muito mais do que apenas discusses sobre crtica literria edatao de livros bblicos - especialmente esta Introduo de CEORG FOHRER.Em um certo sentido, este livro uma obra nica na bibliografia vtero-testa-mentria em lngua portuguesa, de modo que a resposta pergunta acima spode ser positiva. Sim! Vale a pena ler uma Introduo ao Antigo Testamentocom quase quarenta anos de idade.

    O autor, C. FOHRER, j conhecido em terras brasileiras. A recentereedio de sua Histria da Religio de Israel e da obra Estruturas Teolgicas doAntigo Testamento indica a importncia do seu pensamento para a pesquisavtero-testamentria. Uma das caractersticas da obra de FOHRER a suaindependncia em relao s principais correntes da pesquisa bblica de seutempo. Independncia esta que, por vezes, se manifesta em hipteses ricas einstigantes mas, por vezes, em hipteses arriscadas, com pouca aceitao naacademia bblica. Esta Introduo ao Antigo Testamento apresenta vriascaractersticas dessa independncia e criatividade de FOHRER, dentre as quaisdestaco: 1) a integrao dos mtodos da crtica literria, da crtica das formase da histria das tradies singular e foi reconhecida por estudiosos e crti-cos de sua obra; 2) a estrutura do livro tambm peculiar, resultado de seuesforo em fazer da crtica das formas muito mais do que um mero alistar decaractersticas literrias, erro que no poucos estudiosos cometeram; 3) suahiptese sobre as fontes e a histria literria do Pentateuco merece ateno(conclui a favor da existncia, ainda que por pouco tempo, de um Hexateu-co), embora tenha acrescentado valor fragmentao de fontes na pesquisae no tenha recebido grande aceitao nos crculos de estudiosos; e 4) suarecusa em aceitar a hiptese quase unnime de uma redao deuteronomistapara os livros histricos no cnon proftico da Bblia Hebraica - a chamada

  • 28 APRESENTAO

    Obra Histrica Deuteronomista (com base teolgica em Deuteronmio, eexpressa nos livros de [osu, Juzes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis). Segundo ele,nesses livros, "os mtodos de trabalho e de reflexo so to diversos, de par-te a parte, que no se podem atribuir esses livros a um s autor ou redator".

    A maior contribuio desta Introduo, porm, e a principal justifica-tiva para sua reedio neste incio do sculo XXI, a detalhada ateno queFOHRER dedica s formas literrias presentes no Antigo Testamento. Ele ofe-rece uma cuidadosa discusso das formas literrias em seu ambiente vtero-oriental e seu desenvolvimento especfico em Israel. No s procura descre-v-las em perspectiva histrica, mas tambm se ocupa em analisardetidamente as caractersticas estruturais e estilsticas que possibilitam a de-finio da forma e a distino entre elas. No temos, em portugus, outrostextos que apresentem tamanha riqueza de informao e detalhes sobre asformas literrias do Antigo Testamento. A maioria das Introdues em portu-gus dedica pequena ateno ao tema, remetendo literatura especializadaem lngua estrangeira.

    Tal riqueza de detalhes, porm, no deixa de apresentar algumasdificuldades. Nem sempre se pode concordar com as distines altamenteelaboradas entre formas especficas. Algumas vezes percebe-se a falta de evi-dncias mais claras para certas concluses, por exemplo, a de que a origemdas proposies apodticas "situa-se no mbito do nomadismo pr-javsti-co". Independentemente das discordncias com relao a detalhes e conclu-ses histricas, a obra de FOHRER nos brinda com informaes significativas efundamentais para o estudo literrio do Antigo Testamento. claro que,quarenta anos depois, possumos melhores condies para estudar literaria-mente os textos vtero-testamentrios, graas aos avanos j realizados nocampo da crtica das formas e estilstica bblicas. Todavia, mesmo em auto-res mais recentes, encontramos uma caracterstica tambm presente na pes-quisa de FOHRER: a escassa ateno dedicada pesquisa lingstica e semiti-ca sobre a literatura. Vale a pena reler e rever a discusso de FOHRER a partirda discusso sobre os gneros textuais realizada no mbito da lingstica, danova crtica literria, da semitica e da anlise do discurso.

    com prazer que escrevo esta apresentao j conhecida Introduo aoAntigo Testamento de G. FOHRER. Sua reedio contribui para o aperfeioamen-to e o enriquecimento da pesquisa bblica em nosso pas e, ao completar atrilogia dos manuais escritos por FOHRER, nos d tambm um presente adicio-nal: o de poder discutir e analisar criticamente o pensamento de um dos auto-res mais criativos e independentes da pesquisa vtero-testamentria europia.

    Dr. Julio P. Tavares ZabatieroProf. de Exegese e Teologia Bblica

    na Escola Superior de Teologia (RS)

  • PREFCIO lO!! EDIO ALEM

    Ao aparecer, em 1910, a primeira edio da presente "Introduo aoAntigo Testamento", seu autor, ERNEsT SELLIN, expunha no prefcio asrazes que o determinaram a escrever um pequeno manual em lingua-gem sucinta, bem como as vantagens que via nisso. Pequeno manual con-tinuou a obra nas sete edies que apareceram em vida de E. SELLIN, e nasduas seguintes, refundidas por LEONHARD ROST. O livro passa, no entanto,por notveis modificaes, quanto ao contedo, tanto devidas ao prprioE. SELLIN, cuja vivacidade e sensibilidade s necessrias mudanas fica-ram registradas em teses sucessivas, como tambm graas ao trabalho derefundio empreendido por L. Rosr, dos quais o ltimo "nos apresentaum texto que somente em poucas passagens corresponde ltima ediosada das mos de E. SELLIN, e que a stima". Uma dcima edio, sob oscuidados de L. Rosr, deveria, segundo inteno deste, passar por novas eradicais transformaes. Mas para poder se dedicar, com todas as foras,a outros projetos, props-me ele que eu elaborasse a nova edio. Junta-mente com os agradecimentos pela confiana que ele e a Editora deposi-taram sobre mim, dando-me esta incumbncia, deveria eu tambm, pro-priamente falando, prestar contas detalhadas das profundas mudanasintroduzidas na presente obra, com relao s edies anteriores. Esperoque as explicaes resultem, em grande parte, da prpria exposio. Nes-te ponto talvez seja suficiente observar que nos foi impossvel evitar oaumento sensvel da obra quanto ao volume, bem como nova disposi-o da matria - para s mencionarmos as modificaes mais notveis -tendo em vista que nosso trabalho devia levar em conta a atual situaoda cincia veterotestamentria, como tambm oferecer uma contribuio pesquisa, para alm dos limites da simples atividade didtica. Ademais,tivemos de apresentar muita coisa de forma bastante sucinta - para mui-tos dos leitores talvez demasiado sucinta - ou simplesmente mencion-la,para evitar o dobro do atual volume.

  • 30 PREFCIO lOa EDIO ALEM

    Nossa exposio se restringe apenas aos livros cannicos do Anti-go Testamento e deixa de lado os escritos no-cannicos - indepen-dentemente da meno que deles venhamos a fazer no devido lugar. inteno de L. ROST tratar desses escritos em um volume comple-mentar parte.

    Devo agradecer em primeiro lugar Sra. HILDEGARDA HIERSEMANN que,com incansvel pacincia, tomou a si a incumbncia e a datilografia domanuscrito. Meu agradecimento se dirige tambm ao Dr. GUNTHER W ANKE,meu assistente, e ao Sr. HANS WERNER HOFFMANN, estudante de teologia,pelo trabalho de reviso do manuscrito, pela elaborao do catlogobibliogrfico e de abreviaes bem como do ndice de assuntos, e pelacolaborao na reviso das provas e ainda por inmeras outras ajudasque me prestaram.

    CEORG FOHRER

  • PREFCIO 11 il EDIO ALEM

    Como a 1ll edio se esgotou mais depressa do que espervamos,na 1111 edio deixei de incorporar, quanto ao contedo, a bibliografiaaparecida desde a sua elaborao, para no desvalorizar a dcima edi-o e manter o preo baixo do livro, graas a uma ampla reproduo pormeios foto-mecnicos. por isso que na undcima edio foram corrigi-dos apenas alguns pequenos erros e no texto foram feitas vrias altera-es que nos pareceram indispensveis. Na presente edio, a exemplodo que se fez na traduo inglesa, aparecida recentemente e feita a par-tir da dcima edio, a nova bibliografia foi acrescentada em forma de"suplementos". Sobre o contedo da mesma, na maioria dos casos, oleitor poder informar-se nas recenses dos peridicos e livros que seencontram na ZAW.

    Erlangen, novembro de 1968.

    CEORG fOHRER

  • INTRODUO

    LITERATURA ISRAELTICA,CNON E CINCIA INTRODUTRIA

    DO ANTIGO TESTAMENTO

    1. FUNO, HISTRIA E MTODOSDA CINCIA INTRODUTRIA

    L. ALONSO ScHKEL, Estudios dePotica Hebrea, 1963. - W. BAUMGARTNER,"Alttestamentliche Einleitung und Literaturgeschichte", ThR NF 8(1936), 179-222. - lo., "Eine alttestamentliche Forschungsgeschichte",ibid. 25 (1959), 93-110. - lo., "Zum 100. Geburtstag von HermannGunkel", VTSupp19, 1963, 1-18. - A. BENTZEN, "Skandinavische Literaturzum Alten Testament 1939-1948", ThR NF 17 (1948/49), 273-328. - K-H.BERNHAROT, Die Gattungsgeschichtliche Forschung em Alten Testament aisexegetische Methode, 1959. - J. BRIGHT, "Modem Study of Old TestamentLiterature", em: Essays Albright, 1961, 13-31. - L. DIESTEL, Geschichte desAlten Testaments in der Kirche, 1869. - O. EISSFELDT, "The Literature ofIsrael: Modem Criticism", em: Record and Revelation, 1938,74-109. - I.ENGNELL, "Methodological Aspects of Old Testament Study", VTSuppl7, 1960, 13-30. - G. FOHRER, "Tradition und Interpretation im AltenTestament", ZAW 73 (1961), 1-30. - D. N. FREEOMAN, "On Method inBiblical Studies: The Old Testament", Interpr 17 (1963), 308-318. C. H.GOROON, New Horizons in Old Testament Literature, 1960. H. GUNKEL, "DieGrundprobleme der israelitischen Literaturgeschichte", em: Reden undAufsiitze,1913,29-38. - H. F. HAHN, TheOld Testament in Modern Research,1954 (1956). - G. HORNIG, Die Anfiinge der historisch-kritischen Theologie:Johann Salomo Semler's Schriftverstiindnis undseine Stellungzu Luther, 1961.- H. HUPFELD, ber Begrift und Method der sogenannten biblischen Einleitung,1844; ThStKr 1861, 3ss. - R. KITTEL, "Die Zukunft der alttestamentlichenWissenschaft", ZAW 39 (1921), 84-99. - K KOCH, Was ist Formgeschichte?,1964. - E. G. H. KRAELING, The Old Testament since the Reformation, 1955.- H.-J. KRAUS, Geschichte der historisch-kritischen Erforschung des AltenTestaments von der Reformation bis zur Gegenwart, 1956. - J. LINDBLOM,

  • 34 LITERATURA I5RAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA 00 AT

    Einige Grundfragen der alttestamentlichen Wissenschaft, em: Bertholet-Festschrift, 1950,325-337. - J. MUILENBURG, "Modem Issues in BiblicalStudies", ET71 (1959/60),229-233. -PERLITI, Vatke und Wellhausen, 1965.- H. H. ROWLEY, "Trends in Old Testament Study", em: The Old Testamentand Modem Study, 1951 XV-XXXI. - H. H. ScHREY, "Die alttestamentlicheForschung der sogenannten Uppsala-Schule", ThZ 7 (1951), 321-341.- S. SCHULZ, "Die rmisch-katholische Exegese zwischen histori-schkritischer Methode und lehramtlichem Machtspruch", EvTh 22(1962), 141-156. - ST. SEGERT, "Zur Methode der alttestamentlichen Lite-rarkritik", Arar 24 (1956), 610-621. - S. J. DE VRIES, "The HexateuchalCriticism of Abraham Kuenen", JBL 82 (1963),31-57. - G. E. WRIGHT,"Archeology and Old Testament Studies", ibid., 77 (1958), 39-51.- W. ZIMMERLI, "Die historisch-kritische Bibelwissenschaft und dieVerkndigungsaufgabe der Kirche", EvTh 23 (1963), 17-31. - Cf. G.FOHRER em ThR NF 28 (1962),326-335.

    1. O AT e os estudos introdutrios

    A coleo de livros que a teologia e a Igreja crist costumam chamarde (AT) remonta, quanto seleo e composio ao longo de inmerosestgios preparatrios, ao judasmo dos tempos anteriores e posterioresao nascimento de Cristo. Ela se formou graas s exigncias do judasmoque, reagindo a correntes teologicamente perigosas, surgidas dentro dasprprias fileiras ou no confronto com o cristianismo primitivo, comeou ase cristalizar sobre certas bases e numa determinada tomada de posio.Esta coleo de livros, porm, tornou-se Sagrada Escritura no apenaspara o judasmo, mas tambm para o cristianismo e para o islamismo.

    A denominao AT remonta, em ltima anlise, ao prprio modo defalar da Bblia. A expresso "testamento" deriva do latim, testamentum,que a traduo do hebraico b'rii e do grego diaihk, "pacto", "acordo","contrato", "aliana" (em grego tambm = "disposies testamentrias")e se liga idia da "aliana" que Jav contraiu com Israel, por intermdiode Moiss. nova expresso desta f na profecia veterotestamentria cor-responde aquilo que [r 31.31-34 anuncia como sendo a nova "aliana" queJav concluir. Em o Novo Testamento, e principalmente em 2Co 3.5-18,usa-se esta palavra para exprimir um novo futuro a se realizar plenamen-te em Jesus Cristo. Tendo-se realizado nele a "Nova Aliana", a expresso"Antigo Testamento" passou a designar os tempos anteriores a Cristo.As duas expresses foram, em seguida, estendidas s Sagradas Escriturasque tratam destas duas alianas, a nova e a antiga, e, conseqentemente,

  • 1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA 35

    tambm aos livros da nova e da antiga"Aliana". E assim o Antigo Testa-mento tornou-se igualmente Sagrada Escritura para o cristianismo, comolivro da antiga"Aliana". Alis, originariamente representava simples-mente a Sagrada Escritura para os cristos, pois aos poucos que foi sur-gindo o Novo Testamento. O prprio Jesus Cristo, em Mt 5.17-19; Lc 10.25-28; 16.19- 31, o assume como autoridade inconteste, a despeito de qualquerdiferenciao que a crtica faa, tarefa esta que incumbe, como sempre, teologia do Antigo Testamento.

    Considerando-se que o Antigo Testamento continua sendo SagradaEscritura para a teologia e para a Igreja crist, apesar das restries deMARCIO e de HARNACKl, para no falarmos daqueles outros que o rejeitampor ignorncia poltica e por partidarismo racial, temos, a partir da, anecessidade de o entender corretamente, no todo e em suas partes, e de opesquisarmos de maneira cientfica. a esta tarefa que se dedica a cinciaintrodutria da Escritura, ao lado de outros processos de investigao e deinterpretao. A cincia introdutria tem por objeto estudar e expor todasas fases do desenvolvimento do AT, desde suas origens at sua conclu-so. Ou mais precisamente: essa tarefa consiste em seguir esse desenvol-vimento e as tradies do AT no contexto do Antigo Oriente, reconstitu-do tanto a partir da arqueologia como da formao das tradies orais,passando pela fixao por escrito de cada um dos seus textos e pela reu-nio dos mesmos em livros, at sua consolidao no cnon do AT e fixao do texto em sua forma definitiva.

    2. Os incios

    Em si, toda Escritura pode ser objeto de uma "introduo", medianteum estudo de iniciao ao seu vocabulrio, sua gramtica e s condieshistricas, aos fatos reais, ao seu universo conceitual e ao contedo desuas afirmaes. Uma Escritura deve ser objeto de uma introduo, sepretende reconduzir os leitores a uma poca e a um ambiente inteiramen-te diversos e que exigem um conhecimento preliminar correspondente.O prprio AT j contm observaes desta natureza, sobretudo nos ttu-los e nas glosas que escritores ou leitores inseriram posteriormente, pou-co importando se correspondiam ou no realidade. Incluem-se a osttulos da maioria dos livros profticos e dos treze salmos que derivam deuma situao especial da vida de Davi; cf., p.ex., SI 18[17]; 51[50]; 52[51];

    1 A. VON HARNACK, Marcion, 1924, 2'1 ed.

  • 36 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    54[53]; 56[55]; 57[56]; 59[58]; 60[59], e ainda a glosa de uma palavra-cha-ve, como em Ez 1.2, que se destina a explicar a data de LI, e uma observa-o, como em Zc 1.7, que tem por fim esclarecer o sentido do undcimoms, atravs da indicao do nome.

    Evidentemente, uma cincia propedutica nesses termos no existiudurante sculos. De incio, os rabinos transmitiam suas opinies sobre osautores, sobre a poca e o local de origem dos livros do AT, opinies quea Igreja antiga e medieval fez suas e complementou com outras. Este estu-do se efetuava, juntamente com o de outros aspectos particulares, sob aforma especfica de introduo aos livros do AT, como o fez JERNIMO, ouno corpo de outras obras, como AGOSTINHO, em De doctrina christiana, eJUNLIO AFRICANO, em Instituta regularia divinae legis. O termo "introduo"foi usado pela primeira vez, enquanto se sabe, pelo monge ADRIANO (t cercade 440) em seu escrito eisagg eis ts theas grafs, "Introduo s divinasEscrituras", Da, com base em Isagoge e Introductio, que surgiu o termo[alemo] Einleitung na obra de J. D. MICHAELIS (1750).

    Dos estudiosos judeus da Idade Mdia, devemos mencionar, sobre-tudo, RASCHI (morto em 1105) e IBN ESRA (morto em 1167), Este ltimoaventura-se ocasionalmente a fazer observaes crticas, embora apenasalusivamente, por respeito doutrina da inspirao verbal, e partindoda expresso "do outro lado do [ordo", que ocorre em Dt LI, desig-nando a regio situada a leste do [ordo, e tambm de Dt 3.10-12 e 27.1-8;31.9, ele conclui que Moiss no poderia ter sido o autor desse livro:"'Do outro lado do [ordo': se entenderes o segredo dos Doze, e ainda:'E Moiss escreveu a Lei', e mais: 'O cananeu habitava ento a terra', etambm: 'Sobre o monte de Deus ele se revelar', e por fim: 'Eis que seuleito era um leito de ferro', conhecers ento a verdade"; quem no a tiverconhecido, "cale-se!" Do lado cristo, houve a atuao de ISIOORO DESEVILHA (t cerca de 636), que resumiu em um compndio, o Prooemiorumliber, todo o saber de seu tempo, e de NICOLAU DE LYRA (t cerca de 1340)que, graas aos seus conhecimentos de hebraico, pde transmitir as obrasdos sbios judeus e manter-se em contato com os textos originais.

    O humanismo e a reforma protestante criaram os pressupostos parao surgimento da cincia propedutica da Escritura. Os humanistas remon-tavam lngua hebraica (J. REUCHLIN) e ao texto original, enquanto, porseu lado, os reformadores protestantes se apoiavam nesse dado e no naVulgata, e exigiam sua interpretao com base na filologia. Dentro destequadro, as tradies referentes aos autores e poca em que surgiram os

  • 1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA 37

    livros do AT foram submetidas anlise mediante a crtica textual. Logodepois de LUTERo, com seus reparos sobre a canonicidade do livro deEster, deve-se mencionar principalmente KARLSTADT que, em sua obraDe canonicis scripturis libellus (1520), observa, atravs da anlise crtico-estilstica, que entre as sees narrativas do Pentateuco e [osu no existenenhuma diferena de estilo, mas que ambas foram trabalhadas por umamesma mo, e que - tambm por razes estilsticas - seu autor no pode-ria ter sido Esdras. No entanto, os primeiros trabalhos de introduo sEscrituras, da autoria de SIXTO SENENSE (catlico, 1566), de RIVETO (calvinis-ta, 1627) e de WALTHER (luterano, 1636) no foram alm das concepestradicionais e procuraram enquadrar nas mesmas as observaes crticasindividuais que se tornavam conhecidas.

    Os passos decisivos para a cincia propedutica da Escritura foramdados na poca do iluminismo [Aufkliirungl e do racionalismo. THOMASHOBBES propunha em sua obra Leviathan (1Il1651), que a poca do apareci-mento dos livros do AT fosse deduzida a partir destes prprios livros,independentemente da tradio. Por outro lado, B. SPINOZA, em seu Trac-tatus Theolcgico-Potiiicus (1670), acrescentava crtica feita at ento combase nas contradies isoladas, e crtica estilstica, o princpio metodol-gico segundo o qual o indicador correto para a pesquisa do AT era "arazo natural, patrimnio comum de todos os homens, e no, conseqen-temente, uma iluminao sobrenatural nem uma autoridade externa".Alm disto, SPINOZA tratava de problemas que mais tarde se tornaram objetoda propedutica Escritura: a origem de cada livro, a histria do cnon edos textos. Um quarto impulso foi dado pela anlise lingstica dos textosque, em relao ao Pentateuco - e j sob o estmulo de R. SIMON - levou auma primeira distino entre as fontes, por sugesto de H. B. WITTER (1711)e J. ASTRUC (1753). Depois deles, J. S. SEMLER, com sua obra Abhandlung vonfreier Untersuchung des Canon (1771-1775) e seu Apparatusad liberalem VeterisTestamenti interpretationem (1773),pede para o AT uma pesquisa liberta dedogmas e da tradio, e que se adotem os mesmos princpios que se apli-cam a outras obras literrias. Depois de J. HERDER e R. LOWTH, com suanova considerao esttica e artstica, J. G. EICHHORN* resumiu todas asobservaes e sugestes precedentes em sua Einleitung in das AT, qualdeu a forma de manual e onde trata, como SPINOZA, dos trs problemasreferentes origem de cada livro, histria do cnon e histria dostextos. Foi ele o fundador da cincia propedutica da Escritura, em seusentido formal.

  • 38 LITERATURA I5RAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    3. O desenvolvimento da pesquisa histrico-crtica

    A histria posterior situa-se primeiramente sob o influxo do mtodohistrico e da histria das religies. Assim, na opinio de W. M. L. DEWETIE (1806s, 1817),os livros do AT mostram-nos a evoluo de suas idiase ao mesmo tempo nos oferecem a possibilidade de estabelecer a data deorigem desses livros. A contribuio bsica de DE WETTE consistiu em terfeito a identificao entre o cdigo de [osias e o Deuteronmio. Ao ladode H. G. A. EWALD (1835ss, 1840s, 1843ss), devemos mencionar ainda W.VATKE (1835), o qual, sob o influxo de HEGEL, descreve a evoluo da lite-ratura do AT, tendo por pano de fundo a histria de sua religio. Emcontraposio, emerge a tentativa de uma renovao da tradio da sina-goga e da Igreja primitiva, por parte de E. W. HENGSTENBERG (1831ss) e K.F. KEIL (1833). Este ltimo se empenhou em provar, p.ex., a autenticidadedo Pentateuco e do livro de Daniel, ou a unidade do livro de Zacarias.

    Decisiva, porm, foi a pesquisa histrico-crtica, a qual - no obs-tante os conhecimentos fundamentais adquiridos anteriormente por A.KUENEN* (18618s) e K. H. GRAF (1866 - est ligada sobretudo ao nome deJ. WELLHAUSEN* (1876ss). F. BLEEK (1878), B. STADE (1881ss), W. ROBERTSONSMITH* (1881), C. H. CORNILL* (1891), S. R. DRIVER (1891) e, como querematando, C. STEUERNAGEL* (1912), prosseguiram com os trabalhos depesquisa, dentro da linha de WELLHAUSEN. Se, de um lado, DE WETTEhavia chegado a um slido ponto de apoio cronolgico, identificando ocdigo de [osias com o Deuteronmio, do outro lado, KUENEN e GRAFsituaram a data do estrato sacerdotal das fontes do Pentateuco no pero-do ps-exlico, enquanto WELLHAUSEN traava a grande sinopse dentroda qual as fontes, estudadas do ponto de vista literrio, formavam umquadro bem definido da histria de Israel, no qual, por sua vez, as pr-prias fontes encontram seus respectivos lugares. Como este quadro sim-plesmente no concordava com os pontos de vista tradicionais, concen-traram-se sobre WELLHAUSEN ataques que perduram at os nossos dias.Inculpam-no de hegelianismo e de evolucionismo, quando no o apre-sentam, mesmo, como uma encarnao do demnio. PERLITT, no entanto,demonstrou recentemente, com a mxima clareza possvel, que tais cr-ticas carecem de fundamento.

    Na realidade, os prprios adversrios de WELLHAUSEN muito apren-deram dele e utilizaram-se de suas verificaes e de seu mtodo, mesmoque se tenham empenhado, como H. L. STRACK (1883),E.K. A. RrnHM (1889s),E. KbNIG (1893), W. GRAF BAUDISSIN (1901) e E. SELLIN* (1910, 1935), por

  • 1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA 39

    estabelecer, em suas concluses, uma sntese conservadora que estivesseem consonncia com a perspectiva da sinagoga e da Igreja antiga.

    Ainda assim, o mtodo puramente analtico e dissecativo provocoumal-estar, expresso no seguinte trocadilho: "Is the Pentateuch Mosaic or amosaic?" Da haver autores que, como G. WILDEBER* (1893), E. KAUTZSCH(1897),K. BUDDE* (1906),J. MEINHOLD* (1919,3il. ed., 1932),J. A. BEWER* (1922)e, tardiamente, A. LODS* (1950), tentaram chegar a uma exposio sintti-ca da histria da origem do AT, exposio na qual cada livro era isoladoda ordem em que se encontram no cnon e estudado em um contextocronolgico. Mas, antes que isto pudesse plenamente se concretizar, sur-giu em cena um outro ponto de vista que deu origem a numerosos mto-dos novos.

    4. Novos mtodos

    A metodologia que se liga aos nomes de H. GUNKEL e H. GRESSMANN,parte, por um lado, dos resultados obtidos pela arqueologia do AntigoOriente e pela orientalstica, cuja importncia at hoje crescente tem sidoplenamente reconhecida, enquanto, por outro lado, aplica ao AT os dadosda pesquisa histrica e comparativa das literaturas. A literatura vetero-testamentria vista no mbito de toda a literatura do Antigo Oriente, aopasso que se investigam as relaes entre as duas. Por isso, o interesse dosestudiosos se volta primeiramente para a histria das formas do discursoe para os gneros literrios, como igualmente para a histria do material eseus motivos. Tanto a forma atual como a histria primordial dos textosveterotestamentrios passaram a ser objeto de pesquisa.

    a) A obra de GUNKEL, realizada sob o influxo da filologia clssica e dagermanstica, exerceu papel pioneiro com relao pesquisa dos gnerosliterrios. Ele parte do pressuposto de que as formas de expresso e osgneros literrios tinham, na antiguidade, uma fisionomia muito maisprecisa do que em nossos dias, obedeciam a um certo esquema de cons-truo, apresentavam motivos mais ou menos fixos e possuam determi-nado Stz im Leben ["situao histrica e existencial"] como lugar de ori-gem. O narrador ou o poeta escolhiam o gnero conforme a ocasio e omotivo, prendendo-se, porm, ao esquema bsico deste gnero, de sorteque as possibilidades de variaes pessoais eram limitadas, ao passo queos aspectos convencionais e tpicos eram determinantes. luz desta cons-tatao, GUNKEL* pretendeu substituir o estilo de introduo at ento emuso, por uma histria da literatura [udaico-israeltica, entendida como

  • 40 LITERATURA I5RAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AI

    histria dos gneros e formas literrios correntes em Israel, tanto maisque, por este procedimento, se tornava possvel, para alm dos limitesdaquilo que fora transmitido por via literria, extrair concluses, levarem conta o falar e cantares vivos do povo e acompanhar a histria primi-tiva das formas de expresso, recuando at pocas remotssimas e, de novo,a partir da, explicar as particularidades dos textos veterotestamentrios. esta maneira de expor que encontramos em HEMPEL*.

    No entretempo, a pesquisa dos gneros literrios apurou-se e evo-luiu no sentido do estudo da histria das formas, de modo a poder inves-tigar o processo de elaborao e as variaes das formas e das frmulas.Havia a, tambm, evidentemente, a tendncia de situar o mtodo em pri-meiro plano ou de lhe atribuir uma posio absoluta, como tambm atendncia de se ficar limitado apenas a esse mtodo e o erigir em princ-pio exclusivo ou, quando menos, fundamental, de compreenso, coloca-o esta a que nos devemos opor firmemente. O estudo da histria dasformas deve ser realizado com base na diferenciao crtica e literria, ecomo seu ulterior desenvolvimento, depois de escolhido um de seusnumerosos aspectos.

    Exageros ocasionais da pesquisa dos gneros literrios devem sercorrigidos:

    1) O mtodo em si pode ser aplicado ao estudo das unidades lin-gsticas ou literrias primitivas. O que se discute, porm, sua apli-cao a todos os componentes do discurso, que poderia degenerar numaespcie de "histria das formas:". e a textos mais extensos e mesmo aobras inteiras, cuja estrutura em geral no depende de princpios for-mais.

    2) Discute-se tambm a superestima que se tem pelos aspectosconvencionais e tpicos, com prejuzo dos aspectos pessoais e indivi-duais, atitude esta que vai de encontro estrutura pessoal da f javistae sua maneira individual de exprimir esta f. Esta superestima sebaseia menos na mentalidade e nas concepes dos israelitas do quena influncia moderna, antipsicolgica e anti-subjetiva da Sociologia edas Cincias naturais.

    3) Um dos erros desta pesquisa consiste em vincular a instituios respectivas funes. Parte-se muitas vezes do pressuposto de que asformas do discurso se vinculam a uma determinada instituio per-manente, de que sua estrutura reflete e deixa entrever a existncia de

    2 M. NOTH, Developing Lines of Theological Thought in Germany, 1963.

  • 1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA

    um acontecimento real (ou cultural), de que se pode identificar o locale a data deste acontecimento, e de que aquele, portanto, que utilizouessas formas do discurso teria exercido um papel dentro da instituioe no decurso do acontecimento (cultual). Assim, enquanto a expresso5itz im Leben ["situao existencial"] indica em si um determinadomotivo - o 5itz im Leben dos funerais de uma pessoa, p.ex., a suamorte - este mesmo conceito se transforma, aqui, inesperadamente emvinculao com uma instituio geralmente de natureza cultual oujurdica. No difcil de mostrar que esta concepo no leva na devi-da conta a realidade das situaes.

    4) No exato afirmar que a forma e o contedo do discursoesto sempre de acordo. Como prova deste asserto, baste-nos recordarque os profetas usaram a lamentao fnebre como ameaa ou comoameaa sarcstica. Por conseguinte, preciso distinguir entre o modode falar e sua funo, entre o 5itz im Leben ["contexto existencial"] ori-ginal e o 5itz in derRede ["contexto no discurso"].

    41

    b) Tambm GUNKEL, e GRESSMANN logo depois dele, puseram em mo-vimento e incentivaram principalmente a pesquisa da histria dos mate-riais e seus motivos. Evidentemente que esta pesquisa, levada a efeito sobo impacto dos resultados da arqueologia e da orientalstica, estava e ain-da est exposta de modo particular ao perigo - ao qual chegou mesmo asucumbir com o panbabilonismo, na controvrsia do "Babel-Bblia" - deatribuir os materiais e os motivos do AT o mais amplamente possvel aoseu mundo ambiente, deixando de considerar o carter peculiar da fjavista. Contudo, esta pesquisa continua um instrumento indispensvelpara investigar a origem e as transformaes dos materiais e motivos nomundo ambiente de Israel e no seio do AT, de novo aqui com base nadiferenciao crtico-literria e seu ulterior desenvolvimento e sob umaspecto diferente.

    A pesquisa, no entretempo, se expandiu e se transformou em estudoda histria das tradies que procura reconstituir, ao longo do AT, noapenas os motivos em particular, mas as correntes da tradio resultantesda concentrao de inmeros motivos. Observa-se, no entanto, como napesquisa da histria das formas, uma tendncia ao unilateralismo e ab-solutizao, qual seja a de colocar a pesquisa das tradies como nicocritrio e de considerar todas as manifestaes do AT como dependentesde umas poucas tradies, as quais, segundo esta perspectiva, percorremtoda a histria, depois de haverem passado por diferentes transforma-es. Assim, na realidade, "no h nada de novo debaixo do sol" (Ec11.9),

  • 42 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    e aquilo que especifico de determinado enunciado consiste, em ltimainstncia, na forma peculiar da mudana sofrida por uma determinadatradio.

    Aqui, mais uma vez, necessrio proceder a algumas retificaes embenefcio das idias fundamentais e corretas:

    1) Muitas vezes, parece que se confunde o aparecimento simult-neo de vrios motivos com uma determinada tradio. preciso, con-tudo, distinguir entre essa tradio e os motivos que podem simples-mente constituir elementos individuais de uma tradio. A transmissoda histria da libertao de Israel da terra do Egito uma tradio; oselementos da teologia posterior de Sio (p.ex., nos salmos dos filhos deCor), pelo contrrio, no remontam a uma tradio cultual de Jerusa-lm, de origem pr-israelita, mas constituem um conjunto de motivosindividuais", preciso por isto muita prudncia para no confundirteologmenos de origem recente com correntes de tradio.

    2) Ao binmio forma e funo corresponde o binmio tradio einterpretao, podendo este ltimo aparecer sob formas diversas, eno devendo ser reduzido unidade. Este binmio pode mesmo che-gar ao ponto de reduzir a tradio a seu contrrio e a revesti-la denova forma.

    3) Em outros casos se deve perguntar se a pesquisa das origensdo material utilizado metodologicamente relevante para a compre-enso de seu emprego dentro do texto. Muitas vezes os autores de umtexto j no tinham certamente conscincia da antiga significao domaterial e introduziram nele seu prprio significado, que preciso entocaptar.

    4) Talvez no se possa considerar nenhuma parte do AT, e muitomenos os profetas, principal ou exclusivamente sob o ponto de vistada sua vinculao com a tradio ou do binmio tradio e interpreta-o. Alm disto, ocorre, como sempre, uma srie mais ou menos consi-dervel de idias e de afirmaes espontneas ou deliberadas, que noexistiam na tradio. Os profetas em particular so, antes do mais,carismticos que pretendem anunciar a palavra viva de Jav dirigida aeles e no uma tradio.

    c) Um outro mtodo que devemos mencionar o da pesquisa da his-tria da tradio, adotado pelos escandinavos e que no podemos consi-derar como o oposto ou como uma alternativa para a crtica literria (con-

    3 Quanto aos detalhes, cf. G. WANKE, Die Zionstheologie der Korachiten in ihremtraditionsgeschichtlichen Zusammenhang, 1966.

  • 1. FUNO, HISTRIA E MTODOS DA CINCIA INTRODUTRIA 43

    forme pensa L ENGNELL*, sobretudo), ou como tendo a primazia sobre esta.Pelo contrrio, devemos entend-lo como mais um passo no sentido deuma diferenciao crtica e literria (como o fazem, p.ex., M. NOTH, W.BEYERLIN, G. FOHRER). Esta pesquisa se ocupa com o passado dos livros doAT e estuda o desenvolvimento progressivo da tradio, desde as cama-das pr-literrias, at seu surgimento por escrito. Estes livros, em suamaioria, no constituem "literatura", no sentido de terem sido planeja-dos, formulados e escritos por determinados autores, num processo queno volta a se repetir. Pelo contrrio, a fixao por escrito representa qua-se sempre a etapa derradeira do processo de transmisso de um determi-nado contedo, num estgio mais ou menos longo de sua tradio, du-rante o qual esse contedo alcanou afinal sua forma atual. O estudo dahistria da tradio no considera as unidades do texto apenas do pontode vista de como sua forma definitiva se concretizou, mas procura seguirtodo o processo atravs do qual as unidades surgiram. Neste mtodo preciso ter-se em conta a variedade dos materiais do AT, de tal ordem,que no nos permitem reduzi-los a um esquema unitrio. Compreende-seque esta pesquisa nem sempre conduz a uma soluo segura, pois a tradi-o no o permite.

    d) Recentemente a anlise estilstica tem sido praticada em escalaprogressiva, lamentavelmente porm com certa tendncia ao unilateralis-mo e ao exclusivismo, em vez de se procurar a complementao dos m-todos at agora existentes. Para a apreciao da musicalidade e da estru-tura dos versos, emprego das imagens e processo de composio,aplicam-se a os princpios da "nova estilstica" sugeridos pela cincia daliteratura. Assim o faz, p.ex., ALONso-ScHKEL. Evidentemente, existe, portrs disto, o perigo latente de um esteticismo estril.

    e) O quadro se amplia, ainda mais, quando se consideram os nume-rosos outros aspectos enriquecidos por novos conhecimentos e novasperspectivas. Assim, devemos mencionar os resultados da arqueologiae do estudo da topografia, das pesquisas da histria dos territrios, e doesforo de esclarecimento dos diversos contextos histricos do AntigoOriente. As descobertas de textos no deserto de [ud, principalmentenas cavernas de Qumran, fizeram com que muitas questes apareces-sem sob uma outra luz, mas ao mesmo tempo colocaram, no mnimo,outros tantos problemas. A pesquisa referente histria da piedadeacompanha as idias e as manifestaes da piedade, no que respeita asuas origens, evoluo e variaes, ao passo que o estudo da histria doculto e das funes dentro deste procura identificar as relaes existentes

  • 44 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    entre grandes setores da literatura do Antigo Testamento e o culto, aformao das lendas em torno do culto dos santurios e das festas, aorigem e a transmisso das tradies em sua vinculao com o culto emsentido mais amplo. Por fim, O estudo dos problemas da histria dasredaes se volta para a inteno dos compiladores e dos que reelabora-ram complexos de extenso maior.

    5. A funo da introduo

    A multiplicidade dos mtodos atuais de pesquisa e dos processos decompreenso pode-nos parecer desconcertante. Da que se explica tal-vez a facilidade com que os estudiosos se dedicam a um determinadomtodo, com excluso dos demais. Justamente cabe cincia introdutriauma funo toda especial nas circunstncias atuais: ela se deve empenharpor organizar o processo de exposio, de modo diverso daqueles que seobservam em obras recentes de introduo Escritura (EISSFELDT*, WEISER*,SELLN-RoST*), e deve agrupar entre si aqueles livros que apresentemcaractersticas comuns, independentemente da ordem em que eles apare-cem dentro do cnon hebraico do AT. A respeito destes grupos, devemser destacados primeiramente os seus elementos comuns, desde o panode fundo histrico do Antigo Oriente, at aos problemas da histria dasformas e da tradio, e aos fatores que dizem respeito compilao e transmisso dos textos e, a seguir, os problemas que se referem forma-o e origem de cada livro do AT, pertencente ao respectivo grupo, tudoisto atravs de um processo conjunto de anlise e de sntese. Por ltimo, oestudo da histria do cnon e dos textos deve levar em conta o desenvol-vimento posterior do AT (v. grfico na pgina segunte).

    2. PRESSUPOSTOS DA LITERATURA ISRAELTICA

    J. AIsTLETINER, Diemythologischen und kultischen TexteausRas Schamra,2lJ. ed. 1964. - W. F. ALBRIGHT, Archiiologie in Paliistina, 1962 (Archaeologyof Palestine, 1949, 4lJ. ed., 1960). - A. ALT, Die Landnahme der Israelitenin Paliistina, 1925 (= Kleine Schriften, I 1953, 89-125). - In., Wolkerund Staaten Syriens im frhen Altertum, 1936 (= ibid. 1959,20-48). - lo.,"Erwgungen ber die Landnahme der Israeliten in Palstina", PJB 35(1939), 8-63 (= ibid. I 1953, 126-175). - W. BAUMGARTNER, "Ras Schamraund das Alte Testament", ThR NF 13 (1941), 1-20,85-102,157-183. - K.-H.BERNHAROT, Das Problem der altorientalischen Knigsideoiogie, 1961.

  • A tradio em sua forma atual

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    Individualidade

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    um dos mo- pr-li ter- quisa dastivos e sua rio da tra- correntes dahistria) dio ) tradio)

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    Histriadas formasde expres-so (hist-ria liter-

    ria)

    Histriadas formas

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    forma emparticular)

    Pesquisados gneros

    literrios (de-terminao

    das formas deexpresso)

    Forma

    ~

    Tcnica de composio, histria da redao(Compilao e reelaborao)

    Reelaborao po",,.1 at a forma atual>I:>-01

  • 46 LITERATURA ISRAELTICA, CNON ECINCIA INTRODUTRIA DO AT

    - I. ENGNELL, Studies in Divine Kingship in the Ancient Near Easi, 1943.- G. FOHRER, "Die wiederentdeckte kanaanische Relgion", ThLZ 78(1953), 193-200. - H. FRANKFORT, Kingship and the Cos, 1948. - In., TheProblem of Similarity in Ancient Near Eastern Religion, 1951. - J. DE FRAINE,L'aspeci religieux de la royaut isralite, 1954. - K. GALLING, Textbuch zurGeschichte Israels, 1950. - C. H. GOROON, Ugaritic Literaiure, 1949. - ID.,Ugaritic Manual,1955. - ID., Geschichtliche Grundlagen des Alten Testaments,2il ed., 1961. J. GRAY, The Legacy of Canaan, 1957. - S. H. HOOKE (ed.),Myth and Ritual, 1933. - ID., The Labyrinth, 1935. - ID.,Myth, Ritual, andKingship, 1958. - A. JIRKU, DieAusgrabungen in Paliistina und Syrien, 1956.- ID., Kanaaniiische Mythen und Epen aus Ras Schamra-Ugarii, 1962.- A. R. JOHNSON, Sacral Kingship in Ancient Israel, 1955. - C. R. NORTH,"The Religious Aspects of Hebrew Kingship", ZAW 50 (1932), 8-38.- M. NOTH, DieWelt des Alten Testaments, 4il ed., 1962. - ID., "Cott, Knig,Volk im Alten Testament", ZThK 47 (1950), 157-191 (= GesammelteStudien zum Alten Testament, 1957, 188-229). - H. WH. ROBlNSON,The History of Israel, its facts and [acior, 1941. - H. SCHMKEL e outros,Kulturgeschichte desAlten Orieni, 1961, - P. THOMSEN, Palstina und seineKultur in fnf [ahriausenden, 3il ed., 1931. - G. E. WRIGHT, BiblischeArchologie, 1957. - Vejam-se tambm as exposies sobre a histria deIsrael.

    1. Pressupostos histricos e geogrficosiA Palestina, em virtude da natureza de seu terreno, no constitui uma

    regio de povoamento homognea e fechada, mas, por estar dividida emestrias longitudinais no sentido norte-sul- plancie costeira, regies mon-tanhosas a oeste do [ordo, depresso jordnica e regio a leste do [ordo- e por estar recortada de plancies, vales e patamares, no sentido oeste-leste, favoreceu a tenso sociolgica entre os diversos setores de sua po-pulao, o desenvolvimento em separado das regies em que se divide opas, como conseqncia da diversidade de situaes na qual o trnsito severificava, e a fragmentao em uma multiplicidade de unidades polti-cas autnomas. Ao mesmo tempo, por causa das vias de trnsito abertasao longo de suas plancies, ela se constituiu o pas de ligao entre a fri-ca e a sia, entre o Egito, a Mesopotmia e a sia menor e, por isso mes-mo, se viu constantemente envolvida nas disputas entre as foras que adominavam e esteve, durante a maior parte de sua histria, sob domnioestrangeiro. Diviso e diversidades territoriais e polticas, histricas e

    4 De acordo com a exposio de HEMPEL*, assumidas tambm por WEISER*.

  • 2. PRESSUPOSTOS DA LITERATURA ISRAELTICA 47

    tnicas estiveram sempre umas ao lado das outras. A fragmentao dopas em numerosos reinos-cidades e feudos, devida presena das fam-lias dos dominadores hicsos, nos scs. XVIII-XVIa.c., sobreviveu hege-monia egpcia que se seguiu, e s terminou sob os reinados de Davi eSalomo. A existncia de grupos tnicos paralelos, sobretudo dos gruposcananeus - no falando da camada dos dominadores filisteus - e israeli-tas, que se instalaram, antes do mais, nas regies montanhosas de fracadensidade populacional, ainda se fazia sentir ao tempo em que Salomorealizou a diviso do norte de Israel em regies administrativas, conser-vando, porm, os antigos limites. Os dois grupos mencionados, porm,fundiram-se aos poucos, sendo que a influncia dos cananeus levou osisraelitas a cindir-se tnica, social e culturalmente. O fato determinante,alm do mais, foi a progressiva assimilao dos antigos seminmades snovas condies da vida agrcola e, conseqentemente, s formas de exis-tncia urbana e econmica do pas.

    Tudo isto devia tornar difcil para o povo hebreu, quando noimpossvel, uma existncia poltica, cultural e espiritual prpria e, conse-qentemente, deve colocar hoje o problema da origem de uma literaturaisraeltica como um todo especfico. Mas o fato de ela ter surgido e apre-sentar-se com bastante homogeneidade - abstraindo-se de certas diferen-as que resultaram de evolues realizadas separadamente nos reinos donorte e do sul, depois da ciso do reino de Davi e Salomo - contraria seusprprios pressupostos geogrfico-histricos. Este fenmeno s se explica- mais uma vez abstraindo-se de uma seleo de elementos literrios, quese praticou ao longo de sculos e foi a nica a se preservar - quando visto,de um lado, luz da conscincia nacional e tnica de Israel, que foi prepa-rada no perodo dos Juzes, desabrochou no reinado de Saul e atingiu seuamadurecimento na poca de Davi e Salomo, e, do outro lado, quando seconsidera o vnculo de unio constitudo pela f javista, que, atravs dopovo de Moiss, chegou s tribos e grupos israelitas na Palestina e, porsua vez, influiu de modo de terminante na formao da conscincia deIsrael como povo e como nao. O fator religioso agiu mais fortemente doque as foras que opunham obstculo.

    2. Pressupostos culturais

    No curso do seu processo de sedentarizao, os israelitas no somentelevaram para a Palestina os elementos de sua prpria cultura, juntamentecom influncias mais ou menos de origem mesopotmica e egpcia, mas

  • 48 LITERATURA I5RAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AI

    penetraram, por sua vez, na esfera de influncia da alta cultura canania. proporo que as escavaes arqueolgicas vo trazendo luz o con-tedo desta cultura, que no se caracteriza somente pelo culto sexual emgico da fecundidade, tanto mais clara vai aparecendo a herana vigo-rosa de formas e contedos materiais e espirituais que os israelitas assu-

    . miram. Sua rejeio por parte dos nazireus e recabitas constitui, para apoca, uma reao estril e fora de tempo, e teria acarretado a runa deIsrael, caso sasse vitoriosa. O povo vivia ao mesmo tempo numa regioonde atuavam tribos no-cananias e no-israelitas, principalmente aque-las oriundas da estepe situada ao sul de [ud. Na mesma regio se sentiaa influncia da cultura dos hititas da sia menor, aps a runa do reinohitita, em cerca de 1200 a.c., ou daquela cultura que se desenvolveu nombito do Mediterrneo oriental, a partir do perodo egeu que precedeuo dos gregos, ao longo da rota que passa pelas cidades porturias da Fen-cia. Acrescenta-se a isto o fato de Israel ter-se mantido permanentementevinculado ao Egito a cuja esfera de influncia cultural e por vezes tam-bm poltica pertencia a Palestina. Dificilmente se pode conceber a litera-tura sapiencial de Israel, se no se admite esta vinculao. Por fim, aspotncias do Oriente deixaram a tambm os seus vestgios, desde ossumrios, babilnios e assrios at os persas, seja por intermdio das pri-meiras migraes dos israelitas ainda seminmades, seja atravs do cana-neu, ou mais tarde por um contato direto. De todos os lados se dirigempara Israel correntes de influncias estranhas. Por isto sua literatura deveser considerada principalmente como parte integrante e como um doselementos da literatura geral do Antigo Oriente. O que se discute saberse ela nada mais do que isto, ou se constitui realmente uma literaturacom seu cunho inteiramente prprio.

    O problema se torna mais agudo, quando se toma em considerao atese dos estudiosos ingleses e suecos segundo a qual existe uma unidadecultural do Antigo Oriente, sobretudo no domnio do culto, e se deve admi-tir um esquema cultual (cultic paitern), tendo o rei-deus por figura central,e que seria patrimnio comum de toda aquela regio. Neste esquema en-quadra-se necessariamente tambm Israel, cuja cultura, religio e cultodevem revelar seus traos, como se tem procurado provar, com base emsua literatura. Esta no , por conseguinte, seno um pequeno segmentoda literatura cultual e religiosa do Antigo Oriente, e tanto assim, que A.HALDAR no seu estudo sobre o livro de Naum s encontrou quatro vers-culos onde no aparecem os motivos mticos do referido esquema (comreferncia a outros dois versculos, no h clareza em sua exposio).

  • 2. PRESSUPOSTOS DA LITERATURA ISRAELTlCA 49

    Embora o contributo positivo desta maneira de pensar esteja em nosadvertir que, para a reta compreenso dos gneros literrios do AntigoOriente, necessrio que os textos sejam citados em toda a sua extenso,e embora se deva concordar que h um certo grau de homogeneidade ede concordncia no seio da cultura do Antigo Oriente, contudo, a hipte-se do esquema de homogeneidade do culto tem contra si uma srie deargumentos:

    1) Considerada do nosso ponto de vista, a cultura do Antigo Orien-te pode dar a impresso de constituir uma unidade, como o seria acultura europia hodierna para os observadores futuros. Mas, do mes-mo modo que esta , na realidade, bastante diferenciada e at certoponto contraditria, assim tambm as culturas do Antigo Oriente apre-sentavam cada uma suas caractersticas, suas diferenas e tambm seuscontrastes.

    2) Discute-se cada vez mais a opinio segundo a qual o AntigoOriente constitua um bloco monoltico e fechado. Os prprios hititasno se enquadram inteiramente neste contexto. Mas sobretudo umaanlise das escavaes de Ugarit que nos indica que o Antigo Orienteestava aberto para o espao do Mediterrneo oriental. O mesmo sededuz a respeito das relaes que existiam entre o mundo oriental e andia.

    3) Em nenhuma das culturas do Antigo Oriente pode-se compro-var inteiramente a existncia do referido esquema. Em todas elas, en-contramos apenas indcios que se devem coligir de toda parte, paraque se possa ter uma viso de conjunto.

    4) Tem havido muita precipitao quando se pretende descobriraspectos paralelos entre os textos comparados. Cumpre notar, pois,que a mesma palavra pode ter sentido diferente entre povos e lnguasdiversos.

    5) Supe-se que um simples israelita tenha tido conhecimentosreligiosos e culturais em proporo inacreditvel, quando se pretendeidentificar em textos mais recentes do AT uma infinidade de tons esobretons do referido esquema.

    Mas embora no se possa sustentar a tese do esquema cultuaI, contu-do, assombroso o fato de que, apesar de todas as influncias externas, setenha formado uma literatura hebraica com ndole prpria e bastante ho-mogeneidade. Como causa para isto devemos mencionar tambm a fjavista que se imps de maneira decisiva e a tal ponto, que as tradiesdas tribos israelitas nela se incorporaram, e ela rejeitou ou assimilou osmateriais de origem canania ou estrangeira. Sua energia criadora

  • 50 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    impregnou de sentido religioso a herana do passado do prprio Israel edo mundo ambiente vtero-orienta1.

    3. Pressupostos literrios

    poca da sedentarizao dos israelitas na Palestina, j se conheciamno pas a escrita e a arte de escrever que se ensinavam nas escolas deescribas. Nas comunicaes escritas oficiais e diplomticas utilizava-seem geral a escrita cuneiforme, recebida da Babilnia, e que os hierglifosdo Egito no conseguiram suplantar, nem mesmo durante a hegemoniaegpcia na Palestina. Mas foi sobretudo por volta dos meados do segundomilnio que se desenvolveu em mbito fencio uma escrita consonantal,que inicialmente utilizava caracteres cuneiformes, passando mais tarde acaracteres prprios. desse alfabeto que deriva o alfabeto hebraico anti-go como tambm, por ltimo, o nosso alfabeto, pois os gregos adotaram emodificaram a escrita consonantal dos fencios, por volta do sc. IX.

    Tambm se conhecia, na Palestina, uma parte considervel das lite-raturas mesopotmica e egpcia, em particular atravs de textos que seutilizavam como exerccio nas escolas dos escribas. Tratava-se sobretudode cnticos, poemas picos, mitos e textos sapienciais. Eram apenas frag-mentos isolados e no grandes exposies coerentes. Tambm se podedesmembrar a narrativa atual do Pentateuco em suas narrativas parciaisautnomas ou grupos de narrativas que foram reunidas pouco a poucosob o domnio de uma idia fundamental, ao passo que a narrativa deJos surgiu ao longo de um perodo maior de tempo, depois da sedentari-zao, Tambm as narrativas da sucesso no trono de Davi foram cons-trudas segundo um plano definido e atravs da reflexo.

    No que respeita aos pressupostos literrios, observa-se que os israe-litas levaram consigo e tambm encontraram na Palestina um modo mui-to simples de narrar, mas que, posteriormente, reuniram em grandes con-juntos as narrativas isoladas ou ciclos de narrativas, sob o domnio deidias mestras, e produziram depois outras exposies dentro de planosbem definidos. Semelhante fenmeno no encontramos nas demais lite-raturas do Antigo Oriente. Se procurarmos a causa desta evoluo singu-lar, poderamos encontrar, formalmente falando, um caminho que, par-tindo da pica canania e passando pela epopia israelita, teria levado exposio histrica. O fator decisivo, porm, foi a f javista, a qual, comseu carter nacional-religioso e sob o impulso das aspiraes de um gran-de Israel, proporcionou as idias e as linhas mestras que levariam os

  • 3. TRADIO ORAL E LITERATURA 51

    narradores mais antigos a agrupar em uma certa unidade os materiais doPentateuco. A crena de que Jav conduz os destinos dos povos tornoupossvel, ao contrrio dos pressupostos literrios, o aparecimento de umaliteratura com caractersticas nicas. O mesmo acontece com os orculosprofticos, com os Salmos e outras formas de expresso que se diferenciamnotavelmente de fenmenos comparveis do Antigo Oriente.

    4. O significado da f javista a f javista que constitui permanentemente a fora determinante

    que, ao contrrio dos pressupostos desfavorveis, possibilitou a forma-o de uma literatura israeltica autnoma, que se distingue fundamen-talmente das demais literaturas do Antigo Oriente pelo seu pensamentoreligioso. Trata-se, na realidade, de um processo que se prolonga por v-rios sculos e seria por demais simplificar as coisas, se quisssemos limi-t-lo poca que vai at os reis. Nesse perodo, encontram-se apenas asrazes de onde, pouco a pouco, se desenvolveu a rvore. Este fenmenocontinua ainda na poca da profecia escrita, sendo que se torna cada vezmais claro que as foras propulsoras da f javista so as idias da sobera-nia divina e da unio com Deus.

    3. TRADIO ORAL E LITERATURA

    H. BIRKELANO, Zum hebrischen Traditionswesen, 1938. - R. C. CULLEY,"An Approach to the Problem of Oral Tradition", VT 13 (1963), 113-125.- O. EISSFELDT, "Zur berlielerungsgeschichte der Prophetenbcherdes Alten Testaments", ThLZ 73 (1948), 529-534. - I. ENGNELL, GamlaTestamentet, en traditionshistorisk inledning, I 1945. - lo., "Profetia ochtradition", SEA 12 (1947), 110-139. - B. GERHAROSSON, Memory andManuscript, 1961. - lo., "Mndliche und schriltliche Tradition derProphetenbcher", ThZ 17 (1961), 216-220. - A. H. J. GUNNEWEG, Mndlicheund schriltliche Tradition dervorexilischen Prophetembcher aIsProblem derneuren Prophetenforschung, 1959. - J. HEMPEL, "The Literature of Israel:The Forms of Oral Tradition", em: Record and Revelation, 1938,28-44.- A. S. HERBERT, Literary criticism and oral tradition, London Quarterlyand Holborn Review 1959,9-12. - J. LAESSOE, "Literary and Oral Traditionin Ancient Mesopotamia", em: Studia Orientalia Pedersen, 1953,205-218.- A. Loos, "Le rle de la tradition orale dans la formation des rcits del'Ancien Testament", RHR 88 (1923),51-64. - S. MOWINCKEL, "Opkomstenav profetlitteraturen", NTT 43 (1942),65-111. - lo., Prophecy and Tradition,

  • 52 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AT

    1946. - E. NIELSEN, OralTradition, 1956. - C. R. NORTH, "The Place of OralTradition in the Growth of the Old Testament", ET 61 (1949/50),292-296. - H. S. NYBERG, Studien zum Hoseabuche, 1935. - J. VAN DERPLOEG, "Le rle de la tradition orale dans la transmission du texte del'Ancien Testament", RB 54 (1947),5-41. - H. R!NGGREN, "Oral and WrittenTransmission in the Old Testament", StTh, 3il ed., (1950/51), 34-59.- H. F. D. SPARKS, "The Witness of the Prophets to Hebrew Tradition",JThST 50 (1949), 129-141. - C. STUHLMUELLER, "The Influence of OralTradition upon Exegesis and the Senses of Scripture", CBQ 20 (1958),299-326. - G. WINDENGREN, Literary and Psychological Aspects of the He-brewProphets, 1948. - ID., "Oral Tradition and Written Literature amongthe Hebrews in the Light of Arabic Evidence, with special regard toProse Narratives", AcOr Kopenhagen 23 (1959), 201-262. - ID., "Traditionand Literature in Early Judaism and in the Early Church", Numen 10(1963),42-83. - Cf. G. FOHRER em ThR NF 19 (1951),282-285; 20 (1952),199-203; 28 (1962),33-35.

    1. O problema

    At aqui falamos da literatura israelita. Agora se coloca o problemade saber de que modo e em que tempo ela surgiu. Foi ela fixada imediata-mente por escrito, como se tem admitido freqentemente e com muitanaturalidade, ou existiram estgios que conduziram at ela? Em caso afir-mativo, quando surgiu essa literatura e o que aconteceu antes dela? Estasquestes tm sido calorosamente debatidas nos ltimos decnios.

    O primeiro impulso neste sentido foi dado por NYBERG. Na sua opi-nio, o processo de transmisso literria no Oriente se realizou sobretudopor via oral e muito raramente por escrito. A fixao de uma obra literriapor escrito foi precedida durante algum tempo por uma tradio oral, aqual continuou, mesmo depois da fixao por escrito, como a forma nor-mal de utilizao e de perpetuao da obra. Isto vale tambm para o AT,que at o exlio tinha uma pr-histria fundamentalmente oral, cultivadanos crculos ou centros tradicionais, que conservavam e transmitiam omaterial, sendo esse mesmo AT, em sua forma escrita, um produtosomente da comunidade judaica posterior ao exlio. Por conseguinte, somente esta tradio escrita posterior ao exlio que se pode recuperar eser estudada criticamente, tornando-se suprfluas a crtica textual e a cr-tica literria. ENGNELL estendeu estas teses at o extremo limite: as narrati-vas do AT no somente foram transmitidas exclusivamente por via oralao longo de sculos, mas existiram tambm "literaturas" orais e completas,

  • 3. TRADIO ORAL E LITERATURA 53

    exercendo a tradio oral o papel principal, mesmo depois da fixao porescrito, e sem esta tradio oral a literatura israelita em formao noteria sobrevivido ao exlio. precisamente esta forma oral no seio doselementos fixados por escrito que a pesquisa atinge como ltimo substra-to. ENGNELL e BIRKELAND aplicaram, em seguida, este modo de conceituar atradio sobretudo aos livros profticos, sendo que ENGNELL distingue tam-bm um tipo litrgico (que desde o incio se destinava a ser fixado porescrito) e um "tipo-div" (Diwan-Typ) (colees de palavras e de relatosonde predomina a tradio oral). NIELSEN retomou estas teses e as exps sua maneira.

    A essas teses se contrapem as pesquisas de WIDENGRENS, que tem emmuito pouca estima a significao e a credibilidade da tradio oral, e s aadmite em casos excepcionais. Ele admite um cuidadoso processo de fixa-o por escrito e de transmisso dos textos, que remontaria mais altaantiguidade.

    Para essas duas posies, a pesquisa crtica e literria no tem senti-do. Para a primeira, a crtica literria j no mais possvel, porque apesquisa no pode ir alm da tradio da comunidade ps-exlca, e paraa segunda hiptese, essa crtica desnecessria, porque tudo foi fixadopor escrito desde o incio, tal qual o temos hoje. Essas duas posies nosparecem unilaterais. Por isso MOWINCKEL escolheu desde logo um cami-nho intermedirio, onde se abstm de exaltar a tradio tal como se apre-senta hoje, e coloca a nfase na evoluo histrica, a fim de, a partir datradio, chegar sua base histrica. Ele procura distinguir entre cama-das primitivas e camadas posteriores da tradio, e indica a via oral quevai da unidade isolada compilao e o texto fixado por escrito e revesti-do de autoridade cannica como pressupostos para uma tradio oral fir-me. Desde ento tem-se admitido muitas vezes e de modo tambm diver-so a coexistncia dos dois tipos de tradies. Assim, GUNNEWEG, HEMPEL eSTUHLMUELLER.

    Ao estudar esta questo, devemos distinguir entre dois grupos deproblemas: as referncias a uma tradio oral e escrita no Antigo Orientee no ATem geral, e a aplicao desses resultados aos diversos tipos deliteratura de Israel.

    2. Tradio oral e escrita

    O que se aduz para a soluo do problema da tradio oral e escrita?Em primeiro lugar, e em favor da possibilidade de uma tradio oral,

  • 54 LITERATURA ISRAELTICA, CNON E CINCIA INTRODUTRIA DO AI

    observa-se que o oriental possui uma memria extraordinria, podendomesmo guardar de cor trechos enormes e reproduzi-los mesmo muitosanos mais tarde. Chama-se evidentemente a ateno para a exatido comque se faz esta transmisso e de que a no h a preocupao com reelabo-raes constantes nem com modificaes, como o afirmam NYBERG e ou-tros. Entre uma narrativa transmitida oralmente e sua fixao posteriorpor escrito no deve ter havido quase nenhuma diferena essencial, amenos que um determinado autor as tenha introduzido em funo de seusprprios objetivos. Acresce que tanto em Israel como no Antigo Orienteem geral havia narradores e cantores que propagavam as tradies orais.Assim, encontravam-se os cantores de stira (Nm 21.27) e homens e mu-lheres que recitavam cnticos fnebres e transmitiam a outros seusconhecimentos (Ir 9.16; Am 5.16). As inmeras histrias do Pentateuconos revelam a existncia de uma longa prtica da narrativa, para a qualGUNKEL j chamava a ateno com respeito ao livro do Gnesis. Os orcu-los profticos em sua maioria destinavam-se a ser proferidos oralmente ede modo geral somente depois que foram lanados por escrito. O mes-mo se diga das mximas sapienciais e das normas de vida e dos axiomasjurdicos que foram reunidos em sries.

    Embora tudo isto deponha em favor de uma tradio oral, sua dura-o e sua importncia, contudo, ficam limitadas pela observao de queno Antigo Oriente e simultaneamente em Israel desde muito cedo existiuuma tradio escrita. Na Mesopotmia e no Egito as tradies literriasremontam a antigas eras. A documentao arqueolgica bastante claraneste sentido. Certamente que muita coisa se aprendia de cor, mas istoacontece inclusive em nossos dias e outrora se vinculava ao processo degravar os textos e aprender certas oraes que se queria saber de cor paraos casos de necessidade. Nos exemplos apresentados por NIELSEN no setrata de processo de transmisso, mas de apropriao de tradies que jexistiam por escrito, de onde se supe precisamente que se fazia a trans-misso por escrito. Tiram-se concluses improcedentes, quando no sedistingue entre a tradio oral de fragmentos isolados ainda no fixadospor escrito, e a apropriao de textos escritos para fins de exposio oraL

    As antigas bibliotecas e os arquivos nos indicam tambm a existn-cia de uma tradio oral primitivas. Alm dos numerosos arquivos loca-lizveis na Palestina, nas residncias pr